CARO DEMAIS E ANSIADO DEMAIS

" Até onde vai pela vaidade?
Está disposta a pagar o preço por uma
beleza passagera para então se perder em anonimato? "

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Vaidade é o vício eterno da sociedade, antiga e moderna. Perdidos em preços impagáveis, para alcança-los. Sem se importar em sujar as mãos. Beber do próprio fel, sufocar as emoções e se não a própria existência. Minha vida daria um longo livro de um amor próprio inexistente, totalmente dependente do que vocês vão achar de mim.

Sob a luz do palco, usando sapatos que me rasgam a carne, enquanto vocês aplaudem o meu sorriso. Pisando em vidros, em cacos da minha existência e da minha essência. As pessoas gostam dos meus ossos expostos, de tanta dieta que me mata aos poucos.

Isso é o que qualquer um pode ver, e se nega no fim. Ignorando o mal que cerca, de olho no que agrada apenas. Ansiando a perfeição inexistente. Um sorriso manipulado, curvas e quase mutações em minha face. A cada geração, um novo padrão.

A cada padrão, uma nova dieta, uma nova cor e um novo corte. Sobrevivendo, enquanto finjo viver. Enquanto você me adora. Dizendo queria ser eu, sem saber como é. Pois se soubesse, a cada passo meu choraria no meu lugar, pois nem se quer isso é permitido, para pessoas feito do mesmo material que eu.

Mas nada muda no fim, os meus sorrisos falsos. A mesma inveja, mesma ganância, a mesma falsidade. Cobras são animais lindos, interessantes, com uma natureza totalmente sua. Aqueles que me cercam, a cada blush, cada pincelada, roupa e sapato. Me envenenam, enquanto me animam, me apunhalam, por prazer, por ganância, por vaidade, por luxúria, por inveja ou por diversão.

Aqueles que vêem, não sabem como foi subir até aqui. Modelo de primeira classe, com a face em cada capa de revista. Quanto sangue derramei e quanto sangue sujou as minhas mãos. Estas mãos que não existe sabão, que tire o sangue e o mal que impregnou.

A guerra não se faz apenas com fuzis. Palavras, jogos, vinganças, drogas, provas, quebra das leis, manipulações, sexo e violência. Tudo atrás das câmeras. Aonde sabemos a verdade e quem é quem. Aonde sua sombra não é uma aliada, aonde se vê só e perdido em passos vãos na madrugada.

Baladas em busca de emoções, uma bebida qualquer para afastar a solidão. Um corpo quente, de quem só vê o status, ao dizer que transou com você. O rosto de cada um, esconde a podridão que se carrega no coração. Ansiando por paz e plantando rancor.

Não sou um anjo, não estou limpa. Surgi da mesma lama pútrida que todos os demais. Venho apenas dizer, que beleza não é sinônimo de bondade, mas não digo que a feiúra também seja.

Cada um carrega seu julgar, sua versão e o peso do pecado que irá levar, por toda uma vida ou depois que se libertar. Colhendo o que plantou, trazendo junto todas as pragas que não quis ou não evitou.

Casamentos carregados de traições, você quer ser eu? Então durma com o diretor. Quer chegar aonde cheguei? Derrube todas que tenham mais potencial. Mate sonhos de anjos inocentes. Dê drogas para quem nunca experimentou, derrube antes que te derrubem. Pois não existe um caminho certo ou bom. O mundo é dos espertos e os espertos não tem escrúpulos.

Na vida os bons, são encontrados em valas, quebrados ou mortos na tentativa de ser o herói de alguém. Eu sou a prova, e em cinco segundos subirei no palco pela última vez. Pois o único inimigo que não posso me livrar, ganhou de mim e ganhará de todos vocês. O tempo.

Velha demais para ficar aonde lutei tanto para chegar. A próxima estela virá para tomar o meu lugar, enquanto meu rosto e todo meu esforço será esquecido, sem se quer ser lembrado. Nem ao menos o meu sorriso será mencionado, mesmo enquanto sofria para da-lo.

Aos próximos que virão, da nova geração. Sou o reflexo do passado, mas também o prelúdio do seu futuro. Usando meu baton vermelho sangue e o meu salto, que já não me rasga a carne, que se acostumou a ser mutilada.

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