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Capítulo 22 Eu só queria me sentir amada

Após três noites de tortura, atormentada por pesadelos e incapaz de entrar em meu próprio quarto, a patroa me levou para sua casa. Durante o dia, eu conseguia me manter bem, conversava e distraía a mente, mas bastava o sol se por, o medo e a insegurança tomavam conta de mim; era como se aquele homem fosse entrar a qualquer momento e me levar consigo. Agora eu ficava na sala, minha mãe me fazia companhia, e nas raras ocasiões em que conseguia adormecer, os pesadelos logo me despertavam. 

Meu sono se resumia a breves sonecas durante o dia, que eram picadas e tumultuadas, mal conseguia descansar e essa situação me deixava cada vez mais abatida. A princípio meus pais foram resistentes à ideia, mas a patroa os convenceu de que seria melhor; assim teriam tempo de reformar o cômodo e mudar a disposição dos móveis de modo que ficasse diferente. Essa parte foi uma sugestão da psicóloga, que também recomendou uma mudança de ares.

— Meninas, fiquem à vontade, já conhecem a casa, não façam cerimônia se precisar de qualquer coisa — disse a patroa abrindo a janela do quarto, mas ao ver minha reação de insegurança, acabou fechando novamente.

Chegamos no início da noite. Soraia foi comigo para que não ficasse sozinha no quarto, afinal, ao longo dos meus dezoito anos de existência, aquela era a segunda vez que dormia em uma casa que não fosse a casa dos meus pais. Para a Sô era a primeira, pois não era um costume nosso, fazer esse tipo de coisa.

— Elas estão bem? — seu Geraldo, pai dos rapazes, perguntou lá da ponta do corredor, que dava acesso aos quartos.

— Sim, estão se acomodando — a esposa respondeu.

— Não queria dar todo esse trabalho — me sentei na cama abraçando meu corpo com as mãos.

— Ei, não está dando trabalho, é um prazer tê-la aqui — ela me abraçou e beijou o alto de minha cabeça.

Olhei ao meu redor, o quarto era amplo, confortável, cheirava a rosas, acredito que seja pelo fato de ter um jardim embaixo da janela, que apesar de alta, ainda tinha uma vista privilegiada do jardim da frente. O jogo de quarto era branco, composto por duas camas de solteiro, mesa de cabeceira, guarda-roupa e uma estante com som, televisão, e alguns enfeites. As paredes claras em um tom de gelo contrastavam com o porcelanato branco e o tapete felpudo na cor palha, assim como as colchas de babado com travesseiros macios que cobriam as camas. Os anfitriões não mediram esforços para que ficasse bem, mas ainda assim, era estranho estar ali.

— Quando o jantar estiver pronto, venho chamar vocês — disse a patroa se afastando.

— O Ian vai ficar chateado comigo quando souber que vim para cá — murmurei olhando para Soraia, que mexia em sua mochila.

— Ele sabe que era preciso, Nat. E outra; o Ian passa o dia todo aqui, todos os dias, você pode vê-lo a hora que quiser, passar um tempo com eles no escritório. Será bom para distrair a mente.

— Não sei, podem falar, que...

— O Alê usa a mesma sala, então não teria problemas você estar lá, não é como se fosse ficar sozinha com Ian — ela me interrompeu.

— É, talvez você tenha razão — respondi observando a janela, fechada.

— Ele não vai voltar, Natacha, não precisa ter medo.

— E se o Cobra ou outro bandido vier atrás de mim? Pérola sumiu e nunca mais...

— Acho que ela deve ter sido levada para outro país, ou nem esteja mais... — Soraia me olhou por um breve instante, então ponderou suas palavras. — Ah, Nat, não sei. Não acho que venham, eles sabem que a polícia está de olho.

— E essa filha do Venâncio, será que é daqui?

— Essa é uma questão que ninguém entendeu. A família do cigano Venâncio morreu em um acidente de carro, e ele não mais se casou. O pai os conhecia e também ficou confuso, será que realmente existe essa filha?

— Ele disse que viriam atrás dela, então significa que sim.

— Ele vivia solto no mundo, o pai, o tio Ozório, tio Ezires, ninguém sabe nada de outra família. Só se for filha de uma gadjí, até porque ele agora estava em busca de uma noiva.

— Valha-me e eu pensei que fosse me escolher.

— Na verdade ele chegou a demonstrar interesse, mas o pai queria um cigano mais jovem para você, digamos que o Ian se manifestou no momento certo.

— Eu não tive a oportunidade e ficar sozinha com o Ian desde aquela noite. Queria conversar com ele, saber como se sente — afirmei. — Ian não é um cara violento e explodiu daquela forma, imagino que deva estar muito mal por conta disso.

— Eu vi tudo, ele entrou no cômodo e avançou no seu Venâncio de soco, por pouco não acontece uma tragédia.

— Aquele homem levou a irmã dele, Soraia. O Ian surtou por conta disso, e é justificável.

— Sim, tanto que a polícia nem levou e consideração aquela explosão.

— Nunca vou conseguir retribuir o bem que ele me fez.

— Surgiram boatos sobre a intimidade que existe entre vocês, mas o pai disse que agora com você desse jeito, não vai falar sobre noivado ou casamento; ao menos por um tempo. Ele está mais preocupado com sua saúde mental.

— A mãe pediu para avisar que o jantar será servido em breve — disse o Crístian quando Soraia atendeu a porta. — Vocês estão bem? Precisam de alguma coisa?

— Estamos bem — Soraia respondeu.

— Apesar das circunstâncias, é bom ter você aqui — Cristian acariciou o rosto de Soraia.

— Estou com saudade — ela o abraçou.

— Eu também, minha linda, darei um jeito de ficar contigo hoje. Se a Nat, não se importar — ele me olhou por sobre os ombros de Soraia.

— O meu silêncio tem um preço — dei de ombros, com um sorriso sapeca.

— Eu pago — ele respondeu sem pestanejar.

— Quero um pote grande de sorvete de morango.

— Só isso? — Cristian sorriu. — Não tenho na fazenda, mas vou pedir que Samuel traga, amanhã seu sorvete estará em suas mãos.

— É brincadeira! — falei aos risos.

— Faço questão de mimar minha cunhadinha — ele abraçou Soraia uma última vez e deixou o quarto.

— Era isso que eu queria — falei manhosa. — Um homem que me olhasse com tanta admiração, que me tratasse com esse carinho e demonstrasse o quanto me ama.

— Ué, Nat, cada um expressa seus sentimentos de um jeito.

— Não, Sô, o Cristian quando olha para você seus olhos brilham, ele automaticamente sorri. Aquela noite não exitou em enfrentar o Alejandro, por pouco não gritou aos quatro cantos do mundo que te amava. Quem dera ter alguém disposto a me dedicar metade disso, eu já seria muito feliz.

— Um certo alguém se embrenhou na mata atrás de um bandido perigoso, te salvou dele e trouxe nos braços.

— Esse certo alguém tem o coração tão bom que faria isso por qualquer uma de nós.

— Também chamaria de minha mulher?

— Será?

— Acho que deveria conversar abertamente com ele, mas só faça isso quando tiver certeza do que sente. Por que é nítido que está balançada por ele.

— Nem sei mais o que eu faço da minha vida.

***

Aquela noite jantamos na mesa com os patrões, o Crístian estava na fazenda, mas o Samuel havia ido para a cidade, estava em semana de provas de fim de semestre e só retornaria no dia seguinte. Seu Geraldo acabou me surpreendendo, pois no dia a dia era sério, sempre focado no trabalho, mantinha uma postura de patrão, mas ali, era um pai de família na intimidade do seu lar, estava descontraído, sorridente, definitivamente, outra pessoa. 

Um homem alto, de cabelos castanhos, olhos claros, de aparência rústica, como a maioria dos fazendeiros que conheci; ele era a imagem e semelhança do pai, Augusto, só que em uma versão mais jovem, e mais séria. Ficamos um pouco na sala, conversando, assistimos vídeos antigos, que foram gravados em dias de festa na fazenda e foi um momento muito marcante. Éramos crianças e adolescentes brincando despreocupados. Ian, Samuel, até Pérola, com seus longos cabelos negros e sorriso largo, estava nas filmagens. Confesso que chorei por várias vezes, um choro de saudade de um tempo bom que jamais voltaria.

— Lá no sul, eu tive contato com famílias não ciganas, mas era diferente. Eles são reservados, pouco interagem, é cada um na sua casa — falei para a Soraia quando retornamos para o quarto. — Não tive a oportunidade de conhecer a fundo sua rotina, e agora estamos aqui. É estranho estar entre eles em sua intimidade.

— Se realmente quer ficar com um gadjô, precisa se acostumar com uma rotina diferente.

— Você não tem medo?

— Eu só quero estar com o homem que amo, Nat. O resto enfrentaremos juntos.

— Está certo, e... o que faremos agora?

— Pensamos em ver um filme de comédia para distrair, o que acha?

— Talvez seja uma boa ideia — falei me sentando na cama. — Queria que Ian estivesse aqui.

— Vigia, cigana!

Crístian esperou o avô e os pais dormirem e veio até nosso quarto com dois potes de pipoca e refrigerante. O clima era tão agradável que consegui relaxar, foi a primeira noite que dormi bem desde aquele pesadelo que sofri há quatro dias. Desde aquela noite não consegui falar com Samuca, era semana de provas e ele sempre ficava na cidade quando acontecia; confesso que senti saudades. Ian, também passou os últimos dois dias fora, mas esse estava ministrando um curso de inseminação em uma fazenda em outra cidade; ele até quis cancelar, mas não encontraram ninguém para substituí-lo.

Acordei antes do sol nascer e vi Soraia abraçada ao Cristian em sua cama, ela dormia tão serena que tive dó de chamar, mas não podia correr o risco de alguém aparecer e ver aquela cena.

— Sô? Soraia, oi? Acorda.

— Ah, caramba, eu dormi — Cristian se levantou apressado.

— Não vão notar que não dormiu no quarto? — perguntei curiosa.

— É ele quem faz a cama assim que levanta — disse Soraia.

— Sério? — perguntei surpresa.

— É o mínimo, sou eu quem dorme nela — Cristian respondeu naturalmente.

— Eles são prendados, Nat, lavam a louça que sujam, guardam as próprias roupas, são muito organizados.

— Hum, que príncipe — eu ri.

— Boba — Cristian sorriu corado. — Dormiu bem?

— Sim, e não tive pesadelos, estava precisando dessa paz.

— Que notícia boa! — Soraia se jogou em minha cama e me abraçou.

— Samuel chega hoje perto da hora do almoço, ele está todo ansioso com a novidade de ter você aqui — disse o Cristian, indo em direção à porta.

— Eu não consegui falar com ele ainda.

— Meu irmão ficou mal, Nat, viu o Ian contigo nos braços, na sua casa enquanto ele não podia se aproximar, deu trabalho consolar — Cristian olhou para Soraia por um instante. — Eu sei bem como ele se sente.

— Eu não queria que sofresse por minha causa — murmurei culpada.

— Samuel é imaturo, coisas da idade, mas é um homem de bem. Ele se espelha muito em mim, está focado em aprender administrar a fazenda e notei que tem se empenhado muito nos últimos dias, até o pai o elogiou.

— Isso me deixa aliviada, tenho medo do futuro.

— Ele pediu para desmembrar a fazenda, disse que quer tocar o próprio negócio, mas sabemos que está fazendo isso por sua causa, não é?

— Eu cheguei a pensar que pudesse estar brincando comigo — assumi, pela primeira vez em voz alta.

— Conversamos bastante nos últimos dias e percebi que ele realmente te ama. O Samuca não tem maturidade para resolver as coisas, tem hora que age por impulso e acaba se perdendo. Mas tenho que admitir, a aproximação de vocês está transformando meu irmão em outro homem. Ele só precisa controlar o ciúme.

— Ele tem ciúmes do Ian, não é?

— Muito, Nat — afirmou. — Eu vou tomar um banho, tenho que trabalhar.

Crístian beijou Soraia, então saiu cuidadosamente para que não percebessem.

— O que eu faço da minha vida, Sô?

— Não tenta pensar em nada agora, aconteceu muita coisa nos últimos dias, e...

— Eu beijei o Ian — Soraia me olhou com espanto. — Foi depois da discussão com a Vívian, não sei o que me deu.

— Ele correspondeu? Bárbara ficou com Ian em uma festa na fazenda há alguns anos e disse que beija muito bem.

— Ele correspondeu e foi muito bom, só que me sinto culpada por fazer isso, eu tenho um compromisso com Samuel. Pode não ser oficial, mas existe e precisa ser respeitado.

— Se não souber o que procura, não fará diferença quando encontrar.

— O Ian é um mistério para mim, e tem aquela prima pegado no meu pé. Garota insuportável.

— A cena do Ian, sem camisa, saindo da mata contigo nos braços, mexeu com a cabeça de umas ciganas que eu sei. Se Vívian for brigar com cada uma que suspira por ele, não fará outra coisa.

— Ela me chamou de devoradora de homens, que raiva!

— Eu soube que o noivo dela não está nada contente com a situação, sei não se não desistirá do compromisso.

— Valha-me, que não desista!

***

Após o café da manhã, Soraia foi para seus afazeres, a patroa estava envolvida com as coisas da casa e eu retornei para o quarto, estava me sentindo deslocada e não queria ficar circulando por ali; apesar de ter total liberdade para isso.

— Oi? — a voz de Samuel fez brotar um sorriso espontâneo em meu rosto. — Posso entrar?

— Claro — me ajeitei na beirada da cama, repousando a mão sobre as pernas.

— Como está se sentindo? — ele se sentou na cama de Soraia a minha frente.

— Melhor, eu consegui dormir; estava precisado.

— Eu posso te dar um abraço?

— Pensei que não queria — sorri ajeitando a postura.

Samuel se ajoelhou a minha frente e me abraçou apertado, então tocou meu rosto com a mão antes de me beijar. Foi um beijo calmo, discreto, mas cheio de carinho, diferente das outras vezes que era atrevido até demais.

— Senti sua falta.

— Eu também — respondi, encostando minha testa a sua.

— Tive tanto medo de te perder, Nat — ele se sentou ao meu lado e acariciou meu rosto.

— Foi terrível, não quero passar por isso nunca mais.

— Ah, minha linda, não vai passar — ele abaixou a cabeça com lágrimas nos olhos.

— Você estava lá.

— Estava — respondeu com um suspiro profundo, antes de me encarar. — Senti tanta raiva de mim, era para, eu, sair daquela mata contigo nos braços. Eu deveria te levar para casa e te cuidar, mas sequer pude me aproximar.

— Tudo bem, eu sei que se pudesse, teria me ajudado.

— Estava conversando com seu pai quando ouvimos barulho de tiros. A princípio pensamos que fosse o pessoal da fazenda vizinha que costuma caçar porco do mato por ali, mas aí Soraia deixou escapar que você havia sumido e que Caio já tinha até chamado a polícia.

— Foi melhor assim, teria virado um banho de sangue se meu pai chegasse primeiro.

— Sim, ficamos desesperados, não sabíamos por onde começar a procurar. Tio Ramires não queria que os demais soubessem que você havia sumido, para não causar tumulto, mas a reação da sua mãe acabou fazendo com que percebessem. Eu senti o chão sumir embaixo de meus pés, Nat. Nunca mais quero passar por uma situação tão desesperadora.

— Ele entrou no meu quarto, eu não sabia o que ia fazer comigo, foi... achei que fosse me violentar, ou...

— Não, por favor, não diga isso nem em brincadeira — Samuel me abraçou apertado. — É frustrante saber que não posso te proteger, sequer posso me aproximar como queria. Ian pode, ele tem o acesso que tanto anseio, e isso acaba comigo.

— Não fica assim, não é culpa sua.

— Eu sei, é frustrante, mas sei. Naquele momento precisei de muita força para não seguir meu desejo de te pegar dos braços dele e te cuidar. Eu tinha que te abraçar, te proteger, mas sabia que naquele momento minhas vontades eram irrelevantes. Assisti aquela cena com o coração em mil pedaços, eu... ah, Nat, naquele momento só importava que você ficasse bem, e ele era a pessoa que tinha permissão para te proteger, então tive que assistir de camarote outro homem chamar a mulher que eu amo de; minha mulher.

— Ele disse aquilo no calor da emoção.

— Não, você sabe que não foi.

— Não briga comigo — pedi aflita.

— Não estou brigando, meu anjo — ele beijou o alto de minha cabeça, então se afastou e voltou a se sentar na cama de Soraia a minha frente. — Eu sei que o Ian é um bom homem e te faria feliz. Não sou hipócrita de dizer o contrário.

— O que quer dizer com isso?

— Aquele anel que coloquei em seu dedo, para minha família, seria motivo de comemoração, mas para a sua, não; ele é o sinal de uma desonra.

— Para mim ele foi uma prova de amor.

— Para mim, é realmente um sinal de que posso sonhar com um futuro ao teu lado.

— Eu não tirei ele, está aqui — apontei o objeto na mão.

— Eu queria te pedir... ah, como é difícil! — Samuel olhou para cima com os olhos cheios de lágrimas. — Queria te pedir que apenas usasse se tivesse certeza de que me ama.

— Você está diferente, não estou gostando dessa conversa.

— Eu quase te perdi e foi a sensação mais ruim que senti na vida. E quando te reencontrei, sequer pude me aproximar, então senti muita raiva de mim por saber que não sou digno de você. Eu agi errado contigo fazendo coisas que não podia, só pensei em mim, mas agora vejo o quanto fui um idiota contigo. Quando vi a comoção de todos ali, me senti um lixo por saber que... ah, Nat, eu não quero que o símbolo de nossa união em sua vida seja o sofrimento por não poder estar perto daqueles que ama.

— Está terminado comigo? — perguntei com lágrimas nos olhos.

— Não, eu estou te deixando livre para decidir ao lado de quem quer ficar.

— Por quê?

— Porque sabemos que uma vez que saia de sua casa, não vai mais poder voltar. Vou te dar espaço para pensar e enquanto isso ajeito minha vida para conseguir seguir em frente, com, ou sem você.

— Não gosto de despedidas, então me diga que não é uma.

— Não é uma despedida, eu sei que está abalada, é até insensível de minha parte ter essa conversa contigo agora. Me desculpa, de verdade, me sinto perdido, preciso tomar um rumo na vida. Desde que iniciei os estudos na cidade tenho feito coisas sem futuro e isso vai mudar. Tem que mudar.

— Como assim?

— A casa que dividimos com os estudantes é um local onde tem festas toda semana, mulheres, é... bem, só mora homens ali e é um chamariz. Cristian, Ian e Alejandro já não ficam mais lá porque se formaram, mas eu continuei, e... continuava, já fazia uns dias que não aparecia por lá, e, me mudei ontem.

— O Ian também fazia coisas erradas?

— Estamos falando de mim, Nat, dos meus erros. É claro que homens solteiros em uma casa cheia de mulheres, bebendo e festando, acaba rolando alguma coisa, mas não quero mais essa vida. Eu encontrei a pessoa que me fez querer mudar e preciso saber se ela está tão na minha quanto.

— Isso significa que eu tenho que te dar uma resposta agora?

— Isso significa que estou me esforçando para te receber em minha vida com todas as honras que posso te oferecer, e que vou te dar um tempo para pensar se quer encarar essa caminhada comigo.

— Nossa, eu... nem sei o que dizer.

— Eu te amo, e te quero comigo, na minha cama, na minha vida, mas preciso saber se me corresponde.

— Samuel? — disse dona Virgínea apontando na porta do quarto, que estava aberta. — Você chegou, filho eu nem vi.

— A sua benção — Samuel cumprimentou sua mãe. — Cheguei há pouco, vim ver como a Nat estava.

— Estava mexendo no porão e encontrei isso — ela nos mostrou uma bengala. — Usei quando fiz cirurgia no pé, acho que será mais fácil se locomover com ela do que com essa muleta. Já está firmando o pé no chão.

— Obrigada — falei pegando o objeto.

— Falei com sua mãe por telefone, ela ficou animada por saber que conseguiu dormir, disse que mais tarde vem te ver — disse ela com um sorriso maternal.

— Eu vou trabalhar — Samuel se levantou. — Mas antes... — ele saiu rapidamente do quarto e voltou com um embrulho de presente em uma sacola. — Sei que não substitui, mas queria te dar essa lembrança.

— O que é? — perguntei com um sorriso, abrindo desajeitadamente aquele embrulho. — Eu não acredito!

Em um impulso abracei o Samuel, que retribuiu, nem me toquei de que sua mãe estava ali. No embrulho havia uma lagartixa de pelúcia do tamanho de um urso normal, com uma bandana na cabeça e uma camiseta escrita, Jubileu. E eu nem cheguei a conversar com ele sobre meu bichinho.

— Soraia me contou que só te encontrou por conta dele.

— Sim, aquele monstro matou meu Jubileu e Soraia percebeu sua presença no quarto quando foi pegar o bichinho no chão.

— Acho que ela gostou do presente — dona Virgínea sorriu indo em direção à porta.

— Eu posso ir lá no escritório? Queria mostrar pro... para meu irmão.

— Pode ir onde quiser, Nat, queremos que fique à vontade.

— Isso mesmo — disse Samuel acompanhando a mãe para fora do quarto, antes de fechar a porta.

— Filho, a Brenda e as meninas vêm aqui mais tarde tomar banho de piscina, pediram para te avisar.

— Elas podem aproveitar o banho, eu vou trabalhar.

O sorriso que se formou em meu rosto ao ouvir aquilo, ele não viu, tampouco fazia ideia do quanto suas palavras mexeram comigo. Eu só queria me sentir amada.

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