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1. Your Song

Clara saiu do abafado do subterrâneo da estação de metrô, caminhando lentamente nos degraus que a direcionavam para cima, na intenção que a turba de pessoas fosse à frente com sua pressa e a deixassem andar calma e sem ser empurrada por ombros mal educados. O ar do lado de fora era frio e a professora fechou o zíper de sua jaqueta até perto do pescoço, cruzando os braços e arrumando a bolsa com seus materiais no ombro.

As pessoas estavam por todos os lados na movimentada Piccadilly Circus e Clara desejava comprar o presente para o aniversário de sua amiga o mais rápido possível para sair logo dali e ser abraçada pelo conforto de seu apartamento, onde poderia relaxar após um dia cheio com seus alunos em Coal Hill.

Oswald observava as luzes fortes e coloridas dos letreiros no famoso cruzamento de avenidas em Londres, tendo como trilha sonora o movimento do trânsito e conversas perdidas com o vento frio de começo de noite. Misturada à cacofonia de melodias desarmônicas, Clara teve a impressão de ouvir notas vindas de uma guitarra em algum lugar não muito longe de si. Ela olhou em volta, vendo a estátua de Eros e mais pessoas passando pelo monumento como se mal prestassem atenção. Nas escadas que levavam à escultura, estava o Doutor tocando... Clara arregalou os olhos castanhos, querendo ter certeza que aquele era mesmo o Doutor, que ela conhecia tão bem, tocando uma guitarra na Piccadilly Circus. Clara deixou que seus passos a guiassem até ele e seu rosto mostrasse sua surpresa com clareza.

- O que você está fazendo aqui? - ela jogou a pergunta, fazendo com que o senhor do tempo levantasse os olhos do instrumento.

O Doutor deixou que um sorriso rápido passasse por seus lábios.

- Clara! Não esperava ver você por aqui. Linda, não é? - Ele ergueu a guitarra preta feito ébano, com seus dedos segurando-a como se fosse um bem precioso. - Acredita que Chuck Berry ia jogá-la fora por causa de um arranhão?

- Então o Chuck Berry deu essa guitarra de presente pra você? - A professora cruzou os braços, franzindo as sobrancelhas com a história do Doutor. Ela sentiu uma ponta de vontade em reclamar por ele ter conhecido o famoso astro do rock sem tê-la levado junto.

- Mais ou menos. Eu disse para que ele que não valia a pena jogá-la fora e ele me ofereceu ela. - O Doutor deu de ombros e começou a tocar o riff introdutório de Johnny B. Goode com palhetadas precisas, como se fosse algo simples.

Clara riu e sentou nas escadas, ao lado do senhor do tempo.

- Eu não sabia que você tocava tão bem - ela elogiou, apoiando as mãos sobre a pedra fria da escadaria.

- Nem eu, acabei de descobrir. Minha regeneração passada não tinha muita coordenação para tocar um instrumento. - Ele finalizou a introdução da música com a mão esquerda firme no braço da guitarra, realizando um vibrato, tendo cada movimento observado pelos olhos atentos de Clara.

- E o que você está fazendo aqui em Piccadilly? Pelo visto conseguiu até algum dinheiro. - A professora apontou para um montinho de notas amassadas aos pés do senhor do tempo.

- Algumas pessoas deixaram isso aqui, não sei por quê. - Clara franziu as sobrancelhas novamente, em uma expressão de "só você mesmo". - O que?

- Nada. - Ela balançou a cabeça em negativa.

Para sua surpresa, o Doutor retirou a alça da guitarra e deu o instrumento para que ela segurasse. O senhor do tempo recolheu o dinheiro aos seus pés e se levantou, deixando Clara tentando ajeitar a guitarra no colo com todo o cuidado para não estragá-la. Ele entregou o monte de notas a um morador de rua que observava a dupla a certa distância. O homem mostrou-se estupefato ao ver aproximadamente quarenta libras serem dadas em sua mão pelo desconhecido. O Doutor apenas o cumprimentou com um aceno de cabeça e retornou para perto da amiga.

-Você está segurando errado - ele disse ao chegar perto de Clara, vendo-a arriscar algumas notas com o instrumento. - Aqui. - Com gentileza, ele posicionou três dedos da professora no braço da guitarra, criando um acorde. - Este é um ré e este - Ele realocou os dedos dela de posição, - é um dó.

Clara passou a mão direita pelas cordas, criando um som frouxo pela sua falta de firmeza com o acorde, porém, era afinado, devido à posição correta que o senhor do tempo orientou.

- É mais difícil do que eu pensei. - Ela riu da própria falta de habilidade com a guitarra. O Doutor sorriu ao ouvir o riso doce da amiga.

- É apenas uma questão de prática. - Clara tirou os dedos do braço da guitarra e o senhor do tempo aproveitou para posicionar os seus próprios no lugar. Vendo o que o outro pretendia, Clara deslizou os dedos sobre as cordas. - Aqui, tente com isso. - O Doutor entregou a palheta para ela.

Clara observou-a em sua palma, vendo um símbolo gallifreyano marcado no objeto pequenino. Ela desistiu de decifrar o escrito, colocando a palheta entre os dedos e passando-a pelas cordas da guitarra. Com o Doutor realizando os acordes, finalmente os dois tiraram um som afinado e harmônico. O senhor do tempo mudou o acorde e Clara deslizou a palheta em corda por corda.

- Você tocou uma música - ele disse para ela e Clara riu, devolvendo o instrumento e a palheta.

- Nós tocamos duas notas - ela corrigiu-o e o Doutor voltou a se sentar ao lado da professora nas escadas abaixo da estátua de Eros.

- Existem músicas com apenas duas notas - ele rebateu e Clara apenas balançou a cabeça, fazendo com que seus cabelos curtos caíssem para o rosto. Ela colocou as mechas para trás das orelhas e observou o amigo passar a alça do instrumento sobre o ombro novamente.

- Toca alguma coisa pra mim - ela pediu e apoiou a cabeça sobre o ombro do Doutor, ainda dando certa mobilidade para o braço que tocaria as cordas.

- Tocar o que? - ele questionou, observando como Clara parecia à vontade ao seu lado.

- Sei lá, qualquer coisa. Uma música calma - ela especificou e o Doutor desviou os olhos para o instrumento, iniciando um dedilhado suave.

Clara fechou os olhos e deixou-se levar pela melodia. O início lembrava-a de algo um pouco blues, levemente melancólico. Mesmo sem perceber, o Doutor alternava o olhar entre ela e a guitarra, deixando que seus dedos criassem acordes. Ele deu algumas notas soltas e deixou-as no ar, para em seguida voltar ao dedilhado inicial.

- Nunca ouvi essa música antes - Clara confessou, procurando em sua mente por um momento em que tivesse ouvido aquele arranjo anteriormente. Não havia nenhum. Ela abriu os olhos, vendo que era encarada por um olhar azul. Clara sorriu enquanto o Doutor finalizava a canção. Ele retornou para o início, repetindo a mesma melodia.

- Eu acabei de criá-la nesse momento. - O Doutor viu a professora erguer as sobrancelhas em surpresa. Quando a nota saía solta no final, o Doutor não deixava a música morrer, retomando-a do começo, tentando memorizar precisamente cada sequência que ele criara naquele instante. Enquanto memorizava com seus dedos os acordes, com seus olhos ele observava Clara ao seu lado, memorizando cada detalhe dela naquela noite, iluminada pela lua e pelas luzes coloridas da Piccadilly Circus.

- Gostei dela. Como vai chamá-la? - Clara questionou, apoiando o queixo sobre o ombro do senhor do tempo, querendo vê-lo melhor em sua nova posição.

- Ainda não sei...

O Doutor virou o rosto para a professora, vendo o sorriso que ela tinha nos lábios e os grandes olhos castanhos focados totalmente nele. Naquele instante ele encontrou um nome para aquela canção: Clara.

...

O Doutor resolveu acabar com o silêncio em seu escritório na universidade e, para isso, pegou sua guitarra do canto onde estava guardada e posicionou-a sobre o colo com cuidado. Mesmo na penumbra das luzes apagadas, ele conseguia tocar, sem precisar ao menos olhar para qual acorde iria realizar. Ele os sabia de cor.

O senhor do tempo tirava notas aleatórias, observando as sombras que os móveis lançavam ao chão. A luz lunar que entrava pela janela iluminava apenas um ponto vazio no escritório, deixando todo o restante no escuro. Das notas tocadas a esmo, subitamente pareceram se combinar em uma melodia que ele ouvira em algum lugar. O Doutor tentou revirar suas lembranças e seus dedos pareceram caminhar para os acordes certos sem a necessidade de pensar muito. Ele dedilhou a palheta nas cordas, deixando que uma melodia melancólica saísse. Parecia um blues. Contudo, o Doutor não conseguia se lembrar de onde aquela harmonia pertencia.

Ele deixou que suas mãos deslizassem pelo instrumento, fazendo algo que elas se lembravam, mas que ele não conseguia. O Doutor fechou os olhos, vendo a escuridão total por trás de suas pálpebras.

Era uma noite como aquela, porém, não era escura. Luzes da cidade banhavam alguém ao seu lado, uma mulher. Era ela, ele tinha certeza...

- Hora do chá, senhor. - Nardole chegou estrondoso, tirando-o do escuro com as luzes agora acesas do escritório.

O Doutor soltou um grunhido baixo, incomodado pela interrupção. Ele deixou a guitarra apoiada ao lado da mesa e voltou-se para a nova companhia no ambiente.

- Bonita a música que você estava tocando - Nardole disse enquanto preparava o chá para os dois, derramando leite nas xícaras. - Qual o nome?

Ele entregou a chávena para o Doutor, que se ocupou em colocar os cubos de açúcar para tornar doce o seu chá, do jeito que gostava. O senhor do tempo observou o líquido amarronzado.

- Eu acho... Que essa música se chama Clara.

O Doutor parou de colocar os cubos em seu chá, levando a xícara próxima aos lábios. Ele assoprou, percebendo que o conteúdo estava quente. O senhor do tempo observou mais uma vez o líquido de uma tonalidade acastanhada. Os olhos dela... Os olhos dela eram castanhos. De uma tonalidade mais escura, mas castanhos.

- Tem no Youtube? - Nardole inquiriu, também assoprando seu chá. Ele bebeu, não se importando muito com a temperatura. - Hum, acertei no ponto dessa vez.

- Não, não tem no Youtube. - O Doutor bebeu do seu chá, mantendo a xícara próxima aos olhos, contemplando o líquido se mover conforme balançava a porcelana. - Eu compus essa música - ele afirmou por fim.

Nardole manteve silêncio após a informação, logo associando a música à pessoa a qual inspirara o título. O Doutor ainda revirava sua mente em busca das lembranças dos olhos castanhos, enquanto o chá mexia dentro da xícara que ele segurava.

Ele se condenava por lembrar apenas da música dela, daquele momento sob as luzes, mas nunca dela. Ao menos, a canção dela nunca se perderia como suas memórias.

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