Pêndulo III
Guarda de mim esse impulso para saltar no vazio,
ferir minha cabeça numa roseira, também meu coração nas deixas,
e escorrer o sangue para redimir as elegias,
escrevê-las sem destinatário,
curti-las num tanque de lágrimas vermelhas.
Me guarde para que me afaste do convívio das sombras - ai de todas,
e ai de mim que escrevo poemas
para que me sigam pelos campos abertos,
o frio do deserto e sua solidão psíquica.
O corte na mão e na face, as estrelas
que caem dos céus como numa tempestade de anjos e suas trombetas,
que alaguem meus olhos para que eu transborde como uma represa,
e desague num rio de nome grego, ou indígena.
Às margens, ingás e tapiás se moviam,
e corriam os répteis que repudio enquanto sussurram indecências e promessas.
Ah, esta noite aberta,
convoque os poetas para que cantem esta tragédia,
amoleça a rigidez da ave noturna que nos julga sob seus termos sem trégua -
dor que dilacera,
e não cessa.
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