13
Mal tinham começado o beijo quando ouviram alguém bater na porta, afastando as bocas vagarosamente enquanto se encaravam desanimados.
Foram até a porta e o menor a abriu, sorrindo para os outros dois que aguardavam do lado de fora. Os olhos do casal pularam da imagem de Henrique para Miguel que estava um pouco mais atrás dele, Felipe tentou disfarçar ao segurar uma risada.
O loiro não entendia porque aqueles dois tentavam esconder o que nitidamente estava acontecendo entre eles, era óbvio para quem via de fora que começou a rolar algo.
— É... — Thiago falou sem graça, olhando para seu ficante. — Pensei que estivesse lá fora, Miguel.
— Eu estava, mas voltei porque tive sede e encontrei o Henrique saindo de casa, então ele me ofereceu água...
— Ah sim. — Felipe comentou sem conseguir segurar a risada, gargalhando e se desculpando logo depois.
Henrique bufou e então saiu da própria casa, sendo seguido pelo paulista e logo depois trancando sua porta. Os quatro seguiram para fora do prédio e caminharam juntos até largo.
Não era tão longe de onde moravam e logo reconheceram a multidão e ouviram o bater dos tambores, Thiago segurou a mão do ficante e o arrastou até uma barraquinha próxima falando que iria trazes bebidas para eles, enquanto os outros dois se aproximaram um pouco mais da banda começando a assistir a apresentação.
Sem dúvida alguma olodum era a banda favorita do menor, ele não sabia explicar os arrepios que sentia ao ouvir o som de cada batuque, aquilo era surreal. Henrique havia começado a balançar o corpo levemente, sentindo a mão do maior tocar sua cintura de maneira sutil enquanto ele dançava. Os olhos castanhos se direcionaram até o rosto do outro, sorrindo de maneira cúmplice e o indicando com a cabeça os amigos que voltavam com algumas garrafinhas de cerveja em mãos.
— Aquele é o Higor? — Foi o primeiro questionamento do maromba ao se aproximar dos outros, bebericando sua cerveja.
— Higor? — Felipe e Miguel repetiram em um sussurro, confusos. Entretanto quando os olhos do moreno se fixaram na figura indicada o reconheceu instantaneamente mudando a expressão.
Henrique apenas deu de ombros enquanto virava sua cerveja, sentindo seu corpo ser puxado para o lado enquanto ele tentava disfarçar que Miguel estava muito mais próximo de si. Seu ex namorado iria passar direto e os ignorar, mas seu amigo baixinho fez questão de gritar por seu nome enquanto acenava, vendo o mais alto se aproximar com as mãos nos bolsos da calça jeans.
Thiago cumprimentou o recém chegado alegremente, apresentando Felipe que sorriu gentil e conversou brevemente com ele, antes da atenção dos três se voltarem para os outros dois que permaneciam em silêncio.
— Miguel, esse aqui é o Higor, meu primo e ex namorado de Urbano. — O maromba os apresentou distraído, sorrindo.
Os olhos dos dois se fixaram por longos segundos, Miguel sentiu o líquido gelado de sua cerveja descer por sua garganta com dificuldade, enquanto o outro lhe encarava com uma expressão séria.
Sentindo a troca de olhares nada amigável entre os dois, Henrique pigarreou e então se afastou do paulista, indo na direção do mais alto que desviou a atenção para si.
— É estranho ver você aqui depois de tudo que rolou com a banda. — Comentou, virando um pouco a cabeça. — Tentando reconquistar as coisas que perdeu?
— Que gracinha. — O mais alto riu desanimado. — É sempre bom ver você, idiota.
Henrique sorriu e novamente se afastou, terminando sua cerveja em um longo gole.
— É bom conhecer você, Higor. — O paulista finalmente se pronunciou, acenando com a cabeça para o outro.
— Queria poder dizer o mesmo. — Foi tudo o que ele respondeu, acenando de volta. — Eu vou indo...
Não demorou tanto para que ele se despedisse dos outros, conversando por um tempo mais longo com o primo e o loirinho e acenando de longe para os outros dois que apenas suspiraram aliviados com a falta de sua presença.
Felipe encarou o baiano com curiosidade, ficando ao lado dele enquanto o via abrir uma nova garrafa de cerveja e virar com certa pressa. Era bem perceptível a troca de humor. Antes Henrique parecia normal, mas agora era nítido sua irritação.
— Acredito que não foi um término fácil. — Felipe comentou tentando ser discreto.
— Nada com aquele idiota é fácil. — Henrique respondeu no mesmo tom baixo. — Tivemos muitas idas e voltas, não foi de todo mal, porém...
— Eu imagino que tenha sido complicado, afinal todo relacionamento com idas e voltas é desgastante. — Felipe falou compreensivo, tocando o ombro pintado do outro. — Mas é passado, vamos focar na apresentação e dançar bastante.
Henrique riu e concordou, dançando ao lado do loiro enquanto dividiam outra cerveja já que a do baiano havia terminado. Em contra partida Thiago e Miguel os observavam de longe atentamente com olhares nocivos totalmente presos em seus respectivos parceiros observando os dois se divertirem e rirem de algo.
Ao se aproximar das sete a banda encerrou a apresentação e as pessoas se dispersaram, eles quatro permaneceram no mesmo lugar antes de Thiago ter a ideia de apresentar aos dois paulistas as famosas acarajés de Salvador.
Foram até uma baiana que estava na esquina, pedindo pelos aperitivos e esperando que ficassem prontos. Thiago acabou pedindo para os outros que estavam em casa, guardado em um saquinho plástico. Os quatro se sentaram na calçada e comeram em silêncio enquanto bebiam o resto da cerveja, ouvindo apenas os gemidos satisfeitos dos paulistas que elogiavam o acarajé.
Henrique já estava levemente bêbado então praticamente não estava mais ali com eles, comia em silêncio terminando de virar a garrafinha da cerveja.
Quando todos terminaram resolveram entrar. Quer dizer, Thiago e Felipe foram na frente para entregar as acarajés dos outros que ficaram em casa, deixando Miguel para trás que disse que compraria mais uma para ele comer em casa. Henrique ficou consigo e depois dele comprar os dois subiram as escadas do prédio a passos curtos visto a dificuldade do menor.
— Por que ainda bebe se não tem tolerância? - Miguel cochichou ajudando o outro, apalpando levemente os bolsos do menor a procura de suas chaves.
— Pff.
Henrique se desvencilhou dele e pegou as chaves, abrindo com um pouco de dificuldade a porta de casa antes de adentrar o recinto. O paulista o acompanhou, pendurando as chaves atrás da porta enquanto se certificava que as janelas estavam fechadas e tudo parecia certo.
Encarou o menor que se jogou no sofá, vendo a cachorrinha em cima da barriga dele enquanto o cheirava. Miguel suspirou e então largou sua acarajé, se aproximando do menor e retirando seus sapatos.
— Eu já vou, vai ficar aqui na sala mesmo? — Cochichou ao cutuca-lo.
O baiano resmungou algo e permaneceu imóvel no mesmo lugar, Miguel desistiu de tentar e novamente suspirou, tentando se afastar e sendo impedido pela mão pequena que agarrou sua calça.
— Pode dormir aqui? — Pediu baixo e de forma arrastada tentando abrir os olhos, mas sem conseguir.
— Eu não sei... — O paulista murmurou tocando a mão quente do menor.
— Por favor.
Miguel olhou do baiano para a porta, colocando as mãos na cintura sem saber ao certo o que fazer. No final acabou cedendo, pegando com cuidado o corpo pequeno em seus braços e o erguendo do sofá.
— Seu quarto? — Questionou, rindo ao ver que o menor apontou para as escadas.
Subiu para o terraço, ignorando a área aberta e adentrando um corredor apertado, empurrando com o pé a porta encostada do quarto. Olhou ao redor percebendo que o cômodo não tinha apenas o cheiro do moreno, mas também sua cara, rindo fraco de suas próprias conclusões.
Colocou com cuidado o corpo pequeno na cama de casal arrumada, vendo-o girar para o lado e encolher o corpo. Avisou baixinho que iria descer somente para trancar a porta da frente o vendo concordar sonolento, deixando-o sozinho logo depois.
Trancou a porta e guardou seu acarajé na geladeira de Henrique, apagando as luzes e subindo novamente para o quarto do menor. O paulista sentou na ponta da cama e mandou mensagem para Samuel o avisando onde estava, deitando logo depois ao lado do moreno que sequer se mexeu. Não imaginou que sua primeira noite com Henrique seria daquela forma, mas não era de todo modo algo ruim.
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