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Pêndulo XVIII

O pó marrom levanta da rua,
encobre a realidade bruta das suas pessoas,
essas mulheres tristemente bonitas vestidas em trajes empobrecidos -
vestidos e túnicas,
e homens violentos e bêbados cambaleando no meio-fio
e lamentando os horrores das suas vidas miseráveis e infinitas.

Não me compadeço, mas não ignoro o sofrimento alheio,
e assim, as cantorias adornam o trajeto,
o tornam mais fácil,
à medida em que me entristeço em silêncio.

Os céus entram em colapso,
o tempo se dobra por entre as vertigens cintilantes,
- ah, esse tempo de misérias que me assola,
dissipa a luz sobre os corações enrijecidos
e tragicamente vivos,
e molda meu sentir errôneo e errante.

Num nível mais elevado e incompreensível,
vimos a histeria celeste,
os repentes e os murmúrios de anjos rebeldes.

Meus pés afundam nas nuvens,
meu tropeço é feito uma procissão sem prece
sobre os imaginários que minha imaginação carece.

Os sonhos me mantêm em cárcere porque eu não ouso,
não permito o voo triunfal sobre a paisagem tola e banal
deste poema herege.

Desço de volta ao firmamento como um meteoro cego, odiento,
atormentado por mim mesmo,
e nascimentos de novas estrelas que não sabem da minha existência,
e caso soubessem,
não dariam a mínima,
como sempre acontece.

O caminho se abre, mas não há mais destino ou profecia;
a terceira casa emerge das ruínas das ideias
e pela esperança desesperada - a minha?

Diminuo a passada, pois temo a chegada e a perda de propósito.

Girei meus olhos para sentir meu coração em descompasso,
e estourei numa gargalhada ridícula, insegura,
falha em iludir as sombras, que se amontoam,
mas não ousam me reencontrar.

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