Capítulo 28
Patch
Levei ela para um lugar que todos deveriam visitar pelo menos uma vez na vida,Santorini na Grécia. É lindo. É a primeira coisa que Ully diz ao pôr os olhos no lugar.
- Porque sempre vamos a Grécia? Esse lugar tem alguma coisa,não é?
Suspiro com o que irei dizer a seguir.
- Vou te contar por que sempre viemos parar aqui e porque você tem uma parte de mim em você.
Ela me olha surpresa. Nós nunca conseguimos descobrir como meu poder foi parar dentro dela e como isso não a matou como poderia ter feito com qualquer outro mortal. Sei porque.
- Você provavelmente vai esquecer de tudo isso,o que acho até melhor. Talvez não seja uma coisa da qual você queira lembrar.
Ela fecha os olhos e não diz nada,olha em seu relógio preto e para o horizonte azul.
- É tão irônico que chega a me dar vontade de rir. Sempre quis saber porque compartilhavamos dessa ligação e agora que terei a oportunidade de saber,esquecerei. - ela abre um sorriso forçado.
- Eu vou entender se você não quiser ouvir. - digo a abraçando por trás.
- Por favor,Patch. Não tire a verdade de mim,é claro que quero saber.
- Tudo bem. Quanto tempo temos agora?
- Menos de meia hora,comece.
Fico em relutância se devo lhe dizer ou não mas decido que sim,é a história dela afinal. A nossa história,ela merecia saber.
- Nós nos conhecemos antes,a alguns meses antes de você tentar suicídio na verdade. Eu sempre tive um instinto de te proteger a qualquer custo. Sempre ficava te observando do céu,eu mesmo não entendia o porque. Só sabia que o seu sofrimento me fazia sofrer também. Acontece que descobri que não estava na posse de todas as minhas lembranças,Faille me contou que nós dois já nos conhecíamos antes e que eu não lembrava disso. Nenhum de nós dois. Esta com medo de perguntar a meu Pai sobre isso porque podia por Faille em um perdido desnecessário. Quando Utuniel caiu,eu pedi a Deus que me contasse a verdade sobre nós dois e ele me revelou. - faço uma pausa e ela me incentiva com os olhinhos ardentes de curiosidades. - Bem - dou continuidade - Lembra quando eu te disse que anjos e mortais não podem ficar juntos porque isso levaria a geração de Nephilins na terra?
- Como poderia esquecer?
- Então...nós dois...nós ficamos juntos. - Observo suas bochechas adquirirem um tom tão rosado que chegava a ser engraçado.
- Ficamos,tipo...
- Sim,nós dormimos juntos Ully. - esclareço.
- Ah. - é tudo o que ela diz,olhando para o chão.
- Me desculpe,eu não deveria ter contato desse jeito. Só pensei que você deveria saber.
Ela faz que não com a cabeça e me encara.
- Não estou chateada,só desapontada de que eu não me lembre de uma coisa que quero tanto e já tive. - Agora quem fica sem saber o que dizer sou eu e preciso por a mente no lugar para saber prosseguir a conversa. - Então - ela limpa a garganta - foi por isso?
- Não,foi por causa do nosso filho. - ela arregala os olhos. - Você ficou grávida e nós dois sabíamos que se a criança nascesse,seria uma guerra infinita pois os Nephilins já estavam extintos e deveria permanecer assim. Não conseguiríamos simplesmente tira-lo de você então íamos fugir para protegê - lo. Mas aí nós acabamos cruzando com um bando de mestiços pelo caminho e...
- Eu o perdi. - ela compreende pondo a mão sobre a boca. - Eu ia ter um bebê,e eu o perdi. Não pode ser...
- Eu também não consegui acreditar mas foi o que aconteceu. Acreditamos que uma parte dele ficou ai dentro,a graça dele. Então você não tem uma parte de mim,tem uma parte de nós.
Ully cai de joelhos no chão,chorando e eu me ajoelho com ela e a envolvo em meus braços. Acaricio seus cabelos.
- Eu sinto muito,Ully. Eu sinto tanto...
- Parece...- soluço - que a vida sempre conspira para nós ver separados. Perdemos um filho,perdemos nossas lembranças,perdemos nossas famílias. Porque? Porque não podemos simplesmente ficar juntos sem impedimentos? Porque tem que ser dessa maneira,Patch? É melhor que seja dessa maneira. Melhor que nós separemos e nunca mais preocupemos um ao outro. Só vamos conseguir machucar um ao outro com esse amor que nunca poderá acontecer. Isso dói tanto,Patch...faz parar! - ela diz pondo a mão sobre o coração mostrando o quanto estava doendo. Saber que perdi um filho,vou triste,horrível e desesperador e agora vendo que perderei a mulher que amo para sempre...não sei o que me dói mais,ve-la chorando por um filho que não pode ter ou ve-la sofrendo e saber que não estaria assim se não tivéssemos nenhuma ligação.
- Tem razão,Ully. Só machucamos um ao outro mas isso nunca vai me impedir de te amar. As circunstâncias dizem que não podemos ficar juntos mas em meio ao mundo que vivemos até mesmo as circunstâncias podem ser mudadas.
Ully me olha com os olhos vermelhos pelo choro.
- Eu também te amo,sempre mas as vezes o amor não é o bastante.
- Não diga isso! - a repreendo e seguro em seu queixo trtrazendo sua boca de encontro a minha. Seus lábios macios e quentes surram nos meus,me trazendo paz.
- Mesmo que não se lembre de mim amanhã,você também não lembrava de mim da última vez. Você acha mesmo que não poderá se apaixonar por mim de novo? Como agora. Por mais que tentemos sempre vamos nos reencontrar.
- Tenho certeza que... - ela fecha os olhos e os abre de um modo diferente. Olha para as nossas mãos unidas e as puxa de volta. - Quem é você?!
Admito que sabia que doeria mas não imaginei que fosse tanto assim. Um minuto atrás estávamos chorando a perda de um filho e agora ela nem lembra qual é o meu nome. Conte tudo a ela,conte tudo de novo. Até ela se lembrar de quem você é. Queria tanto escutar a essa voz,essa voz que me diz para beija-lá,pega-la nos braços e apenas ama-la. Mas ela tinha feito uma escolha e meu dever era respeita-la.
- Ninguém.
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