🔥32 - Uma ratinha traiçoeira
Ygritte preenchia o vigésimo relatório só naquele dia. Os dedos estavam calejados, além de sua luta contra o sono enquanto escorava a cabeça com a mão. O escritório que antes era na parte de cima, teve que ser remanejado para outro cômodo. O antigo assim como boa parte do QG ficou danificado com o ataque do dragão. A mesa dela ficava quase de frente para a do agora líder Samir que fazia contas e mais contas. A sala um pouco menor que a anterior ficava no andar de baixo com uma janela pequena com vista para um muro.
— Já terminou? — Samir disse sem tirar os olhos do que fazia.
— Você me deu papel para um mês inteiro e quer que eu faça em pouco tempo?
— Precisamos ter uma cópia de tudo. Nunca se sabe. Tivemos sorte dessa vez.
— Você não devia estar procurando sua esposa?
— Em primeiro lugar ela não é minha esposa. Em segundo lugar, eu vou procurar onde? Pelo tamanho daquela coisa ela já deve estar do outro lado do mundo. Isso se elas não tiverem caído no mar.
— Nossa! Como você é otimista... — Ygritte disse revirando os olhos.
— Eu não posso me basear em suposições. Procurar ela sem direção alguma. Tenho que começar a cogitar a possibilidade dela nem estar viva.
— Não teríamos tanta sorte.
— Direi isso a ela quando ela voltar.
— Se ela voltar. Mas já de antemão saiba que não me arrependo.
— Você é desprezível. — Samir disse dessa vez olhando para a mulher.
— Olha só quem fala!
As coisas não estavam favoráveis para eles. O estrago feito no QG, o número de mortos, a insegurança, o povo enfurecido, parte dos alimentos perdidos no incêndio. Samir pensava em como iriam sobreviver nos próximos dias com o pouco que tinham. Não tinha como saquear mais cargas, Heide havia ficado bem mais atenta e reforçou a segurança dos seus navios.
E mesmo assim ela também não estava nas melhores condições. Devido à sua derrota em Santer ela havia perdido vários fornecedores. Ele teria de tentar buscar mantimentos fora de uma maneira ilegal.
O que os Lobos Negros faziam era tirar dos ricos para dar aos pobres, mas agora não haviam mais ricos. Com a queda do muro que dividia Graben e Pantheon e toda a anarquia feita por Mia, não havia mais ricos e pobres. Ninguém tinha nada.
A terra em Eisenhower era péssima. Praticamente infértil. Os mais ricos haviam trazido terra de outros países como Sonnig por um preço exorbitante para conseguir plantar e vendia os produtos ali cultivados por um preço mais exorbitante ainda.
Quando Mia tomou parte se Pantheon, as casas que tinham essa terra no quintal e os locais onde eram cultivados foram tomados pelos Lobos Negros e eles vigiavam e davam de forma regrada à população. O maior terreno com essa terra ficava no quintal do Palácio Dourado, e pertence totalmente à Heide naquele momento. As minas de carvão haviam sido fechadas por Mia, então também não havia trabalho. Mesmo que Samir soubesse que aquelas minas eram apenas uma fachada para algo bem mais valioso.
A água em Eisenhower era salobra, ou suja demais. Alguns pontos de Pantheon tinham cisternas que canalizavam água fresca de áreas mais profundas, vendida também por um preço exorbitante. As demais eram importadas.
Dinheiro em Eisenhower era irrelevante naquele momento, tudo funcionava na base de troca, mas era necessário para negociar com estrangeiros. Samir havia trazido praticamente toda a sua fortuna de Eiseges Tal, mas depois de cinco anos a fonte começou a secar. Mia pegou parte dos pertences das casas saqueadas e ainda cobrava por travessias e qualquer outro serviço.
Mas ainda tinha combustível para alguns dos veículos que ele trouxe de Eiseges Tal, munição e remédios. E mesmo mantendo o povo controlado na base do medo ele sabia que algum momento isso não seria suficiente.
— Está pensativo demais. — Ygritte disse sentada no chão massageando o pé direito de Samir.
— Estamos em uma situação complicada.
— Culpa dela. — Ygritte tinha uma cara de raiva e nojo enquanto ela massageava seu dedão.
— Faça isso direito! Parece que tá amassando um pãozinho. E cadê a água quente?
— Essa sua maneira de me punir é ridícula!
— E você não trouxe meu chá!
— Eu vou terminar de massagear esses seus pés esquisitos.
— É bom mesmo!
— Eu não entendo. Eu favoreci a entrada de Diana no QG. Tudo que aconteceu foi por minha causa. A sua mulher foi levada e pode estar morta e a sua maneira de punir é massageando seus pés e fazendo chá para você?
— Prefere que eu mate você?
— Não! Eu só não entendo. Por muito menos a Mia me puniu de forma severa.
Samir observou Ygritte por um breve instante e depois desviou o olhar. — Matou uma criança e a mãe dela. Além do fato de ser espiã.
— Sim, eu sei.
— Sabe de que forma iria te punir? Eu tinha te matado. Sem deixar rastro algum se sua existência. Ao invés disso, Mia manteve você cultivando um ódio por cinco anos. Ter você aqui é o mesmo que chocar ovos de serpente num ninho de beija-flor. Em algum momento eles iram chocar e devorar a mãe. A Mia sempre foi arrogante demais para entender isso. Então além de ser culpa sua, também é dela.
— Mesmo assim, ela é sua mulher. Qualquer um teria feito pior comigo.
— Cinco anos já foram suficientes, não?
— Poderia me expulsar daqui. Sabe que minhas chances com Heide são menos que zero.
— Não faço porque sou legal. A qualquer momento posso dar cabo de você.
A conversa dos dois é interrompida por Cairo que entra na sala e fica olhando para Ygritte massageando os pés de Samir. O homem franziu o cenho e depois olhou para o líder.
— Senhor, o que vamos fazer com relação ao povo? O número de protestos está aumentando. Já passamos do dia da comida.
— Droga! Desse jeito nossa situação vai ficar pior.
— E... se você... Esquece. — Ygritte disse balançando a cabeça.
— Fala. — Samir encarou a ruiva.
— Devíamos aumentar os dias de comida e de água, em troca de serviços.
— Nossa comida está bem escassa.
— As partes de terra fértil dá para ir remediando, só que faríamos eles trabalharem. Cuidar da terra, trabalhar cuidando dos doentes, talvez até limpando as ruas. Em troca daremos uma porcentagem de comida e água a mais. Não dinheiro. Lembro de quando eu me infiltrei. As pessoas idolatravam os lobos negros porque eles ajudavam de verdade o povo. Era pouco, mas ajudava.
— Comida em troca de serviços?
— Teríamos tempo de procurar mais recursos. Os Lobos Negros perdem tempo tentando conter as massas.
— Essa ideia não é ruim.
— Podíamos até criar galinhas, pescar.
— E onde exatamente arrumaremos animais? Sonnig é um fornecedor de carne. Nenhum ser vivo sobreviveria aqui, mal conseguimos nos alimentar.
— No Palácio tem galinhas. E... Por acaso eu sei algumas passagens para que possamos roubá-las. Passagens essas que também dão acesso ao porto onde tem um famoso vendedor de peixes. E por acaso também sei que ele manda pescadores para alto mar que retornam todas as quartas.
— Por que nunca falou sobre isso antes?
— E ajudar aquela cretina? De maneira nenhuma! Mas agora que provavelmente ela está queimando no fogo do inferno eu posso ajudar.
— De graça? Você não faz nada de graça. — Samir disse em tom debochado.
— Claro que não é de graça.
— Certo. Cairo, avise aos demais que se reúnam. Tenho um comunicado.
— Claro senhor. — Cairo se virou para Ygritte. — Hoje é aquele dia. Os soldados já estão aguardando. A Mia mudou para duas vezes por mês. Mudamos para outro armazém já que o outro foi destruído pelo dragão.
Ygritte abaixou o olhar e engoliu seco. — Eu vou terminar de massagear os pés dele e preparar o chá e já vou.
— Não. — Samir disse com a voz firme. — Não temos tempo para isso. A partir de hoje a Ygritte não irá prestar esse tipo de serviço.
— Mas, a Mia... — Cairo tentou argumentar.
— A Mia não está aqui. Eu estou e qualquer um que desobedecer a minha ordem vai se ver comigo. E antes que você e seus amiguinhos tentem alguma gracinha saibam que metade do exército é eisegeano e eles servem a mim.
Cairo engoliu seco e depois olhou para Ygritte que o encarava com desdém. — Sim senhor.
Samir viu Cairo se afastar e depois acenou para que Ygritte parasse de massagear seus pés, calçou as botas e se levantou. — Vamos lá.
Ygritte estava em silêncio ainda sem acreditar no que tinha ouvido. Ela se levantou e caminhou na direção do eisegeano, parou e se ajoelhou diante dele e abraçou fortemente as suas pernas e começou a chorar copiosamente. — Obrigada... obrigada...
— Se levanta, ruiva. Isso é constrangedor.
— Serei leal a você por toda a minha vida. — Ela disse ainda abraçada às pernas dele. — Pode mandar eu fazer qualquer coisa para você que eu faço. Qualquer coisa!
— Então levanta do chão e vamos. — Samir a segurou pelos ombros e a levantou do chão. A diferença de altura entre eles era tão grande que em pé ela não estava muito mais alta do que quando estava de joelhos.
— Sim, senhor!
— Enxuga essa melequeira. — Ele entregou um lenço para a mulher e saiu andando meneando a cabeça.
O grupo dos Lobos negros estava reunido do lado de fora. Samir se aproximou e ficou na parte de cima dos três degraus que davam acesso ao prédio.
— Bom, como vocês sabem, Mia está desaparecida. Eu poderia dizer a vocês para montarmos uma equipe de busca. Mas é com muito pesar que digo que não posso fazer isso. Nossa situação aqui não é das melhores. Temos que nos virar para sobreviver, buscar comida, água, munição e medicamentos. Por isso temos que tentar uma nova abordagem. Vocês irão às ruas e anunciarão ao povo que a partir de hoje estamos recrutando mão de obra em troca de comida, água e remédios. As alcateias dos carniceiros montarão uma equipe para atender aos mais necessitados. Darão preferência a idosos, gestantes e crianças. O galpão onde estão os velhos e as crianças será aberto e prestaremos assistência ao povo. A alcateia de lobos cinzentos será responsável pela segurança nas ruas e impedirá que mais conflitos aconteçam.
— Mas e os guemeisanos? — um dos soldados gritou.
— Como podem ver, não há como diferenciar ensegeanos e guemeisanos neste momento. Não dá para distinguir quando todos estão na pior. As casas que estiverem vazias e puderem abrigar mais de uma família serão habitadas pelos mais necessitados, principalmente dos que estão no galpão. Os que se oferecerem para trabalhar ganharão a refeição daquele dia e se tiverem família uma parte também vai para eles. Digam que quando tivermos alcançado nossos objetivos forneceremos comida diariamente.
— E onde conseguiremos tanta água e comida?
— Isso aí a Ygritte vai ajudar. Os Lobos vermelhos vão se reunir comigo e com ela para que possamos informar direitinho o que vão fazer.
— A Ygritte não vai mais servir os soldados? A Mia nos deu ela de presente. — Um dos homens gritou.
— A Ygritte agora me pertence e qualquer um que pensar em encostar num fio de cabelo dela vai conhecer um lado meu que vocês não vão querer conhecer. — Todos os outros ficaram em silêncio. A fama de Samir era conhecida em Eiseges Tal. Um excelente soldado diga-se de passagem. — Sem mais perguntas? Vamos ao trabalho!
Samir saiu sendo seguido por Ygritte que parecia um filhote de cachorrinho atrás dele. Ela estava feliz pela primeira vez em muito tempo.
— Ygritte?
— Sim senhor!
— Vai buscar meu chá. Vou estar no meu quarto.
— É para já!
Samir seguiu até seu quarto e antes que pudesse entrar foi abordado por Cairo. O jovem tinha uma expressão irritada. Ele se aproximou do líder que o encarava desconfiado.
— Pois não?
— O senhor sabe que todos os homens desse QG já comeram a Ygritte, né? Até mesmo as mulheres.
— Qual o teor dessa conversa, Cairo?
— Senhor, ela é uma puta.
— Não pedi sua opinião, Cairo. Quando eu precisar, eu irei pedir. Agora se não tem mais nada a dizer, vá embora.
— Sim, senhor...
Samir fechou a porta na cara de Cairo e ele ficou imóvel com os punhos fechados. Algum tempo depois Ygritte volta com a xícara de chá numa bandeja.
— Com licença, Cairo.
— Foi só a Mia sumir, você foi lá dar pra ele? E pelo visto o chá foi muito bom.
— Vai a merda, Cairo. Agora saia da frente.
— Ela vai voltar, tomara que aumente sua rotina para todos os dias.
— Eu vou morrer antes disso, garanto a você. Mas não serei mais lanchinho de vocês. — Ygritte virou as costas e bateu de leve na porta e entrou.
Samir estava com os cabelos soltos com um livro na mão sentado de pernas cruzadas em uma poltrona. A cama de casal onde ele e Mia dormiam estava muito bem arrumada. Ygritte às vezes se esquecia que ele era um nobre.
— Seu chá.
— Ah, pode colocar aqui em cima da mesinha. Obrigada, Ygritte.
Ygritte depositou a xícara sobre a mesa com delicadeza, o som da xícara sobre o pires foi quase inaudível. Ela ficou em pé observando ele folhear o livro para a próxima página.
— Posso ajudar em algo, mais? Pentear seus cabelos?
O olhar castanho escuro olhou discretamente para Ygritte. Os olhos dele eram pequenos e dava-se a sensação de que estava sempre calmo e relaxado. Se os olhos fossem um pouco mais estreitos ele se passaria facilmente por um nativo de Quelle.
— Se tentar alguma gracinha saiba que sou bem mais forte e bem mais alto que você.
— Eu sei.
Ygritte pegou uma escova com detalhes marmorizados sobre a penteadeira de Mia e se aproximou de Samir. Delicadamente ela entrelaçou os dedos entre os longos fios negros e começou a pentear devagar. Os cabelos dele tinham um cheiro suave e floral.
— Ainda não me disse seu preço, pela ajuda de hoje. — Samir disse com a voz baixa.
— Já me pagou. Quando me libertou finalmente.
— Isso não serve como pagamento. Há tempos queria te libertar.
Ela continuou penteando os cabelos e depois disse. — Já estava longe? Ou nem chegou a ir embora?
— Eu estava no navio, indo para Nordwein.
— Por que não foi embora?
— Vai saber...
— Você a ama.
— É... Deve ser por isso.
— Pensei que ia para Eiseges Tal. — Ela tocou de leve o pescoço dele, o que o fez arrepiar.
— Não tenho coragem de encarar Kiran.
— Talvez ele te perdoe.
— Não acredito nisso.
— Será que ela foi para lá? A Diana? Mia talvez esteja em Eiseges Tal.
— Já se passaram muitos dias. Se ela estivesse lá, eu já saberia.
— O Rei Branco sabe que tem espiões em Eiseges Tal?
— Com certeza sabe.
— Vocês cresceram juntos?
— Você não perde oportunidade, hein?
— Eu só quero saber mais sobre você. Na maioria das vezes você fica de lado. A Mia te usa como capacho.
— Já te falei o que penso sobre sua língua afiada.
— Sabe que é verdade. — Ygritte terminou de pentear os cabelos dele e seguiu para o banheiro. Ela abriu a água quente e deixou a banheira enchendo.
Onde estavam era a casa do antigo juiz que ficava ao lado se onde era o fórum. Tudo ali era muito bem decorado. Desde a cama grande com dossel, a penteadeira de madeira maciça, o carpete vindo de Würzen. O banheiro todo revestido de mármore com uma enorme bandeira e puxadores dourados. Ela voltou do banheiro, se ajoelhou e tirou os sapatos de Samir.
— Que está fazendo?
— Preparando seu banho. — Ela se levantou e foi até o banheiro, checou a temperatura, desligou os registros e deixou a toalha ao lado da banheira. Em seguida ela voltou para o quarto.
— Não gosto quando diz que sou um capacho. — Ele disse desviando o olhar.
— Todo mundo diz isso. Que ela pisa em você.
Samir fechou o livro e colocou em cima da mesa. Depois pegou a xícara, deu um longo gole em seu chá e se virou para ela. — Kiran é meu melhor amigo. Quase como um irmão. Mas eu não concordava com quase nada. Ele queria favorecer um certo bairro em Eiseges Tal. Conhecido como o Vale dos Porcos, mas se recusava a lutar pela independência de nossa provincia.
— Tem um bairro assim lá?
— Tem. Além da obsessão dele pela sangue de fogo, como eu te disse aquele dia. Eu queria que ele entendesse, mas aí eu deixei subir à cabeça. A Mia era como ela.
— Ela quem?
— Nereida. A primeira mulher que amei. Era a concubina do meu pai.
— Sério?
— Meu pai é um merda. Sempre traiu a minha mãe. Ainda me lembro do dia que ele trouxe Nereida com ele. A pele bronzeada, algo raro em Eiseges Tal. Os olhos eram como os de Mia. Uma amante intensa. Linda.
— Pegou a mulher do seu pai?
— E não me arrependo. Minha mãe morreu por causa dele. Frustrada, deprimida.
— E o que houve com a Nereida?
— Meu pai descobriu. Fez ela sair andando no meio da neve. Nua. Ela nem foi muito longe. Morreu congelada encolhida há 500 metros do portão.
— E o que houve com seu pai?
— Eu matei ele... E Kiran, ele sempre soube e nunca fez nada.
— E mesmo assim, você o traiu...
— Entende por que eu não voltei? Por que fiquei aqui e aceitei tudo? Eu cometi um erro que custou muitas vidas. Sou um lixo de ser humano.
Ygritte se abaixou e se aproximou ajoelhada diante dele segurou as mãos dele. — É um homem maravilhoso. Tem um coração nobre. Eu também cometi muitos erros. Todo mundo comete erros.
— Queria que ele entendesse. Estar lá com ele nesse momento. O aparecimento deste dragão vai ser muito prejudicial para ele.
— Por que diz isso?
— Olha o jornal. — Samir disse apontando para o jornal em cima da mesinha. A manchete em letras grandes dizia: DRAGÃO SURGE EM EISENHOWER E DEIXA CENTENAS DE MORTOS. — Aqui diz que dezenas de casas foram incendiadas. Mas eu vi o dragão sobrevoar Eisenhower rumo ao mar. Só havia um foco de incêndio. No QG dos Lobos Negros.
— Isso significa que...
— Heide mandou incendiar casas para culpar o dragão.
— E o que ela ganha com isso?
— Medo. As pessoas vão temer o dragão.
— Talvez devesse ir avisar o Kiran. Ou mandar uma carta.
— Não. Ele é bem esperto. Além do mais ele tem o Zeeba.
— O Zeeba não era um espião como eu?
— Não. Ele ama Kiran como um filho e preferiria morrer a deixar que algo aconteça a ele. Zeeba e Leonard, o pai de Kiran eram amigos íntimos.
Ygritte ergueu uma sobrancelha com a palavra íntimos. — Eles... eram...
— Você é terrível! Como consegue fazer a gente falar tanto?
— Não fiz nada... — Ygritte continuou olhando para Samir continuar.
— Sim, eles eram. Uma história de amor linda, inclusive. Zeeba ficou ao lado dele durante todos anos. Até o fim da vida de Leonard. Zeeba aceitou tudo por amor. Até mesmo Leonard se casar.
— E a mãe do Kiran? Ela aceitou tudo?
— Isso eu não sei. Mas Zeeba amava Leonard, porém ele seria rei. O pai dele então rei mandou Zeeba para diversas missões perigosas, mas mesmo assim ele sobreviveu e voltou para ele. Daí o rei providenciou um casamento arranjado. Mesmo assim ele permaneceu ao lado dele até o dia de sua morte. Depois disso, Zeeba foi embora de Eiseges Tal.
— Que história linda.
— Agora já chega! Se demorar mais vai me fazer revelar segredos que não quero revelar. Agora pode ir.
Samir se levantou e seguiu para o banheiro. A banheira já estava pronta. Ele abriu um sorriso de leve e começou a se despir. Quando terminou, se enrolou na toalha e voltou para o quarto para pegar uma loção.
— Ygritte? — O homem arregalou os olhos ao ver a ruiva sentada na cama do jeito que veio ao mundo. — Que isso?
— Disse que sou sua... — Ygritte disse insinuante. O rosto levemente corado. Samir olhou os seios redondos e os mamilos rosados, os quadris arredondados e as coxas grossas.
— Ygritte... não precisa fazer isso. Por favor, vista-se.
— Esse vai ser meu preço. Você disse que me libertar não conta... então...
— Ygritte... eu tô com a Mia. Isso é errado...
— Como se eu não soubesse da sua infidelidade.
— Isso é... apenas uma mentira.
Ygritte se aproximou de Samir olhando para ele intensamente. Ele olhou cada detalhe do rosto dela. Ela parecia tão jovem, tinha traços delicados, lábios carnudos, olhos azuis.
— Esse vai ser meu preço. Eu sou sua. Nenhum outro homem vai me foder além de você. Deixo até por trás se você quiser.
— Ygritte sua ratinha traiçoeira. — Samir disse num rosnado, deixando a toalha cair. Ele a segurou pela cintura e pegou no colo. Ela entrelaçou as pernas ao redor dele e seus lábios se encontraram. Um beijo intenso, as línguas numa sintonia perfeita. Não demorou muito os dois estavam sobre a cama com os corpos suados explorando cada detalhe um do outro.
Ver a imagem daquele homem sobre ela no espelho em cima da cama que ele dormia com a Mia aumentava cada vez mais seu desejo e pela primeira vez em mais de cinco anos ela teve um orgasmo intenso e verdadeiro.
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