Pêndulo XX
A ampulheta de madeira transborda o tempo moderno e seus excessos extravagantes.
A areia escorre para o fundo do dia suspenso,
em premissas vazias que ludibriam os ingênuos
e alguns canalhas sem graça,
amantes em batons foscos,
além de outros rostos que não reconheço.
Salto de cabeça para um abismo mais intenso do que a vida, quente,
e me agarro às sombras como se fossem as rezas que vêm das casas e igrejas,
a murmurar as palavras que busco no silêncio das ovelhas,
nas meditações chuvosas,
nos voos bêbados, cambaleantes.
Quem quer que veja, tema,
tenha em bons termos os versos citados nas noites errôneas e eufóricas,
revele os mistérios das aves silenciosas,
tempo de boa-nova,
de mais uma obra.
Quanto a mim,
recolhi o que consegui na manifestação discreta do meu existir,
nas falácias morais, nos pecados tímidos,
na soberba dos poemas que escrevi com pretensão quieta,
mas não menos pretensiosa.
Eu me direciono ao caminho mais longo, mantras flutuantes,
e uma paz que não se procurava,
tampouco se conhecia.
Quanto a mim, é um sofrimento mofo,
como antes.
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