Pêndulo XXII
Para o homem que atravessar este tempo,
enterre-o para que seu feito não seja exaltado, nem ele acabe envaidecido,
convencido a acreditar que essa vida se dá assim,
sem presságios ou pedágios,
a olhá-la de soslaio,
e vê-la frágil.
Ora, a vida nessas paredes esfarela,
e o vento que visita a casa e toca a face,
faz sua busca minuciosa por vestígios de algum orgulho nas gavetas,
nos armários de mogno,
em quadros de pessoas antigas,
e debaixo dos tapetes persas.
Me assombra a ideia da leveza,
de jardins suspensos sobre minha cabeça,
e o ardor do amor exercer alguma influência sobre mim;
no entanto,
me encanta o quanto se apequena a vastidão dos prados,
distorcidos pela visão deturpada que tenho de todas as coisas que não compreendo.
A iluminação me acerta como um raio,
numa tempestade que anuncia novas dores, outras descobertas,
mais lamúrias baratas,
e poemas abandonados.
Sinto fome, e sede,
mas essa tristeza é mais longeva, é insistente,
me convence do contrário.
Ai do homem que atravessar este tempo.
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