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Con†o 11 - Nos pés de um monstro

O sol entra pela janela iluminando o quarto e algumas garrafas vazias jogadas no chão. Mais uma vez senti aquele peso sobre mim, me fazendo passar por um quarto menor que estava com a porta aberta.

Logo em seguida já estava descendo degrau por degrau de forma rápida, eram passos firmes e brutos que seguiam em direção a uma porta que com truculência fora aberta, assustando uma pequena garotinha que dormia abraçada a um cão de porte médio sangrando e machucado, um cão que rosnava com ferocidade enquanto a garota era jogada em um canto daquele cômodo fedido.

O cão era surrado por madeiradas e sufocado pela coleira em seu pescoço que o mantinha afastado a cada ataque que dava, me molhando com a baba avermelhada que jorrava de sua boca, foi surrado até o pedaço de madeira se dividir em dois. Os olhos que derramavam tristes lágrimas no rosto da garotinha denunciavam que a tortura continuaria, e assim como já havia acontecido outras vezes, com força me agarrou com uma das mãos, me apertando e me machucando, os movimentos brutos e contínuos de sua mão faziam uma parte de mim chorar por clemência enquanto a outra parte acumulava um ódio que crescia sem limites, depois de toda aquela violência sem ao menos um motivo o dia passou mórbido como de costume.

Com passos falsos e desorientados lá estava eu novamente, no mesmo quarto com algumas garrafas espalhadas pelo chão, o quarto onde eu passava grande parte do tempo olhando para a porta. Em certo momento o quarto foi iluminado pela luz do corredor que entrava pela porta que com um rangido tímido lentamente se abria, revelando um belo e pequeno par de chinelos rosa e ao lado quatro patas com pêlos surrados e molhados de sangue, uma baba viscosa misturada com sangue traçava um caminho pelo quarto por onde as quatros patas seguiam enquanto o pequeno par de chinelos rosa sumiam de visão com o fechamento da porta, e quando as quatros patas também saíram de visão eu pude sentir algo escorrendo da cama e caindo sobre mim, um líquido avermelhado que me banhava ao mesmo tempo que me confortava.

E depois daquela noite eu nunca mais senti o peso daqueles pés sobre mim...

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