003#Angelo
ABSORTA EM AMOR PELO MEU ANJO
" Até onde iria pelo seu amor?
Você seria capaz de morrer por ele?”
Ela viu alguém que nunca pode esquecer, parecia ter asas e não ter voz, mas se era um anjo, não podia afirmar. Sem nunca o esquecer,
teve uma ideia para reencontra-lo.
– Seja aqui nesta vida ou depois,
será que o destino me permitiria
voltar a vê-lo?
Aquele que num singelo gesto,
me roubou o coração.
Não tenho nada, mais nada. Ninguém. Quem vai se importar com alguém como eu? Já fui a loira de parar o trânsito, já fui o amor que você nunca vai esquecer. A pessoa que muitos ofereceram o mundo, mas eu jamais não poderia acreditar em nenhuma vã promessa que iria me acorrentar a pessoas que no fundo apenas desejavam me possuir como um objeto. Era vivendo pelo que acreditava que cheguei até aqui... Mas de quê me adiantou tudo isso, se aquele que mais anseio não posso ter?
Diante de mim, vejo um trilho... Um que já estive antes... O mesmo, mas que faria desta vez um outro caminho. Talvez para o encontro do meu amado ou apenas para a morte.
Pode parecer estranho, mas quem perdi não foi um namorado. Foi apenas o homem mais importante do mundo para mim. Um que não compartilho nada. Nem sequer a emoção do nosso encontro... ele já não se lembrava tão pouco de quem sou, tenha certeza.
Tenho teorias não concluídas, mas são tantas! Por diversos motivos, contudo, prefiro acreditar na mais romântica.
Sou uma enfermeira, daquelas que os caras gostam de passar a mão. Uma daquelas que as vezes, aparece uma e outra numa proposta súbita de casamento após curar os teus ferimentos.
Fui adotada quando criança... junto com muitos outros, por um casal que não podiam ter filhos de biológicos. Dados meus dezoito anos, não queria mais ocupar o lugar de uma criança que ansiava um pouco de amor. Por este motivo os deixei apenas um sorriso triste e um adeus marejado.
Isso já fazem alguns anos e um dia quando nada dera certo, pensei em me mudar, estava pronta para partir novamente. Em uma outra viagem...
Sentada no banco, esperando o trem. Um trem que me levaria para bem longe dalí, em um lugar desconhecido, pois preferia assim. Sem ninguém, pois era nisso que se resumia a minha confiança nas pessoas. As propostas de pacientes novamente causaram problemas para mim... E eu não podia acreditar neste falso amor.
Estava sentada alí, no meio da neve, vi alguém caindo. Um homem de preto, mas algo estranho aconteceu alí. Algo invisível, mas que parecia vir dele. Fora a marca do homem desmaiado, invisíveis, mas bem formadas pela neve grandes asas, elas estavam presentes alí. Como ajudar? Rezar? Ambulância? Poderia tratar-lo como um outro ser humano normal? Não tinha muito comigo, algum dinheiro e um lanche qualquer. Porém, lhe fiz os primeiros socorros. Lhe dei água e lhe dei o que comer visto que era fraqueza.
O homem frágil, comia esfomeado, mas ainda era dotado de uma surreal beleza. Cabelos negros e olhos verdes, pele clara, até mesmo pálida. Após comer, apesar de não ser muito o que tinha para lhe dar, ele me olhou extremamente grato. Observei que tentou falar, mas as palavras não chegavam até mim. Talvez seja aquilo que dizem, não somos merecedores de ouvir as vozes dos anjos. Afinal, eles são puros e nós pecadores. Principalmente eu.
Ele como se escutasse os meus pensamentos, sorriu terno. Pegou a minha mão de levou ao peito. Neste momento a apertou suavemente e fechou os olhos, num agradecimento sincero e silencioso. Toda dor que eu continha em meu peito, parecia ter vindo de um único momento. Lágrimas me vieram a face, com minhas dores sendo drenadas a cada lágrima.
Meu coração ficou mais leve, após libertar daquelas velhas dores aprisionadas. Lágrimas quentes que enfim faziam de mim, um ser diferente. O ajudei, mas no final quem tem que lhe agradecer sou eu.
Ele quando abriu os olhos encontrou o seu olhar com o meu, grata e com um sorriso em face, embora ainda com a mesma molhada pelo pranto que derramei. Sutilmente se aproximou de mim e com casto beijo em minha testa, posso escutar em minha mente " Quero que sorria, sorria verdadeiramente para mim?" meu coração estremeceu.
Uma onda de felicidade imensa me atingiu fazendo com que levasse a minha mão aos lábios escondendo o enorme sorriso, delicadamente ele segurou as minhas mãos a tirando do caminho. Pisquei emocionada vendo o seu doce sorriso se formar também, mas entre estas piscadas subitamente ele já não estava mais lá.
Sem marcas da sua presença, como se nunca tivesse estado lá. Talvez fosse o meu anjo da guarda num ato desesperado de me salvar.
Peguei a minha bolsa, mudei meus planos. Resolvi por aqui ficar, escuto piadas, provocações e cantadas. A vida não é fácil, ainda mais que depois que o conheci, meu coração, nunca mais, bateu da mesma maneira por qualquer outra pessoa.
Namorados? Aqueles que me lembravam ele, amores na sua sombra. Fim eminente.
Seus olhos verdes, me lembravam do verde das folhas na primavera. Seus cabelos negros brilhantes, o céu estrelado no inverno. O seu sorriso terno de gratidão, um pôr do sol límpido e caloroso do verão.
Certo dia, li em algum lugar de fonte desconhecida. Anjos da guarda, são anjos que nos acompanham nascendo conosco, cuidando de nós, amando nos em silêncio, para no fim da vida, nos levar ao julgamento e se merecedor for, ao paraíso.
Se era ou não merecedora do paraíso, isso já não me importava tão pouco. Queria vê-lo se não mais um vez, para ter certeza que não foi apenas um sonho.
Agora, voltando ao nosso presente... Cá estou, na linha do trem, não muito distante de onde vi. O trem não está longe, vejo sua luz nesta noite escura em meio a neve se aproximando. Se não viesse, ao menos não teria arrependimentos. Fiz cada escolha por que quis, rejeitei cada amor, em busca de um sonho bom. Fui egoísta e antes de vir aqui, dei meu jeito de me despedir das únicas pessoas que sentiriam a minha falta ou lamentariam a minha morte. Assim como uma carta de demissão.
Estava pronta para me jogar e em uma fração de segundos, ELE estava aqui, com o rosto todo úmido de lágrimas. Um anjo que gostava de chorar, suponho que a vida dele ao me acompanhar, não tenha sido tão feliz assim... Ao menos sei que não foi um sonho e abro os braços, com a luz do trem bem atrás dele.
Sua boca exclamava um "Não!" que eu não consigo escutar e com seus passos apressados, cambaleante pela dor que o consumia claramente, enquanto eu não poderia estar mais feliz. Ele conseguiu enfim me alcançar e abraçar, porém quando deu-me o beijo tão desejado. Mal o senti, foi neste momento que o trem conseguiu frear enfim... Impedindo de ter se não um pouco mais do meu anjo para mim.
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