Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

🔥53 - Uma Rainha derrotada

Ainda era estranho para Egon. De todas as pessoas que imaginou estar transando naquela manhã, Kara não era uma delas. Não tinham se dado ao trabalho nem de tirar as próprias roupas, ou de escolher algum lugar mais adequado . Estavam voltando da Taberna, pararam num beco escuro já quase amanhecendo o dia. Kara simplesmente disse que estava com vontade e ele aceitou. Ela pôs as mãos na parede enquanto ele desceu as calças dela até o joelho e enfiou fundo nela.

— Fica de olho, alguém pode nos ver... — Kara segurou o gemido que ia escapar de sua boca enquanto Egon batia cada vez mais forte nas estocadas.

— Tá todo mundo dormindo...

— Depois de hoje eu vou parar de beber...

— Calada, Kara. Tá me desconcentrando.

— Tá. Só não goza dentro.

Não demorou muito. Egon segurava os seios de Kara por dentro da blusa com uma mão, enquanto a outra estava fixa em seu quadril. Depois de alguns minutos, ele tirou fora. Já estava satisfeito. E pelos gemidos, Kara também estava.

Ela subiu as calças e ajeitou os cabelos como se não tivessem feito nada. — Se contar para alguém, eu te mato.

— Jamais faria isso.

— Eu queria transar e você também.

— Isso!

Os dois saíram do beco escuro e seguiram para o Palácio em um silêncio constrangedor.

— Soube que tem um prisioneiro misterioso no Palácio. — Kara começou a dizer.

— Sim. Já faz umas duas semanas. Mas ninguém fala quem é. Está sobre segurança máxima. Só os de alta patente sabem quem é.

— Em todo caso, temos que ficar de olho. E o navio de Klaus? Já tem muitas semanas que eles partiram, será que acharam alguma coisa?

— Por mim Klaus podia afundar no mar e toda a tripulação dele, mas se acharem a Mia, eu ficaria muito feliz... — Egon disse travando o maxilar.

— Diana também é muito importante nesta guerra.

— Sim... apesar que já nem sei mais.

Kara não quis prolongar o assunto, ainda mais depois de ouvir o nome de Mia. Os dois entraram pela porta dos fundos e avistaram Missai caminhando devagar com um copo de café para o laboratório. A engeliana olhou para Egon e apenas desviou o olhar. Tudo ainda estava estranho entre eles e Egon sentia como se ainda estivesse a traindo.

Os dois pararam no corredor e ficaram se olhando por um tempo. Kara foi a primeira a romper o silêncio raspando a garganta e desviando o olhar.

— Obrigada...

— A gente não usa agradecer depois do sexo. Não foi um favor.

— Eu sei. Mas eu realmente estou agradecida, Egon. Eu tenho tentado lutar contra tudo o que sinto. Já... se passou tanto tempo e não tive mais notícias do Valdrer.

— Ele fez a escolha dele. Não havia nada que pudesse fazer.

— Eu vou tomar um banho. E depois vou procurar saber sobre quem está preso. Ouvi lá na Taberna que tem um navio Vermogeano atracado longe do porto.

— No meio do mar? — Egon ergueu uma das sobrancelhas. — Isto é estranho.

— Também achei. Vou falar com Zeeba, talvez seja melhor averiguar.

— Ou talvez Zeeba saiba quem é... Enfim! Em todo caso, eu vou investigar a respeito.

Kara virou as costas deixando Egon com um sorriso bobo no rosto. Era estranho em todo caso, mas havia valido a pena. Os dois, entretanto, pararam bruscamente quando ouviram a correria pelo Palácio. O próprio rei estava correndo até os fundos do local acenando para os soldados.

Zeeba ao ver os dois gritou de longe. — Vocês dois! Venham aqui!

Todos estavam apavorados. A princípio, Egon pensou se tratar de um ataque, mas quando viu dois carros parando nos fundos ele franziu as sobrancelhas. De dentro de um dos carros, Klaus desceu rapidamente, acompanhado de um padre e com cuidado abriu a porta de trás e tirou Diana do carro com delicadeza.

— Me ajude, Padre! Ela pode bater a cabeça.

— Claro.

Diana estava pálida, magra e desacordada. Kara deu um passo para frente e sussurrou para Egon. — Ela... tá morta?

— Tomara que não.

Tudo parecia caótico. Até um dia antes ninguém sabia sobre o paradeiro da rainha e agora estava ali diante deles mais morta do que viva. Kiran se aproximou de Klaus acompanhado de uma Veridiana com a expressão de espanto e pavor.

— O que houve com ela? — Kiran perguntou aflito.

— Ela precisa de ajuda médica urgente!

— Zeeba! Tem dois prisioneiros no outro carro junto com Baren. Os dois de alta periculosidade. Inclusive aquela desgraçada.

Egon sentiu o calafrio percorrer sua espinha. Ele correu até o carro e ficou olhando para a porta do veículo tentando controlar o próprio corpo que não parava de tremer. Zeeba acenou para que Baren abrisse a porta e o rosto de Mia surgiu.

As mãos e pés acorrentados, suja dos pés a cabeça. Os cabelos estavam mais longos, quase na altura dos ombros. Seus olhos mais dourados do que se lembrava.

— A Loba, em pessoa. Que honra! — Zeeba disse com sarcasmo e puxou a engeliana pelas correntes para fora do carro. A mulher ergueu o olhar para Egon e apenas desviou enquanto Baren puxava Oregon do outro lado. — E esse é quem?

— Inimigo também. — Baren disse com a voz grave e entregou o prisioneiro para os soldados.

— E você? Se soubesse que viria teria separado uma cela especial para você. — Zeeba puxou as correntes mais uma vez e Egon viu as marcas nos punhos.

— Tá machucando ela! — Egon disse no impulso e se aproximou mais de Mia que evitava olhar para ele.

— Vou providenciar algemas mais macias da próxima vez. — Zeeba disse sarcástico.

Kara revirou os olhos ao ver a cena e saiu balançando a cabeça negativamente. Missai e Zoe observavam a cena de longe, incrédulas.

— Aquela ali é... A Mia? — Missai perguntou ainda tentando entender tudo o que via.

Mia mantinha o olhar baixo e as sobrancelhas franzidas. Estava num ninho de cobras cercado de serpentes traidoras. Kaya, Missai, Veridiana e Egon. O mais traidor de todos.

Egon ainda os seguia enquanto Zeeba arrastava a loba para uma das prisões. O homem parou bruscamente e olhou para o engeliano por cima dos ombros.

— Você ia me ajudar a levar ela, mas acho melhor você ficar aqui.

— Me deixa ao menos falar com ela!

— Me leva logo daqui, Careca, não tenho nada para falar com esse daí. — Mia disse sem olhar para trás.

— Viu? Nem ela quer falar com você. Agora fique aí.

— Não! Mia! Eu preciso falar com você! — Egon tentou acompanhar Zeeba, mas foi impedido por dois soldados.

Ele soltou os ombros pesadamente e virou as costas e se deparou com Missai, Zoe e Kara o encarando. Egon desviou o olhar e passou por elas de cabeça baixa, e viu de soslaio Kara cruzar os braços.

— Devia se envergonhar. Parece até um cachorrinho. — Kara disse sarcástica.

— Viu como ela estava? E ele nem me deixou falar com ela!

— Vai se foder, Egon! — Missai virou as costas e foi seguida por Zoe. Kara olhava para Egon com as sobrancelhas franzidas.

— Você precisa de amor próprio. Ela nem olhou para você!

— Ela é minha família! Ela deve ter passado por coisas horríveis!

— Tudo que ela passar ainda vai ser pouco. Mas a cegueira que cobre seus olhos é praticamente impossível de tirar. — Kara passou por Egon e bateu o ombro nele o fazendo se afastar. — A transa foi boa, Egon. Fez até eu me esquecer do quanto você é trouxa.

Egon amava Mia. Ela era sua família. Ele repetia isso para si mesmo até se convencer da verdade. Talvez um dia Mia também entendesse isso. Era o que ele mais queria.

(...)

Mia sentiu o impacto reverberar seu corpo quando Zeeba a jogou dentro da cela. Por um breve instante ela desejou matar todo mundo ali com exceção de Diana e sumir daquele lugar gelado.

Sempre odiou Eiseges Tal.

— Aproveite a estadia. Essa cela eu escolhi especialmente pra você.

Mia revirou os olhos e se levantou com dificuldade alisando os próprios pulsos. Fazia muito tempo que ela não sabia o que era dormir decentemente. Ela sentou sobre a cama de pedra e encostou as costas na parede. Soltou um suspiro pesado e fechou os olhos.

— Mia? — A voz familiar a fez abrir os olhos rapidamente e ergueu a cabeça buscando com o olhar na cela escura. O rosto de Samir se aproximou das grades fazendo a engeliana franzir o cenho. — Você tá viva...

— O mais próximo disso. — Mia disse com a voz firme tentando não transparecer a surpresa em ver o namorado. Mesmo que seu coração estivesse saltando dentro de seu peito. — Que faz aqui, Samir? Não devia estar tomando conta de tudo enquanto eu estava fora?

— Muita coisa aconteceu.

— Ou você achou que eu tinha morrido e decidiu dar no pé?

— Como pode pensar isso de mim depois de tudo que vivemos?

— Me poupe, Samir. Sei que estava louco pra se livrar de mim. — Mia revirou os olhos.

— Você não me vê há meses e agora vem com essa frieza toda?

— Estamos os dois presos neste inferno gelado e provavelmente seremos mortos. Já que como bem sabe, nenhum de nós é bem vindo aqui

— Então é assim? Seu amor por mim acabou?

Mia olhou de soslaio para Samir e depois desviou o olhar sentindo o coração bater cada vez mais forte. Odiava aquele sentimento. Como isso sempre a deixava fragilizada. Primeiro Samir conquistou seu coração com palavras doces e promessas. Depois veio Diana e toda aquela aura que a fez até esquecer de si mesma. Queria poder se livrar destes sentimentos. Desta fraqueza que só a atrasava.

Ela ergueu o olhar para Samir e o observou por um tempo. Ainda sentia seu coração bater forte quando olhava para ele e por um instante ela pensou em tudo que ele passou para chegar até ali. Tinha tantas perguntas a fazer, como havia chegado até ali, como soube que estaria presa. Afinal, ele estava ali por ela, né?

— Acho que amor é uma palavra forte demais.

— Não dá para conversar com você... — Samir se afastou das grades balançando a cabeça.

— Você é ridículo!

— Eu sou ridículo? Você sumiu! Eu fiquei sem saber o que fazer! Faz ideia do quanto Eisenhower está um caos?

— Não! Eu não sei! Faz meses que a única coisa que vejo é neve e gente ruim!

— Eu sinto muito, Mia! Sinto mesmo! Mas o que eu poderia fazer?

Mia se levantou bruscamente e bateu nas grades. — Klaus atravessou o mundo pela Diana, e você? O que fez?

— Eu não podia fazer nada! E alguém tinha que ficar para proteger o que construímos!

— Dormiu com quantas enquanto estive fora?

— Eu jamais faria isso com você!

Mia deu uma risada sarcástica. — Me poupe! Como se eu não soubesse da sua infidelidade!

— Isso é mentira! Eu amo você! — Samir disse erguendo a mão pela grade, mesmo que soubesse que a distância entre eles era grande. Mia olhou para a mão erguida ainda desconfiada. — Eu amo você, Mia.

— Nossa, que momento lindo. — A voz de Kiran fez ambos recuarem. — Que foi? Não quero atrapalhar este reencontro.

Kiran estava acompanhado de um soldado com cara de poucos amigos segurando um molho de chaves. Mia olhou para os dois desconfiada e recuou mais um pouco.

— Majestade... Em que posso ajudar? — Samir disse de cabeça baixa.

— Eu decidi lhe dar uma chance, Samir. Depois dos últimos acontecimentos entendi que é necessário ter mais aliados do que inimigos. Mas se trair minha confiança mais uma vez, eu mato você.

— Eu sou muito grato por sua benevolência, Majestade.

— Deixa de papo furado. Pode abrir, Hendrik.

Mia franziu as sobrancelhas ao ver o soldado abrir as grades e deu dois passos e segurou as barras de ferro com as duas mãos.

— Que palhaçada é essa? — A engeliana bravejou, Samir olhou para Mia de soslaio e apenas passou pela porta aberta.

— Não deu tempo de vocês conversarem? — Kiran disse sarcástico. — O motivo por que veio até aqui?

— Mia... eu posso explicar. — Samir encarou a mulher que tremia os lábios de raiva.

— Explicar o que, porra?

— A situação ficou complicada, não tive muitas alternativas. Os mortos-vivos, os untotes... a Heide ferrou com tudo!

— E aí você correu para cá? — Mia soltou o ar de forma rápida. — Então é isso? E o negócio de "construirmos tudo juntos?"

— Mia você tem que entender!

— Eu e você fizemos tudo juntos!

— Não, Mia! Eu apenas segui você!

— Me seguiu? Puta que pariu! Você é inacreditável!

— Vamos embora, Majestade. Ficar aqui só vai piorar as coisas. — Samir disse tocando o braço de Kiran.

— Tem certeza que não quer tentar defender sua amada? Afinal você fugiu daqui com ela. — Kiran disse erguendo uma sobrancelha.

— Eu já disse que me arrependo. Vamos começar do zero.

Samir seguiu com Kiran ouvindo as ofensas de Mia. A mulher ergueu a mão para usar as sombras em Samir, mas o poder falhou. Ela olhou para as próprias mãos e bufou esmurrando as grades.

— SAMIR! SEU BABACA! VAI PAGAR POR ISSO! MANIPULADOR DO CARALHO!

Kiran ignorou os gritos da mulher e continuou andando na frente de Samir que estava desconfiado.

— Não entendi o porquê dessa mudança brusca.

— Diana está morrendo. Se tudo der errado não sei o que será de nós. Mas quero que saiba, que não te perdoei Samir. Vai ser apenas uma trégua.

— Eu entendo.

— Agora você pode dizer aos seus aliados que podem se aproximar do porto.

Samir olhou para baixo e depois olhou para Kiran novamente. — Eu jamais pensei em fazer nada contra Eiseges Tal.

— Eu sei. Mas comigo é outra história.

— Kiran, eu... No meu navio tem uma médica, Joan. Talvez ela possa ajudar.

— Hendrik, leve o lorde Zaran para os seus aposentos. E peça que levem uma refeição adequada para ele.

Samir sorriu discretamente comemorando sua pequena vitória. Podia ser pouco, mas já era um começo.

(...)

O médico analisava mais uma vez a situação da enferma. O corte parecia se abrir, uma ferida que não cicatrizava. Klaus olhava a mulher definhar em cima da cama sentindo o coração apertado. Tinha medo de perdê-la. De não poder nunca mais ver aquele jeito estranho de lidar com as coisas.

— Eu não posso fazer muita coisa. Infelizmente ela está morrendo. Está perdendo muito sangue. A respiração está fraca.

— Ela... vai morrer...?

Dr Fritz soltou um suspiro pesado e secou o suor de sua testa. — Se ela não parar de perder sangue desse jeito, infelizmente vai sim. Se ela fosse uma pessoa comum, já estaria morta.

Uma lágrima silenciosa correu pelo rosto de Klaus. — Ela vai sobreviver. Eu acredito nisso. Ela não pode desistir.

O médico não respondeu e saiu devagar pela porta, no mesmo instante que uma engeliana entrava. Missai viu a mulher sobre a cama e franziu as sobrancelhas.

— Dr Fritz pelo visto não conseguiu fazer nada. — Missai entrou no quarto com alguns frascos na mão.

— Você pode? Por favor, não importa o preço.

— Eu vou tentar... E não tem preço, Klaus. Mas não garanto nada. Eu não sou médica. Eu vou tirar um pouco do sangue dela para analisar no Laboratório. Tem um frasco que a Veridiana me deu que usavam com ela nas Fúrias.

— Frasco?

— Um líquido de cor vermelha. Eu estou analisando ele já faz um tempo. Uma mistura de produtos.

Missai se aproximou de Diana com o kit médico e tirou uma enorme seringa de aço, escolheu um dos braços e retirou o sangue da mulher. Klaus olhou a cena e ficou ainda mais preocupado.

— A pele?

— Também achei que seria mais difícil como sempre foi, mas está uma pele... normal... ou o mais próximo disso.

Missai se levantou da beirada da cama guardando a amostra de sangue numa caixa e caminhou devagar na direção da porta e parou no meio do caminho e se virou devagar para Klaus.

— A Mia estava com ela? Por acaso, foi ela que fez isso?

— Ela nega, obviamente, mas não acredito nela.

— Deviam tê-la matado quando tiveram a chance.

— Ela ajudou a Diana, levou ela até o padre. Parecia genuinamente preocupada e não resistiu ou tentou fugir.

— Trazer aquela mulher aqui é o mesmo que trazer uma serpente para dentro do ninho.

— Eu não estava em condições de tomar nenhuma decisão. Além do mais, a Mia está diferente. Até agora não sabemos como elas saíram das masmorras do Palácio do imperador de Nordwein.

— O que me deixa ainda mais preocupada. Vimos um dragão nos céus, a Diana muda todo o seu corpo, Kiran pode se telecomunicar com a mente, Bardra vê o futuro. Se eles conseguem, mais gente pode conseguir.

Klaus apenas desviou o olhar para Diana. Ele também sabia disso. Mas não podia afirmar nada, ele viu sombras tremulando ao redor de Mia. Mais do que isso, ele sentiu a presença dela em cada canto daquele quarto, como se as sombras estivessem respirando ao redor dele.

— Quando a Diana estiver bem, eu vejo o que faremos com a Mia. — Ele disse tocando a mão de Diana.

— Eu já vivenciei lados tão obscuros da Mia que me faz acreditar que a morte para ela ainda seria um alívio... — Missai disse soltando o ar de seus pulmões e aliviando um pouco a expressão de tensão. — Farei o possível.

A engeliana seguiu para fora do quarto da rainha e caminhou pelos corredores até seu laboratório. Egon estava tenso, parado um pouco mais a frente olhando para o pátio coberto de neve. Ela travou o maxilar e apertou as mãos ao redor da pequena caixa e caminhou com passadas largas até o ex-namorado.

— O cachorrinho ainda está esperando a dona?

— Missai... não começa. — Egon disse de maneira exausta.

— Você é um babaca mesmo, um ridículo pau mandado da Mia. Ela manda e você deita, rola e dá a patinha!

— Eu só quero saber como ela está!

— Deixa eu terminar a frase para você: porque ela é minha família, ela é tudo para mim, talvez devêssemos olhar o lado dela das coisas, ela passou por muita coisa. Qual a próxima desculpa?

— Ela é... Deixa pra lá! Não vou discutir com você!

— Claro! A gente nunca teve um bom diálogo mesmo. Só mostra o quanto eu estava enganada sobre você! Porra! Você comeu a Kara...

— Como você sabe disso? — Ele virou o rosto bruscamente encarando a engeliana que soltou um suspiro debochado.

— Foi um palpite. Então a cara de suspeitos de vocês dois não era a toa. Vocês dois transaram mesmo...

— Acho que não pode me julgar já que está com a Zoe.

— Vai se foder, Egon!

Missai virou as costas balançando a cabeça. Egon ainda deu mais dois passos na direção dela.

— Eu queria mesmo tentar!

— Queria porra nenhuma! Só queria me comer enquanto esperava sua dona!

Egon soltou os ombros tensos e seguiu no caminho oposto à procura de Zeeba no Palácio. Queria ver Mia, nem que fosse por um minuto.

O eisegano estava do outro lado do Palácio interrogando Oregon dentro de uma pequena sala. Zeeba andava pela sala com as mãos para trás, analisando o homem corpulento sentado com as mãos algemadas sobre a mesa.

— Então, Kaoro Oregon. Ex-General sonnigano. Sabe que devo entregá-lo às autoridades competentes de seu país?

— Estou ciente disso. — Oregon disse sério.

O som dentro da sala era abafado, só se ouvia o som da lâmpada falhando de vez em quando e o tilintar das algemas que Oregon mexia as vezes.

— Tentou matar a rainha?

— A rainha derrotada? Eu tentei sim.

— Por quê?

— Teria feito o mesmo se visse o que eu vi.

— Eu vim disposto a torturá-lo, mas a nobreza de um soldado corre em suas veias, general. Vai ficar preso por enquanto até que o rei decida o que fazer com você.

Oregon não respondeu. Zeeba conhecia bem aquele olhar. Um olhar frio e sem vida olhando para a frente como se buscasse algum motivo para continuar existindo. Um olhar de quem viu tantos amigos morrerem.

Zeeba bateu de leve na porta que foi destrancada por um dos soldados e acenou para que levassem Oregon de volta à cela.

— E a outra, senhor? — Hendrik perguntou se referindo a Mia.

— Eu vou ver com o rei sobre o que fazer com ela.

Zeeba seguiu de volta ao Palácio alisando as têmporas e viu dois soldados conversando no jardim das esculturas. Ambos olharam na direção dele, bateram continência e voltaram aos seus postos.

Ele franziu o cenho e alisou a própria careca e seguiu para dentro do Palácio ainda pensativo. Na última semana havia contratado várias pessoas diferentes. Alguns funcionários adoeceram, outros simplesmente desapareceram e nunca mais voltaram ao trabalho. Como se não bastasse tudo que estava acontecendo.

Ele viu Egon correndo em sua direção e já sentiu a dor de cabeça que viria assim que aquela conversa terminasse. Ele desviou do loiro que o seguiu afoito.

— Senhor! Me escute, eu preciso muito ver a Mia!

— Não.

— Por favor!

— A resposta é não!

— Eu...

— Devia estar cuidando da construção dos novos Zeppelins já que Valdrer resolveu dar no pé!

— Só cinco minutos, o senhor pode me vendar e me levar até lá, ou me deixar preso até decidir o que fazer com ela. Eu só... quero cinco minutos com ela.

— Não tem nada mais deprimente que um homem implorando. Vou te levar até lá. Ela deve ser muito boa para te manter preso por cinco anos e ainda querer falar com ela.

— Muito obrigado... — Egon disse aliviado.

— Vai ser rápido, estarei com você o tempo todo. E vamos logo que não tenho o dia todo!

Egon seguiu o homem que andava a passadas largas para a lateral do castelo até uma parte isolada. A porta parecia de um galpão comum, mas quando se abria dava acesso a uma escada que dava para uma parte subterrânea.

Os dois desceram as escadas em silêncio, apenas o som das botas ecoando nas paredes de pedra úmidas. O cheiro de mofo e ferro enferrujado denunciava que aquele lugar era antigo, provavelmente usado como prisão há muito tempo. Zeeba caminhava à frente, segurando uma lanterna que projetava sombras distorcidas pelo corredor estreito. Egon sentia seu coração bater mais forte a cada passo.

— Tem notícias do Valdrer? — Egon perguntou ao chefe que fez um longo silêncio antes de responder.

— Eu tive contato com alguns amigos em Eiseges Tal. Ele esteve lá, causou um alvoroço, lutou com a Ygritte e depois... — Zeeba fez uma pausa antes de responder e hesitou na hora da resposta. — Desapareceu.

— Kara ainda está preocupada. Espero que ele volte logo.

— É...

Chegaram a uma porta de ferro pesada, onde dois guardas estavam posicionados. Zeeba fez um gesto breve, e um dos soldados girou a grande chave na fechadura. A porta rangeu ao se abrir, revelando um espaço pequeno, iluminado apenas por uma única tocha na parede.

Havia celas de um lado e de outro, não mais que seis. Ainda tinha uma janelinha em uma das celas que provavelmente era de uma área de claridade. Ao fundo, sentada contra as pedras frias, estava Mia.

Ela levantou o rosto ao ouvir o som da porta, os olhos brilhando brevemente antes de se tornarem cautelosos ao ver Zeeba ao lado de Egon.

— Você tem cinco minutos — Zeeba disse, cruzando os braços e se encostando à parede, observando a cena com um olhar impassível.

Egon deu um passo à frente, hesitante. Mia parecia diferente. Estava mais magra, com olheiras profundas e as roupas sujas. Mas o olhar dela... aquele olhar continuava o mesmo de anos atrás. Não. Estava ainda mais cruel.

— Mia... — Egon sussurrou.

Ela não respondeu de imediato. Apenas o observou, de maneira fria. Sem mover um músculo.

— Por que você veio? — Mia perguntou, olhando para ele com desdém.

— Eu precisava te ver — ele respondeu, dando mais alguns passos, até que estivesse perto o suficiente para se ajoelhar à sua frente. — Eu fiquei muito preocupado. Temi que estivesse morta.

— Hum. Quanta consideração. Nem parece que você e a Kara me deram as costas quando mais precisei de vocês.

— Me prendeu por cinco anos!

— E prenderia de novo!

— Você está ainda mais fria do que me lembrava. Quando foi que tudo mudou, Mia? Quando você esqueceu do que éramos um para o outro?

— Nunca fomos nada um do outro.

— Agora eu não significo nada para você? Crescemos juntos, Mia!

— Você continua com essas bobagens? Sim! Crescemos juntos, e daí? Veridiana me ensinou a atirar, lutar e me defender e mesmo assim a odeio com todas as minhas forças!

— Pelo visto, Nordwein fez de você uma mulher ainda mais fria. Deve ter sido uma jornada e tanto.

Ela desviou o olhar, os punhos se fechando.

— Não foi como você pensa.

— Então me diga como foi! — Egon insistiu, a voz carregada de frustração. — Diga por que você me prendeu, por que mudou tanto, por que traiu a causa pela qual lutamos juntos!

Mia respirou fundo, os olhos brilhando com um misto de tristeza e fúria.

— Eu não traí ninguém.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Zeeba observava tudo, avaliando a conversa com interesse.

— Então prove — Egon desafiou. — Me diga a verdade, Mia. Porque eu ainda estou disposto a acreditar em você.

Ela deu uma gargalhada que ecoou pelo local de uma maneira assustadora. Ela riu tanto que dobrou para frente segurando a barriga.

— Acreditar em mim? Ai, Egon! Faz tempo que eu não ria tanto!

— Por que está rindo?

— Sua fé. Não... na verdade, é seu amor. Que sinceramente eu não entendo.

— Eu... não amo... — Ele abaixou a cabeça. — Sabe que sempre amei você. Então por que zomba dos meus sentimentos?

— Egon, eu sempre fui clara. Não tenho interesse em seus sentimentos. Jamais ficaria com você.

— Por que não? Não sou homem o bastante para você? Como Klaus ou como Samir?

Zeeba revirou os olhos e olhou o relógio de bolso. O tempo havia se esgotado, mas fez questão de deixar o homem se humilhar mais um pouco.

Era deprimente.

Mia franziu as sobrancelhas e se levantou devagar e caminhou até as grades. Egon se levantou e ficou olhando para a mulher que apenas segurou nas barras de ferro e o encarou por alguns segundos.

— Egon, eu não pensei que teria que repetir isso de novo. Eu amei você... como um irmão. Pensei que tivesse sido clara. Não tenho interesse sexual ou amoroso em você. Não é uma questão de ser mais ou menos homem, pelo amor de Erste, coloca isso na sua cabeça!

Egon não conteve as lágrimas que escorreram por seu rosto. Zeeba olhava a cena tão incrédulo que sentia vergonha pelo homem.

— Mia... — Egon começou a chorar. — Eu sempre vou amar você. Não há ninguém que ocuparia seu lugar.

— Egon, isso beira o ridículo. Eu prendi você por cinco anos como você mesmo disse e mesmo assim você veio até aqui implorar desta maneira? Isso é... nossa! — Mia balançou a cabeça negativamente.

— Por favor, eu posso amar por nós dois.

— Não! Entenda que não tenho interesse nisso! Nem que fosse o último homem vivo na terra! Você é como um IRMÃO! É fraternal! Entende isso? Eu daria até para aquele cara ali! Mas você não!

Zeeba fez uma careta e depois esperou a reação de Egon que mantinha-se imóvel ainda chorando olhando para Mia.

— Nossa! Isso doeu.

— É melhor você ir. Pelo amor de Erste. Não dá para conversar com você. — Mia disse se afastando.

— Diz isso porque não sabe o que é amor de verdade.

— Eu sei sim... — Mia disse olhando para Egon por cima dos ombros. O olhar dela tinha algo que ele jamais tinha visto. Estavam serenos, melancólicos. — Eu chorei, sangrei, eu atravessei o mundo inteiro presa num navio, eu estou aqui nesta cela... por amor. Eu sei perfeitamente o que sinto, mesmo que eu não faça a menor ideia do que vou fazer com este sentimento. Talvez eu deva suprimir ele no lugar mais profundo da minha alma e não deixar nunca mais ele sair. Porque amar dói tanto! Mas certamente você não entenderia.

— Fez isso pelo Samir? Mia?

Egon arregalou os olhos, mas antes que pudesse perguntar mais, Zeeba deu um passo à frente.

— O tempo acabou.

Egon se virou, irritado.

— Espere! Ela não terminou!

— Não estou aqui para satisfazer sua curiosidade, Egon — Zeeba respondeu friamente. — Se houver algo mais a ser dito, será quando o rei decidir.

Os guardas já estavam avançando para afastá-lo de Mia. Ele tentou resistir, mas sabia que seria inútil.

— Mia! — ele chamou, enquanto era puxado para trás.

Ela estava chorando.

A porta se fechou com um estrondo, e Egon foi empurrado de volta ao corredor. Zeeba o observou por um instante, antes de falar:

— Que deprimente, Egon. Nunca vi um homem implorar tanto por um amor daquele jeito. É vergonhoso.

— Você não entende.

— Entendo de amor mais do que imagina.

Egon apenas respirou fundo, sentindo a raiva ferver em seu peito. Ela não podia estar falando a verdade. Não podia amar alguém daquela maneira. Não aquele Samir idiota.

Mas o que Egon não sabia era que coração era uma terra sem lei. Se fosse fácil escolher quem amar, ela jamais teria escolhido Diana.

(...)

Veridiana acompanhava Kiran em silêncio. Observando a movimentação do lado de fora. Eles passaram por uma serva desconhecida por Veridiana, o que a fez voltar à realidade.

— Por que tantos rostos novos?

— Zeeba me falou algo sobre vários funcionários adoecerem. Zoe está analisando a comida. Temo um envenenamento ou algo assim.

— Tempos de guerra...

— Vai ver a Mia? — Kiran disse sem rodeios.

— Não. No momento estou tentando manter meu psicológico. Tenho certeza que se nos encontrarmos ali, as coisas sairão do controle.

— Ainda dói? A perda da Valkiria?

Veridiana engoliu o choro que insistia em queimar sua garganta e olhou para baixo tentando afastar aqueles sentimentos. — Nunca parou de doer. Só... ficou mais fácil.

— Entendo. — Kiran ficou pensativo por um instante e depois virou-se para Veridiana. — Eu... queria conversar com você sobre a Diana.

— Não me deve satisfação alguma, majestade. Eu sempre soube do meu lugar em sua vida.

— Mesmo assim... tudo parece tão...

— Por favor, majestade. Não se martirize. Diana é a sua esposa, a sua rainha.

— Mas eu não sou o homem que chora à beira de sua cama.

— Klaus um dia vai entender o lugar dele no meio desta bagunça. — Veridiana deu um riso fraco e depois bateu na porta do quarto e entrou devagar dando passagem ao rei.

Klaus mantinha-se ao lado da cama com os olhos vermelhos e levemente inchados. Veridiana sentiu um aperto no peito ao vê-lo daquele jeito. Sempre pareceu um homem tão forte e imune àqueles sentimentos. Mas não havia ninguém forte o suficiente quando o assunto era o amor.

A cena naquele quarto estava aterrorizante, o cheiro de ferro que emanava pelo local fez o estômago de Veridiana revirar. Ela observou o médico mexer na ferida aberta tentando conter o sangramento insistente.

Ela estava piorando.

O sangue de Diana escorria pelos lençois brancos de sua cama. Kiran tentava esconder o pavor que sentiu ao vê-la daquele jeito, Klaus andava de um lado para o outro, Veridiana então se afastou até ficar mais distante da cama. Ela não estava pronta para nada daquilo.

— E então, doutor? — Kiran disse impaciente.

— Ela está perdendo muito sangue.

— Tem que dar um jeito! — Klaus disse furioso.

— Estou tentando! Não estanca o sangramento por nada! Parece que a ferida está se abrindo mais.

— Por favor! De um jeito! — Kiran gritou com o médico que suava frio.

— A Missai está tentando algum remédio, pomada, elixir ou sei lá o quê. Eu como médico estou fazendo o que posso. É uma hemorragia. Não dá para fechar se não parar de sangrar.

— Foi por causa da viagem até aqui? — Klaus tinha o rosto pálido e o olhar de desespero.

— Pode ser que sim, pode ser que não. É como se a pele estivesse sendo perfurada cada vez mais. Não para de sangrar, não cicatriza. E o pior é que parece estar avançando para órgãos vitais.

Veridiana observava a cena aturdida, sentindo o corpo trêmulo. As mãos do médico cobertas pelo sangue de Diana, que parecia definhar cada vez mais. Jamais imaginou vê-la daquele jeito. Era culpa dela? Por que desejou o lugar que Diana ocupava? Será que inconscientemente ela desejou a sua morte?

Aos poucos ela foi se afastando, bem devagar até sentir suas costas na porta. Suas pernas pareciam estar se movendo sozinha. Sem que percebessem ela girou a maçaneta devagar e saiu. Queria ir para longe dali. Sentia-se estranha. Andou apressada pelos corredores até chegar em seu quarto e entrou rapidamente fechando a porta bruscamente e encostando a testa na mesma.

Seu coração batia acelerado, a boca estava seca. Se até mesmo Diana, uma mulher tão forte estava sucumbindo, o que seria deles? O que seria de todos?

De repente, ela sentiu um arrepio percorrer por todo seu corpo e ouviu um sussurro em seu ouvido.

Beba.

Veridiana se alertou e buscou com o olhar por algo que nem sabia ao certo. Caminhou até a cômoda ao lado de sua cama e puxou as gavetas uma por uma até encontrar o frasco de líquido amarelado.

Ela se lembrou de seu encontro com a rainha Anika e sentiu um nó no estômago. Por algum motivo que ela ainda não entendia, ela se sentia pronta. Independente do que fosse. Ela olhou fixamente para o vidro e pensou nas palavras da rainha.

O seu dom, o seu chamado.

Gesundheit havia a escolhido.

Sem pensar muito, ela abriu o frasco e virou o líquido num só gole. Sentiu o gosto amargo na boca e o líquido descer queimando por sua garganta.

Não demorou muito para o efeito começar. Sentiu um formigamento percorrer seu corpo inteiro e seu estômago queimar, tudo começou a rodar, sentiu náuseas, a visão começou a escurecer e antes que se desse conta caiu no chão revirando os olhos e espumando pela boca.

E depois seu corpo parou bruscamente.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro