Con†o 8 - A Garota Do Quadro
- Alô, Melissa!?
- Michele... me ajuda... me tira daqui!. - Melissa soluçando e com a voz trêmula ao falar com sua irmã no celular.
- Calma Melissa, me diz o que está acontecendo.
- A casa, têm mais alguém aqui... eu não consigo sair, por favor Melissa, me ajude!. - O tom de voz usado dessa vez era mais baixo, porém, não menos trêmulo.
- Melissa, quem está aí?
- A garota do quadro... ela está aqui, me tira daqui!!! - O desespero do choro agora era mais nítido.
- Olha Melissa, tente se acalmar, estou indo praí agora mesmo.
...
- Melissa... - A ligação cai, Michele tenta ligar de novo mas está fora de área. - E pra piorar o sinal lá é péssimo.
Melissa tem 25 anos, irmã mais nova de Michele, após a recente morte dos pais em um acidente de carro Melissa pensou que um pouco de silêncio e o ar puro da natureza ajudaria a superar o fato, então arrumou uma casa afastada da cidade pra passar uma temporada. Michele estava superando tudo melhor que a irmã, mas não gostava da ideia da irmã se afastar assim, sabia que Melissa não estava preparada pra morar longe de tudo, muito menos agora.
- Carlos, eu sei que está trabalhando, mas eu preciso falar com você. - Depois de algumas tentativas falhas de ligar para a irmã, Michele liga para seu futuro marido.
- Isso mesmo, estou no trabalho, se puder ser breve eu vou ficar muito feliz.
- É a Melissa, é o primeiro dia dela na casa, ela me ligou pedindo ajuda, dizendo que tinha mais alguém na casa.
- Meu Deus, quer que eu vá até lá? vocês já ligaram pra policia? - Carlos pergunta preocupado, pois sabe que além dele a irmã era tudo que Michele tinha.
- Ela disse algo como "a garota do quadro", não se preocupe deve ser apenas uma das crises dela, eu estou indo pra lá agora, em menos de 1 hora eu chego, acho que vou passar essa primeira noite com ela, vou te mandar o endereço por mensagem, pode ir até lá depois do trabalho?
- Claro, vou adiantar o trabalho aqui, assim que sair do trabalho eu já vou direto, cuidado Michele, qualquer coisa me liga...
Michele se preocupava muito com a irmã, assim que soube da ideia de Melissa em ir morar afastada a primeira coisa que pediu foi o novo endereço, o endereço para onde se dirigia, passando com o carro por uma estrada asfaltada rodeada por vegetação e árvores enormes, foram 10 minutos pra sair da cidade e mais 40 pela estrada pouco movimentada, e ali estava a casa, uma casa grande com detalhes rústicos e com várias janelas, todas fechadas, Michele vai até a frente da casa e fica de frente da porta grossa feita de madeira.
- Melissa, eu já cheguei!. - Enquanto batia na porta de madeira.
Sem obter uma resposta, Michele põe a mão na maçaneta e a roda, nisso nota que a porta está destrancada, decide entrar na casa junto com o rangido da porta se abrindo. Michele entra na casa e fecha a porta de novo, ela chama por Melissa em uma pequena sala aconchegante mas tudo muito empoeirado, a sala com cruzes penduradas em algumas das paredes davam ar de que quem vive ou viveu ali era uma pessoa religiosa, em uma das paredes um quadro grande pintado a mão com uma moldura antiga de madeira, a pintura é de uma garota em pé com um vestido preto sorrindo e ao lado dela uma mulher com os olhos fechados, Michele fica intrigada, pois sua irmã ainda não havia aparecido. Michele anda pela casa em busca de Melissa, passa pela cozinha, pelos quartos... vasculha a casa inteira mas nada de achar a irmã, até que em um dos corredores ela vê uma porta aberta com uma escada que desce para o porão, o único lugar onde ainda não tinha procurado por Melissa.
Michelle desce as escadas e sente um cheiro muito forte, acende a lâmpada que balança no meio do porão e se depara com pincéis jogados no chão e telas de pintura encardidas, algumas das telas com pessoas pintadas todas com os olhos fechados, mas o que chama a atenção de Michele é uma cadeira com uma garota com o rosto coberto por seus cabelos negros em um canto quase escuro do porão.
- Melissa?!... - Se aproximando da garota e tocando em seu ombro.
Assim que Michele toca no ombro da garota sente uma forte dor de cabeça, que a faz cambalear de olhos fechados pra trás, quando consegue abrir os olhos nota que o porão já não parece tão velho como antes, assim como as pinturas das pessoas de olhos fechados na tela a garota na cadeira também não estava mais ali, antes de ter alguma reação escuta o barulho de alguém rolando as escadas, ao olhar em direção da escada Michele vê uma garota de vestido preto caída e desmaiada, pensa em ajudá-la mas então ouve passos descendo a mesma escada, Michele apavorada se esconde atrás atrás de uma das telas de pintura em um outro canto do porão, após se esconder vê que os passos são de uma mulher que pega a garota no chão e a coloca na cadeira.
- Pai nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu... - A mulher rezava enquanto amarrava a garota na cadeira que já estava quase em sã consciência.
- Mãe, o que está fazendo? - A garota entra em desespero ao ver que está amarrada na cadeira.
- Pai nosso que estais nos Céus... - A mulher continua rezando o Pai Nosso enquanto pega uma tesoura de jardinagem e caminha em direção da garota.
Enquanto reza a mulher usa a tesoura para cortar os dedos da garota, que grita e chora de dor, a mulher olha pra garota e vê que a garota chora, não lágrimas comuns, mas sim sangue, a garota derramava litros de sangue pelos olhos.
- Os olhos, os pecados vem dos olhos!!! - A mulher diz enquanto ergue a tesoura com precisão em direção dos olhos da garota.
Michele, assustada não aguenta ver toda aquela cena e em posição desconfortável fecha os olhos com força ao som dos gritos da garota. Ainda com os olhos fechados Michele percebe que o choro e todo aquele barulho se encerra, então abre o olho lentamente e novamente o porão volta a ser o que era, velho com cheiro de podre misturado com mofo, as telas de pintura com as pessoas de olhos fechados, a única diferença é que a garota que antes estava na cadeira não está mais lá.
Michele se coloca de pé e vê que a tela de pintura onde ela estava escondida também estava pintada, e pra sua surpresa era a pintura da irmã dela de olhos fechados, em uma tela branca encardida e desgastada pelo tempo. Michele sobe as escadas do porão correndo e vai até a sala principal onde fica a saída da casa, já na sala principal Michele olha novamente para o grande quadro na parede e nota que a garota sorrindo e a mulher com os olhos fechados na pintura são as mesmas que ela viu no porão, ela tenta sair da casa mas foi tudo em vão, a porta estava trancada, não abria de jeito nenhum, a mobília da casa foi usada para tentar quebrar as janelas que estavam fechadas, mas elas se quer arranhavam. Michele não sabia ao certo a quanto tempo já estava lá, desesperada e assustada recorre a sua única chance de sair de lá.
- Carlos... me ajuda, você precisa vir até aqui, por favor vem logo!!! - Suplicou Michele pelo celular, com um choro desconfortante e desesperador.
- Michele?! onde vocês estão? - Preocupado, Carlos pergunta.
- Estou na casa... por favor Carlos, me tira daqui, eu estou com muito medo! - As palavras foram ditas com um choro ainda mais desconfortante que antes.
- Michele, o que está acontecendo, eu já estou dentro da casa e não tem ninguém aqui, onde vocês estão???
...
- Michele... me responde Michele, cadê você???...
...
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