Capítulo 13
POV Ludmilla
Domingo de sol no Rio de Janeiro e Ludmilla voltava de sua rotina matinal, mesmo com compromisso marcado, ela deu um jeitinho de se exercitar.
Marcos: - Que horas você levantou? - Entregou um copo de café para a amiga que estava jogada no sofá.
Ludmilla: - 5h.
Marcos: - Caraca!
Ludmilla: - Precisava liberar um pouco dessa gordura. - Passou a mão no abdômen.
Marcos: - Só por isso mesmo? - Olhou sugestivamente para a negra que sorriu. - Ontem não conseguimos conversar direito, mais eu notei o seu olhar para a Brunna viu!
Ludmilla: - Ah conta outra Marcos!
Marcos: - Desembucha logo, ta caindinha na dela não tá? - Provocou a amiga que negou com a cabeça, porém tinha um largo sorriso no rosto. - Ei, somos amigos não somos?
Ludmilla: - Sim...
Marcos: - Pode admitir, não precisa esconder de mim. - Cruzou os braços em frente a amiga. - Ela é um avião não é mesmo?
Ludmilla: - Deusss! - Olhou pra cima. - Ela roubou a beleza do mundo inteiro, você viu aquele olhar, e a boca desenhada... Quando ela sorri as vezes formam covinhas... E o corpo? Você jura que conseguiu ignorar aquelas curvas?
Marcos: - Ficou secando a garota? - Olhou incrédulo.
Ludmilla: - Claro que não, me respeita... - Levantou-se e foi até a cozinha sendo seguida por Marcos. - Eu sou uma pessoa respeitosa, tentei não olhar, mais foi difícil... - Suspirou. - E acho que foi chumbo trocado, pois peguei ela me observando algumas vezes.
Marcos: - Isso eu notei também. - Viu a amiga parar e se virar instantaneamente.
Ludmilla: - Sério?? - Arregalou os olhos.
Marcos: - Sim, eu percebi o clima, e quando falo isso não estou me referindo só a você... - Sorriu ao notar a expectativa em que Ludmilla recebia cada palavra. - Ela também te secou e digo mais, se não ficassem o tempo todo se provocando, poderiam ter trocado uns beijos no fim do dia.
Ludmilla: - Sem chance!
Marcos: - Oxi, e por que não? - Estranhou a negativa da negra, era visível que ela estava interessada.
Ludmilla: - Eu detesto esse tipo de gente. - Mostrou desanimo. - Riquinha, mimada, que acha que todos lhe devem favores.
Marcos: - E como sabe que ela é assim?
Ludmilla: - Estou chutando, pela atitude dela no evento e por logo de cara ser resistente a um simples pedido de desculpa.
Marcos: - Quer saber minha opinião?
Ludmilla: - Diga...
Marcos: - Você está acostumada demais a ter mulheres suspirando por ti, encontrou uma que ignorou essa sua imponência e não está sabendo lidar. - Falou na lata. - Um simples esbarrão não pode definir uma pessoa, tão pouco a conversa de ontem!
Ludmilla: - Não sei... - Pareceu pensar no que o amigo disse.
Marcos: - Sabe sim, ela te atrai, e rotula-la como mimada é a sua forma de disfarçar o quanto a resistência dela te incomoda. - Colocou a mão no ombro de Ludmilla. - Iremos encontra-la mais vezes, controle-se.
Ludmilla: - Está certo... - Respirou fundo. - Ela realmente me deixa nervosa, preciso controlar isso!
Marcos: - Apaixonadinha, a Lud está apaixonadinha. - Gargalhou da cara que a negra fez. - Eu super apoio, agora se não quiser investir, acho que posso tentar hen! - Brincou e recebeu um olhar reprovador. - Eita, já está com esse sentimento de posse? - Debochou.
Ludmilla: - Sério, as vezes não sei porque fico te dando ouvidos!
Marcos: - Você me ama e sabe que estou certo! - Piscou. - Agora anda com esse café, que temos pouco tempo pra chegar na rocinha e arrumar tudo. - Assentiu.
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Ao chegarem na rocinha, Ludmilla, Daiane e Marcos organizaram o cenário para a sessão de fotos e começaram a arrecadação. Como se tratava de um evento grande na comunidade, Ludmilla tinha apoio incondicional não só das mães de seus alunos, como também dos líderes do morro.
Daiane: - Está lotado lá fora.
Marcos: - Acho que vamos precisar de mais gente ajudando. - Demonstrou preocupação.
Daiane: - Temos 2 cenários montados, um fica você, o outro a Lud e eu aqui na entrada recolhendo os alimentos e liberando as pessoas.
Marcos: - Aí que está o problema, tanto eu como a Ludmilla precisaremos de ajudantes.
Ludmilla: - Verdade, não achei que viria tanta gente assim, se eu tiver que arrumar os modelos e ainda fotografar, não vai dar muito certo...
Marcos: - E agora?
Daiane: - Não dá tempo de ficar esperando chegar reforço, ou iniciamos logo, ou vamos nos atrasar ainda mais. - Olhou para os amigos que pareciam pensar em alguma solução.
Ludmilla: - Vou enviar uma mensagem pra um pessoal, quem sabe alguém não aparece. - Deu de ombros. - Daiane, peça para entrar a primeira família, já começarei a atender.
Marcos: - Eu também.
Os primeiros 30 minutos de atendimento foram de extremo tumulto, a fila dobrava as esquinas e já se escutava um certo burburinho de impaciência. Ludmilla e Marcos tentavam agir o mais rápido possível, porém as vezes alguns contratempos tornavam a sessão um pouco mais demorada que o normal...
Elisa: - Tem certeza que não vai aceitar minha oferta? - Se aproximou da negra e abaixou um pouco o decote.
Ludmilla: - Elisa, já encerramos por aqui. - Deu passos pra trás. - Henrique, sua mãe já está de saída, nos vemos na terça. - Atraiu a atenção do filho de Elisa que ao responder que se aproximou.
Henrique: - Vamos mamãe, estou com fome! - Puxou a braço da mais velha que sorriu sapeca para a negra.
Era comum Ludmilla receber cantadas, boa parte das mães de seus alunos eram solteiras e não tinham nenhuma vergonha de demonstrar seu interesse. Diariamente ela recebia algumas mensagens ou fotos provocativas em seu celular, motivo este que diversas vezes fez com que Isabelly se irrita-se com a profissão exercida por Ludmilla, não por amor é claro, mas por medo dela arrumar um melhor partido.
Ludmilla: - Daiane, quem é o próximo da fila?
Daiane: - É a Dorotéia.
Ludmilla: - Faz muito tempo que Marcos iniciou a sessão?
Daiane: - Sim, já deve estar terminando.
Ludmilla: - Prefiro que ele atenda ela então. - Sorriu sem graça.
Daiane: - Não vá me dizer que... - Olhou firma para a negra que assentiu sem que a amiga precisasse terminar a frase. - Minha nossa!
Ludmilla: - A Elisa por muito pouco não avançou em mim, isso com o filho dentro da sala.
Daiane: - Quem dera elas me dessem bola desse jeito. - Falou derrotada. - O que será que você tem que eu não tenho?
Ludmilla: - Quer mesmo que eu diga? - Ergueu as mãos e recebeu o dedo do meio como resposta. - Eu ia te dizer que esse tanquinho aqui. - Alisou a barriga. - É irresistível!
Daiane: - Até parece...
Ludmilla: - Então acho que é o meu charme, pode falar vai, a negona aqui joga nas 11.
Daiane: - Ludmilla cala a boca e vai logo atender, o povo está quase saindo na mão lá fora. - Apontou para a porta.
Marcos: - Obrigado sr. Flávio. - Apertou a mão do rapaz. - Até mais Clarinha. - Se aproximou dos amigos. - E aí, o que tanto conversam?
Ludmilla: - Estava só fazendo uma pausa até você terminar a sua sessão.
Marcos: - Por que? - Estranhou.
Daiane: - Ludmilla está quase sendo atacada pelas mães, e a Dorotéia é a próxima da fila.
Dorotéia era uma jovem de 21 anos com quem Ludmilla saiu duas vezes. O relacionamento não foi adiante pois a negra soube de seu envolvimento com um rapaz da comunidade e preferiu deixar o caminho livre para Dorotéia viver esse romance, porém, semanas depois a moça foi atrás de Ludmilla afirmando que estava arrependida da vida dupla, mais já era tarde demais, a fila havia andado.
Marcos: - Vou quebrar essa, mais a pizza de hoje você que paga!
Ludmilla: - Combinado!
Daiane liberou mais duas famílias para os amigos atenderem e as dificuldades em organizar as fotos eram visíveis, tanto pela agitação dos pais como também das crianças.
Ludmilla: - Assim. - Posicionou Joana, uma menina de 10 anos. - Consegue focar ali naquela lente? - Assentiu. - Então eu vou até lá, ok?
A negra caminhou até a câmera e quando se virou, Joana tinha mudado de posição, totalmente dispersa do que lhe foi orientado, fazendo a negra refazer todos os passos.
Ludmilla: - Depois de hoje, com certeza precisarei de uma terapia. - Falou para si mesma.
Sr. Joelma: - Disse algo?
Ludmilla: - Falei que precisava de uma ajudinha.
Sr. Joelma: - Eu posso tentar minha filha.
Ludmilla: - Não precisa dona Joelma, fique sentadinha aí, sei que a senhora sofre de dores nas costas, não quero que faça esforços. - Sorriu.
Sr. Joelma: - E vai fazer tudo sozinha?
Neste momento a porta da sala se abriu, revelando a presença de uma certa loira, linda, que vestia um short jeans justo com um top que deixava sua barriga toda a mostra, tênis nike no pé e um óculos escuro no rosto.
Brunna: - Se você quiser, eu acho que consigo ser útil. - Entrou com um largo sorriso no rosto e uma das sobrancelhas estendidas, lá estava ela de novo, desafiando quem lhe atraía.
Ludmilla: - Você? - Não acreditava no que via.
Brunna: - É o que parece...
Ludmilla: - O que faz aqui? - Jogou a câmera no sofá e foi até a loira, parando bem próximo de seu corpo.
Brunna: - Vim te mostrar que a mimadinha também sobre no morro! - Cruzou os braços em deboche.
Ludmilla: - Isso só pode ser brincadeira. - Revirou os olhos. - Eu estou trabalhando Brunna, não tenho tempo para provações.
Brunna: - Será que algum dia você vai aprender a ouvir o próximo?
Ludmilla: - O que quer dizer com isso?
Brunna: - Que eu te ofereci ajuda assim que entrei, sua recepcionista contou para nós que você e Marcos precisavam de mais mãos, e aqui estou!
Ludmilla: - É sério? - Não acreditou de início, mais a postura da loira se mantinha a mesma, fazendo Ludmilla recuar. - Ok...
A negra explicou exatamente o que esperava de Brunna, era estranho tentar se dar bem com ela, o atrito parecia mais atrativo... Ludmilla não negava que a atitude da loira a contrariou, a patricinha subiu o morro e estava ali, ajudando a fazer história naquela comunidade.
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Com a chegada de Luane e Brunna, o processo deu uma acelerada e a fila diminuiu bem.
Micaela: - Lud, acho tão lindo esse dom. - Mordeu os lábios e sorriu para a fotógrafa.
Brunna: - Oi, já preencheu a ficha? - Entregou a prancheta para a moça e ficou de frente pra ela, impedindo-a de visualizar Ludmilla.
Ludmilla: - Terminamos aqui, acho que vocês foram os últimos de hoje. - Suspirou e fez um breve alongamento.
Micaela: - Prontinho, preenchido! - Entregou a prancheta na mão da loira. - Ei Lud, o que acha de esticarmos a tarde? - Se aproximou. - Eu deixo o Ricardinho com a avó e te mostro alguns lugares que não conhece aqui da rocinha, tenho certeza que irá se deliciar com todas as novidades. - Piscou.
Ludmilla: - É... Eu adoraria... - Foi interrompida.
Brunna: - O QUE??? - Falou mais alto do que o necessário e se calou rapidamente quando percebeu a intromissão.
Ludmilla: - Como eu dizia, eu adoraria te acompanhar, mais estou exausta...
Micaela: - É, meu plano era mesmo te cansar bastante... - Mediu a negra de cima a baixo.
Brunna: - Ludmilla, precisa de ajuda ainda? - Olhou firme, a negra podia jurar que ela estava incomodada.
Ludmilla: - Espere um pouco, deixa eu só terminar aqui. - Assentiu.
Micaela: - Podemos fazer outra coisa então!
Ludmilla: - Hoje não Mica, obrigada pelo convite. - Beijou sua testa. - Ei Ricardinho. - Chamou o menino com uma das mãos. - Daqui uns 2 anos você já pode vir fazer aula com a tia Lud viu! - Beijou o garotinho também e indicou a saída.
Micaela: - Estou quase sendo expulsa. - Falou triste. - Nos vemos então!
Ludmilla: - Nos vemos Mica, obrigada por virem!
Brunna: - Estou quase sendo expulsa. - Imitou com voz fina a fala de Micaela.
Ludmilla: - Algum problema Brunna?
Brunna: - Nenhum, só achei engraçado você dar ibope pra essa moça.
Ludmilla: - Ibope? - Franziu o cenho.
Brunna: - Claro, afinal, você adoraria sair com ela. - Cruzou os braços, sem perceber a cena que fazia.
Ludmilla: - Isso te incomoda?
Brunna: - Óbvio que não!
Ludmilla: - E por que está resmungando? - Colocou a mão na cintura e mirou seus olhos.
Brunna: - Eu só estou cansada, acho que poderíamos ter terminado antes se você não fosse tão galanteadora.
Ludmilla: - Ofereceu ajuda por que quis, então agora não vale reclamar.
Brunna: - Não estou reclamando! - Fechou a cara.
Ludmilla: - Aplaudindo também não né?
Brunna: - Está vendo como você é? - Bufou. - Ao invés de agradecer, já quer arrumar confusão!
Ludmilla: - Pera ai, você que está toda nervosinha, até parece que se incomodou com o que ouviu.
Brunna: - Ah me poupe!
Luane: - Gente, dá pra ouvir lá de fora, estão brigando de novo?
Brunna: - Sua irmã é enrolada demais e nos faz perder tempo com esse papinho furado.
Ludmilla: - Não sei por que achou que seria bom trazer essa garota aqui, ela claramente não tem paciência pra nada.
Marcos: - Vocês brigaram assim o tempo todo? - Olhou para as duas com um sorriso no rosto.
Ludmilla: - Não!
Brunna: - Não...
Marcos: - Então, o que houve?
Brunna: - Nada, só divergimos de opinião. - Olhou para a negra que concordou com essa justificativa e assentiu.
Ludmilla: - Sim, e agora que as sessões acabaram, estamos tendo a oportunidade de refletir a respeito. - Ajudou a loira em sua tese.
Luane: - Quem vê assim pensa que conversavam de forma civilizada. - Balançou a cabeça negativamente...
Daiane: - Pessoal, fechamos as portas, e aí, bora comemorar? Foi um verdadeiro sucesso!
Marcos: - Sério?
Daiane: - Sim, pelo menos umas 30 cestas conseguiremos montar.
Ludmilla: - Veja quais itens faltam, quero que estas cestas fiquem bem completinhas para serem entregues. - Falou simples.
Luane: - Então vamos bebemorar?
Brunna: - Vou pra casa Lulu. - Pegou a bolsa e colocou em seu ombro. - Estou cansada demais...
Ludmilla: - Acha mesmo que ela ia querer comer em algum podrão daqui?
Brunna: - Ainda não percebeu que seus desafios são como impulsos pra mim?
Ludmilla: - Não me diga...
Brunna: - Pois digo!
Ludmilla: - Então tenho um novo desafio pra ti.
Brunna: - Hum! - Ergueu a sobrancelha.
Ludmilla: - Hoje, as 19h no Trapiá, um dos melhores restaurante desta comunidade.
Brunna: - Me chamando pra jantar Ludmilla? - Sorriu sapeca.
Ludmilla: - Jamais! Marcos, Daiane e Luane estarão conosco... - Devolveu o sorriso. - Apenas quero saber se você se juntará a nós!
Luane: - Oxii...
Marcos: - Mais eu queria comer pizza... - Abaixou a cabeça.
Daiane: - Cala a boca Marcos, se ela vai pagar, comemos até pedra caramelizada. - Gargalharam.
Ludmilla: - E então Brunna? Vai continuar subindo o morro ou deu por hoje?
Brunna: - As 19h estarei lá, não se atrasem! - Puxou Luane e deu um tchau coletivo para os demais.
Marcos: - Isso é amor, tá rolando amor... - Dançou sozinho, como se ouvisse uma bela canção.
Ludmilla: - Não me enche!
Daiane: - Que mulher hen! - Olhou em direção a porta. - Eu vou fácil!
Ludmilla: - Vamos embora, antes que eu desista de levar vocês dois pra jantar. - Empurrou os amigos e encerrou o expediente, o dia havia acabado mais a noite ainda prometia, que seja uma boa briga com a loira mimadinha e nem tão patricinha assim.
***
Beijosssssssss
Votem meu povo e comentem!
Quero mais do que somente um continua, digam o que estão achando e o que esperando desse jantar!
Avisem dos erros.
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