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Te amar

Disclaimer: Personagens originais de "Boku no Hero" pertencem a Kōhei Horikoshi; história ficcional e não-oficial escrita sem fins lucrativos.

História ambientada no Brasil nos dias atuais.

Casal principal: Izuku X Denki

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"Se você pudesse se ver pelos meus olhos, também se apaixonaria"

O sorriso que Izuku Midoriya recebeu parecia iluminar o quarto tão sem graça daquele hospital.

Já era de seu habitual passar naquele quarto sempre que chegava para trabalhar. Não se demorava muito, normalmente. Dava o bom dia (pois, independente do horário, um dia dura 24 horas) e conversava um pouco com aquele paciente, antes de ir cumprir seus deveres.

Conversar com Denki Kaminari já se tornara parte da rotina de Izuku, e ele não tinha intenção alguma de quebrá-la.

Naquele dia, por coincidência (ou obra do destino), Midoriya era o enfermeiro responsável por Kaminari, um senhor de 70 anos, com uma alegria que encantava até o médico mais rabugento.

O sorriso largo acentuava as tantas rugas e faziam brilhar os olhos amarelados que já tinham visto tanto. O cabelo quase branco, que, um dia, havia sido loiro, pelo que contava o amável senhor, sempre era cuidadosamente bagunçado por alguma das enfermeiras que haviam sido cativadas por ele. No geral, Kaminari sempre estava radiante e impecável quando Izuku ia vê-lo, ainda que a situação do senhor não fosse das melhores.

Midoriya começou as perguntas de rotina enquanto anotava seu nome no quadro de informações do quarto (onde constavam as alergias do paciente, nome dos funcionários responsáveis do dia e horários dos remédios aplicados). Ouviu com atenção sobre a noite mal dormida, pelo desconforto com os fios que saiam e precisavam ser recolocados o tempo todo, sobre o sonho que o senhor teve, que envolvia um certo profissional da saúde e um resgate muito heroico (contado em tom de brincadeira e, talvez, de flerte) , sobre a tontura que sentiu com a troca de remédio e como seu estômago estava revoltado e não conseguia segurar nada.

O enfermeiro travou nessa última informação. Pelo que constava na ficha, o "novo remédio", ao qual Kaminari se referia, não existia. Não havia tido troca de remédio nas últimas duas semanas, o que só podia indicar que a doença havia progredido.

Denki Kaminari estava nos estágios finais de uma Fibrose Cística, um transtorno hereditário que danificava os pulmões e o sistema digestivo. Era surpreendente que o homem tivesse vivido tanto, considerando que a doença, recorrentemente, matava nas primeiras décadas de vida, quando muito, e que os tratamentos disponíveis na infância do senhor, não fossem dos mais efetivos, mesmo que sua família pudesse pagar os melhores profissionais.

Izuku sabia que a situação de Kaminari não era boa. O homem dera entrada no hospital há mais de um mês após uma pneumonia da qual ainda não tinha se recuperado, e, agora, o remédio que ajudava a controlar a fibrose tinha parado de fazer efeito, mesmo sendo o mais forte. Era um milagre que ele ainda estivesse vivo.

A voz do paciente o tirou de seu momento de contemplação, apenas para jogá-lo em outro momento de tensão.

-Meu tempo tá acabando, não é?- a voz fraca e conformada quase trouxe lágrimas aos olhos do emotivo enfermeiro.

Ele não podia mentir e dizer que Kaminari iria se recuperar, àquela altura isso era inconcebível. Kaminari iria morrer logo, tudo era uma questão de quantos dias ele tinha.

Sua falta de fala foi resposta suficiente para o acamado, que, depois de um suspiro, deu um tapinha na maca, convidando o enfermeiro a se sentar com ele.

Não era um ato ético, muito menos inteligente, mas Izuku já tinha quebrado tanto o protocolo que um caso a mais ou a menos não pioraria sua condenação (ou ele assim pensava). Sendo assim, permitiu-se sentar junto a Denki e se deixou ser abraçado pelo mais velho.

O contraste entre os dois era mais do que notável. Kaminari, que já não era muito alto, parecia ainda menor pela magreza, a pele pálida e sem brilho algum repleta de rugas e manchas, assim como os fios quase brancos, que estavam bem secos, apesar de todo o cuidado com eles, evidenciando, em muito, seus tantos anos de vida. O único ponto de cor em seu corpo eram os olhos amarelos que ainda tinham todo o calor de outrora.

Midoriya, por outro lado, era de uma altura considerável, ainda que não fosse tão alto assim, a pele clara, com algumas cicatrizes, tinha um tom corado saudável, os cabelos tingidos de verde eram volumosos e brilhosos, com os cachos pouco escondidos pela touca do hospital, o rosto juvenil, que não denunciava seus quase 30 anos, coberto de sardas, agora, marcado pelas lágrimas, que não conseguiu segurar depois do abraço, as quais escorriam dos olhos verdes, um pouco avermelhados pelo choro.

O enfermeiro tinha consciência de que não devia se apegar aos pacientes do jeito que havia se apegado ao velhinho, afinal, aquele era um hospital para doenças terminais, mas foi inevitável. Havia um magnetismo que o impedia de se afastar.

Em outros tempos, Izuku se repreenderia por chorar durante seu horário de trabalho, mas, naquele momento, ele só queria que o tempo parasse, para ele descarregar toda sua frustração, antes do dever chamá-lo. Ele não queria perder Denki, ele havia se apegado demais para não sofrer com aquela perda.

Mas o tempo não para de maneira alguma e, logo, as horas se transformaram em dias e os dias formaram as duas semanas até o dia do velório de Denki Kaminari.

Não haviam muitas pessoas no local, boa parte eram trabalhadores do hospital, onde o homem ficara internado até seus últimos momentos.

Kaminari não tinha uma família próxima. Nunca havia se casado nem teve filhos, os amigos que tinham comparecido à cerimônia eram poucos, a maioria não se sentiria bem em ir até o local e ver o corpo pálido de alguém que já foi tão carregado de vida.

Izuku era um dos que não conseguia chegar perto do caixão, apesar de ter ido até o cemitério. Seu corpo tremia sempre que considerava se aproximar, então, fez sua despedida num canto mais afastado. Os olhos opacos, já não tendo mais lágrimas para derramar.

Estava tão perdido em pensamentos que não percebeu a aproximação e alguém, até que a pessoa estivesse ao seu lado.

Era um homem alto na faixa dos 40 anos de cabelos azuis escuros e olhos na mesma tonalidade, que se apresentou como Tenya Iida, advogado de Kaminari, e pediu para conversar com o rapaz em particular. Entregou-lhe seu cartão e pediu para que comparecesse em seu escritório, dali a duas semanas, para a leitura do testamento do falecido.

Izuku ficou um tanto confuso por ter sido incluído no testamento, mas confirmou sua presença antes de voltar para perto das outras pessoas no velório e assistir o caixão, já fechado, baixar.

Contrapondo o que o rapaz havia pensado antes, ainda haviam lágrimas a serem derramadas naquele dia e nos próximos. Sabia que a perda do velhinho seria dolorosa, mas não havia considerado o quão apegado ele havia se tornado.

As semanas que antecederam o encontro com o advogado foram pálidas e sem cor. Ele ainda estava trabalhando, e fazia seu trabalho bem, mas o sorriso que dispunha aos outros não era, nem de perto, tão radiante quanto antes. Havia uma dor oculta em seus olhos que era perceptível aos que lhe observassem em mais do que a superfície.

Numa quinta feira, que coincidiu com seu dia de folga, Midoriya se vestiu, formalmente, e foi até o escritório do advogado Iida para fazer a leitura do testamento. Ainda não sabia porque havia sido incluído como um dos beneficiados, mas não demoraria muito para descobrir, assim ele esperava.

Trancou a porta com um pouco de dificuldade, afinal, a madeira estava empenada e a maçaneta um pouco enferrujada, mas ele não tinha condições de trocar, por enquanto. A maior parte de seu salário estava sendo gasta com o tratamento de sua mãe e não lhe sobrava muito para luxos como arrumar algo que ainda funcionavam, mesmo que com alguns problemas.

Caminhou até a parada de ônibus e esperou vários minutos até chegar um que lhe levaria até onde precisava, sua sorte era que havia saído mais cedo, pois sabia como o transporte público poderia se complicado.

Depois de quase 40 minutos, o veículo chegou até a parada mais próxima ao seu destino e ele desceu, agradecendo por ter pego o certo e não ter perdido seu tempo e seus preciosos reais.

Caminhou até o prédio e informou a recepcionista sobre sua chegada, só teve que aguardar mais alguns minutos até que o advogado do outro dia viesse até ele e outras 5 pessoas que também pareciam esperar o mesmo que ele.

A leitura do testamento passou quase que voando para Izuku que estava perdido em pensamento, ouvindo, vagamente, o que o advogado dizia. A menção ao seu nome chamou sua atenção, ainda mais quando foi seguida pela notícia que lhe informava sobre o acréscimo de alguns milhares de reais em sua conta. Aparentemente, Kaminari havia guardado a informação de suas dificuldades financeiras e achado uma maneira de ajudá-lo mesmo fora de cena. 10% de todo o patrimônio de Denki era de Izuku agora, e, o valor bruto disso tudo, não era nada baixo. Certamente, pagaria o tratamento de sua mãe e o aliviaria das contas apertadas por um bom tempo.

A notícia do aumento em sua conta bancária, veio acompanhada de uma carta lacrada, também direcionada a ele, o conteúdo não sendo citado.

O resto do testamento não citava mais seu nome, então se deixou desligar um pouco, pensando no conteúdo da carta. A reunião não demorou a acabar e, após assinar todos os papéis necessários, saiu do prédio, em direção à parada de ônibus, ainda meio aéreo.

Estava ansioso para chegar em casa e ler a carta, mas, também, tinha medo do que estaria escrito ali. Era uma pessoa, extremamente, emotiva, ainda mais para com pessoas próximas e, tinha consciência, não conseguiria terminar aquela carta sem o risco de desidratação.

Pelo receio do que havia na carta, Izuku acabou por deixá-la guardada durante as semanas que antecederam suas férias, as quais, pela primeira vez, não precisou vender. Ainda adiou o dia da abertura por algum tempo, antes que a ansiedade fosse maior que o medo e se obrigasse a ler.

A letra da carta era tremida, mas legível, portanto, deduziu que tivesse sido escrita não muito tempo antes do dia da partida do autor.

Tentando segurar as lágrimas que já sentia se acumularem em seus olhos, Izuku se pôs a ler a carta.

"24 de maio de 2020, Brasília-DF

Meu amado Izuku

As pessoas costumam olhar para o céu quando querem ver as estrelas, eu olho pro seu rosto e vejo todas as constelações que me encantam.

Uma vez você me perguntou por que era o único enfermeiro que eu nunca tratei por 'meu filho' e eu nunca cheguei a te dar a verdade. Eu nunca te chamei assim, porque eu nunca te vi como filho, ou alguém que poderia assumir esse posto. Não por falta de intimidade ou por gostar menos de você, todos sabem o quanto eu gosto de você, mas era perceptível, para qualquer um, que eu me apaixonei por você.

Quando você me disse que meus sorrisos alegravam seus dias e eram os mais bonitos que você já havia visto, eu sabia que você não costumava sorrir muito em frente aos espelhos, porque eram seus sorrisos, tão radiantes, que tornavam os meus dias menos custosos de se suportar.

Sua alegria contagiante, sua empolgação com as pequenas coisas, sua visão do mundo, de alguém que ainda tem esperança na humanidade mesmo sofrendo tudo o que me contou que sofreu... Você me encantou, Izuku, e eu me apaixonei, cada dia mais, mesmo sabendo que seria uma paixão impossível.

Mesmo com todos me incentivando a me declarar (suas amigas enfermeiras tinham esperança todos os dias, tanto que faziam questão de eu estar devidamente arrumado para suas visitas, vai que aquele fosse o dia que eu tomaria coragem e me declararia?), e eu querer muito, não faria algo assim. Mesmo que você aceitasse meus sentimentos, eu não podia te condenar a viver algo com os dias contados.

Izuku, o tempo que passei ao seu lado me fez ver a magia do mundo de um jeito completamente diferente. As pessoas sempre disseram que eu tinha uma animação e alegria contagiantes, mas, conhecer você, me transformou de maneiras que nunca pensei que, um velho como eu, pudesse se transformar.

Eu não sei em que momento minha paixão virou amor, ou quando eu passei a desejar que essa doença sumisse, não mais por meu sofrimento, mas, porque, eu sabia que você já havia se apegado a mim e sofreria a minha partida.

Se essa carta chegou até você, eu sei que não estou mais aqui. Eu não teria coragem de entregá-la e esperar a sua reação. Não, quando se trata dos meus sentimentos por você, eu sou covarde demais.

Eu te amo, Izuku. E, apesar de não saber se você me vê da mesma forma, sei que também gosta de mim de alguma forma. Me desculpe por fazê-lo sofrer com a minha partida, saiba que nunca foi minha intenção te fazer chorar.

Ei, quando sentir minha falta, feche os olhos. Posso estar longe, mas eu nunca fui embora.

Com todo amor que cabe nesse velho coração

Denki Kaminari

Ps: Você, uma vez, me contou sobre as dificuldades financeiras que você enfrenta por causa do tratamento da sua mãe, então, considere o valor que eu te deixei como uma ajuda e uma compensação por te fazer sofrer"

Izuku mais sentiu do que viu, a carta cair de suas mãos, não tendo mais disposição para segurá-la. Seu corpo e mente estavam anestesiados e não tinha força alguma para segurar as lágrimas que se acumularam durante a carta, as quais ele não deixou cair para não atrapalhar a leitura.

As palavras escritas entravam aos poucos em sua mente entorpecida. Kaminari disse que o amava. Com todas as letras e motivos.

Aquilo era demais para seu emocional bagunçado. Ouvir, ou ler, que alguém o amava não era uma coisa comum, portanto, acabava sendo algo muito impactante pra ele, ainda mais vindo de alguém que considerava tanto.

Alguém que já não podia escutar suas palavras de agradecimento.

Alguém que já não podia ouví-lo dizendo que o correspondia.

Alguém que já não estava ali para abraçá-lo e consolá-lo, porque, justamente, esse alguém era a causa de seu sofrimento.

Naquele momento, Izuku sentiu todas as barreiras que ele tinha erguido, depois do velório (para não sofrer tanto a perda), se romperem de uma só vez.

Izuku se sentiu desmoronar, e não havia ninguém para ajudá-lo a se reerguer.

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O arrastar de cadeiras na recepção do hospital despertou Midoriya Izuku de seu momento de contemplação. Fazia anos que não pensava na carta deixada por Denki. Aquela carta escrita há quase 30 anos.

Ainda que não carregasse mais tanta dor pela perda, ainda se via um tanto melancólico ao recordar da época difícil que foi o período de luto.

Seus olhos nunca mais tiveram o mesmo brilho que antes, ainda mais pela perda de sua mãe, 3 meses depois. Aquele ano foi, realmente, difícil.

Apesar de tudo, havia muito tempo que ele tinha se reerguido. Aos poucos, voltara a ser a pessoa alegre e espontânea, que atraia a todos como um pequeno raio de sol.

No entanto, algumas coisas mudaram irremediavelmente. Seus relacionamentos eram um fracasso. Sempre parecia que algo faltava nos pretendentes ou que as atitudes eram muito erradas. Não demorou muito para perceber que nunca daria certo com mais alguém. Seus companheiros sempre teriam que disputar espaço com Denki, e é impossível que eles conseguissem vencer uma memória.

Aos poucos, aceitou que estava estragado para relacionamentos, então, contratou uma barriga de aluguel, pois sempre fora seu sonho ter filhos.

Tivera 3 filhos: Mahoro, Eri e Katsuma.

Os três já estavam criados, o mais novo já tendo mais de 20 anos e, Eri, já tendo lhe presenteado com o primeiro neto, que foi, justamente, o motivo de sua ida ao hospital.

Em uma brincadeira, super saudável, de "pule de um lugar alto que o vovô te segura", Izuku, que nunca foi dos mais coordenados, acabou por cair em cima de uma mesa de vidro, tentando impedir que o neto se machucasse pelo pulo da estante. A trapalhada lhe rendeu uma torção no ombro e mais algumas cicatrizes de recordação.

Minutos depois, seu neto ria em sua barriga, enquanto ele ouvia a bronca do século pela irresponsabilidade e tentava segurar as caretas pela dor.

Por fim, lá estava ele, na recepção de uma clínica de fisioterapia, pronto para sua sessão semanal de reabilitação, após a retirada da tala que restringiu seu ombro por mais de um mês.

Não seria a primeira vez que faria algo do tipo, afinal, não era novidade para ninguém sua incrível habilidade para se machucar. Mas era a primeira vez que faria a sessão com aquele fisioterapeuta, porque, sua anterior saiu de licença maternidade. 

Estava um tanto ansioso. Gostava de conversar e já tinha um bom entrosamento com sua fisioterapeuta, mas mal se lembrava do nome de quem faria suas sessões agora. Sua tensão aumentou quando seu nome foi chamado de dentro da sala.

Respirou fundo antes de entrar na sala, apenas para perder todo seu fôlego ao observar o profissional.

Aqueles olhos amarelados, que pareceram lhe perseguir em sonhos pelos últimos trinta anos, pareciam brilhar em sua direção. Os fios loiros com um peculiar desenho de um raio preto na lateral do cabelo. A pele clara, agora não mais marcada pelo tempo ou pela doença, completavam o visual de alguém que nunca pensou que fosse ver.

Mas, a cartada final, foi, definitivamente, o sorriso resplandecente que o fisioterapeuta jogou em sua direção. A voz animada lhe saudando, quebrou sua última barreira.

-Muito prazer, senhor Izuku Midoriya. Meu nome é Denki Kaminari e eu estarei cuidando do senhor a partir de hoje.

Aparentemente, o destino ainda tinha planos para essas duas almas apaixonadas.

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