I
Já era noite na fria New York.
Mesmo sendo tarde ainda era possível perceber a movimentação nas ruas, afinal essa é a cidade que nunca dorme.
Em uma das muitas esquinas da cidade se encontra um garoto. Aparentemente normal, trajando um moletom vermelho, um jeans gasto, um Converse branco. Porém se você olhar de perto conseguirá ver que por baixo do volume da roupa existe um corpo altamente magro e pálido; verá que ele treme de frio e está com olheiras.
Se olhar mais de perto verá as leves marcas avermelhadas no pescoço, da noite passada, e que a maquiagem não conseguiu encobrir.
Se olhar ainda mais perto, perceberá a falta de brilho e a excessiva melancolia nos bonitos olhos âmbar do rapaz.
Seu pé bate repetidamente no chão da calçada. Seus olhos checam o horário na tela destruída do celular a cada dois minutos. Ele estaria comendo as unhas se ainda tivesse alguma. Seus olhos ligeiros estão sempre em movimento, observando as pessoas e carros que passam por ali. A mochila as suas costas parece pesar toneladas, mesmo estando basicamente vazia. A ansiedade o atormenta novamente.
É sempre assim. Todas as noites. Todos os dias.
Em alguns dias ele simplesmente desmaia em um lugar qualquer. Quando seu corpo e mente chega no limite de tanta pressão ele simplesmente para de funcionar, não importa onde, como ou quem esteja. Toda essa merda tem seu preço.
O barulho alto de um motor potente preenche as ruas de NY e faz o coração de Stiles falhar duas batidas. Seu estômago bate em sua garganta implorando para sair.
Um lindo Audi preto passa reto na rua, deixando apenas a poeira para o jovem. Novamente seu estômago retorna para o lugar.
Não era o que ele espera.
Na verdade ele não sabe muito pelo que esperar. No perfil de seu cliente da noite não tinha muitas informações - na verdade nenhum tem informações - o máximo que sabe é o nome de usuário, que é um cara com um peitoral de dar inveja, ao menos nas fotos, e que tem um carrão preto. Então sim, toda vez que algum carrão passar por ali ele ficará nervoso.
O encontro estava marcado para as 9:45PM, naquela esquina específica. Porém já passava das dez e nada dele chegar. O frio só aumenta.
Ele deveria cobrar a mais nessas situações. É, com certeza deveria. Enquanto ele está ali debaixo do sereno e congelando o rabo o cara do peitoral gostoso deve estar em casa acabando de fuder com a esposa antes de sair para uma aventura com um novinho gostoso.
Stiles talvez não se encaixe na categoria gostoso. Esse sem dúvidas não é seu adjetivo. Mas ele tem outras qualidades que compensam.
Tem um rosto bonito. Não tem nenhuma doença. É bem flexível, dócil, sensível e aceita qualquer coisa na cama. A maioria dos clientes releva sua falta de carne com a flexibilidade, afinal não é todo mundo que praticamente se dobra ao meio.
É, ele sabe entreter.
Não é atoa que todos os clientes volta e meia pedem mais um encontro.
Sim. Ele realmente deveria cobrar mais.
Um novo som alto de motor o tirou de seus devaneios. Mais um carro preto. Novamente seu estômago subiu.
É um reflexo. Ele sempre tenta controlar, mas as vezes é demais. O problema é esses perfis onde não tem fotos dos rostos. Aqueles peitorais e tanquinhos podem muito bem ser fakes, e na maioria são. Muitas vezes eram velhos asquerosos de pau mole pagando de jovens. E uma vez dentro daqueles carros ele tinha que ir até o fim. Ele tenta afastar essas memórias, mas sua memória muscular é impossível de ser enganada.
Suas pernas ficam moles quando o carro diminui a velocidade até que para a sua frente.
Ele suspira, repassa toda a sua vida na memória e se abaixa na altura do vidro da janela. Segundos depois o vidro se abaixa revelando o motorista. Por alguns segundos Stiles fica sem palavras, sem reação. Aquele com certeza não era um perfil fake.
— Chapeuzinho Vermelho? — questiona o homem do lindo carro.
Stiles nada responde, ainda impressionado com a beleza do homem a sua frente. Uma parte dele tinha esperança de que aquele aquele peitoral antecedesse um rosto bonito, mas aquilo superou suas expectativas.
Um lindo moreno de olhos verdes brilhantes, barba bem feita e vestido num fino paletó preto lhe encarava com uma carranca de dentro daquele incrível e brilhante Camaro preto.
— Boa noite bebê! — diz uma voz feminina arrastada.
Stiles sai de seus pensamentos e percebe a mulher parada a sua frente, quase entrando no carro pela janela. De onde ela surgiu? Ele se perguntou. Ela usa apenas um vestido que mal cobre a bunda e uma salto que deixa seus pés tortos. Uma vadia de esquina. Vez ou outra ele via uma daquelas pela cidade. Decadente.
— Ninguém te chamou vadia — foi o que o moreno respondeu, quase rosnando, fazendo a mulher recuar imediatamente.
Ela encara o jovem magrelo como se pudesse arrancar sua pele apenas com os olhos e sai dali pisando torto.
— Você é ou não chapeuzinho vermelho? — pergunta à Stiles novamente.
— Lobo mal?
— Entra logo! — rosnou o moreno.
Agora Stiles entende o motivo de ele se chamar lobo mal.
Mesmo tremendo, agora não só de frio, o rapaz entra no carro. Seu coração bate tão forte que ele não se surpreenderia se Lobo Mal dissesse que estava escutando. Pelo visto aquela seria uma longa noite.
Esse está sendo seu dia de sorte, sem dúvidas. Conseguiu um cara bonito, depois de muito tempo pegando apenas os esquisitos, e que era rico aparentemente. Sua chance de cobrar a mais. Sem contar que passaria a noite em um um hotel super chique.
Mesmo tentando pensar positivo as paranóias surgiam. O moreno não deu nem uma palavra depois que ele entrou no carro. O caminho inteiro até o hotel foi em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo ronco do motor e os xingamentos baixos do homem em meio ao trânsito.
Uma das características do jovem Stiles é saber ler as pessoas. Poucos minutos observando e praticando a leitura corporal e ele sabe a personalidade do alvo.
E foi assim que Stiles logo percebeu que aquele lobo era realmente mal.
Em toda a sua trajetória de garoto de programa ele já passou por mais bucados. Vez ou outra pega um doido metido a sadomasoquista e sempre acaba mau. A pior vez de todas lhe rendeu dois dedos da mão quebrados e toda a delegacia rindo de sua cara ao tentar denunciar o agressor.
Em silêncio ele rezava para aquilo não se repetir.
Assim que chegaram no quarto do hotel - uma linda e extensa suíte na cobertura - o lobo mal foi direto para um banho.
Sem saber o que fazer Stiles ficou ali admirando todo o lugar. É a primeira vez que um cliente lhe leva a um lugar tão chique como aquele. Ele era só um garoto de programa afinal, alguém que serve para algumas horas de prazer, ninguém que não tivesse dinheiro aos montes gastaria tanto com alguém como ele.
O jovem esperou alguns minutos e nada do lobo voltar para o quarto. Decidiu tomar a iniciativa e começou a se despir.
O velho tênis já pedia por outro, assim como todas as suas roupas, mas ele sempre tem algo mais importante para fazer com o dinheiro e vai deixando de lado algumas necessidades básicas.
O moletom vermelho, o qual lhe deu a ideia de pseudônimo para o perfil do site , já teve dias melhores, mas mesmo assim ele o dobrou com todo o cuidado e o colocou na pilha com as outras roupas no canto do quarto.
Já nu e controlando o coração ele vai até o banheiro - e que banheiro - e vê o homem parado debaixo da água corrente.
Stiles percebe que ele é tão lindo nu quanto naquela roupa de grife. Uma linda tatuagem de três pontas em aspirais descansa em suas costas. Gotas de água escorre por ela em direção a coluna e a bunda avantajada do homem.
Por um momento stiles sente vontade de correr de volta para o quarto, se enfiar nas roupas e sair correndo dali. É uma humilhação ficar perto de um ser grandioso daquele. Mesmo eles sendo da mesma altura, Stiles se sente uma criança ali. Magro, franzino, de pele pálida e seca, cheio de pintas pelo corpo. É, é melhor dar no pé.
Porém não tem chance. Antes de sair o lobo o avista parado ali. Eles se encaram por um momento. Olho no olho. Stiles se sente ainda mais nu diante daquele olho. O lobo desvia o olhar primeiro, avaliando o corpo do jovem a sua frente. Stiles também se permite olhar e adimirar.
É eufemismo dizer que na frente ele é ainda mais lindo.
As fotos não mentiam, ele realmente tem um peitoral gostoso. É ainda mais lindo ao vivo. Braços fortes também. Pernas grossas. O caminho da felicidade perfeitamente aparado levando direto ao paraíso. Seu pau está semi-ereto, mas já se pode ter uma noção do quão devastador ele deve ser. Stiles sente dó da própria bunda.
— Vem aqui — chamou o moreno. A voz rouca e baixa, cansando um pulsar na região íntima do jovem.
A passos hesitantes Stiles se aproxima do box onde está a montanha a sua espera. Houve uma época em que ele era atirado, não tinha receio ou pudor, sempre investia primeiro e pedia por mais. Depois de quase perder os dedos ele aprendeu a ser mais cauteloso com caras fortes e fechados.
Quando esta perto o suficiente o homem o arrasta pelo braço para debaixo da água, que para sua sorte esta quente. Stiles não se lembra a última vez em que tomou um banho quente.
Sem falar mais nada o homem pega o sabonete e começa a esfregar por seu corpo, lhe banhando. Ele trava. Esse tipo de coisa não é comum pra alguém que está pagando pra lhe foder.
Sem pressa alguma o homem lhe dá banho. Ele pode até jurar que se sente mais leve depois de toda a sujeira que foi tirada de sua pele. Está até mais relaxado.
Porém volta a ficar tenso quando sem aviso o homem penetra os dedos em sua bunda. Depois de todos esses anos sendo passivo Stiles já se acostumou em ser penetrado, mas ainda assim ele enrijeceu quando a manguei do chuveiro foi parar dentro de si. Dizer que é ruim ter um jato d'água dentro de você é um eufemismo. Ele nunca fez daquele jeito.
Uma forte coloração vermelha se espalhou por seu rosto.
O homem percebeu o estado do garoto e lhe beijou para aliviar a tensão. E realmente funcionou. Em poucos segundos só o que Stiles conseguia pensar era na boca gostosa do homem a sua frente.
Alguns minutos depois a mangueira já não estava mais dentro de si e ele suspirou aliviado. Aproveitando o momento ele abaixou-se aos pés do homem e começou a destruir mordidas e lambidas no abdômen definido, descendo até a seu membro já totalmente ereto.
Ele começa devagar, pequenos beijos e sugadas, mas não se aguenta e logo está empurrando toda a extensão goela abaixo.
É muito raro ele encontrar alguém assim, que lhe desperte desejos reais e que não precise fingir prazer.
Antes mesmo do esperado ele sente o moreno se desmanchando dentro de sua boca em um urro feroz, o fluido quente escorrendo pelo canto dos lábios. Stiles trata logo de engolir tudo, aquilo só pode ser expelido mais tarde, quando ninguém estivesse olhando.
O lobo o puxa com certa força do chão, juntando seus corpos, o beijando novamente sem se importar com a boca suja do garoto. O pega no colo e ainda se beijando deixam o banheiro e voltam para o quarto, para a grande cama ali.
No mesmo instante em que é deitado na cama Stiles é invadido pelos dedos grossos do homem. Nem mesmo percebe que o outro veste o preservativo e quando da por sí já é penetrado pelo membro avantajado do outro.
Mesmo totalmente acostumado com esse tipo de invasão, praticando todos os dias, o jovem sente um leve desconforto nas estocadas do moreno. Afinal, ele é bem maior do que qualquer outro que ele já tenha se relacionado.
Seus gemidos porém são reais dessa vez. O homem sabe o que faz. Nessas horas ele até mesmo se esquece que aquilo é um trabalho e se permiti fantasiar que aquele é seu namorado rico e gostoso fazendo amor com ele.
Doce ilusão.
Nem mesmo se deu conta do próprio orgasmo até estar ejaculando no lençol. As carnes trêmulas, o coração acelerado, a cabeça rodando. O moreno ainda continua a estocar em si até gozar novamente com mais um gemido bruto.
O homem sai de dentro de si com um barulho estranho e se deita ao seu lado, retirando o preservativo e o jogando no chão.
Stiles fica sem saber o que fazer. Apenas tenta normalizar a respiração e por os pensamentos em ordem. Aquilo foi intenso. Intenso pra caralho. A muito tempo ele não tinha um orgasmo. Na maioria das vezes ele apenas gozava o líquido branco pelo estímulo da própria mão e não pelo prazer. E agora ele quase apagou de tão forte que o prazer lhe atingiu. Eles nem mesmo trocaram uma dúzia de palavras.
Ele tem é que pagar esse cara ao invés de cobrar a mais.
Ele mal percebe quando o moreno levanta vai até o frigobar e volta com uma garrafa de água lhe oferendo após beber um pouco do conteúdo. Ele aceita de modo involuntário e bebe o líquido refrescante, tentando ignorar o olhar quente do homem sobre si.
— Você é bonito — afirmou o moreno, deixando Stiles sem jeito e excitado novamente.
O homem subiu na cama lentamente, pela frente, e levou a mão as pernas magras de Stiles que estavam espalhadas pelo colchão. As carícias foram subindo junto de beijos molhados até atingir o ventre do garoto. A essa altura ele já se sentia duro novamente.
Qual não foi sua surpresa ao sentir a boca quente do moreno ao redor de seu membro. Ele arfa e agarra os cabelos do homem, forçando para baixo sua cabeça, sentindo ir fundo na garganta quente. É inevitável soltar um longo gemido.
As vezes aparece algum cliente passivo, que lhe paga um boquete meia boca e cavalga em seu colo com gemidos exagerados, mas é muito raramente. Na maioria são ativos sedentos e que se recusam a lhe dar prazer.
Então sim, ele fica muito surpreso e satisfeito quando o lobo lhe toma com a boca. Ele nunca imaginava que um homem como aquele, que exala testosterona pela pele, seria suscetível à tão ato.
Antes que ele tivesse chance de alcançar o ápice novamente o moreno largou seu membro e o virou de costas. Por reflexo ele levantou o quadril, empinando-se para receber o outro.
O lobo o penetra lentamente, centímetro por centímetro, lhe causando uma deliciosa sensação que faz suas pernas perder a força e ele se deitar no colchão quando o outro começa os movimentos.
Regado a beijos e carícias o jovem recebia as investidas do homem e se deleitava na sensação a muito tempo esquecida. O prazer real. Ele não aquentou muito mais tempo, com seu membro sendo esfregado no lençol e seu ponto sensível sendo massageado pelo pau do moreno, ele gozou mais uma vez.
Continuou gemendo e agarrando o lençol até que o homem alcançasse o próprio prazer. Mais uma vez ele ficou jogado na cama, sem força nem para falar.
O silêncio ainda era presente. O lobo mal pelo visto não era muito de falar. Stiles se contentou com a falta de diálogo e aproveitou o momento para se recuperar de todo aquele prazer.
Momentos depois o moreno o levou à mais uma rodada, tão intensa quanto as outras, porém ainda mais devastadora. Logo após terminar ele mal pode mexer as pernas e seu estômago ronca alto pela falta de alimentos.
O homem vai até o banho enquanto ele fica ali se recuperando, passando em sua cabeça todos os detalhes do que acabou de acontecer, tentando memorizar todas as sensações. Sabia que nem tão cedo teria uma noite daquelas.
Ele está quase dormindo quando a voz grossa do lobo o despertou
— Já pode ir.
— Que? — questionou confuso.
— Você já pode ir embora — repetiu o homem.
— Não... eu vou ficar aqui. Você pagou a noite toda — explicou.
O homem encaminhou-se até o lado da cama, trajando apenas a toalha na cintura, e pegou o dinheiro na carteira, jogando a nota no peito nu do jovem deitado na cama. 100 dólares.
— É 200 — arriscou Stiles.
— No anúncio dizia 100.
— Esqueci de arrumar — ele deu de ombros.
Resmungando o homem jogou outra nota para si, o deixando feliz por ter dado certo.
— Agora já pode ir! — reafirmou o lobo.
— Como assim?
— Você tem algum problema? Eu disse pra você ir embora.
— Mas... você pagou pela noite toda.
— Eu sei disso. Mas estou dizendo pra você ir embora. Não vou dormir com você — disse o homem, seco.
O jovem ficou estático, sem saber o que fazer. Ele não tinha pra onde ir, por isso sempre dormia com os clientes.
Bufando ele se levantou da cama e se vestiu apressado. Também não insistiria. Nunca se sabe o que esses tipo de cara pode fazer.
— Aqui! — diz o jovem, estendendo para o homem a nota de dinheiro. Ele já está vestido e do lado de fora do quarto.
— Que isso?
— Seu dinheiro. Você pagou a mais e já que não vou ficar estou te devolvendo. Pegue!
— Não. Faça bom proveito — diz o moreno, fechando a porta em sua cara.
Ele olha da porta para o dinheiro. Sua sorte acaba de lhe dar um chute na bunda. Ele é mesmo um filho da pita azarado. Se xingou por ter criado esperança que passaria a noite naquela cama boa. A calçada era o que o espera agora.
— Que merda!
Contrariado e ansioso ele sai do prédio para a rua fria e vazia da grande cidade. Apenas um lugar pode o acolher bem agora.
Então ele caminha até os becos já tão conhecidos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro