Con†o 12 - O Banquete
— Maria! — os gritos de Joseph ecoavam por toda a casa.
Os Drummond eram uma família invejável para a mídia afora. Sua imagem impecável e sua sede de crescimento instigavam a curiosidade de quem os visse: de onde vinha toda aquela graciosidade? Acenos de mão impecáveis e cumprimentos gloriosos marcavam seu nome como a família mais famigerada de Las Vegas, afinal, a única coisa que saía de Vegas, eram as coisas boas de lá.
— Estou indo, querido — Maria era sua empregada.
Andava para cima e para baixo com uma flanela na mão e seu avental sujo de carne. Era a especiaria da casa, e ninguém ousava reclamar dos pratos que eram preparados.
Como toda família quase perfeita, um mistério os rondava e perseguia para todos os cantos que fossem: seus filhos morriam constantemente e ninguém sabia o porquê. Elizabeth Drummond havia tido sete filhos durante toda a sua vida e somente um deles restou, servindo para que cuidasse da oitava criança que esperava.
— Mamãe precisa da sua ajuda — Joseph, o filho mais velho, alertou a empregada com carinho e ternura.
A mulher logo afirma e corre para salvar sua patroa, que sempre era tão boa e generosa para ela.
Joseph gostava de explorar a imensa mansão onde morava, sempre descobrindo cantos novos que lhe eram convenientes para explorar. Era um aventureiro nato, e o espírito sagaz de seu avô levava o mérito por aquilo.
Sua admiração pelas velharias da casa fazia com que o lugar fosse transformado em um grande relicário, mórbido e assombrado pelos fantasmas de seu passado. Sentia falta de cada um de seus irmãos, e nunca entendia como eles morriam sem nem ficar doentes antes.
Entretanto, o que lhe era oferecido passava por cima de tudo o que sentia. Era bem cuidado e sempre comia nos horários que sua mãe mandava. A moça insistia que ele precisava estar sempre cheio e rechonchudo. A mansão era mesmo o seu lugar favorito no mundo todo.
Até parar na porta do porão, onde nunca fora permitido entrar.
Desde seus treze anos de idade, sua mãe o proibia de adentrar o cômodo, até mesmo o castigando por suas tentativas, e aquilo alimentava a curiosidade crescente dentro dele.
Um cheiro grotesco era inalado, e logo precisou reprimir um resmungo alto. Sua mãe não poderia o ver ali.
— Já disse que não gastarei dinheiro com aqueles miseráveis — a voz de sua mãe é nítida e clara, causando um grande estranhamento — faça o que sempre combinamos e prepare a droga deste banquete de uma vez por todas!
Quando um baque desperta um susto em Joseph, o garoto trata de correr até a cozinha imediatamente, esperando para que Maria aparecesse e o contasse o motivo de toda aquela repercussão.
Enquanto não o fazia, a televisão da sala emitia sons confusos e falhos, estava com problema novamente. Aquilo acontecia sempre que um de seus irmãos morria, e seu coração acelerou de imediato com aquele sinal, talvez enviado dos céus.
Enquanto estava parado de frente a TV a procura de uma solução para aquele problema, passos leves e delicados foram ouvidos por suas costas. Por algum motivo, aquele som tão familiar o causou arrepios, e o ápice de seu dia foi o que estava de frente a ele.
A alma de todos os seus irmãos ensanguentados e apavorados riam de sua cara e apontavam para trás dele, logo o chamando para perto com suas mãos, como um alerta do que estava prestes a acontecer.
Joseph sempre fora o mais corajoso deles, e virou bruscamente para ver uma Maria cheia de remorso e pesar nos olhos, segurando uma grande faca em suas pequenas mãos.
— Me desculpe, querido — sua voz era trêmula e receosa — mas o banquete precisa ser servido neste ano.
Com um grito estridente, a faca de Maria é inserida no estômago de Joseph centenas de vezes, até garantir a falta de oxigênio do garoto.
Naquele dia, o banquete fora servido aos carentes pelo sétimo ano consecutivo, e ninguém imaginava o porquê de Joseph ter morrido da mesma maneira que seus irmãos, nem mesmo de onde os Drummond tiravam tanto dinheiro para a carne do banquete.
Este conto foi escrito pela escritora de terror/suspense dtxvader * - *
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