Carrego meus desejos como fardos,
como se fossem sacos de cimento em minhas costas arqueadas,
e velhas,
peso morto que afunda meus pés nesta terra
de séculos e séculos!!!

Cabe um verso que me deixe perto da hora nona,
perplexo com as bolhas de fogo
que agitam os céus impossíveis para minha ambição,
eu que não olho muito para cima, pois não me atrevo,
imagino anjos perdidos entre as fuligens do dia,
na convalescença das ovelhas,
e na sensação de que estou longe e faminto,
me aconchego nas pedras para beber a água das chuvas,
e comer os cactos do meu deserto.

Mastigo meu sofrimento, que se multiplica.