Capítulo 19 Crise de ciúmes
Na manhã seguinte fomos até a cidade, eu tinha consulta marcada para tirar o gesso e por orientação do Caio, Soraia foi até a delegacia para conversar com o delegado. Ele a acompanhou juntamente com meu irmão Alejandro, e como minha consulta era no mesmo horário, Ian foi comigo até o hospital, quem saísse primeiro aguardava os demais na sorveteria da avenida já que era tudo ali perto.
— O doutor está em cirurgia, então peço paciência porque vai demorar um pouco — avisou a recepcionista diante das reclamações dos pacientes inquietos
— Sente-se aqui, moça — disse um rapaz se levantando.
— Eu? — perguntei surpresa diante de seu gesto.
— Sim, eu vou dar uma volta, não consigo ficar parado.
Olhei para Ian, que assentiu com a cabeça, então o agradeci e me sentei.
— A tia tá dodói — disse uma garotinha que deveria ter uns quatro anos, não mais do que isso.
— A tia não obedeceu à mamãe e fez dodói no pé — disse Ian, a pequena de cabelos dourados, encaracolados e olhos verdes.
— Nat não obedeceu ao papai e fez dodói na mão — ela levantou a mãozinha engessada. — Não é mamãe?
No banco à minha frente uma moça jovem estava sentada com um bebê recém-nascido em seu colo, ao seu lado um homem impecavelmente arrumado estava em pé segurando as bolsas, logo vi que era seu marido. Ela acenou com um sorriso que retribuí, o homem fez o mesmo gesto.
— Eu também sou Nat, sabia? — sorri para a mocinha de vestido rosa de flores branquinhas.
— Meu nome é Natália — disse ela, exibindo duas covinhas na bochecha.
— O meu é Natacha — respondi, ganhando um olhar de espanto.
— Olha, mamãe, ela se chama Natacha!
— Nome bonito não é filha?
— Colo — ela estendeu suas mãos para mim.
Olhei para Ian, que sorriu, em seguida olhei para os pais da criança, tive medo de sua reação, mas a moça assentiu e o homem não demonstrou reação contrária, então a peguei no colo ganhando um abraço apertado.
— Nat tá dodói — ela me mostrou seu gesso.
— A Nat também — sorri mostrando o meu. — Acho que vamos ter que obedecer ao papai e a mamãe — sussurrei para a mocinha esperta que sorriu com a mão na boca.
Diferente da outra tarde em que estive ali, dessa vez foi tranquilo, algumas pessoas me olhavam desconfiadas, mas isso eu já estava acostumada, o que me surpreendeu foi aquele casal me deixar tão à vontade com sua filha no colo. Eu, uma cigana que não conheciam; poucas foram às vezes que algo do tipo me aconteceu, e quando a pequena foi chamada ainda ganhei um beijo sincero no rosto, que retribuí com muito gosto.
— Você leva jeito com crianças — falei para Ian, que agora se sentou ao meu lado.
— Você também — ele me olhou com um sorriso fofo. — Tenho certeza de que será uma ótima mãe um dia.
— Não tenho tanta certeza — respondi sincera.
— Por quê? — ele perguntou buscando o meu olhar.
— Acho que me perdi pelo caminho.
— Confesso que cheguei a pensar que tivesse se contaminado com as influências da cidade, mas depois entendi que isso não aconteceu.
— Como não? Olhe as confusões em que me meti — gesticulei nervosa a sua frente.
— Suas raízes são fortes, cigana. Você é impulsiva, age sem pensar, mas isso é normal do ser humano. Ter dúvidas, questionar o certo e o errado, não significa que tenha se desviado do caminho.
— Eu queria ser livre, e agora me sinto presa. É estranho, assumo que se estou nessa situação é por minha culpa, mas toda vez que acho que farei a coisa certa, acabo fazendo tudo errado.
— Quando tiver que tomar alguma decisão, se achar que mereço sua confiança, pode me procurar antes. Jamais interferirei em suas escolhas, mas posso te alertar sobre os riscos delas e você decide qual caminho deve tomar.
— Meu guru — sorri tímida. — Obrigado por se importar comigo.
Trocamos olhares por um breve instante, então desviei, o Ian tinha uma forma tão intensa de me encarar que parecia enxergar até as partes mais secretas de minha consciência.
— Então o lance de vocês é sério mesmo?
— Que lance?
Ele apenas olhou para o anel em meu dedo.
— Esquece, Nat — encostou a cabeça na parede olhando para cima. Esse foi um dos momentos que mais desejei o poder de ler pensamentos.
— O seu Augusto vai passar a fazenda para o nome dos netos — comentei. — O Samuel vai pegar a parte dele e desmembrar, aí poderemos ficar juntos sem ter que ir para longe.
— Você tem mesmo certeza do que está fazendo?
— Você não acredita não, é? Não acredita que ele possa me assumir de verdade.
— Eu não tenho que acreditar em nada, você, sim, e aí?
— Você me confunde, Ian.
— Eu? — ele sorriu. — Por quê?
— Sei lá, fico tentando entender o que quer comigo.
— Eu só quero que fique bem.
— Natacha!
Finalmente meu nome foi chamado e fui conduzia a uma sala onde a equipe me aguardava para a remoção do gesso. Ian entrou comigo e se manteve ao meu lado enquanto aquela serrinha barulhenta me libertava daquele pesadelo que tanto me incomodava.
— Preciso de uma depilação urgente, e tomar um pouco de sol — eu ri olhando para minhas pernas, que estavam bem diferentes uma da outra.
— É só aguardar ali no corredor que o doutor já vai te chamar — disse a técnica de enfermagem saindo da sala.
— Cuidado!
Ian deu um passo à frente quando tentei firmar o pé no chão ao descer daquela maca, mas a dor não permitiu, então cambaleei, só não caí porque seus braços foram mais rápidos.
— Ai, droga! — gemi de dor ao tentar firmar o pé novamente.
— Vai demorar um pouco até se acostumar, sua teimosa — disse ele, ainda me segurando pela cintura.
Olhei para cima e encontrei seu rosto me analisando, tão perto, tão lindo, pigarreei me afastando.
— Me ajuda? — perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.
— Claro — ele me ofertou o braço como apoio.
Com bastante dificuldade caminhei até o corredor onde nos sentamos, até tentei firmar o pé, mas a dor não permitiu. Ian disse que se teimasse ia me jogar nas costas, aquele abusado, eu não duvido que faria isso.
— Merda — protestei me ajeitando no banco.
— Boca suja.
— Por que você é tão certinho? — perguntei com uma careta.
— Eu? — ele balançou a cabeça aos risos. — Nunca fui.
— É, sim, você está sempre com essa postura impecável, não sai da linha.
— E o que seria sair da linha, cigana?
Ele molhou os lábios olhando para minha boca, e aquele gesto me causou um calor repentino.
— Para de me seduzir, senhor certinho — eu ri virando o rosto, que deveria estar vermelho.
— Não sei porque você me chama de certinho, é sério. E não, eu não estou te seduzindo.
— Eu não tenho certeza.
— É sério, não estou te seduzindo.
— Não é isso, eu não tenho certeza do que estou fazendo. Não foi isso que me perguntou lá na recepção?
— Por que deixou ele colocar esse anel em seu dedo?
— Eu não consigo dizer não ao Samuel. Ele é tão bom comigo, entende?
— Se está feliz — Ian deu de ombros.
— Está vendo? — falei irritada. — Você aceita tudo, droga!
— Ué, Nat, por que essa irritação agora?
— Você poderia ao menos mostrar que se importa.
— Com um anel em seu dedo?
— Com qualquer coisa, Ian, você é certinho demais, isso me irrita.
— Não estou te entendendo.
— O Samuel pode até não decidir nossa vida, mas ele se arrisca, toma atitudes, mostra que me quer. Você é bonzinho demais, aceita tudo, parece até que está fazendo caridade comigo.
— Eu não preciso colocar um anel sem significado algum em seu dedo para te fazer minha, Natacha. Não preciso te encher de ilusões, eu posso te oferecer uma vida de verdade, sem que para isso tenha que fugir arriscando quebrar a cara.
— Por que sem significado algum, ele me pediu em noivado, sabia?
— Pediu para quem?
— Como para quem, para mim, oras! — franzi o cenho irritada. — O que temos é de verdade, e não vou quebrar a cara.
— Está brava porque ele brinca de ser seu noivo e eu não?
— Estou brava porque ele me mostra que me quer, ele vem até mim, ele...
Engoli em seco quando ele entrelaçou seus dedos em meu cabelo, trazendo meu rosto para poucos centímetros do seu.
— Bota uma coisa na sua cabeça: eu não corro atrás de mulher, e também não preciso usar chantagens para levar nenhuma para a cama. Isso é coisa de moleque.
— Você está brincando comigo? — perguntei com o coração acelerado.
— Jamais faria isso — fechei os olhos quando senti seus dedos roçarem em minha nuca, ainda com meus cabelos presos em sua mão firme. — Você vai ser minha, mas não será por chantagem emocional, virá por sua livre e espontânea vontade, não duvide disso.
Ian me soltou com um sorriso no rosto, e o olhar da enfermeira de queixo caído em pé na porta do consultório, me fez entender que não era só eu que sentia a temperatura esquentar por ali.
— Natacha, o doutor vai te atender no consultório dois — disse ela, encarando descaradamente o peão cigano, que voltou a sua postura impecável como se nada tivesse acontecido.
— Abusado — protestei me levantando.
Fiquei completamente desconcertada depois daquele momento inusitado. Passei pelo médico, que me receitou fisioterapia, medicamento para dor e indicou o uso de muletas até que não sentisse mais dor ao pisar no chão. Ian manteve a mesma postura de sempre, nem parecia aquele homem que abalou minhas estruturas há minutos atrás, e confesso que me surpreendeu. Jamais pensei que fosse agir daquela forma, nos conhecíamos há tantos anos e sempre me tratou como a irmãzinha caçula; quem diria.
***
— E aí, deu certo? — Ian perguntou ao Caio, quando nos aproximamos da mesa onde ele estava sentado com Alejandro e Soraia na sorveteria.
— O depoimento dela ajudou, é uma pena que tenha apagado a conta da rede social há tanto tempo. Tentarei recuperar, pode ser que tenha alguma pista nas conversas, mas será difícil.
— Se eu lembrasse da minha — murmurei ganhando todos os olhares.
— Por que, Nat? — Alejandro perguntou.
— Eu não contei a ninguém, mas também me convidaram para ser modelo naquela época. Se não me engano me mandaram até foto de umas meninas a beira de um rio.
— Por que nunca disse nada? — Alejandro me olhou com um semblante preocupado.
— Nunca tive vontade de ser modelo, elas são altas e magras, e eu não sou nem uma coisa, nem outra. E quando vi a bronca que a Soraia levou por querer fazer as fotos, achei melhor nem comentar.
— As fotos podem ser de meninas traficadas — Caio interveio. — Cara, se for pode ajudar muito.
— Eu não tenho mais acesso à conta, perdi a senha e quando peço para redefinir vai um código no e-mail que também não tenho mais a senha, assim como não tenho o número de celular que usava na época.
— Consigo acessar — afirmou Caio, com convicção.
— Consegue? — minhas sobrancelhas se elevaram.
— Sou hacker, fique tranquila, não ficarei mexendo nas suas conversas.
— Pode mexer, eu não tenho nada a esconder, nem sabia usar; na verdade, até hoje não sei.
— Quando chegarmos na fazenda te passo as informações que preciso — disse confiante, na mesma medida que empolgado. — Cara ela pode ter informações muito úteis.
— Por que queriam tanto uma cigana? — perguntei.
— Garotas virgens valem mais no leilão — Caio respondeu. — E se os investidores pediram uma cigana, vale mais dinheiro ainda.
— Que horror — falei arrepiada, mas foi um arrepio ruim.
— Eu só quero que Pérola volte para casa e esse pesadelo acabe — Soraia murmurou com os olhos cheios de lágrimas.
— Bom dia — Samuel acenou, chegando com William e uma moça.
— Bom dia — respondemos em um uníssono.
— Natacha tirou o gesso — observou. — Está melhor?
— Sim — respondi tentando esboçar um sorriso que não fluiu.
— Essa é Juliana, colega da faculdade — disse ele, mais para mim do que para os outros.
— Quanto tempo, Ian — ela sorriu para o cigano, que a cumprimentou com um aperto de mão. Que ela retribuiu o puxando para um abraço seguido de um beijo no rosto.
— Vou pegar sorvete — falei me levantando.
— Eu te ajudo — Soraia me acompanhou.
— Quem é essa? — perguntei incomodada. — Você viu como abraçou e beijou o Ian?
— Acho que é uma garota que ele pegou em uma festa da faculdade.
— Ele quem? — perguntei com o coração acelerado, eu não sabia o que era pior.
— O Ian.
— Tem certeza?
— Creio que sim, eu me lembro da foto dela no celular dele.
— Foto no celular? — bufei. — Por que ele teria uma foto dela no celular?
— Eram fotos da festa — ela afirmou. — Pelo que soube, eles ficaram nessa festa, que começou ali e terminou na casa dela.
— Na casa dela?
— O Cristian disse que ela mora sozinha, sempre dá festinhas, foi isso.
— Não gostei disso — murmurei lançando um olhar nada amigável para a mesa, onde ela sorria muito à vontade ao lado dos dois.
— Duas bolas de morango e uma de menta — disse Soraia para a atendente. — Com cobertura de morango.
— Para mim, abacaxi, limão e cobertura de morango — acrescentei.
— A garota chegou com Samuel e você ficou com ciúme do Ian, é isso mesmo? — Soraia sorriu, se encostando no balcão.
— Eu não, por que estaria com ciúme do Ian?
— Precisa disfarçar melhor — Soraia soltou uma risada nasal.
— Que disfarçar, você não viu o assanhamento dela? Se fosse uma de nós, já chamariam nossa atenção, mas o homem pode tudo isso é irritante.
— Natacha, admita, está bufando de ciúme do cigano.
— Nunca! — falei com desdém. — Ele é todo certinho, duvido que tenha feito qualquer coisa com ela.
— Não sei porque ela insiste em dizer que sou todo certinho — a voz de Ian me fez estremecer no lugar. — Se fiz algo com ela, com certeza não vou te contar.
— E quem disse que sua vida íntima me interessa? — estreitei os olhos enciumada.
— Você disfarça muito mal — ele sorriu, divertido, antes de voltar sua atenção para a atendente. — Para mim duas bolas de sensação e abacaxi, com cobertura de hortelã.
— Não tenho que disfarçar nada, você é livre para pegar quem quiser — o olhei de cenho franzido, enquanto Soraia pegava nossas taças de sorvete.
— Não sei porque está tão irritada, não é você que diz que sou todo certinho? Se tem tanta certeza, por que exibe essa carranca?
— Ah, Ian, vá se lascar!
Saí atrapalhada com aquela muleta, jamais admitiria o óbvio, eu estava realmente com ciúmes.
— Então você será o meu tutor no estágio, Ian — a jovem sorriu cruzando as pernas compridas e grossas. Ela vestia uma calça jeans, colada, camisa de botão e bota, era alta e tinha o cabelo liso amarrado em um rabo de cavalo. Queria poder dizer que era feia, mas era uma mulher irritantemente bonita. — Pega leve comigo, meu pai me mata se não tirar boas notas.
— Na minha vez ninguém pegou leve, você que se esforce — Ian sorriu de canto.
— Olha só, que carrasco — ela sorriu manhosa. — Terá que me ensinar tudo direitinho, estou em suas mãos.
— Desde quando Ian virou professor? — não me contive e perguntei.
— O Samuel assinou um contrato de parceria da fazenda com a faculdade, inclusive algumas aulas de campo, cursos serão realizadas ali ano que vem — disse Alejandro.
— Como se já não tivessem trabalho suficiente — murmurei mais para mim mesma do que para eles.
— Finalmente vou conhecer a cabana assombrada — disse a moça.
— Que cabana assombrada? — perguntei curiosa.
— A cabana da Ariadne — Samuel respondeu. — As meninas da fazenda disseram que ouviram barulhos estranhos lá, e agora dizem ser assombrada.
— Que desrespeito — revirei os olhos.
Ariadne era uma cigana idosa que sofria de esquizofrenia e em momentos de surto se tornava agressiva, então por muito tempo morou na outra fazenda com seu marido, o cigano Aron, que prestava serviço para os patrões. O casal pertencia ao grupo rom, assim como nós, mas seu clã era nômade, o que dificultava um pouco as coisas devido aos seus problemas de saúde. Por esse motivo, o cigano Aron optou por firmar moradia nas fazendas onde trabalhou até ir para na fazenda do seu Geraldo no Mato Grosso. Até então o que sabíamos era que ela não teve filhos e acabou ficando viúva, então os patrões a trouxeram para o Amazonas e construíram a cabana entre o acampamento e a sede da fazenda, para que Ariadne vivesse isolada, mas, ao mesmo tempo, próxima ao seu povo. Uma escolha feita pela própria cigana em seu momento de lucidez, que viveu ali até pegar uma gripe forte e ser levada ao hospital, de onde não mais retornou. O costume era antigamente de queimar todos os pertences do falecido, que se morasse em carroça ou tsara, também seria queimada, mas com o tempo isso foi mudando, somente os pertences pessoais acabavam sendo queimados, mas no caso de Ariadne tudo ficou do mesmo jeito que ela deixou.
— Os barulhos estranhos são da rapaziada da colônia que usa a casa como motel — afirmou Samuel, já disse que o dia que pegar alguém profanando a cabana estarão encrencados.
— Que absurdo — falei revoltada, pois desde sempre fomos orientados a respeitar a memória da cigana, que nunca fez mal a ninguém.
— Acho melhor irmos — Alejandro se levantou tirando a carteira do bolso.
— Põe na minha conta — Samuel acenou para a moça do caixa. — Na próxima vocês pagam.
— Que tal uma rodada sábado à noite no bar do Zeca? — Juliana sugeriu. — Ian me deve uma revanche na sinuca.
— Não se cansa de perder — Ian sorriu de canto.
— Eu sou um homem comprometido — Alejandro levantou as mãos em sinal de rendição.
— Eu topo! — Caio sorriu animado.
— Eu também — William se manifestou.
— Samuca não têm desculpa, sei que tem prova no sábado a noite — ela passou o braço pelo ombro de Samuel. — E você Ian, vai fugir?
— Pensarei no assunto — ele respondeu se levantando.
— Não esqueça de chamar o Cristian, ele também me deve uma revanche.
Troquei olhares com Soraia, que exibia um sorriso falso.
— Ah, o Cristian não vai, isso eu garanto — ela murmurou indo em direção à caminhonete. Por sorte só eu ouvi, os demais estavam se despedindo da jovem espevitada.
— Eu disse que ela é abusada! — bufei, tentando caminhar com aquelas muletas. Era só o que me faltava, eu com crise de ciúmes do Ian.
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