02
Eles perderam totalmente a noção de quantas horas ficaram no restaurante conversando e bebendo cerveja, haviam acabado o almoço há muito tempo, mas não conseguiram sair de lá se distraindo totalmente com as histórias que Thiago contava sobre sua convivência com Cristiano e como havia o conhecido.
Era nítido que eles eram bem próximos ao ponto de serem melhores amigos, contaram histórias desde a época que estudavam juntos até os dias atuais que dividiam um apartamento naquela redondeza.
— Hoje é domingo, deram sorte. — Cristiano comentou olhando o horário no celular. — 'Vamo colar lá no ensaio, provavelmente o olodum tá tocando.
— Olodum? — Jorge murmurou confuso, terminando de beber sua coca-cola. Dentre todos era o único que não bebia nada alcoólico.
Todos se levantaram e pagaram pela refeição e pelas diversas garrafas de cervejas, prometendo a Neusão que iriam aparecer novamente em outro momento antes de se despedir da mulher e sair do bar.
Desceram para o Largo de Tieta enquanto conversavam e riam, haviam passado tanto tempo juntos falando sobre diversos assuntos que se sentiam totalmente a vontade na companhia um do outro. Jorge por outro lado queria se enfiar em qualquer buraco que achasse, não aguentando mais ver os flertes do seu irmão pro lado de Thiago que ou não se tocava ou fingir não ver.
O lugar estava lotado não apenas pela banda, mas também turistas e soteropolitanos que estavam assistindo a apresentação ao vivo. Foram andando um atrás do outro em um trenzinho para não se perder, ficando mais próximos da banda.
Cristiano abraçou o namorado por trás e começou a balançar seus corpos acompanhando os tambores, enquanto Jorge filmava a apresentação com o celular e Felipe também dançava ao lado de Thiago.
Canto do pescador que sacudia o público acabou, enquanto as pessoas aplaudiam e gritavam. Miguel sorriu completamente inebriado com a sensação de estar ali vendo tudo tão de perto, sentindo todo o seu corpo arrepiar quando alguém puxou o toque de "Vem meu amor", sentindo-se quase sufocado ao fazer acidentalmente contato visual com um garoto que estava há alguns metros longe de si dançando despreocupado.
Em momento nenhum o outro desviou o olhar, ele manteve o contato visual enquanto continuava balançando o corpo no ritmo da música. Miguel sentiu o corpo ter um misto de sensações diferentes, sentindo uma leve intimidação pelos olhos castanhos escuros se forçando a quebrar o contato que estavam tendo.
— Qual foi Urbano. — Thiago gritou fazendo sinal, chamando o outro que finalmente enxergou o amigo dentre a multidão.
O mesmo garoto se aproximou, pulando em cima de Thiago e o abraçando enquanto ria, fazendo um rápido toque com ele logo depois. Henrique também cumprimentou Cristiano com a mesma empolgação, acenando com a cabeça para os outros que os acompanhavam.
— Que milagre. — Henrique falou alto para que conseguissem ouvir, olhando rapidamente para Miguel e desviando o olhar depois.
— Trouxemos eles para conhecerem o olodum. — Thiago respondeu no mesmo tom. — É o namorado de Tininho e seus amigos.
— O paulista? — O moreno questionou, olhando o casal. — E aí cara, curtindo o pelô?
— Estou gostando bastante. — O outro respondeu sorridente. — Me chamo Samuel. Aqueles são meus irmãos Jorge e Felipe e esse é o nosso amigo Miguel.
Samuel os apresentou cordialmente, notando que a atenção do recém chegado ficou alguns minutos a mais presa no amigo que não parecia tão diferente. Novamente ele se virou para si, sorrindo.
— É bom conhecer vocês, aproveitem o passeio. — Falou um pouco rápido. — Já é caras, dei perdido no Guinho e preciso voltar.
Com a mesma rapidez e aleatoriedade que havia se aproximado ele foi embora, dançando no meio das pessoas enquanto se afastava.
O grupo ficou ali por mais alguns minutos, resolvendo se afastar da banda e da multidão quando a noite começou a cair. Foram andando a passos lentos para um lugar mais afastado, sentando na calçada completamente cansados.
— A gente mora aqui, querem subir? — Cristiano convidou. — Eu acho até uma boa vocês virem 'pra cá, não tem necessidade de ficar pagando quarto de hotel.
— Se você morasse sozinho eu até aceitaria a proposta, mas não queremos incomodar o Thiago. — O acastanhado respondeu, beijando a bochecha do namorado. — E o hotel não é tão longe daqui.
— Oxente tá viajando é? Eu não me importo não. — Thiago respondeu e riu, negando. — Seria ate melhor estarem por perto quando a gente for sair por ai.
— Deve ser legal morar aqui. — Felipe comentou. — É bem bonito e tem uma vibe alegre.
— Sim mano, sem contar nas lojinhas, irei visitar todas. — O irmão mais novo concordou, suspirando. Jorge era um grande apreciador da arte antiga, vivia lamentando ter nascido na "época errada" e percebeu que naquele lugar muitas das lojas vendiam itens antigos e históricos.
— Então fechou! Hoje foi cansativo então acredito que ao chegarem no hotel vão querer descansar, mas amanhã logo cedo vocês vem ficar com a gente e trás suas malas. — Cristiano falou e todos concordaram. — Vou ir ajudar vocês.
Como se o mais velho tivesse dado o veredito final todos os outros concordaram com acenos, levantando da calçada enquanto se espreguiçavam. O sol já estava se pondo e não dava para ver direito por causa dos prédios, entretanto o céu alaranjado pintado de nuvens era nítido.
— Vou chamar o Uber. — Felipe comentou, abrindo o aplicativo enquanto conversava outro assunto com Thiago em tom baixo.
— Acho que vou comprar uma coca 'pra levar. — Jorge falou caminhando na direção de um barzinho, sendo puxado pelo colarinho da camisa pelo irmão mais velho. — Me larga meu!
— 'Cê tá ficando louco mano? Já tomou coca hoje, sabe que mamãe mandou a gente ficar de olho em você. — O irmão ralhou, puxando a orelha do menor. — Nada de refrigerante pelos próximos dois dias.
Jorge revirou os olhos e bufou, cruzando os braços.
O uber não demorou tanto para chegar e eles logo se despediram dos outros, Miguel e Jorge se contentaram em se despedir com acenos, enquanto Samuel beijou o namorado e Felipe deu um beijo discreto na bochecha de Thiago. Logo depois os quatro adentraram o carro dando tchauzinho.
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