Ao crescer em uma família e com um grupo de amigos é comum aprender a pensar e agir de um modo. As verdades aprendidas parecem incontestáveis, contudo, ás vezes, as vivências distintas, as capacidades perceptivas diferenciadas, as leituras realizadas, as pessoas que cruzaram seus caminhos trazendo outras visões, contatos com outras culturas, vídeos e textos causam transformações. E de repente essas verdades já não parecem tão verdadeiras e únicas.

As mudanças de pensamento/concepções de vida mexem com todo o círculo dos relacionamentos e de forma positiva podem gerar uma nova rede de ideias, discussões e transformações em todos os seus membros. As quais fará de cada um algo novo, uma espécie de reajustamento onde as novas concepções convivem em harmonia.

Contudo, novas formas de se entender o mundo nem sempre são bem aceitas dentro dos antigos grupos de convívio e, neste momento você se percebe surpreso. Como é possível se sentir rodeado de estranhos diante de pessoas que eram antes tão familiares?

Os antigos ensinamentos começam a não fazerem mais sentidos, e todas as histórias que eram contadas e rituais passam a serem apenas repetições entediantes e frustrantes. Você não entende mais aquelas pessoas e elas não te entendem!

A esperança de elucidar todos em suas descobertas e gerar questionamentos e mudanças se esvai quando se percebe que nem todos estão dispostos a refletir além de suas já confortáveis vidas cotidianas e dos noticiários televisivos.

Muitos dos que no passado eram um exemplo a seguir irão lhe torcer o nariz e dizer para você abandonar "ideias tão malucas" e que volte a ser a "criança" dócil de antes que nada questionava. Você perceberá que não é possível convencê-los a compartilhar sua mudança, e entenderá que não é certo obrigar ninguém a concordar com você.

Compreendendo a existência das diferenças nos modos de pensar e agir, irá abandonar a "pregação" de sua ideia, contudo também quererá que os que lhe rodeiam façam o mesmo.

Isso nem sempre acontecerá, e as reuniões com antigos grupos tornam-se apenas uma tentativa de lhe retrocederem ao o que você era antes. Sua mudança filosófica não foi aceita por aqueles que você ama. Agora, sente-se constantemente "rodeado por estranhos", e sozinho.

É provável que desanimado procure novas relações, afinal aquele grupo já não lhe acolhe como anteriormente.

Porém, com outros há um envolvimento emocional de sua parte muito forte para simplesmente deixá-los para trás. E tenta recuperar a antiga consonância calando-se, escondendo suas ideias e torcendo para que isso resolva tudo.

Após um tempo, seu antigo grupo achará que lhe convenceu a regressar seu raciocínio e você voltou a ser o mesmo do passado, e "aparentemente" tudo estará bem.

Porém quando se modificam maneiras de perceber o entorno, é impossível retroceder. O que perdeu seu sentido, assim permanecerá e no seu interior você sente isso toda a vez em que é obrigado a ouvir as antigas ideias e fingir que concorda.

Não poder expressar seus verdadeiros pensamentos torna-o mal-humorado, infeliz, chateado e sem interesse em reencontrar aqueles que antes compartilhavam muito de seu tempo e sua vida. Você nem sabe mais o que dizer quando os encontra.

Cada vez mais as pessoas que lhe rodeiam tornam-se mais "estranhos", pessoas que não lhe conhecem mais e as quais você começa também a desconhecer. Um grande penhasco se apresentar entre vocês.

Você pensa no que realmente vale a pena. Descobre que não poderá mais anular-se e decide que precisa fazer algo.

Tentará novamente ser ouvido e respeitado, mesmo que os outros não partilham de seus novos paradigmas. Ou desistirá e buscará novas relações com as quais partilham contigo seus novos horizontes. Por que ninguém quer viver entre estranhos.