Pêndulo XXXI
Por entre uma brecha na muralha dessa cidade velha, fantasma,
a pobreza se manifesta nos vãos entre os dentes podres,
nos bolores nas paredes das casas,
nos pés descalços sobre essa terra - lugar de choros violentos,
e seus horrores de longa data.
Alguns homens se reúnem em torno de uma pedra,
cortam a pele para marcar o tempo,
e ignoram a espera, partem em comboio
em direção das cercas que limitam este lugar, e também a vida,
e os sonhos que acabam distantes demais.
Estes homens cobrem suas cabeças com panos úmidos,
e à noite dançam leves sobre a névoa,
debaixo de um céu cansado e estrelas tensas.
Perto da Aurora, as sombras descem das árvores,
caminham pelos vales até que o cheiro do café se alastre,
e estes homens voltem silenciosamente aos seus lugares,
cumpram com seus afazeres eternamente diários, como Sísifo.
Um dos homens acende um cigarro, e vai embora na sua fumaça -
ascende aos céus de azuis infinitos,
acha graça do destino.
Não há comoção ou revolta, mas temperança,
e uma pausa para o café espesso na garganta.
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