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🔥38 - De corpo e alma

A noite caía sobre Eiseges Tal junto com uma neve mansa. Depois de quase quatro horas de reunião com o conselho, Kiran seguiu para seu escritório, parou em frente à um móvel de madeira com tampo de granito e tirou de dentro uma garrafa de whisky e um copo e sentou-se em sua poltrona, e tirou a coroa de sua cabeça. Depois serviu-se da bebida e deu um longo gole, soltou os ombros de forma pesada e ficou pensando no que iria fazer.

Em algumas semanas a Organização Mundial de Ruhig emitiria a nota exigindo a presença de todos os governantes das nações para decidir o que fazer com Diana Drachen. Ela poderia ser considerada uma criminosa de guerra. Eiseges Tal até então um lugar tranquilo e sem conflitos poderia ser palco de uma guerra. Tudo porque ele apostou em Diana. E ele ainda se dizia um estrategista.

Queria que Samir estivesse ali. No fim, talvez ele tivesse razão. Ficou tempo demais focado numa lenda, e quando ela se tornou real, não saiu nada do que ele esperava. E nem era só pelo fato de ela não se importar com ele. Era porque ela não pensava nas consequências de seus atos. Agindo por impulso e no calor do momento.

Diana havia saído de Eiseges Tal para ir atrás de Klaus e quando chegou lá, deu tudo errado e ela não ficou com ele. E além de tudo causou um estrago enorme, e levou uma inimiga perigosa junto com ela. Na melhor das hipóteses Mia estava morta, mas se não estivesse tudo poderia ficar pior do que já estava. E ainda tinha Heide que por alguma razão convenceu Herman Becker a se unir a ela.

O conselho exigia que Kiran entregasse Diana às autoridades de Ruhig para que ela fosse devidamente punida antes que acontecesse com Eiseges Tal o mesmo que aconteceu com Eisenhower durante a queda de Calandiva e um novo Faustus assumisse o poder que pertenceu aos Zafir durante décadas.

Ele poderia proteger Diana do conselho, mas não do mundo inteiro. Era isso que mais o aterrorizava. Kiran apoiou o cotovelo no braço da poltrona e ficou olhando para a pintura de seu pai e se perguntou: O que ele faria? Sentia falta dele. Do quanto ele era gentil e sempre ponderado. Talvez ele tivesse algo bom para dizer para ele, um bom conselho.

Kiran tocou os lábios e lembrou-se de Veridiana. Ele se divertia com o jeito dela. Sempre certinha, sempre centrada. Em mais de cinco anos, ela sempre esteve com o uniforme impecável, não saía para bebedeira, nunca se atrasava. E não importava a hora que ele a chamasse, ela estava sempre a sua disposição. Era muito leal e dedicada a seu trabalho, mesmo que na maioria das vezes suas exigências fossem exageradas.

Kiran deu mais um gole em sua bebida e ouviu alguém bater na porta. Pensou em Veridiana, não havia visto o dia todo. Ele ficou o tempo todo trancado numa sala com velhos ranzinzas e rabugentos. Ele colocou o copo de lado, verificou o hálito, ajeitou os cabelos e depois endireitou a postura.

— Entra!

Zeeba surgiu na porta e o sorriso do rei sumiu aos poucos. — Nossa! Antes você pelo menos disfarçava ao me ver.

— Zeeba... Que bom te ver.

— Não é quem esperava? — Zeeba perguntou desconfiado.

— Foi um dia difícil.

— O Conselho?

— Querem que eu entregue a Diana.

— E você, com toda certeza se recusou.

— Sim... Zeeba. Mas eu só ganhei tempo, preciso pensar em uma solução rapidamente antes que Diana seja considerada uma criminosa de guerra, uma terrorista.

— Daremos um jeito.

— Que faz aqui uma hora dessas? Normalmente depois das oito você já está dormindo. — Kiran disse em tom debochado.

— Dia difícil.

— Imaginei.

— Vim só reportar o incidente no jardim das esculturas de gelo. Uma pequena discussão entre Klaus e Egon.

— Esse tampinha só sabe brigar? Não conhece outra linguagem? — Kiran disse com as sobrancelhas franzidas.

— Por sorte cheguei a tempo antes que as coisas piorassem.

— E por que dessa vez? Falaram da Diana de novo?

— Conflitos antigos. Foi a única coisa que consegui entender. E sinceramente nem sei se quero saber mais do que isso.

— Ótimo... despache aquele homem em miniatura. Quero ele bem longe de Eiseges Tal!

— Por favor... os dias de paz aqui acabaram no momento que ele pisou aqui. Embora eu ache que eles ainda demorem mais uns dias. Com certeza vão aguardar o máximo que puderem na esperança de que Diana volte para cá.

— Fazer o que? — Kiran revirou os olhos e depois ficou olhando para o peso de papel em formato de urso em cima da mesa. — E a Veridiana? Normalmente esse tipo de coisa ela vem me reportar pessoalmente.

— Eu não sei. Ela deve ter se esquecido, talvez. — Zeeba olhou para baixo e balançou o corpo levemente para trás.

— Acha que não sei quando está mentindo? Vá chamá-la!

— Não será possível.

— Por que? — Kiran disse com as sobrancelhas cada vez mais franzidas.

— Ela saiu.

— Como assim ela saiu?

— Saiu.

— Desde que horas?

— Eu... não a vejo desde o momento da briga, no começo da tarde, quando... ela... saiu com o... — Zeeba falou pausadamente tentando não enfurecer o rei. O nome, ele disse baixinho e raspou a garganta em seguida.

— Eu não ouvi o nome, Zeeba! Com quem a Veridiana saiu? Ela voltou com a Zoe, é isso?

— Ela saiu com o Cão de Guerra.

O semblante de Kiran se fechou no mesmo instante, como se uma nuvem tempestuosa estivesse pairando sobre sua cabeça. As sobrancelhas formando um V, o maxilar travado. O rei fechou os punhos e deu um murro na mesa que fez todos os objetos saltarem alguns milímetros.

— Quem aquele nanico pensa que é? Ele vem até o meu reino e sai por aí achando que é o máximo? Ele quer tudo para ele, é isso? A minha esposa, minha conselheira, o que vai vir a seguir? Minha coroa?

Kiran avermelhou o rosto e até as veias do pescoço estavam alteradas. Zeeba não se lembrava de ter visto o rei tão bravo. — Se acalme, majestade.

— Me acalmar? Não! Eu não vou me acalmar! — Kiran levantou-se e ficou andando de uma lado para o outro impaciente. — Aquele sem vergonha! Deve estar se aproveitando da Veridiana!

— Majestade, ela já é uma mulher adulta. Não tenho a menor ideia da idade dela, mas ela é uma mulher feita.

— Ele com certeza quer se vingar! Só porque eu me casei com a Diana!

— E o que exatamente a Veridiana tem a ver com essa história? — Zeeba perguntou com uma das sobrancelhas erguidas. Kiran ficou com os lábios parcialmente abertos e depois desviou o olhar.

— Ela não tem nada a ver com isso. Por que ela teria? — Uma pergunta tão difícil de responder. O que a Veridiana tinha a ver com tudo isso? Quando foi que o simples fato de ela estar com outra pessoa incomodava tanto?

— É, não tem motivo para isso, né?

— Eu vou para o meu quarto, Zeeba. Foi um dia bem cansativo.

— Precisa de algo em especial? Quer que eu mande servos? Ou quem sabe, servas?

— Não quero ninguém, preciso ficar sozinho.

— Talvez uma bela mulher te relaxe.

— Não... Do jeito que estou hoje só vou fazer raiva nela.

Zeeba saiu do escritório e depois foi seguido pelo rei que entrou em seu quarto ainda cabisbaixo. Kiran não era nem de longe o rei falante e carismático de sempre. A carga de responsabilidade sobre suas costas tinha um peso grande. E Zeeba sabia que os dias que viriam seriam tumultuados e tempestuosos.

(...)

Veridiana e Klaus caminharam pelos corredores do Palácio tentando fazer o máximo de silêncio possível. A imensa construção tinha quatro andares e era repartida conforme a importância dos residentes do local. Os servos que moravam no Palácio ficavam no térreo, e à medida que subiam-se as patentes, eles iam para os andares superiores. Os hóspedes ficavam no segundo andar. Veridiana por ser Conselheira do Rei e General do Exército Eisegeano, ficava no terceiro andar junto com Zeeba. Somente o Rei e a Rainha ocupavam o quarto andar.

Veridiana acompanhou Klaus até a porta de seu quarto. Ela mexia na bolsinha pequena que carregava consigo, contando as moedas de ouro com as sobrancelhas franzidas.

— Nunca mais te levo para beber.

— Eu até pagaria, mas não tenho dinheiro eisegeano comigo. — Klaus disse debochado.

— Você me deu um prejuízo que eu nunca vou esquecer. — Veridiana disse sussurrando e depois guardou a bolsinha no bolso do casaco.

— Da próxima vez eu pago para você.

— Você devia pagar para mim pelos próximos dez anos.

— Você nem bebeu direito!

— Hoje é quarta feira! Ainda é dia de semana.

— Para mim não faz diferença nenhuma.

Veridiana parou na porta do quarto de Klaus e de fora era possível ouvir o ronco de Phill. Ela riu pelo nariz e depois apontou para a porta. — Como você consegue dormir?

— Eu não consigo.

— Por Erste, Klaus!

— Na verdade eu já não durmo muito bem e nos últimos dias tem ficado pior. Além de que os meses na prisão não eram os mais confortáveis.

— Sinto muito. — Ela tocou o ombro de Klaus. — Vai dar tudo certo. Eu acredito que vai ser mais rápido do que imagina.

— Eu espero. Obrigado por hoje. Fazia muito tempo que eu não me relaxava assim. Pelo menos o máximo que consegui. Boa noite.

— Boa noite, Klaus.

Veridiana seguiu para seu andar caminhando devagar. O efeito do álcool, embora pouco, a deixava um pouco mais leve. Ela passou pela porta do quarto de Zoe e parou por um instante pensativa. Até alguns dias atrás elas dividiram aquele quarto. Agora, Zoe mal olhava na sua cara. Além das coisas que ela disse. Jamais imaginou que alguém pudesse mudar tanto.

Ela seguiu pelas escadas até seu andar e notou que um dos servos aguardava no alto da escada que dava acesso ao andar de cima. Veridiana ignorou e seguiu para seu quarto. Ela procurou as chaves no bolso e depois destrancou a porta e entrou já pensando em tomar um banho bem quente e se jogar naquela cama.

Disso ela não podia reclamar, embora ali fosse sempre inverno, dentro do palácio a temperatura era mais quente um pouco e dentro dos quartos era extremamente agradável. Ela ainda acendia a lareira para deixar o quarto ainda mais quentinho e poder ter uma noite agradável de sono. As camas eram extremamente confortáveis, a comida saborosa, podia tomar banho todos os dias e com água quente. Não era nem de longe a vida miserável de Graben.

Veridiana tirou as peças de roupas, vestiu um roupão e depois seguiu para o banheiro. Ela abriu a porta de madeira maciça, esculpida com detalhes intrincados, no centro do ambiente, uma banheira de mármore branco com pés de garra dourados. As paredes eram revestidas com azulejos de porcelana em tons de marfim, adornados com detalhes dourados que refletem a luz de maneira sutil.

No teto, um lustre de cristal pendurado. Espelhos majestosos adornavam as paredes, cada um com molduras ornamentadas em ouro envelhecido. O piso era de mármore polido. Ao lado da banheira, uma penteadeira de madeira escura com detalhes dourados abrigava uma coleção de frascos de perfume de cristal, cada um contendo essências raras e exóticas, além de um relógio dourado. Pentes de prata e escovas de cerdas naturais. As toalhas, feitas de algodão da mais alta qualidade, empilhadas em um armário de madeira esculpida. Tudo ali era tão chique que ninguém em Graben jamais imaginaria que existiam.

Ela ligou as torneiras para encher a banheira de louça, enquanto isso foi até o espelho. Ela soltou os cabelos, desfazendo cuidadosamente as tranças. Sempre pensou em cortar os cabelos, mas ela se lembrava vagamente de sua mãe lhe fazendo tranças enquanto contava histórias sobre sua terra natal, a Ilha Drachnnest.

Veridiana olhou sua imagem refletida no espelho, o rosto já começava a marcar levemente com o tempo. Já havia passado dos trinta, o que ela podia esperar? Ela tocou a cicatriz na bochecha e depois ajeitou o volumoso cabelo. Alguns fios brancos se misturavam aos pretos. Ela abriu o roupão e analisou o próprio corpo. Antes ela tinha orgulho daquelas cicatrizes, de uma época em que ela de fato lutava por alguma coisa. Eram tempos distantes.

A água quente, perfumada com óleos essenciais, criava uma névoa suave que pairava no ar. Ela tirou o roupão, desligou a torneira e entrou na água quente. Precisava pensar, refletir sobre tudo. Sobre Diana, sobre Klaus, sobre Egon, Kara, Missai, sobre a Zoe. E sobre... Kiran.

Talvez Zoe tivesse razão. O que um homem como ele iria querer com ela? Ela passava bem longe de ser uma lady, sua pureza já havia ido há muito tempo. E ela não conseguia nem distinguir seus sentimentos. Ao mesmo tempo em que ela queria estar com Zoe, ela não conseguia conter o desejo por Kiran. A vontade de ser tocada por ele. De ser amada por ele.

Sentia um peso na consciência. Ela mesma incentivou Diana a ficar com ele, a consumar o casamento. Quando foi que tudo mudou? Ou será que secretamente ela incentivou e desejou estar no lugar dela? Malditos sentimentos. Ela afundou a cabeça na água e quando voltou para a superfície ouviu alguém bater na porta de seu quarto. Seu olhar procurou o relógio sobre a penteadeira. Estava tarde demais para alguém precisar dela. Será que Diana havia voltado? Ela saiu da água imediatamente e pegou o roupão e saiu se vestindo de maneira apressada deixando um rastro de passos molhados pelo piso.

Ela pensou em se vestir, mas dependendo da urgência, ela olharia da fresta da porta e pediria para aguardar alguns minutos. A pessoa do outro lado da porta continuava batendo sem parar. Ela destrancou a porta e abriu apenas o suficiente para ver quem estava do outro lado da porta naquela hora da noite. Os olhos azuis de Kiran pareciam ainda mais brilhantes naquele momento. Ela ficou um tempo olhando para o rei, sua boca levemente aberta. Ele parecia abatido, cansado, olhando para ela com o olhar de tristeza.

— Boa noite, majestade. Em que posso ajudar o senhor? — Ela disse da forma mais formal possível. Tinha que ser assim. Não podia continuar cruzando limites antes que fosse tarde demais.

— Boa noite, Veridiana. Eu... gostaria de falar com você.

— É uma ordem, Majestade?

— Não. É um pedido. E te disse para me chamar de Kiran.

Veridiana abaixou o olhar e ficou sem saber o que responder. — Acho melhor não, majestade. Isso é muito desrespeitoso.

— Aconteceu alguma coisa? Ou tem a ver com o seu amigo?

— Não aconteceu nada. E de que amigo o senhor se refere?

— Aquele que você passou a tarde inteira com ele... — Kiran abaixou o olhar e apertou os lábios um no outro.

— Está falando do Klaus?

— Era ele então? — Ele perguntou e ela revirou os olhos discretamente atrás da porta. Como se ele não soubesse.

— Era ele sim. E sobre o que o senhor gostaria de falar comigo?

— Eu gostaria de entrar se possível.

— Não, não é possível. — Veridiana respondeu de forma seca tentando por fim aquela conversa.

— O que há com você? Até ontem você me deixou te dar um beijo e agora me trata dessa maneira? Agora você também me odeia? Vai me abandonar?

— Alteza... Não é sobre isso. Eu não tenho nada. Só acho melhor nós continuarmos essa conversa outra hora. Já está muito tarde. Tivemos um dia cheio.

— Veridiana, nós precisamos conversar. E eu estou ansioso, não vou nem dormir se não falar com você agora.

— Majestade, eu prometo que irei ao seu escritório amanhã bem cedo e estarei a sua inteira disposição, mas por favor... nesse momento eu não posso.

O rei franziu o cenho e tentou olhar através da fresta. — Quem está aí com você?

— O quê?

— É um dos dois nanicos? A Zoe ou aquele chihuahua?

— Não tem ninguém aqui.

— Deixa eu ver. — Kiran forçou a porta para entrar e Veridiana tentou forçar ao contrário.

— Não tem ninguém aqui!

— Então me deixa entrar! Eu sou seu rei!

— Eu ainda tenho direito à privacidade e... — Veridiana sentiu o pé direito deslizar e num segundo ela escorregou para trás e caiu com as costas no chão.

— Veridiana! — Kiran entrou rapidamente para socorrer a mulher que estava no chão com parte do roupão aberto, deixando também parte de sua nudez à mostra. O rei engoliu seco e por mais que tentasse seus olhos não conseguiam olhar para outro lugar a não ser o corpo dela. Veridiana ergueu o corpo e se apoiou nos cotovelos. Ele se abaixou ao lado dela e a ajudou a se sentar. — Se machucou?

— Eu estou pelada, majestade. — Ela disse cobrindo as partes que estavam à mostra e se levantando devagar.

Ele mapeou cada parte que pode ver nesse curto espaço de tempo. O corpo de Veridiana era um corpo de guerreira. Era forte, um abdômen trincado que homens se matariam para ter, pernas e braços levemente musculosos, era esguia e elegante. Os seios redondos tinham o tamanho e formato que fez Kiran pensar em dezenas de coisas sórdidas num milésimo de segundo. Nem eram grandes demais, nem pequenos demais. Aos olhos do rei, ela era perfeita.

— Não levanta bruscamente desse jeito.

— Já levei tombos bem maiores e sai ilesa. Sou engeliana, lembra? — Ela caminhou até a porta e a fechou. Tinha medo de alguém ver uma cena daquelas e interpretar tudo errado. Não que já não estivesse ruim o suficiente. — Eu estava tomando banho, me perdoe os maus modos.

Ela se virou para ele e encostou as costas na porta e ficou evitando olhar para o rei. Mesmo assim ela viu ele vestindo uma camiseta preta, e uma calça folgada branca. A camiseta marcava os braços fortes e o peitoral firme. Parecia quase colada ao corpo. Ela ficou se perguntando se era assim que ele dormia todas as noites. Sempre pensou que os reis dormiam com pijamas de seda combinando a calça e blusa, com mangas compridas e botões dourados.

— Eu que peço, não sei o que me passou pela cabeça. Você é uma mulher livre, afinal. — Ele deu de ombros ainda tentando se concentrar. A vontade que ele tinha naquele momento era de tirar aquele roupão dela e explorar cada centímetro do corpo dela.

— E o que o senhor queria comigo? Se for algo demorado, gostaria de me vestir primeiro.

— Não. Vai ser breve. — Ele caminhou devagar na direção dela, algo que a fez ficar imóvel e rezar para que ele mantivesse uma distância segura entre eles. — Eu queria te perguntar uma coisa.

— Claro, majestade. — Ela evitava olhar nos olhos dele, mesmo assim ele se aproximava cada vez mais. O coração dela batia tão acelerado que parecia que ia sair pela boca. Quando foi a última vez que se sentiu assim? Como uma jovem adolescente que acredita em amor verdadeiro e príncipes encantados?

Quando ela se deu conta, ele estava a menos de um palmo dela. O frescor de seu cheiro estava próximo, assim como sua respiração quente. E tantas coisas passaram em sua mente naquele momento! Se pudesse se jogaria sobre ele entrelaçaria suas pernas em volta de seu corpo e iria beijá-lo de forma intensa. Se entregaria a ele de corpo e alma, e o amaria sem pudores e sem medo. Mas ela não podia. Ela tinha que entender qual era seu lugar.

— Veridiana... — A voz dele tinha uma mistura rouca e suave, seu olhar fixo nela. Ele deu mais um passo e já não havia mais distância entre eles. Era possível sentir o calor de seu corpo. Nesse momento, os olhos dela encontraram os dele, suas mãos estavam fixas ao redor de seu corpo segurando a barra do roupão com força. Ela apertava as pernas uma na outra, o corpo estava tenso, trêmulo. Sua respiração ofegante. As mãos dele subiram lentamente por seus braços e seus ombros até chegar em seu pescoço, ele passou os dedos na nuca por baixo dos cabelos dela, o que a fez arrepiar, com a outra mão, ele tirou uma mecha do cabelo de cima da sua orelha esquerda e a tocou com os lábios macios. Veridiana fechou os olhos, e arfou de forma involuntária. A respiração descompassada, ainda mais quando ele sussurrou — Você me deseja o quanto eu desejo você?

As mãos dela rapidamente segurou os quadris dele e depois desceu mais um pouco e apertou seu bumbum o pressionando mais um pouco contra seu corpo. Ela estava prestes a incendiar, podia sentir a pressão de sua virilidade, pulsando intensamente. Ela nem se lembrava da última vez que esteve com um homem, por livre e espontânea vontade. Tinha sido Ragnar, depois de uma bebedeira nos Lobos Negros, bem antes dela se envolver com Valkiria. Uma experiência incrível diga-se de passagem, mas nada se comparava ao que ela estava vivendo naquele momento.

Kiran beijou seu pescoço e depois mordeu de leve seu queixo, e seguiu o caminho até os lábios dela e ensaiou um beijo que acabou parando no canto de sua boca. — Kiran... eu não... posso...

— Por que não? Você me quer, eu te quero, qual o problema? É a Diana? — Ele disse e dessa vez, sua mão estava sobre sua coxa, que com um leve apertão, ele a ergueu e a pressionou mais um pouco. Veridiana não conseguia pensar direito, nem formular uma frase. Só queria que aquele momento durasse mais um pouco, mesmo incendiando, ela se desviou dele, segurou em seu peitoral e o afastou devagar e saiu andando até o meio do quarto.

— Eu não posso... — Veridiana disse arfando tentando recuperar o fôlego.

— Se disser para mim que não quer, sei que é mentira. — Ele se aproximou dela mais uma vez, e a virou para si. — Me dê um bom motivo.

— Eu tenho mais de trinta anos! Sou engeliana, negra, de rosto marcado por um estuprador, eu não tenho nada! Nem família, nem status social, nem dinheiro, eu... sou uma guerrilheira, que serviu às Fúrias. Matei gente inocente, fui amante de um velho burguês. — Veridiana chorava intensamente, sobre o olhar atento de Kiran que não dizia uma palavra. — Eu fui um presente para ele. Um acordo feito com a Heide. Disse a ela que gostava de mulheres como eu. Eu tinha 14 anos. As fúrias quando chegam lá muito novas, têm seus úteros arrancados, mas eu não. Ele pediu a ela que mantivesse para que quando eu tivesse uma idade adequada pudesse gerar filhos dele. E eu engravidei... — Ela fez uma pausa — Eu fiquei apavorada. Eu não queria gerar um filho daquele homem. Não queria! Eu fugi pelos esgotos até chegar nas minas de carvão e depois até as trincheiras, em Graben. A Valkíria me achou, ela me acolheu. E desde então servi aos Lobos Negros.

— E o... bebê...?

— Eu fiz um aborto. — Sua estava voz carregada de arrependimento. — É por isso que não posso me envolver com o senhor, majestade. Não sou digna de um rei. Nunca serei.

Kiran se aproximou de Veridiana e a puxou para si e lhe deu um abraço apertado. — Isso quem decide sou eu.

— E o que eu serei para você?

— Vai ser tudo para mim. — Ele manteve-se abraçado ao seu corpo, ela ergueu a cabeça e olhou nos olhos dele.

— Não consigo fazer isso pela metade. E se eu estiver apenas me iludindo? Não tenho mais idade para isso.

— Fala como se fosse uma velha de 70 anos. Além do mais, caso você não saiba, eu tenho 28 anos. Nossa diferença não é tão grande assim.

— Tenho 32.

— Viu? São só quatro anos. Agora... — Kiran tocou o rosto dela com as duas mãos. — Eu quero continuar de onde paramos.

— Eu vou me arrepender disso...

— Pense nisso depois. — Os lábios dele finalmente encontraram os dela num beijo intenso, enquanto ela tirava com urgência as roupas dele.

— Dorme assim? — Ela disse enquanto paravam para tomar um ar e começar mais um beijo quente.

— Na verdade, durmo sem nada.

— Nossa.... — As pupilas dos olhos dourados de Veridiana se dilataram quando viu a dimensão do que estava pressionando sua virilha alguns momentos antes. Ele viu o olhar assustado dela e deu um sorrisinho convencido.

— Eu prometo que vou devagar.

— É que... — Veridiana olhou o corpo daquele homem e encolheu os ombros. Era perfeito. Alto, forte, mas não aquela musculatura exagerada, era atlético, braços e pernas fortes e torneadas, o peitoral firme, o abdômen não tinha uma parte que pudesse chamar de gordura, chapado, definido. Os olhos de Kiran eram de um azul diferenciado, o rosto dele fazia parecer que ele não tinha nem 20 anos direito, pele lisa, sedosa, os lábios não eram carnudos demais, eram desenhados, a parte de baixo da boca levemente mais carnuda que a de cima. Não havia nem sinal de barba naquela pele, ou pinta, e nem mancha. O nariz perfeito um pouco arrebitado, sobrancelhas finas, cílios longos e o cabelo liso e branquinho que de vez em quando ele ajeitava com os dedos.

— Que foi? — De quebra ele ainda tinha aquele sorriso. Um sorriso confiante sem mostrar muito os dentes, e de vez em quando ele passava a língua nos lábios devagar.

— Eu não vejo um homem nu na minha frente há muito tempo. — Ela abaixou a cabeça analisando o próprio corpo.

— Não gostou do que viu?

— Não, muito pelo contrário. Você é perfeito. E é isso que me assusta. Quer dizer, olha para mim. Tem cicatrizes para todo lado, e diziam que eu não era muito feminina.

Kiran se aproximou dela e tocou seu queixo erguendo a sua cabeça. — Você é perfeita. Não tô nem aí para cicatrizes.

— Eu não sou mais pura e virgem.

— Eu também não, então tá tudo certo.

— E se eu te decepcionar? Não ser boa o bastante para você?

Kiran tocou o rosto dela com as duas mãos e beijou seus lábios com ternura e paixão. Suas mãos desceram por seu pescoço até o seio dela e apertou com delicadeza, fazendo ela soltar o ar de seus pulmões seguido de um gemido leve. Ele começou a trilhar beijos pelo corpo dela até chegar em seu seio, ele sugou, mordiscando o mamilo.

Depois voltou a beijá-la com desejo, sua mão direita segurava o pescoço dela e a esquerda desceu pela barriga dela até sua virilha tateando devagar até chegar na parte mais íntima do corpo dela. Ele encontrou a cavidade, agora extremamente úmida e a massageou com delicadeza. Ela parou o beijo e jogou a cabeça para trás arfando, com as bochechas queimando, os lábios abertos e olhos fechados.

— E se... — Ela começou a falar entre um arfar e outro. — Nossa! E se eu não souber o que fazer? Ou não te agradar?

Kiran parou e olhou nos olhos dela de forma luxuriosa e um sorriso brotou em seus lábios. — Pode deixar que eu sei o que fazer. E você já está me agradando.

Ela sorriu maliciosa e um novo beijo intenso começou, o roupão que era única coisa que cobria seu corpo nu já estava jogado em algum canto daquele quarto e com um único braço suspendeu o corpo dela, fazendo ela realizar o desejo de envolver o corpo dele com suas pernas. Ele a carregou até a cama e se pôs sobre ela. As mãos dele percorreram por seu corpo até a suas coxas e gentilmente seus dedos encontraram o que ele queria, e ele continuou a tocá-la. Ela gemeu, os corpos de ambos quentes e suados, mesmo com a temperatura lá fora abaixo de zero.

— Eu posso? — Ele disse num sussurro rouco. — Se você não quiser, tudo bem, eu entendo.

— Eu quero. Quero muito.

Ele começou a adentrar o corpo dela devagar, não que ela fosse intocada. Ele queria respeitá-la acima de qualquer coisa. Mostrar a ela o quanto ela era importante. Quando seus corpos se uniram por completo, eles ainda ficaram um tempo se olhando intensamente, ele admirava cada detalhe do rosto dela, seus lábios carnudos, suas sobrancelhas grossas, seu olhar dourado. Olhos de engeliana, os olhos mais lindos que ele tinha visto. A pele da cor da noite macia e delicada. Ele a beijou de forma lenta, enquanto seus quadris começaram a se mover no mesmo ritmo, ele beijava o pescoço dela, descendo devagar até os mamilos que ele sugou com carinho.

Talvez aquele fosse o casal mais improvável, vindo de mundos tão distintos. Vivendo vidas completamente opostas. E por mais que ambos se perguntassem em que momento aconteceu, nenhum deles sabia a resposta. Vai ver sempre este ali, uma pequena fagulha. Unidos pelo fascínio que tinham em comum por uma lenda que ninguém acreditava, ou o convívio diário durante cincos anos, isolados numa província gelada. Ou a solidão compartilhada, a decepção amorosa que cada um carregava. Mas eles tinham mais em comum do que imaginavam. Ali naquele quarto, sobre os lençois brancos eles se entregavam um ao outro, vivendo o momento mais intenso de suas vidas até chegarem ao ápice juntos. Eles deitaram um ao lado do outro ainda tentando retornar ao estado normal. A respiração de ambos ofegante, mas satisfeitos.

— Foi a experiência mais incrível da minha vida... — Ele disse ainda ofegante.

— A minha também...

— E agora?

—Vou me arrepender. Disso eu tenho certeza.

— Por que diz isso? — Kiran disse se virando para ela e escorando a cabeça no braço. Ela se virou de bruços e ergueu a cabeça.

— Eu disse que não faço nada pela metade. Eu sei que quando a Diana voltar, ela por lei é sua esposa. O que faz de mim sua concubina. Porque eu não vou conseguir te deixar. Minha lealdade é meu pior defeito.

— Veri...

— Eu serei sua, meu rei. Daqui até o fim dos tempos, de corpo e alma. Meu sangue será teu, minha vida será sua.

— Isso é... uma declaração de amor, Veridiana? – Kiran disse em tom debochado.

— Esse, meu rei, é o juramento das Fúrias. Dito todas as vezes que nos arriscamos e colocamos nossa vida em risco. Significava muito, principalmente quando havia possibilidade de não voltar. De... morrer.

— Veridiana Nwangi eu acabei de ter uma transa incrível, por que está tão mórbida?

— Eu acabei de jurar lealdade a você, estou enterrando meu passado de uma vez por todas para que eu possa finalmente recomeçar. Não importa se lá na frente, você se cansar de mim, eu não serei a mesma Veridiana de antes. Estou livre... finalmente. — Os olhos dela lacrimejaram e os lábios tremeram. Kiran lhe dá um beijo demorado com os lábios fechados e depois a puxou para si e a abraçou ajeitando sobre seu corpo. Queria dormir ali abraçado a ela, sentindo o calor que emanava de seu corpo. Queria fazer sentir aquilo para sempre.

— Veri... não quero que se deite comigo por lealdade. Quero que se deite por amor. Por paixão, por desejo. Pode fazer isso?

— Sim...

Veridiana sentiu o coração dele batendo acelerado. Ela apertou mais seu corpo contra o dele. Queria que aquele momento durasse eternamente. Ser amada por ele, desejada por ele. Então amor era assim? Sentir como se seu corpo estivesse incendiando, de querer ficar com a pessoa pelo resto de sua vida. Então... o que ela sentia pela Valkiria?

Isso ela teria que descobrir em algum momento, ou talvez isso nem importasse. Tudo que ela queria era ser amada por aquele homem. O rei mais perfeito que ela tinha conhecido que por algum motivo a desejava intensamente. E isso era o que mais a deixava feliz.

https://youtu.be/olfZR5Cwp_4

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