21.
Quando Henrique acordou sentiu os braços quentes abraçando o seu corpo, sorrindo discretamente completamente satisfeito com a companhia. Todas as suas manhãs poderiam ser assim.
Ele acabou se remexendo na cama tentando aproximar mais seu corpo do outro, ouvindo ele resmungar rouco. Enfiou o rosto no peito nu de Miguel, dando uma leve mordida na pele branca e exposta.
- Aí!
Henrique fez biquinho e depois riu abafado ao ver o outro afastar seus corpos, olhando o rosto levemente amassado e os cabelos curtos que estavam bagunçados.
O mais novo deixou um grito curto escapar por sua garganta quando teve o corpo virado de uma maneira brusca, sentindo o peso de Miguel em cima de si. Sentiu seus pulsos serem presos pelas mãos grandes, enquanto os olhos escuros fitavam seu rosto.
- Isso é jeito de me acordar, gatinho?
Um tanto que desnorteado pela voz rouca que praticamente sussurrou Henrique deu de ombros, vendo ele se afastar enquanto se levantava, levando-o junto.
Cambaleou ao pisar em falso quando seus pés tocaram o chão frio, sentindo o outro segurar sua cintura de maneira firme o impedindo de cair. Henrique tomou impulso e pulou nas costas do outro, vendo-o lhe carregar até a cozinha e o largar em cima da mesa.
- Temos uma programação pra hoje? - Perguntou, assistindo Miguel abrir seus armários enquanto procurava pelo liquidificador.
- Eu fiquei de ir na barra com o pessoal, você quer vir também?
- Ah, loga na barra? - Fez bico. - A praia de lá nem é isso tudo.
Miguel se limitou a sorrir para ele, cortando as bananas e as jogando no copo grande do liquidificador. O baiano desceu da mesa para o ajudar, descascando e cortando uma maçã para colocar na vitamina.
- Quando você volta? - Henrique murmurou enquanto pegava dois copos limpos.
O paulista se virou para ele com uma expressão diferente, ele parecia meio relutante em responder aquela pergunta.
- Acho que final do mês. - Resmungou. - Por que? Já quer se livrar de mim?
A risadinha sem graça que Miguel deu foi quase forçada, ele acabou por desviar o olhar da direção em que o baiano estava então não conseguiu ver o momento que Henrique abaixou o olhar e deu um suspiro baixo.
Henrique acabou não respondendo, colocou sua vitamina no copo e a bebeu pura, sem comer um pão ou um biscoitinho como acompanhamento. Enquanto tomava café sua mente vagava no dia em que teria que se despedir do paulista, ele se perguntava silenciosamente se realmente estava apegado ao ponto de estar gostando amorosamente dele ou seria apenas uma fase.
Ele queria que fosse apenas uma fase, mas sabia que tinha algo a mais entre eles.
*
O baiano estava deitado em cima de Thiago enquanto esperava os outros terminarem de se arrumar, suspirando desanimado a cada minuto que passava. Quando terminaram Henrique murmurou um "aleluia" que fez todos rirem.
Eles saíram juntos do prédio enquanto discutiam como fariam para ir, decidindo que Henrique e Jorge iriam de carro com Miguel, enquanto os outros iriam de moto. Não era do conhecimento de todos eles, mas Cristiano e Thiago tinham moto, porém evitavam sair com ela já que não tinha como levar todos na garupa, mas agora que o paulista alugou um carro conseguiriam se locomover com mais facilidade pela cidade.
Os dois foram na frente, sumindo rapidamente da visão dos outros. Enquanto Henrique e Jorge adentraram o carro e aguardaram o paulista colocar a localização no GPS.
Jorginho jogava freneticamente no banco traseiro, tentando ignorar os cochichos dos outros dois que conversavam baixo. O mais novo dentre eles os olhavam ora ou outra, fazendo careta ao perceber que os dois pareciam dois pombinhos apaixonados.
Ele ficava feliz pelo amigo por ver que ele encontrou alguém que parecia gostar dele da mesma forma, mas ao mesmo tempo ficava triste ao imaginar que se namorasse seria a distância igual o seu irmão, sabia que seria difícil.
Quando chegaram o paulista estacionou próximo das motos dos amigos que os esperavam na calçada, saindo do carro e ligando o alarme logo depois. Os turistas olharam ao redor um tanto que maravilhados, conseguindo enxergar de longe o enorme e famoso farol da barra.
- Aqui é bonito... - O mais novo dentre eles comentou, levemente encantado com o lugar cheio. - Podemor ir a praia?
- Não querem ir lá no farol primeiro? - Cristiano perguntou, bagunçando os cabelos tingidos do cunhado mais novo.
- Poderíamos deixar por último, né? - Felipe falou. - Não vou mentir que quero dar um mergulho também.
Todos concordaram e então eles andaram pela orla olhando o mar agitado e as ondas que se quebravam, descendo as escadas e finalmente sentindo a areia quente em contato com suas peles. Andaram em grupo enquanto procuravam por uma barraca, achando duas que estavam lado a lado e as ocupando.
Henrique se sentou olhando de maneira pensativa para o mar, ignorando o pagode alto que tocava vindo de alguma barraca vizinha e as conversas paralelas de seus amigos. Assistiu Felipe e Jorge correrem pra dentro da água de mãos dadas enquanto Thiago tentava os acompanhar gritando para que eles tomasse cuidado, suspirando.
- Qual foi pivete? - Cristiano o cutucou, tirando a camisa - Tá todo chocho no canto.
- Oxe, nada. - Se limitou a responder enquanto dava de ombros. - Vocês vão entrar também?
- Não, vamos ali tirar umas fotos. - Samuel comentou enquanto terminava de passar protetor. - E também buscar algo para bebermos, nenhum vendedor veio aqui ainda.
Henrique apenas concordou e arrumou o boné em sua cabeça, recostando na cadeira de plástico e pegando o próprio celular. O paulista o observou em silêncio achando meio estranho o seu comportamento, mas preferiu não comentar nada.
O casal se afastou os deixando para trás, Henrique continuou com a cara enfiada no celular e Miguel sentado em uma cadeira ao seu lado enquanto tirava foto dos seus amigos no mar. Ele queria dar um mergulho, mas quando percebeu as diversas pedras e o quanto o mar estava agitado preferiu não se arriscar.
- Opa irmão, vai um queijinho? - Um vendedor que passava se aproximou deles para oferecer.
- Não, estamos de boa. - Henrique o olhou com um sorriso simpático no rosto.
O vendedor apenas agradeceu e se afastou, enquanto os olhos do paulista se focaram no outro.
- Você está bem? - Acabou perguntando, tocando a mão do menor que estava espalmada na mesa. - Quer voltar pra casa?
- Tô de boa, relaxa. - O baiano respondeu. - Só não curto muito essa praia, prefiro base naval.
- Podemos ir nela depois, nós dois. - Miguel resmungou enquanto observava os amigos caminharem na direção de suas barracas encharcados de água.
Felipe puxou uma toalha da mochila e se enxugou, ajudando o irmão que também se secou antes de se sentar ao lado de Miguel. Os três olharam ao redor estranhando não ver o casal ali com eles.
- E os pombinhos? - Thiago questionou, sentando na cadeira vazia enquanto puxava Felipe para sentar em suas coxas fartas.
- Deram um perdido. - Miguel riu ao falar.
- Sonho. Sonho. Um é dois três é cinco. - Outro vendedor ambulante passou com um cooler no ombro nu, gritando.
Jorge fez sinal para ele e então ele se aproximou, despachou o mais novo que comprou nove sonhos. Ele pegou um e ofereceu aos outros, mas apenas Miguel aceitou.
O casal voltou alguns minutos depois com bebidas e um outro vendedor que os acompanhavam, pediram uma moqueca de camarão grande para dividirem e passaram o resto do dia ali na praia. Comeram, beberam, conversaram e depois de um tempo tomaram banho de mar.
Os únicos que não foram nenhuma vez sequer perto do mar foram Miguel e Henrique.
Miguel estava encarando o nada totalmente entediado, ouvindo o casal ao seu lado conversar fazendo planos para onde iriam ao sair dali enquanto ora ou outra trocavam beijos. Felipe, Thiago e Jorge haviam voltado para o mar após comerem e Henrique tinha ido buscar Deus sabe o que no carro e ainda não tinha voltado.
Acabou bufando alto ao ouvir o barulho do beijo, revirando os olhos impaciente. Ele já estava agoniado por ter passado seu dia naquele lugar, estava se sentindo cansado e entediado e não via a hora dos amigos decidirem ir embora, afinal o sol estava quase se pondo.
O paulista foi tirado dos próprios pensamentos quando sentiu seu celular vibrar, vendo que Henrique havia lhe enviado novas mensagens. Acabou rindo abafado ao perceber que ele o mandava ir para o carro, levantando sem sequer pensar duas vezes e encarando o casal que estava consigo.
- Vou ali. - Avisou. Estava saindo, mas parou ao ouvir o amigo o chamar.
- Ali onde? Tenha cuidado. - Samuel perguntou preocupado.
- Ele deve estar indo encontrar o Henrique para se comerem longe da gente. - O baiano falou e riu, beijando o rosto do namorado. - Deixa ele, amor.
- Não sei de onde vocês tiram essas ideias. - Se limitou a responder enquanto ria fraco. - Não tá rolando nada.
Cristiano o encarou com um sorriso ironico, abanando a mão como se o expulsasse antes de voltar a beijar o rosto do namorado. O paulista revirou os olhos e então se afastou, praticamente correndo para onde o carro estava.
––
Oi, estou viajando e como aqui é roça a Internet não é uma das melhores, mas tentarei honrar o dia das atualizações. Kisses.
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