🔥30 - A Loba e o Dragão
A cidade de Eisenhower era grande e tumultuada. Muito mais do que Diana se lembrava. A última vez que esteve ali foi no dia do golpe. O dia que Astrid morreu. Tudo parecia tão fresco em sua memória, como se tivesse sido ontem.
Ela caminhou devagar até a extremidade do deserto. Por alguma razão que ela não sabia, ali não havia soldados armados vigiando a entrada e saída, apenas uma tela protegendo. Também quem seria bobo de fugir pelo deserto?
Ela atravessou a tela por um buraco que havia nela e adentrou para o lado de Graben. Diana nunca havia estado naquele lado. Sempre esteve em Pantheon cumprindo as ordens de Heide. Havia ouvido falar da situação dos engelianos, mas ali vendo pessoalmente ela percebeu que era ainda pior do que falavam.
Havia tanto lixo nas ruas que parecia um esgoto a céu aberto, pessoas amontoadas em barracos, em sua maioria famintas. Engelianos esqueléticos pedindo nas ruas e para surpresa dela até mesmo guemeisanos estavam ali. Todos abandonados à própria sorte.
Ela se aproximou de um homem sentado em frente a um barraco que estava caindo aos pedaços. O homem não estava muito melhor que os outros moribundos que estavam na rua, mas pelo menos parecia menos decadente do que os demais. O olfato apurado de Diana parecia amortecido com tantos cheiros ruins.
O homem parecia morto em vida. Magro, pálido, olhos fundos e opacos, as unhas sujas, tanto quanto sua pele que parecia ter uma camada espessa de sujeira. Ele estava encostado na coluna do velho barraco, que tinha até uma varanda, mas não melhorava em nada o aspecto daquele lugar.
Ela se aproximou do homem que parecia nem ser tão velho, mas as condições em que vivia levou uns bons anos de sua juventude. Ele virou seu olhar âmbar para Diana que tinha o nariz franzido tentando disfarçar o quanto o odor daquele lugar era ruim.
— Bom dia. — Ela disse olhando para o moribundo ainda sentado.
— Só se for para a senhora.
— Dá para ver mesmo... Preciso de informação.
— Como pode ver, não há nada que possa ajudar a senhora. — o homem disse com a voz arrastada.
— Eu posso te pagar.
O homem inclinou a cabeça para trás e soltou um grunhido que Diana identificou como uma risada. Parecia que ela tinha contado uma piada tão engraçada que ele ia morrer de tanto rir.
— Qual é a graça?
— Não o leve a mal... Dinheiro não anda fazendo muita diferença aqui. — A voz arrastada deu um susto em Diana que não havia visto a figura na varanda do barraco. Estava bem mais velha do que se lembrava, mas ela jamais esqueceria aquele olhar e aquela voz.
— Babayaga? — Diana olhou para a mulher, franziu o cenho e levou a mão até até uma adaga até em sua cintura.
— Já faz um tempo, né querida? Quando foi a última vez que nos vimos? Ah! No dia que você arrancou minha perna. Veio arrancar a outra?
— Vai depender de você.
— Adorável como sempre.
— Eu que o diga. Que aconteceu com você? Parece que está desmanchando.
— E você está bem, pelo visto. Mesmo que no fundo ainda seja a mesma selvagem de sempre.
— Ah, Vai se foder! Tenho mais o que fazer! — Diana disse virando as costas.
— Veio atrás da Loba?
Diana girou sobre os calcanhares e encarou Babayaga que tinha um sorriso no rosto. Podre, mas ainda era um sorriso. — Isso não é da sua conta.
— Onde te domaram não te ensinaram a ter respeito com os mais velhos?
— Nunca tive intenção e nem vontade de te respeitar, sendo jovem ou com duzentos anos. Para mim não faz diferença.
— A Loba está com seu macho.
— É melhor dobrar a sua língua, ou arranco ela da sua boca. — Diana cerrou os punhos. O homem moribundo se arrastou para longe da discussão.
— É engraçado, né? Tanto lugar e você para bem em frente ao lixão onde eu chamo de casa.
— Para mim isso é azar.
— Estamos ligadas você querendo ou não. Assim como você e a Loba. Mesmo você tendo arrancado a minha perna.
— Você faz parecer que é uma santa. Você me disse que eu era ninguém! E que nem nome eu tinha. Aí descubro que além de tudo sou... — Diana diminui o tom de voz e olha para os lados. — ... uma rainha.
— Você acha que... — a discussão acalorada começou a chamar atenção. — Venha até aqui sua mal educada. Não tem cadeira então senta no chão se quiser.
Diana soltou os ombros e deu um suspiro e entrou na varanda onde a mulher estava e sentou-se no que parecia ser uma lata virada de boca para baixo.
— Eu te odeio. — Diana disse olhando para a frente.
— Eu sei. Mas não vai mudar o nosso passado.
— Poderia ter me dito que eu tinha uma família.
— E o que isso mudaria? Fazer você ir lá e reivindicar o que era seu? Causar mais uma guerra?
— Mas a Heide você apoiou.
— Eu apoio quem paga mais... Acha que foi fácil para mim? Que foi fácil para nós?
— Tá falando sobre o que, sua bruxa? — Diana disse se apoiando sobre os joelhos.
— Você age como se fosse imortal, como se nada pudesse te atingir.
— Seja mais clara.
— A minha família tinha como responsabilidade cuidar de vocês, as Drachen's. Passado de geração em geração.
— Você falhou miseravelmente nisso.
— Vocês são como bombas relógio! Por que você acha que não tem registros de outros dragões voando por aí? — Babayaga olhou para Diana que agora a encarava surpresa. — A coisa dentro de você não é fácil de controlar. As poucas antes de você morreram no processo. O sangue queima de dentro para fora. Provavelmente você deve ter sentido a sensação.
— Eu... Sim.
— O corpo não aguenta. Em algum momento ele começa a ceder. Parece que a única forte o suficiente foi Calandiva.
— Eu também sou forte!
— Mesmo? Já controla todo o seu poder? Transforma a hora que quer? Não? Imaginei.
— E você sabe como controlar?
— Não, e se eu soubesse, não te diria.
— Cretina.
— Nunca tive intenção de te ajudar.
— Apenas de me vender pelo melhor preço. Francamente, essa conversa não vai dar em nada. — Diana disse se levantando.
— Espera. Eu ainda não terminei.
— Então diz logo. Que saco! Não quero ficar de papo com você e nem ficar te olhando. Parece que tá apodrecendo em vida!
— Não me respondeu ainda. Veio aqui atrás da Loba?
— Por que quer saber? Para correr e alertar ela?
— Não vou ganhar nada com isso. Mas quero que saiba que não vai conseguir entrar lá. Não sozinha. E mesmo se conseguir vai ser um massacre sem precedentes e seu homem pode morrer.
— Como sabe de tudo isso?
— Eu perdi uma perna, olhos e ouvidos ainda estão bons. — Ela disse apontando para o próprio rosto com os dedos esqueléticos.
— Pelo visto você está disposta a me ajudar, mas pelo que te conheço tem um preço.
— Claro que tem. Não trabalho de graça, ainda mais para você!
— Não foi você que disse que dinheiro não adianta aqui?
— Não adianta. De que serve dinheiro se não tem o que comprar?
— E o que você quer?
— Eu vou ser bem direta. A Loba fez deste lugar pior do que no reinado Faustus. Antes nós éramos miseráveis, mas pelo menos ainda tínhamos gente rica para bajular. Agora somos todos miseráveis. Eu quero um lugar quente e confortável para eu terminar os meus dias infelizes.
— Só isso? Fala sério! Primeiro sol que tomar nessa sua pele enrugada vai dissolver que nem gelo.
— Essa é só a primeira parte, ainda me deve pela perna arrancada.
— E você pelas mentiras, então, estamos quites.
— Desgraçada.
— Ridícula.
— Vá embora da minha casa! — Babayaga gritou para Diana acenando com as duas mãos.
— Nem precisa mandar! — Diana se levantou e seguiu para fora balançando a cabeça.
— Tem uma ruiva chamada Ygritte que vende até a mãe para sobreviver.
— Isso é uma informação? Porque eu não vou te pagar porra nenhuma.
— De todo jeito você já me deve, além de que tem que agradecer por tudo que fiz a você. Eu mesma te ensinei tudo que você sabe! E ainda tem a minha...
— A sua maldita perna! Sim eu já sei! Mas lembra que foi você que me prendeu e tentou me matar!
— E se tivesse oportunidade, faria de novo! Some da minha vista e só volta quando vier me pagar. Ah! E até lá, isso fica comigo! — Babayaga ergueu uma algibeira e tirou de dentro o colar que pegou de Mia.
— Foda-se.
— Isso aqui tem a sua história, sua essência e sua ancestralidade. Pertenceu à grandiosa Calandiva. Quando for uma rainha de verdade, se você for, eu entrego a você.
— Isso não cola comigo, Martha!
— Isso é mais importante do que pensa.
— Que seja!
— Ah, e mais uma coisa: a mulher responsável por você, oficialmente, não era eu.
— Existe alguém mais desgraçada que você?
— Pergunte à Loba.
— Espero não te ver mais velha maldita.
— Te vejo no inferno!
Diana seguiu para longe do barraco de Babayaga. Ela sempre teve uma relação péssima com a mulher e isso não mudou em nada com o tempo. Principalmente dadas as circunstâncias. Ela poderia tentar seguir o cheiro de Klaus, mas tudo ali fedia tanto que ela não conseguia se concentrar.
No fim, ela deu comida a um moribundo que apontou onde ficava o QG dos Lobos Negros.
Quando ela chegou na parte de Pantheon parecia que não havia saído de Graben. A cidade dourada estava repleta de barracos e pedintes nas ruas. Lixo, Lobos Negros armados, barricadas para todos os lados. Ela chegou ao QG e ficou observando tudo discretamente. Ela então subiu o terraço do prédio da frente sorrateiramente e ficou vigiando até a ruiva aparecer e ter a oportunidade de abordá-la.
Demorou um pouco, mas a ruiva finalmente apareceu. Ela teve certeza que era a Ygritte, lembrou-se do rosto dela nas Fúrias. Sorrateira, carinha de inocente, mas que conseguia causar uma guerra apenas com informações esparramadas entre os inimigos.
Diana desceu do prédio rapidamente e se escondeu atrás de uma caçamba de lixo que transbordava de sujeira e ficou olhando de longe. A ruiva parou, acendeu um cigarro e logo depois um homem se aproximou, os dois conversaram e logo em seguida ela se dirigiu à porta. Diana seguiu devagar atrás de Ygritte, pegou a adaga em sua cintura, cercou a ruiva bem menor que ela e segurou sua boca e colocou a adaga em seu pescoço.
— Calada, ou eu corto a sua garganta. — Diana sussurrou no ouvido da mulher e arrastou para trás da caçamba de lixo. — Eu vou soltar você, mas saiba que não importa o quão rápido você correr eu vou te alcançar.
Diana soltou Ygritte devagar e a virou de frente para ela. A ruiva arregalou os olhos ao ver a mulher diante dela e ficou apreensiva.
— Você? Eu me lembro de você. — Ygritte disse sentindo as mãos trêmulas.
— Provavelmente. Você era informante da Heide. Se não me falha a memória.
— Isso foi há muito tempo. — Ygritte disse olhando ao redor.
— Nem pense em gritar ou correr. Se me conhece sabe que não tem a menor chance.
— Sei bem disso. Mas não vou correr. Ah não ser que...
— O que?
— Vai matar?
— Isso aí vai depender de você. Se colaborar você sai ilesa. Caso contrário, o caos vai reinar aqui hoje e vai ser um massacre. Porque eu não vou sair daqui sem o Klaus.
— Eu te ajudo! — Ygritte disse com as mãos erguidas em sinal de rendição.
— Assim? Sem nada em troca? Você é traíra hein garota?
— Se você matar a Loba eu já fico satisfeita.
— Trabalha para ela e deseja que ela morra assim? O que há de errado com vocês?
— Não trabalho por opção.
— Como posso ter certeza de que vai mesmo ajudar? Você pode estar ganhando tempo.
— Eu te dou minha palavra.
— Sua palavra não vale nada para mim.
— Conto tudo. Horário de turnos, onde ela fica, tudo que você quiser saber! Desde que poupe minha vida e o rapaz que estava comigo agora a pouco.
— Eu não acredito em você.
Ygritte se ajoelhou diante de Diana e tocou seus pés. — Tem minha palavra, como você mesmo disse, não tenho para onde correr.
— Ok... vou te dar um voto de confiança. Mas se falhar vai se arrepender amargamente.
— Acredite, eu sei bem o sabor do arrependimento.
— Comece a falar. E levanta do chão.
— São 3 turnos, eles revezam entre si a vigilância do QG. Mia fez muitos inimigos, mas ela é muito arrogante e cheia de si. O único ser pensante aqui é o Samir, mas eles andam discutindo muito nos últimos dias principalmente com a chegada do cão de guerra. Posso dar um jeito de despistar o Samir.
— O Klaus tá bem? Ele tá ferido?
— Ficou os últimos meses preso em Hölle, mas soube que ele fugiu e veio parar aqui no QG por vontade própria. Mas acho que a Mia não confia nele porque ele é vigiado 24 horas.
— Ela quer usar ele contra mim.
— Como sabe disso?
— É o que eu faria. E o que mais?
— O mais preocupante são as alcateias. Grupos separados entre si que são tipo esquadrões dos Lobos Negros. Eles são eficientes e violentos.
— Ok. Eu tive uma ideia, mas vou precisar que consiga algumas coisas pra mim. E o tal Samir?
— Eu posso tentar plantar a discórdia na mente dele e tirar ele da jogada. Mas não é garantido.
— Eu tiro ele se for preciso. Vou te passar o que preciso.
— Certo.
Diana informou para Ygritte tudo que iria precisar, isso incluía até mesmo explosivos. A ruiva teve dificuldade em conseguir, mas a ideia de ver a Mia ser derrotada valia cada esforço. Ela levou Diana para a oficina onde Ygritte foi forçada a trabalhar como prostituta e manteve a mulher lá até a hora de atacar.
— Tem certeza que aqui é seguro? — Diana perguntou séria.
— Tenho. Hoje não é dia.
— Dia de que? — Diana perguntou franzindo as sobrancelhas.
— Nada demais. Olha eu trouxe tudo que me pediu e já conversei com o Samir. Agora é torcer para ele continuar balançado e não esteja no QG. Cairo eu já dei um jeito nele.
— Fez o que? Matou o homem?
— Claro que não! Eu dei a ele uma bebida, provavelmente ele nem vai sair do quarto. E eu farei o mesmo. Você resolve tudo e eu fico viva.
— E depois? Quando eu acabar com essa Loba, o que vai fazer?
— Não sei. Ser livre talvez.
Diana franziu a testa e ficou olhando para Ygritte séria. — Disse que ele está aqui por vontade própria?
— Sim. Ele e um outro homem. Os dois chegaram pela porta da frente.
— E... — Diana tinha uma adaga na mão que ela afiava devagar. — Ele falou sobre mim?
— Você que é a Sangue de Fogo? Porque eu ouvi eles falando sobre uma tal sangue de fogo.
— Eu... sim. Acho que sim. É o que dizem.
— Ele disse que estava se aliando a Loba porque você o deixou apodrecendo na prisão e se casou com outro.
Diana apertou a adaga na mão e lâmina entortou levemente. Os olhos dela brilharam numa fúria latente. — Ele sabe?
— Todo mundo sabe. Saiu em todos os jornais. Alguém deve ter dito para ele na prisão. Não duvido nada que seja por isso que ele fugiu.
— Aí ele veio atrás dela?
— Eu não sei. Vai ter que perguntar diretamente para ele.
Diana não respondeu. Ao invés disso continuou a preparar tudo para a invasão durante a troca de turnos à noite. Ygritte observou o antebraço dela ganhar veias esparramadas como raízes em tons avermelhados. Os lábios cerrados um no outro indicava a raiva que ela parecia reprimir.
— Aqui está muito quente. — Diana disse puxando a gola da blusa e abanando de leve com as mão. Ygritte percebeu que as veias estavam assim pelo corpo todo.
— Quer que eu pegue água para você?
— Quero.
Ygritte saiu por um instante e voltou com um cantil cheio de água, que Diana pegou e revirou tudo de uma vez. As mãos dela estavam trêmulas. Mesmo assim ela pareceu se recompor e continuou o trabalho. Ygritte sempre admirou o trabalho das Fúrias. O quanto elas eram habilidosas e eficientes. Escolhidas a dedo e treinadas incansavelmente até atingirem a perfeição que Heide esperava delas.
E Diana era ainda mais diferenciada. Tinha uma frieza para se montar uma armadilha em pleno dia com centenas de lobos negros andando de um lado para o outro em Eisenhower e mesmo assim não ser percebida. Ou a forma como ela planejou o ataque minuciosamente em sua cabeça
A execução foi feita com eficiência. Onze horas da noite, conforme Ygritte havia dito. As armadilhas foram postas em áreas estratégicas para que quando ela estivesse lá dentro não houvesse interrupções desnecessárias. Quando o turno trocou, ela cortou a energia e entrou devagar pela janela e começou a investida.
Os vários soldados armados dos Lobos Negros atirando sem rumo, enquanto ela os abatia furtivamente, eles não podiam vê-la, mas ela os via perfeitamente. A cada vez mais a fúria parecia aumentar, e o cheiro de Klaus começou a ficar mais evidente. Se movimentando em direção ao andar de cima.
Ela caminhou pelos corredores escuros entre os soldados abatidos e depois fechou os olhos e sentiu o cheiro de Klaus ainda mais evidente. Quando ela foi se aproximando viu a porta do escritório de Mia que Ygritte havia mencionado. Quando deu mais dois passos, ouviu uma explosão. Era a primeira armadilha. Em breve as alcateias estariam ali e tudo ficaria mais complicado.
Quando ela parou diante da porta ouviu gritos, era a segunda armadilha. Diana então forçou a maçaneta, estava trancada. Ela forçou a porta, um chute, dois, três, no quarto chute a porta abriu violentamente jogando estilhaços de madeira e concreto para todo lado.
O homem diante da porta era um rosto conhecido, o mercenário contratado por Veridiana que a enfrentou em Santer há alguns anos, ela era rancorosa demais para esquecer um rosto. Ele deu um tiro nela, daquele jeito era praticamente impossível de ferir seu corpo, a pele parecia estar tomando uma armadura sólida, como escamas. O calor estava quase insuportável.
Seu olhar encontrou Klaus, depois de tanto tempo. Mas antes que ela pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, a mulher que estava com ele se pôs entre eles apontando uma arma para ela. A mulher de olhos dourados, a Loba.
Klaus sussurrou seu nome, mas seu olhar estava em Mia. A energia que emanava dela, seu cheiro, tudo indicava hostilidade. Diana cerrou os punhos e os dentes e encarou Mia.
— Você deve ser a Loba.
— Você...? — Mia disse ainda com a arma apontada para Diana.
— Eu vou te dizer só uma vez, sai de perto dele, ou eu vou mostrar para você dores que você jamais imaginou que sentiria.
— Acha que está em posição de pedir alguma coisa? Vir até aqui e me ameaçar? Mulher de coragem!
— Diana, o que você... como? — Klaus tentou formular uma pergunta.
— Está com ela, Klaus? — Diana deu dois passos para a frente.
— Para trás! — Mia disse apontando a arma para Diana.
— Diana, eu posso explicar, mas por favor... — Klaus tentava falar em meio aquela tensão. Seu tio Phill estava em silêncio observando a cena sem saber quem devia conter. Ele fez menção de atirar, mas Klaus fez sinal para que ele esperasse.
— Acha que pode me machucar, Loba?
— Mas posso machucar ele. — Mia apontou a arma para Klaus
— Mia, não faz isso...
Não deu tempo de Klaus tentar avisar, Diana avançou para cima de Mia, a Loba ainda atirou, mas o tiro foi para cima. Klaus foi puxado por Phill, enquanto isso as duas começaram uma luta corporal. Diana empurrou Mia contra a mesa e bateu no braço dela até a arma se soltar.
— Eu atiro em quem? — Phill disse apontando a arma para as duas.
— Não! Pode acertar a Diana! E eu não sei até quando sua pele pode bloquear ou sei lá o que ela faz!
— Aquele mulherão ali é a sua mulher? Seu sortudo do caralho!
— Foco! Temos que pensar no que fazer!
— Tentamos separar?
— A pele da Diana! — Klaus disse apontando para as veias avermelhadas. — A última vez que a vi ela estava desse jeito.
— Isso significa...?
— Eu to com um mal pressentimento.
Mia media forças com Diana, quando ela viu que não tinha chances, rolou pela lateral desviando da mulher e pegou uma faca que tinha na bota e tentou acertá-la. Diana desviou, segurou a loba pelo braço e deu uma joelhada na barriga dela.
Mia levou a mão no estômago enquanto buscava o ar, Diana a segurou pelo pescoço e acertou o rosto dela na mesa por três vezes seguidas. Ela sentiu o melado do sangue escorrer pelo nariz. Diana parecia ainda mais furiosa, seus olhos brilhavam, as unhas estavam maiores e mais afiadas. A loba saiu desorientada e cambaleante, caiu de joelhos e depois no chão ainda zonza.
Diana se aproximou de Klaus, as sobrancelhas franzidas e os olhos cheios de lágrimas. — Pensei que estivesse morto.
— Também pensei.
Diana segurou o rosto do cão de guerra e deu um beijo suave em seus lábios. — Me desculpa, eu... fiz... eu...
— Tá tudo bem. Eu sei. Eu sei. — Klaus segurou as duas mãos dela. Havia desejado tanto estar com ela, sentir o cheiro dela, o toque da pele dela. Ela estava muito mais quente do que o normal, isso o preocupava.
— Me perdoa, eu casei com o rei branco, mas eu te amo... você é minha vida.
— Não vamos falar sobre isso agora eu...
O barulho vindo do andar de baixo indicava que as alcateias estavam próximas. Diana ainda mantinha-se com o rosto próximo ao de Klaus, quando um tiro o atingiu, ela virou-se rapidamente e viu Mia de pé segurando a arma, e correu na direção dela.
— Diana! Eu to bem! Eu to bem! Foi de raspão! Diana! — Klaus segurou o ferimento no braço e ainda tentou gritar, mas ela não ouviu, havia se jogado sobre Mia e as duas caíram pela janela. A queda ainda foi amortecida por uma caçamba de lixo. A loba caiu de costas no chão e depois se ajeitou sentindo a dor na lombar e tentou erguer o corpo, Diana já estava de pé diante dela ainda mais irritada do que antes. Parecia uma fera pronta para atacar.
Mia começou a luta para sobreviver, saiu se arrastando para longe de Diana até conseguir se levantar. Quando conseguiu ficar de pé viu a caçamba de lixo vindo na sua direção. Ela se esquivou se jogando no chão, a mulher se jogou na direção dela e tentou acertá-la com um chute.
Mia correu na direção contrária de Diana, mas a mulher a segurou pelo pé e a arremessou para longe. Ela sentiu seu corpo atravessar a porta do armazém e atingir em cheio os sacos de farinha. A Loba não tinha tempo nem para respirar. A imagem de Diana surgiu em meio à poeira de farinha e correu na direção dela.
Mia começou apenas a se proteger dos golpes incessantes de Diana que naquele instante começou a sentir o corpo queimar, mas a adrenalina estava tanta que ela mal sentia. Cada soco que Mia tentava defender parecia atingir em cada músculo de seu corpo. Ela foi se afastando, protegendo o rosto até sair do armazém. Quando ouviu as alcateias correndo na direção delas, se escondeu atrás de uma das casas e gritou na direção deles.
— ATIREM!
Uma chuva de balas começou na direção de Diana que ficou ainda mais enfurecida. A irritação chegou ao extremo. O Sangue parecia ferver, ela gritou e um urro assustador saiu no lugar de sua voz e muito mais rápido do que todos esperavam, Diana se transformou. Ainda maior do que antes, cerca de quinze metros de comprimento, asas com envergadura maior ainda. Escamas em tons de vermelho e preto. Dentes e garras afiadas e olhos verdes brilhantes.
As testemunhas ali presentes ficaram no mais completo silêncio diante do que viram. Mia sentiu-se paralisada, principalmente quando a fera veio na direção dela. O dragão a segurou firme com as patas traseiras, e armou voo. As alcateias continuaram a atirar, mas o dragão bateu as asas e o vento quente os fez recuar e não suficiente, ele ateou fogo na direção deles.
Klaus e Phill assistiam da janela espantados. O que o baixinho mais temia de fato aconteceu, Diana se transformou sem querer em meio à raiva e ao conflito colocando a vida de todos em Eisenhower em risco.
— A sua namorada... ?
— Sim, tio. Ela vira um dragão.
— Que porra!
O dragão continuou a subir cada vez mais alto, toda a Eisenhower presenciou a cena. Alguns dobraram o joelho no chão e agradeceram a Erste por mandar o Salvador, outros choraram ainda pensando que não podiam estar mais amaldiçoados.
Do Palácio, Heide viu da janela de seu quarto o dragão no céu. Um prelúdio de um caos que estava por vir e no porto, já dentro do navio para Eiseges Tal, Samir viu o dragão passar por cima deles e seguir na direção norte. Ele viu a cidade atrás de si e soltou um suspiro pesado e olhou para o capitão do navio.
— Tenho que voltar, Mathias.
E da mesma forma que surgiu, o dragão sumiu no horizonte, levando Mia Kamadeva.
O QG dos Lobos Negros estava parcialmente em chamas, o desespero tomou conta do lugar. Ygritte manteve-se escondida até ouvir o urro do dragão e foi para a janela ver o que estava acontecendo. Estava ainda pior do que ela tinha imaginado.
No andar de cima, Phill segurou Klaus pelo braço e seguiu para fora do escritório. — Temos que ir!
— Eu não vou a lugar nenhum sem a Diana!
— E onde ela foi? Não temos ideia para onde aquela coisa tá indo! Caralho! Ela tinha que se transformar aqui?
— Eu não sabia que ela viria, minha nossa!
— Vamos embora garanhão! Vamos aproveitar a oportunidade e sair daqui o mais rápido possível. Antes que o resto das alcateias venham!
— Mas e a Diana? Não posso deixá-la.
— Mas que chá bem dado, hein?
— Chá?
— Esquece. Vamos para o porto, aproveitamos o caos e saímos daqui. Mathias ainda deve estar no porto. Com um bom dinheiro a gente vai na direção que o dragão foi, ou tentamos outra coisa.
— Talvez ir para Eiseges Tal. Eles têm mais recursos e podem nos ajudar na nossa busca. E também temos que levar Baren e Trigun eu prometi a eles uma causa.
— Nem morto que eu vou para aquele lugar gelado! — Phill disse ainda guiando Klaus pelos corredores até a saída.
— Não temos muita opção.
— Merda! E o braço?
— Foi só de raspão.
— Se ela tivesse te matado seria pior ainda. Por aqui. — Phill e Klaus se misturaram em meio à multidão e seguiram para o lado de Heide pelo mesmo lugar que vieram. A vantagem em Pantheon é que se comprava tudo com um bom dinheiro.
— Vamos até minha casa, pegamos o que precisar e vamos para o porto. — Klaus seguiu de cabeça baixa tentando evitar os guardas de Pantheon. Quando finalmente chegaram na casa dele, entraram discretamente e já começaram a juntar tudo.
Baren e Trigun estavam na janela vendo o alvoroço. Trigun se aproximou dos dois — Que está havendo? Primeiro iríamos com vocês, aí decidiram ir sozinhos. E parece que há um caos lá fora.
— Mudança de planos. Juntem tudo que puder, vamos dar o fora daqui. — Klaus disse pegando uma bolsa e jogando tudo que podia dentro. Água, armas, roupas, alimentos.
— Agora? — Trigun perguntou indignado.
— Sim, agora. Me espanta Heide não estar na nossa cola.
— Como? Está acuada no castelo. O resto de seu exército ela está mantendo para protegê-la. Mas agora tudo pode mudar. — Phill disse separando uma garrafa de rum para levar.
— Dragão... — Baren disse ainda olhando para a janela. — Era mesmo um dragão?
— Era. E se tivermos sorte, vamos alcançá-lo. — Klaus disse decidido.
— Sorte? Vocês são todos loucos!
— Reclama menos e faz mais Trigun! — Klaus disse já irritado com a reclamação.
Os quatro juntaram tudo e seguiram para o porto. Com o incêndio em parte do QG, a atenção se voltou para Eisenhower e foi mais fácil sair. Mesmo assim Klaus fez o mesmo trajeto e seguiu para o muro e depois para o porto. Eles foram se escondendo atrás dos containers e caixotes e depois chegaram ao navio Açoite dos Mares.
— Klaus? — Mathias disse ao ver o baixinho.
— Mathias. Como está?
— Por que toda vez que te vejo Eisenhower está um caos?
— Eu não sei... para te falar a verdade.
— Deixa eu adivinhar, vai fugir de novo?
— Não seja desagradável, Mathias. Sabemos que você está longe de ser um santo.
— Que faz aqui seu patife? — Mathias disse ao ver Phill junto de Klaus.
— Olha como fala, metade deste navio ainda é meu.
— Sumiu por meses e acha que tem direito de reclamar?
— Fique quieto, vamos subir. Você vai nos levar desse lugar.
— E o que eu vou ganhar com isso?
— Você fica bem e vivo.
— Isso não é negócio Phill. Somos parceiros a anos e você me vem com essa?
— Viu aquele dragão que passou voando aqui? — Phill apontou para cima já subindo no navio junto com os outros três.
— Impossível não ver.
— É a mulher dele. — Phill apontou para Klaus. Que despertou olhares surpresos também dos outros dois.
— Que? Fala sério! — O sorriso de Mathias sumiu quando viu que eles mesmo falando sério. — Porra! Subam no maldito navio de uma vez e vamos logo.
— Você já devia ter partido. Que aconteceu? — Klaus disse guardando as mochilas.
— Eu ia levar o eisegeano para casa, mas ele voltou.
— Samir? — Klaus perguntou confuso.
— Acho que era esse o nome mesmo, um cabeludo alto.
— Ele mesmo. Então tá... — Klaus franziu a testa e ficou pensando por um momento.
— Para onde vamos? — Mathias disse acenando para que os marinheiros subissem a âncora.
— Eiseges Tal. Talvez ela tenha ido para lá.
— E se ela não estiver, Klaus? — Phill disse apreensivo.
— Eu vou atrás dela de Sonnig a Nordwein. Até encontrá-la. — O olhar de preocupação de Klaus fez Phill perceber que pela primeira vez na vida, o sobrinho soube o que era amor de verdade.
— Tá bom. Não importa, nós vamos com você.
— Ok, preparem os casacos, vamos para Eiseges Tal. Lugar gelado de merda. — Mathias disse girando o timão.
O Açoite dos Mares saiu deixando Eisenhower.
(...)
Ygritte ficou sem saber o que fazer, se ficasse ali eles certamente desconfiariam dela. Como Diana entraria ali tão fácil se não tivesse ajuda? Ela então juntou as coisas e resolveu partir enquanto as alcateias tentavam apagar o fogo do dragão, que demorava mais para apagar do que o normal, e também cuidando dos feridos e dos mortos. Além de tentar conter a população que tentava invadir o local para pegar comida nos armazéns.
Ygritte até pensou em procurar Cairo, mas ela iria perder tempo demais. Ela abaixou a cabeça e correu para longe da confusão, com sorte poderia fugir, se não conseguisse poderia ir atrás de Heide e quem sabe implorar seu perdão em troca de informações.
— Vai a algum lugar, Ygritte? — A voz de Samir fez a ruiva paralisar. Ela sentiu o frio percorrer pela espinha e virou-se devagar para olhar para trás.
— Samir, pensei que estivesse longe daqui. — Ygritte forçou um sorriso.
— Não. Embora você tenha quase conseguido.
— Não sei do que está falando. — Ygritte disse com a voz trêmula. Samir olhou para a mala nas mãos da mulher e depois a encarou.
— Estava indo viajar, Ygritte? Depois de todo esse caos?
— Eu... não! Eu... — Ygritte abaixou a cabeça procurando uma resposta.
— Pode pensar numa resposta depois, vamos.
Ygritte seguiu Samir apreensiva olhando para a saída. O homem estava preocupado com Mia. Havia muitos feridos, mortos, fogo, destruição por toda parte, mas não a viu em lugar nenhum. Se aproximou de um dos soldados que ajudava a recolher os feridos.
— Kamado! Que aconteceu? Cadê a Mia?
— Uma loucura! Fomos atacados! Cortaram a luz, pensamos ser um grupo, mas era uma única mulher. Ela invadiu, foi um... Massacre! Depois lutou com a Mia, e.... ela... se transformou num dragão! Bem diante dos nossos olhos.
— Então era mesmo a Sangue de Fogo. E a Mia? Onde ela está?
— O dragão a levou! Eu vi! — Uma das soldados gritou desesperada.
— Levou? Para onde?
— Eu não sei...
— Que merda! — Samir olhou ao redor todo mundo desesperado. Como uma única mulher podia fazer um estrago desses?
— Senhor, o incêndio é difícil de controlar, temos muitos mortos. O povo quer saquear os armazéns, o que faremos?
Samir pegou a arma que carregava consigo, acenou para que Kamado ficasse de olho em Ygritte e subiu nas barricadas que as Alcateias faziam para conter o povo olhou para eles lá de cima.
— ESTAMOS FAMINTOS!
— NOS DÊ O QUE É NOSSO!
— A Loba já era!
Um dos engelianos tentou escalar a barricada, Samir mirou no homem e sem pestanejar apertou o gatilho. O homem caiu para trás já morto com um tiro na testa. O povo olhou para Samir com medo. Ele acenou para que mais dois Lobos Negros subissem na barricada.
— Atirem nos que estão na linha da frente, em algum momento eles terão que recuar.
— Mas...
— Apenas faça.
E como ordenado eles foram atirando em um a um da linha da linha da frente, os demais foram recuando e começaram a correr com medo. Em poucos minutos a multidão se dispersou. Samir virou-se para os lobos negros.
— A Mia, ao que parece, foi levada pelo dragão. Até o momento não sabemos de mais nada. O incêndio de dragão requer muito mais que isso. Os mais fortes vão e peguem todos os extintores que encontrarem e tragam para cá, mangueiras, baldes, se tiver gelo, melhor. Os outros grupos cuidam dos mortos e feridos. Reforcem a barricada ao redor do QG e coloquem os melhores atiradores, e atirem em qualquer um que cruzar aqueles muros, seja entrando ou saindo. — Nesse momento seu olhar pousou em Ygritte que encolheu os ombros.
— Senhor e quanto à líder?
— Vamos nos organizar e cuidar das nossas feridas primeiro. Nossos inimigos podem vir a qualquer momento, principalmente agora. Depois vamos montar uma equipe de busca atrás dela. Até lá, eu serei o líder de vocês. — Samir desceu da barricada e seguiu na direção de Ygritte e a puxou pelo braço para um canto mais reservado. — Vai ficar próxima de onde eu possa te ver, quando essa bagunça terminar eu quero falar com você e nem adianta vir com desculpas.
— Está me machucando.
— É para machucar mesmo. Acha que eu sou burro? Que eu não ia saber que isso foi obra sua? Mas agora tenho mais o que fazer do que ficar me preocupando com ratazanas como você.
Samir deixou Ygritte e seguiu caminho. A ruiva soltou o ar que prendia em seus pulmões e ficou olhando para todos o caos no QG. E disse murmurou baixinho.
— Eu tô muito ferrada...
(...)
Heide se levantou de sua cama e foi até a janela ver a movimentação do lado de fora. Em seguida ela se vestiu e seguiu para fora de seus aposentos. Os guardas na porta a seguiram, desde que havia voltado de Santer ela passava a maior parte do tempo com seguranças. Ela foi até um dos soldados que estava no salão do trono.
— Que bagunça é essa lá fora?
— Um dragão, majestade. Começou no QG dos Lobos Negros. Já chegaram rumores aqui de alguns soldados que a Loba foi levada pelo dragão.
— E todo aquele fogo foi causado pelo dragão?
— Queimou uma parte do QG, aparentemente.
O rosto de Heide se iluminou e um sorriso surgiu em seu rosto. — Cole, chame o Desmond.
O soldado saiu apressado, enquanto a rainha voltou e sentou-se no trono e cruzou as pernas e ficou olhando da janela a cidade mergulhada em caos. Algum tempo depois Desmond surgiu ofegante e ansioso. Já temendo o que viria da rainha depois dos eventos daquela noite.
— Mandou me chamar, Majestade?
— Sim. Preciso que faça algumas coisas para mim, Desmond.
— Tudo que a senhora desejar, alteza.
— Vai juntar um grupo pequeno de soldados e preparar um navio, junto com o que sobrou das Fúrias. Depois, vai pedir um segundo grupo para ir até as extremidades de Graben e Pantheon selecionar algumas casas aleatórias e atear fogo.
— Majestade?
— Apenas faça Desmond. Em seguida, irá até o jornal e pedirá que eles façam com a seguinte manchete: dragão é visto em Eisenhower. Milhares de mortos e feridos em uma única noite. E peça que foquem bem as casas incendiadas e as vítimas fatais. Peça que espalhe rumores que o dragão esmagou pessoas, queimou casas e causou destruição e que supostamente até mesmo a Loba está desaparecida.
— Se a loba está desaparecida não seria melhor tomar Pantheon de volta?
— Com o exército que temos? Não. Vai reforçar aqui para que eles não tomem o restante. Você toma conta enquanto eu estiver fora.
— E onde a senhora vai, majestade?
— Seu raciocínio é muito lento, Desmond. Não está claro? Eu acabei de voltar para o jogo. E a Sangue de Fogo fez isso para mim. Eu vou atrás de aliados. Não há nada que una mais inimigos do que um inimigo em comum. E o medo é sempre o melhor combustível nesses casos. E peça para lorde Armand que me acompanhe na minha viagem.
Desmond ficou olhando a rainha espantado com a rapidez em que ela bolou um plano de guerra. Ele apenas acenou com a cabeça e reverenciou a mulher e seguiu para cumprir as ordens.
Heide se recostou no trono e sentiu uma satisfação que há muito tempo ela não sentia. Ela estava de volta no jogo.
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