Pêndulo XXXVIII
Outra vez mais me deparo com minha fúria untada à minha alma arisca,
os dentes quebradiços, cerrados,
as mãos trêmulas, secas e vermelhas, passeando pelo meu rosto,
pendendo descaradamente para o lado esquerdo,
onde a têmpora afunda,
a veia pula como fritura em óleo quente na frigideira.
Medito em brasa salgada,
e sinto no meu corpo a pungência necessária para a glória fugaz da alvorada.
Na mansão azul da nostalgia,
relembro o tempo das dúvidas e das rezas,
e das curas invasivas, das ervas amargas,
das servas com olhares de ternura, e terrivelmente belas;
me lanço às paredes porque não alcanço as janelas,
me arrasto preguiçosamente pelos seus cômodos -
lustres esplêndidos,
o cheiro de velas quentes sufocando minhas narinas,
quadros de paisagens íntimas, de verdes montanhosos
e uma saudade cretina,
dessas que assaltam o coração num susto,
num vulto que passa pelas retinas despejando as cinzas dos dias.
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