Capítulo 33
POV Brunna
Segunda-feira cheia, pela manhã Brunna tomou um café rápido e partiu rumo a Event G.O, para começar a resolver as questões relacionadas a contratos fechados por Caio.
Na sala de reunião ela convocou Patty, Emilly, Juliana, Mário Jorge, Brunno e seu pai para alinharem todas as informações.
Brunna: - Bom dia a todos, chamei vocês pois são de minha inteira confiança e esse é um assunto delicado. - Respirou fundo. - Na viagem que eu fiz a BH, descobri que o Caio fez alguns desvio de dinheiro para a conta dele, e só consegui visualizar isso comparando os contratos que estavam nas mãos dos clientes e os que foram anexados em nosso sistema.
Mário Jorge: - Explique melhor Brunna. - Falou sério.
Brunna: - Ele pedia uma entrada de 30 mil para garantir o contrato e sempre alegava não estar com os dados da empresa para o depósito, então passava a conta pessoal.
Brunno: - Um safado!
Brunna: - Pra nós ele entregava o contrato assinado, constando o valor total do serviço, sem sinal nenhum. Já para os clientes ele fazia constar o depósito inicial, tranquilizando-os.
Patty: - E como a conta batia?
Brunna: - Simples, um evento de 100 mil, ele cobrava 130, embolsava os 30 e pra nós ficava exatamente o valor que para o cliente era o que restava pagar...
Juliana: - Entendi...
Emilly: - Estou chocada!
Brunna: - Eu também fiquei, porém não temos muito tempo pra isso, temos que agir o quanto antes.
Mário Jorge: - O que pensa em fazer?
Brunna: - Vamos processa-lo e lutar para que ele permaneça preso.
Jorge: - Acho difícil... Ainda hoje ele deve sair para responder em liberdade!
Brunno: - As leis neste país são falhas, portanto não podemos criar tantas expectativas. - Lamentou. - Desde sexta ele não faz mais parte do quadro de funcionários da empresa, e também pedimos uma medida protetiva pois fomos ameaçados.
Jorge: - Peço que tomem cuidado, pois eu de fato não sei do que ele é capaz...
Brunna: - Exato... - Suspirou. - Vamos nos policiar!
Brunno: - Convocamos vocês aqui pois precisamos fazer uma força tarefa. - Colocou alguns papéis sobre a mesa. - Tenho aqui a relação dos contratos fechados pelo Caio nos últimos 6 meses, são 32 no total.
Jorge: - Vamos nos dividir e entrar em contato com todos eles.
Brunna: - Criei uma planilha compartilhada para irmos marcando as reuniões, deem prioridade para o período da tarde... Eu, meu pai ou o Brunno temos que estar na empresa para atender pessoalmente esses clientes.
Emilly: - E o que falaremos?
Brunno: - As notícias estão em todas as mídias, então eles devem ter uma noção do que se trata quando receberem a ligação.
Brunna: - Ainda assim, sugiro que digam que mediante as últimas descobertas, estamos nos colocando a disposição para conferência de todos os contratos fechados por Caio.
Jorge: - Peçam a via deles e marquem um horário, tenho certeza que será de interesse de todos.
Brunna: - Dúvidas?
Mário Jorge: - Nenhuma!
Todos se organizaram e dividiram a quantidade de clientes que cada um teria que entrar em contato, e saíram da sala de reunião para já iniciar a força tarefa que durou a manhã toda.
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Juliana: - Oi. - Bateu na porta da loira. - Posso entrar?
Brunna: - Claro amiga, estou vendo como ficou o quadro de reuniões. - Estava com o olhar fixado na tela do notebook.
Juliana: - Ia te chamar pra almoçar.
Brunna: - Não vai rolar, tenho algumas coisas urgentes pra fazer e acredito que sair da empresa irá me atrasar muito...
Juliana: - Mais ainda são 11h30.
Brunna: - Tenho 2 reuniões de tarde, sem chance... - Suspirou e olhou para a amiga. - Também agendei com a Fernanda ao sair daqui.
Juliana: - Sério? - Sorriu animada. - Tenho certeza que vai ser muito bom pra ti!
Brunna: - Espero... - Desviou novamente o olhar, voltando sua atenção para o e-mail que digitava. - Quero me curar pra Lud, estou completamente apaixonada e ainda assim me sinto travada...
Juliana: - Vai passar, não se cobre tanto!
Brunna: - Aquela mulher é um furacão, já pensei inúmeras vezes no quanto o sexo deve ser bom, mais ai recuo...
Juliana: - Tudo no seu tempo Bru...
Brunna: - Juliana??? - Franziu o cenho. - Devolva a minha amiga agora mesmo!
Juliana: - Está vendo como você é? Ser carinhosa e compreensiva contigo não dá certo.
Brunna: - Hum... - Ergueu uma sobrancelha.
Juliana: - Ok... - Sorriu largo. - Eu também fico pensando no sexo com a Ludmilla, mais lembro que ela é sua, e que você tem tudo aquilo e não aproveita... Ai me dá um ódio de ser tua melhor amiga e respeitar tanto esse romance.
Brunna: - Kkkkkkkkkkkkk... Sério, te amo demais!
Juliana: - Fernanda que faça milagres, pois fazer amor é um encontro de almas através do nosso corpo, não deixe isso pra trás, pois tanto você, como ela, precisam dessa conexão! - Piscou. - Agora vou nessa, que jajá sairemos, se mudar de ideia, vamos no Valentin!
Brunna: - Está bem, obrigada amiga, por tudo sempre!
Juliana: - Te amo. - Jogou beijos no ar e saiu.
Brunna trabalhou seguidamente por pelo menos mais uma hora até que ouviu seu estomago dar sinais de fome com leves roncos.
Brunna: - Nossa, esqueci de pedir alguma coisa. - Pegou o celular e notou que ainda não tinha recebido nenhuma mensagem ou ligação na negra. - Caraca, cadê você Ludmilla?
Ludmilla: - Aqui! - Apareceu na porta que estava entreaberta. - Falando sozinha minha linda? - Entrou na sala e viu a loira vir sorrindo em sua direção.
Brunna: - Que surpresa boa. - Agarrou a namorada pelo pescoço e beijou seus lábios demoradamente. - Hummm que delícia te ver em meio a essa loucura.
Ludmilla: - Eu imaginei, saiu uma nota que vocês estão contatando antigos clientes para ressarci-los.
Brunna: - Sim...
Ludmilla: - Linda atitude meu anjo.
Brunna: - Obrigada! - Ainda agarradas, Brunna sentiu um cheirinho que fez seu estômago voltar a roncar.
Ludmilla: - Eita, acho que tem alguém com muita fome aqui! - Selou seus lábios. - Sabe o que tem dentro dessa sacola. - Ergueu o braço. - Um almoço bem gostoso pra minha princesa!
Brunna: - Não acredito!!! - Falou eufórica. - Como adivinhou?
Ludmilla: - Sua amiga me ligou e disse que tu ia fazer greve de fome até que eu viesse te ver, então eu vim!
Brunna: - Juliana?
Ludmilla: - Isso... Ela disse que você estava atolada de trabalho e que seria muito bom um delivery diferenciado, e aqui estou eu!
Brunna: - Preciso agradece-la...
Ludmilla: - Eu também! - Deu-lhe um forte abraço e um longo cheiro em seu pescoço. - Vamos comer? - Assentiu.
O casal almoçou em meio a sorrisos, ali mesmo, na sala da loira... Cerca de 45 minutos depois, Ludmilla se despediu, pois não queria atrapalhar a rotina da namorada.
Brunna: - Obrigada por vir, animou 100% meu dia.
Ludmilla: - Fico feliz em saber disso... - Selou seus lábios. - Te ligo mais tarde!
Brunna: - Mesmo?
Ludmilla: - Claro que sim... - Franziu o cenho. - Por que a pergunta?
Brunna: - É que tu passou a manhã toda sumidinha...
Ludmilla: - Desculpe, eu só não quis atrapalhar.
Brunna: - Uma mensagem ou ligação sua, só vai despertar isso aqui. - Apontou para a boca que sorria sem cessar. - Por favor, não me deixe com saudades!
Ludmilla: - Será? - Fez charme.
Brunna: - Boba...
Ludmilla: - Vou indo. - Deu um último selinho e saiu.
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Como esperado, nas reuniões realizadas no período da tarde, constatou-se novas fraudes de Caio, o que de certa forma tranquilizava os Gonçalves, pois sabiam que estavam no caminho certo para reerguer a empresa.
Brunna: - Chega por hoje! - Falou para o irmão que estava em frente o elevador.
Brunno: - Nossa, estou moído.
Brunna: - Nem me fala...
Brunno: - Quase não consegui almoçar.
Brunna: - Disso não posso reclamar, a Lud veio trazer o almoço e estava delicioso.
Brunno: - Que sorte hen maninha!
Brunna: - Verdade... Ela é uma fofa! - Suspirou apaixonada.
Brunno: - É o amor.... - Fez menção de cantar um sertanejo bem famoso. - Aproveite essa fase de mimar, pois depois tudo vira rotina.
Brunna: - Nossa que desânimo... Está tudo bem? - Encarou o irmão.
Brunno: - Está sim, relaxa! É só a minha visão depois de alguns anos de namoro... - Pensou em refazer a observação. - Nem toda rotina precisa ser ruim, só é menos agitada, porém igualmente prazerosa!
Brunna: - Sei... - Ergueu uma sobrancelha. - Acho que precisa rever seus conceitos ou conversar com a Cris para mudar essa opinião aí!
Brunno: - Não exagera!
Brunna: - Conselho da maninha não se nega! - Piscou. - Agora vou indo, estou quase me atrasando para uma consulta. - Beijou o rosto do irmão e saiu correndo do elevador.
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Com um pequeno atraso de 5 minutos, Brunna chegou ao consultório de Fernanda e iniciou sua primeira consulta presencial.
Fernanda: - Está se sentindo confortável? - Questionou ao ver a loira se ajustar no divã.
Brunna: - Sim sim, consigo até dormir aqui. - Sorriu.
Fernanda: - Mais hoje não é bem isso que você vai fazer... - Piscou. - Me diga, como se sente?
Brunna: - Bem... Estranhamente mais feliz que da última vez que nos falamos.
Fernanda: - Consegue identificar o motivo dessa sua satisfação momentânea?
Brunna: - Pode ser um conjunto de situações, desde o meu rompimento com o Caio, percebo que as marcas que ele deixou em mim estão se tornando mais fracas a cada dia e isso se deve ao meu novo relacionamento que é totalmente diferente de tudo que vivi... Também posso citar os sucessos e desafios que a Event G.O tem me proporcionado e por último e não menos importante, estar de volta ao meu lar, com a família que amo, na cidade que eu aprendi a admirar ainda mais depois que fui embora e convivendo com os amigos que tanto me fizeram falta. - Suspirou.
Fernanda: - E ainda assim, acha que precisa vir conversar comigo... Não parece que está tudo perfeito?
Brunna: - Sim... Até eu me lembrar que fui fraca o suficiente para permitir que aquele escroto do Caio abusasse de mim, e ainda por cima contribui com isso, cedendo as suas investidas, mesmo estando convicta que não era o momento certo para ter tanta intimidade com ele novamente...
Fernanda: - E quando se lembra, o que realmente sente?
Brunna: - Raiva! Muita raiva... - Uma lágrima caiu. - Depois impotência, fraqueza e solidão. - Soluçou.
Fernanda: - Sente pena dele?
Brunna: - NÃO! - Gritou.
Fernanda: - Sente amor por ele?
Brunna: - NÃO, CLARO QUE NÃO! - Continuou gritando.
Fernanda: - Então o despreza...
Brunna: - Sim... - Respirou fundo, tentando recuperar o fôlego.
Fernanda: - Se agitou por medo?
Brunna: - Dele? Jamais!
Fernanda: - Medo de ti Brunna, da sua mente que te culpa e te coloca conivente com algo que abomina. - Viu a loira engolir seco. - Não contou pra mais pessoas não é mesmo?
Brunna: - Não...
Fernanda: - A vergonha é normal, mais jamais pode te levar para o ponto onde o criminoso te faz ser cúmplice, porque você foi vítima! Consegue entender isso?
Brunna: - Não... - Chorou de forma mais desesperada. - Eu deixei, eu deixei!
Fernanda: - E se você tivesse impedido Brunna? - Atraiu a atenção da loira. - E se você tivesse conseguido driblar o fato de estar acordando já em uma situação adversa, e o impedisse de te ferir para satisfaze-lo, como se sentiria?
Brunna: - Talvez mais forte ou... - Arregalou os olhos.
Fernanda: - Ou??
Brunna: - Eu poderia nem estar mais aqui... - Respirou fundo e se permitiu chorar ainda mais.
Fernanda: - Se culpa por permitir, mais nunca pensou que esse foi o seu único mecanismo de defesa? - Pegou na mão da loira. - Nós mulheres temos instintos que homens jamais entenderiam, e isso nos torna tão fortes! - Sorriu. - Somos mães, amigas, irmãs, chefes, esposas e dona do lar, tudo isso ao mesmo tempo e ainda assim não fraquejamos. - Limpou suas lágrimas. - Sua força te permitiu aguentar tudo, se colocar em posição de aceitação para só depois entender que não era bem o que você imaginou, e sem perceber, você se blindou de um cafajeste, capaz de qualquer coisa.
Brunna: - Nunca tinha pensado dessa forma.
Fernanda: - Está preocupada demais se culpando.
Brunna: - Pode ser...
Fernanda: - Sua atividade até a próxima consulta que será na quarta-feira, é contar aos seus pais.
Brunna: - Não sei se consigo Fernanda...
Fernanda: - Eles não irão te julgar, pelo contrário, o maior apoio que temos nessa vida são dos nossos pais! - Olhou firme para a loira. - Seja sincera com eles e contigo também, você não tem culpa das escolhas alheias, mais é responsável pela sua reação perante o abismo em que insiste em se colocar.
Brunna: - Certo...
Fernanda: - Eu sou apenas uma médica, mesmo te dando toda a força que precisa, é no colo de mãe que você vai encontrar conforto e segurança! Conte a ela, e também ao seu pai e vai sentir o que estou falando!
Brunna: - Ok...
Fernanda: - Acho que por hoje é só... Tem mais alguma coisa que queira falar?
Brunna: - Tem... - Corou!
Fernanda: - Hum... Fique a vontade. - Franziu o cenho e sorriu por notar o desconforto de Brunna.
Brunna: - Estou namorando, aquela moça que estava comigo em Belo Horizonte.
Fernanda: - Olha que legal!
Brunna: - Pois é, ela é perfeita... - Suspirou. - Estou completamente arriada por ela e muito assustada com a velocidade desse sentimento.
Fernanda: - Te incomoda estar apaixonada?
Brunna: - Não... Me encanta e até encoraja.
Fernanda: - Hum... Bom, muito bom!
Brunna: - Ela é intersexual e tem uma pegada que me tira o fôlego! - Mordeu os lábios.
Fernanda: - Mas?
Brunna: - Estou com medo de não conseguir ir adiante...
Fernanda: - Do que estamos falando Brunna?
Brunna: - De sexo Fernanda... Quero transar com ela, estou subindo pelas paredes na verdade...
Fernanda: - E o que te impede? - Pareceu pensar no que dizer. - Sabe que pessoas intersexuais costumam ser ainda mais quentes na cama.
Brunna: - Não está ajudando Fernanda...
Fernanda: - Claro que estou! - Falou firme. - Quanto mais o desejo se ascender em ti, menos chances da sua insegurança entrar em jogo!
Brunna: - E se eu travar? Lembrar de tudo que o Caio me fez e fugir dela?
Fernanda: - Acredita que isso a fará te abandonar?
Brunna: - Não... - Outras lágrimas se formavam em seus olhos.
Fernanda: - No que ela se parece com seu ex?
Brunna: - Nada graças a Deus! Ela é maravilhosa, um ser humano perfeito!
Fernanda: - E de onde tirou que uma pessoa assim, em um momento de completa paixão e intimidade, vai te fazer lembrar qualquer situação que te deixe mal?
Brunna: - É.... Não sei...
Fernanda: - Se permita Brunna, sem medos, ela e você merecem isso!
Brunna: - Acha que consigo?
Fernanda: - Sim!
Brunna: - Ai meu Deus! - Respirou fundo.
Fernanda: - Conte aos seus pais e na próxima consulta falaremos mais sobre essa parte, garanto que até o final dessa semana, você estará pronta pra se entregar por completo nessa relação, e transformar esse desejo que sente, na mais perfeita e gostosa realidade. - Piscou.
Brunna: - Tomara! - Se levantou e secou o rosto. - Obrigada Fernanda, vir aqui, desabafar, chorar e te ouvir me fez me sentir melhor.
Fernanda: - Não por isso Brunna, te espero na quarta no mesmo horário ok?
Brunna: - Ok. - Se despediu da médica e partiu rumo ao apartamento de seus pais.
Durante o caminho, Brunna chorava, sorria, se sentia temerosa e feliz... Um mix de sentimentos e ao mesmo tempo uma coragem absurda de ser feliz, pois ela enfim havia entendido, que se for pra se culpar de algo, que seja pela possibilidade de continuar vivendo ao lado das pessoas que mais ama!
***
Bom feriado galera!
Conforme avisado, vou viajar e não vai ter atualização nos próximos dias!
Segunda eu retorno... Enquanto isso, leiam as outras fics do meu perfil ...
E ai, Fernanda deu uma ajudinha para apimentar a viagem?
Bjssss
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