Capítulo 19
Patch
Aproveitei os dias que estávamos na Rússia para treinar ainda mais Ully. Quanto mais ela souber se defender,mais chances terá de sobrevivência. Ela tem se mostrado muito forte nesses dias,mesmo sofrendo com a perda da família. Tinha que dar um jeito para ela poder voltar para eles logo. Não aguento ver ela tão para baixo desse jeito,apesar de ela estar tentando não demostrar isso para mim. Eu posso ver em seus olhos. Hoje seria o dia em que eu lhe daria sua primeira arma angelical. A adaga dos anjos,forjada no céu e abençoada pelo próprio Deus.
- Com essa arma,você poderá matar os mestiços. Basta enfiar bem no coração. Vou te ensinar a como usar isso. Você tem que usar tudo ao seu favor,desde o tamanho até a força do oponente...
Enquanto Ully fica cada dia mais forte e decidida a me ajudar no que precisar,palavras dela. Faille veio nos fazer uma visita. Ully corre para abraça-la,já havia um tempo que estavamos na Rússià, é a primeira vez que Faille vem nos visitar. Assim que as duas acabam de conversar,chamo Faille para perto.
- Algo está me preocupando muito,Faille. Na casa de Ully,tinha um mestiço escondido em seu quarto. Como você já sabe. - Ela assente. - Mas fiquei entrigado,não consegui sentir o cheiro de enxofre dele até que ele se revelasse. Tem alguma coisa acontecendo,Faille. Eu posso sentir. Alguma coisa grande. Nós temos que ficar em alerta. Avise todos.
- Claro,Patch. Vou fazer isso. Me diga,como está tudo por aqui? Eu e Candriel temos sentido muito a sua falta. Quando você vai voltar? Já tem um tempo que está longe e tudo parece estar calmo.
Faço que não com a cabeça.
- Nada está calmo. Amanhã mesmo eu vou atrás de Bertran,tenho que conseguir tirar a informação de quem é esse demônio maior que ficamos sabendo. Ele parece ser muito traiçoeiro,Faille. Preciso ser inteligente no que eu fizer a seguir. Tenho que proteger Ully e sua família.
Faille põe a mão em meus ombros.
- Irmão,eu nunca entendi esse seu amor por essa mortal. Mas acho que estou começando a compreender. Esse tempo que tenho passado com os humanos na casa de Ully,está sendo muito instrutivo. Os humanos sabem ser muito cruéis mas também sabem ser muito bons. Vale apena proteger alguns.
Eu concordo.
- Você tem me ajudado muito,irmã. Nunca vou me esquecer disso. - Damos um abraço para matar as saudades e sorrimos um para o outro. - Fico feliz que esteja recuperada. Te ver daquele jeito não foi fácil.
- Não seja dramático! Estava apenas tirando um cochilo merecido!
Sorrio dela,sempre conseguia encontrar algo bom no meio de tanta desgraça.
Faille continuou nos visitando como podia. E eu saia todos os dias para procurar informações de Bertran. Finalmente um dos mestiços abriu a boca e me contou onde ele estava. Sabia que Ully não ia gostar de eu ter decidido ir sozinho. Mas precisava agir com cautela no momento. Iria atrás de Bertran,conseguiria as informações e sairia daquela cidade o mais rápido possível.
Ele estava em uma caverna,uma toca. Muito apropriado para o que ele é. Entrei de fininho na caverna,sem poder ser visto por ninguém. Aproveitei para ouvir o que ele e um outro mestiço discutiam. Cheguei um pouco mais perto para ouvir melhor.
- O que está dizendo,Bertran? Não podemos ficar de braços cruzados enquanto um poder dessa magnitude anda por está terra,nos ameaçando. Precisamos tirar todos os obstáculos se quisermos vencer essa guerra. O arcanjo e a garota são necessários para o que o nosso senhor planejou. Mandei você traze-los e até nisso consegue ser incompetente!
- Eu estou procurando. Mas é como preocupar uma agulha no palheiro. E mesmo que os encontremos,os dois são muitos fortes,anjos. Não vai ser fácil traze-los até você.
- Como você vai fazer isso não me importa,Bertran. Apenas faça seu trabalho e traga-os,ou prefere deixar de lado nosso acordo?
-N...Não! Lógico que não. Vou captura-los.
Ele faz uma reverência e se retira,o sigo e espero ele estar em um lugar adequado para mim atacar. Logo está na minha mira e como um gavião sobrevoando sobre ele,o pego pelos braços e pouso em um local seguro. Onde possa conseguir as informações que preciso. O prendo na cadeira e tiro a adaga da cintura.
- Me dê algo que preste,Bertran e eu poupo sua vida.
Ele cai na gargalhada.
- Do que adianta cravar essa espada no meu petio? Sabe que eu sempre dou um jeito de voltar.
Ouvimos barulhos de asas. Ully entra com suas grandes asas brancas e olha ao redor.
- É aqui para onde leva seus prisioneiros?
- O que está fazendo aqui? Pensei que tivesse dito...
- Que eu deveria ficar em casa como uma moça indefesa? Não,obrigada. Prefiro muito mais estar aqui te ajudando a tirar informações. - reviro os olhos.
-Podem fazer o que quiserem comigo,eu não vou dizer uma palavra contra o meu senhor.
- Não preciso que diga. - começo. - Quero apenas que me diga quem é ele. Você me perseguindo já estou acostumado e sei o motivo mas quem é esse que me persegue e nem põe o rosto?
- Alguém que nos entende. E quer mais que tudo que você pague pelo que fez.
- O que eu fiz...?
Estava confuso,afinal o que eu havia feito de tão grave para esse mestiços me perseguirem tanto. Anos me perseguindo e nem sequer sei como é seu rosto. Mas logo saberei.
O mestiço cai na gargalhada
- Do que está rindo?
- Você não se lembra mesmo? Mas isso é ótimo! Assim podemos encontrar o que procuramos mais facilmente. Meu senhor gostará de saber disso.
Uma raiva me sobe a cabeça.
- Bem,você não vai viver o bastante para espalhar a boa notícia. - Com um só movimento enfio minha adaga em seu peito. E o vejo desvanescer em cinzas para o buraco de onde saiu. Ully vem até mim ainda com sua lâmina em mãos.
- Ele se foi? Aconteceu como lá em casa mas você não estava com uma dessas. - aponta para a lâmina. - Então como aquele mestiço morreu? Tem algo de muito estranho em tudo que está havendo,Patch. Precisamos descobrir antes que seja tarde. Nós dois corremos perigo,temos que pensar em algo.
Eu seguro suas mãos e assinto. Encaro seus dedos apertando forte a adaga.
- Não disse que você é corajosa? Como me encontrou?
- Não é só você que consegue sentir quando estou em perigo.
Abro um sorriso.
- Ah,precisamos ir. Eles podem vir procurar por ele,agora que descobri onde se escondem,posso voltar aqui mais vezes e obter mais informações antes de decidir pega-los. Quero muito saber o que diabos está havendo aqui.
- Eu também.
Nos próximos dias Ully e eu ficamos indo até o esconderijo e ouvíamos o possível. Ficaram agitados com a demora de Bertran a voltar mas ainda estavam esperando,não achavam que tinha morrido,apenas que estava demorando porque ainda tentava nos capturar. Depois de três dias escondidos finalmente ouvimos algo que podíamos usar.
- Maléc não ficará nada feliz com isso. O senhor o manda fazer um trabalho simples e nem isso o imprestável faz! Devemos ir e fazer por ele. Aqueles dois não servirão mais para Malec depois do fim do prazo.
Todos os mestiços concordam em sincronia e eu pego a mão de Ully para irmos embora dali.
- Quem é esse Maléc?
- Eu não sei mas ele com certeza é quem nos quer mortos. Não consigo entender. Os mestiços sempre arrumaram todas as confusões e badernas.
- O que está dizendo?
- Eles estão mais organizados,concentrados. Se Maléc é quem os está controlando,preciso chegar até ele. Bem rápido,antes que a situação se agrave. Utuniel,Faille,Candriel.
Logo os três estavam em minha frente.
- Irmão. - Comprimentam os três em sincronia.
- Já sei quem está por trás do ataque a Faille.
Faille da um passo a frente.
- Quem é o desgraçado?
- Maléc. Esse foi o nome que ouvi dos mestiços. - Os três arregalam os olhos.
- Impossível! Maléc está morto a anos,você mesmo o...
- Candriel! Controle-se. Já suspeitava que os mestiços estavam conseguindo passagem de vinda do inferno e agora está confirmado. Se Maléc está entre eles precisamos agir de pressa.
- Quem é ele,irmão?
- Ele era um anjo,um arcanjo que caiu por causa de sua desobediência a Deus. Como sabemos,quando um anjo cai suas asas são arrancadas e seus dons também.
- Sim,eu sei. Então como ele está trazendo os mestiços de volta? Assim como poderemos controlar suas ações aqui na terra?
- Não sei. Não sei de onde ele está tirando poder para isso.
Todos olham para o chão em silêncio.
- Não vamos ficar tristes,pelo menos agora sabemos quem está fazendo isso. Vamos resolver isso logo. - diz Ully convicta e todos concordam com ela.
- Utuniel,tem um minuto?
- Claro.
Vou até ele e abaixo o tom de voz.
- Utuniel,eu preciso saber o que aconteceu comigo e com Ully. Sei que é você que tem o dom de esconder ou devolver lembranças,por favor irmão. Devolva-me as minhas.
Utuniel põe as mãos em meus ombros.
- Eu gostaria de poder mas não posso fazer isso sem autorização,você sabe. Gostaria de ajudar mas você terá que descobrir sozinho. Sinto muito.
Assinto e aperto sua mão.
- Tudo bem,eu entendo.
Ully
Não estava com medo por esse tal de Maléc,mesmo sabendo que era ele quem estava por trás de tudo. Sentia medo apenas por minha família,pois os anjos não podiam morrer,portanto estávamos seguros. Bem,eles estavam seguros.
- Conseguiu uma lâmina angelical? Ela combina com você. - elogia Faille me pegando de surpresa.
- Obrigada. Patch está me ensinando a usa-la.
Ela assente e olha para a adaga.
- Posso ver?
Entrego a ela e observo seus olhos passarem por toda a extensão da faca transparente.
- É muito bonita. Nunca perca isso em batalha. Apesar de só funcionar nas mãos de um anjo para matar os mestiços. Essas lâminas são as únicas coisas que podem ser usadas contra nós. Não nos matam. Mas fazem feridas que demoram a cicatrizar. Isso é tempo o suficiente para ser captura-da.
- Obrigata pela dica,Faille. Vou me lembrar dela.
- Eu queria...Me desculpar com você,Ully. Fui muito fria naquele dia em que eu falei que Patch não poderia mais voltar. Eu estava apenas querendo proteger ele mas eu vejo agora que eu errei em te machucar daquela maneira. Me perdoe.
A encaro surpresa. Eu não guardava nenhum tipo de mágoa dela daquele dia.
- Não se preocupe,você apenas estava fazendo o que achava certo para proteger um irmão. Eu entendo isso. Não sinto raiva de você por aquele dia,eu só senti raiva de mim mesma por te-lo posto naquela situação.
- Não tinha sido sua culpa. Me desculpe de novo.
Eu faço que sim e a puxo para um abraço. O que foi um tremendo erro. Sinto suas mãos apertarem minhas asas por cima da blusa. Ela se afasta.
- O que é isso?!
- N...Não é nada. - devo ter machucado em alguma pedra no caminho.
- Deixe-me ver.
Me afasto uns passos.
- Estou bem.
- Ully,você está com asas?! Como você... - Por instinto ponho a mão em sua boca e olho ao redor. Ela já havia descoberto,não tinha como voltar atrás.
- Sim. Estou. Ela começou a crescer a um tempo atrás,também achei estranho mas já me acostumei com elas.
- Estranho?! Isso é impossível,Ully! Nenhum nephlim tem asas!
Peço a ela que fale baixo.
- Não pode contar aos outros. Isso só pioraria minha situação. Por favor.
Ela começa a pensar.
- Você tem razão,isso só serviria para agitar ainda mais os anjos. Não direi nada mas assim que as coisas com Maléc forem resolvidas,devemos contar.
- Sim,tudo bem. Obrigada por compreender.
Ela começa a rir e eu pergunto qual é a graça.
- Você é tão diferente dos mortais que conheci. Tem algo...distinto em você,Ully.
- Tem. Eu tenho asas,dons e um ex arcanjo me perseguindo. Diria que sou mesmo distinta.
Nós duas começamos a rir. Faille estava se mostrando uma pessoa muito chegada a mim. Era bom ter alguém para conversar. Só de pensar em conversas,me lembro de Ebie.
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