24. Jungkook, não vá
As cortinas ainda estavam fechadas, mas, os pequenos filetes de luz ainda passavam pelas cortinas grossas do quarto. De toda maneira, não me senti incomodada, já que meu corpo estava sendo feito de sanduíche por Yoongi e Jungkook.
Jungkook estava dormindo tão profundamente, que sua cara estava completamente afundada no travesseiro fofinho. Me perguntei, como ele conseguia dormir daquela forma e não ficar sem ar. Mas, acabei rindo ao saber que nem ele teria as respostas.
Não consegui dormir. Pela primeira vez, em toda minha vida, não consegui dormir. Assim como não consegui parar os pensamentos em minha cabeça e o medo que eu sentia em meu peito. Junto com aquela sensação incômoda de que algo poderia acontecer a qualquer momento; mas, que eu tampouco sabia o que era.
Yoongi por outro lado, estava perdido entre os lençóis. O corpo grande sendo protegido pelos cobertores grandes e frescos. Uma de suas pernas estava sobre as minhas, assim como a perna de Jungkook.
O que literalmente me fazia um sanduíche e revelava que eu era pequenina demais, no meio de dois homens grandes e feitos.
Resfoleguei baixinho, passando as duas mãos sobre meu rosto e com calma, me virei de frente para Yoongi. Encarando-o e vendo soltar o ar pela boca calmamente, enquanto dormia em um sono aparentemente leve. Os olhos pequenos bem fechadinhos e as bochechas avermelhadas por estarem apertadas nos travesseiros. Os cabelos em um tom escuro, completamente desgrenhados.
Levei os meus dedos até seus cabelos, mexendo neles com paciência, arrumando-os ou pelo menos tentando arrumá-los. Ao ver que não teria êxito, abaixei minha mão e sorri fraco. Por causa do sono leve, Yoongi abriu os olhos aos poucos.
Piscando algumas vezes e logo percebendo que eu estava acordada, velando seu sono e mexendo em seus cabelos. Um sorriso breve estampou seus lábios. Mas, ele não se mexeu, continuou a mesma maneira, observando-me da mesma forma que eu fazia consigo.
Aos poucos ele se aproximou mais de mim, e com um movimento casto e simples, beijou os meus lábios. Um selar de lábios meigo e gentil.
Pisquei algumas vezes, respirando profundamente, tentando acalmar meu coração desesperado. Não obtendo o êxito necessário, mas, ao menos fingindo que tive.
— Bom dia, Yoonie. — Indaguei baixo, bocejando algumas vezes. Me encolhendo logo em seguida.
— Bom dia, Nayeong. — Sua voz soou rouca em meus ouvidos, por ter acabado de acordar. Devagar, Yoongi se espreguiçou e passou as mãos sobre o rosto. — Vou ir preparar o café, daqui a pouco Jungkook acorda.
Acenei devagar, com um sorriso preguiçoso.
— Acho que ele vai ir mais tarde para o trabalho, já que tá dormindo tão pesado. — Nós dois sorrimos e apenas continuamos debaixo do cobertor quentinho.
— Talvez. O mais tarde dele é alguns segundos. — Riu, e devagar Yoongi se inclinou e beijou-me a bochecha.
— Minha sorte é que trabalho somente de segunda a sexta. Ontem foi sexta, tô bem agradecida.
— Mal começou e já quer parar. — Franziu a sobrancelha, rindo do meu pequeno alívio.
— Não é isso. Bobo! Falo apenas da carga horária. — Dei de ombros, dando uma breve risadinha baixa, para que não acordasse Jungkook.
— Ah, claro. — Revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente, com um sorriso ladino.
Antes de se levantar, Yoongi se aproximou e me puxou levemente pela nuca, beijando meus lábios mais uma vez. Porém, desta única vez, ele encaixou sua boca na minha, iniciando um beijo calmo e sem pressa.
Meu corpo antes tenso, relaxou. Segurei em sua camiseta, puxando-o mais para perto. Suas mãos me envolveram e com a brecha, ele me puxou para seus braços, sem cortar o beijo.
Fiquei perdida dentro daquela sensação gostosa, que desceu pelo meu corpo inteiro.
Ao finalizar, Yoongi sorriu novamente. Olhando em meus olhos e depositando o último dos últimos beijos, em minha testa. Levantando-se da cama logo depois.
Me aprumei melhor e me virei para Jungkook, abraçando-o pela cintura e me aninhei nele. Quando seu corpo sentiu minha presença, ele me abraçou e me protegeu com seus braços grandões.
E quietinha dentro deles, eu consegui dormir.
*
— Como assim ele te beijou?
Do outro lado, Jimin arregalava os olhos. Talvez, ele tenha se empolgado demais, já que disse muito alto.
— Ele não me beijou a primeira vez, Jimin. Fui que beijei ele.
Jimin arregalou ainda mais os olhos, chocado com a informação. Mas, de alguma forma, analisando toda a sua reação, ele já sabia.
— Então, quer dizer que teve mais vezes? — Confirmei, com um sorrisinho ladino.
Me ajeitei na cama, cobrindo meus ombros com a manta por causa do frio que de repente abateu todo meu corpo. Pisquei algumas vezes, respirando fundo e focando apenas em Jimin.
— Sim, mas, algo me diz que você já sabia disso.
Uma risadinha sem graça escapou por ele, logo que o mesmo coçou a nuca, indicando perfeitamente que ele já sabia sobre e estava apenas fingindo. E fingindo muito mal.
Eu ri, vendo as bochechas dele completamente avermelhadas. Totalmente cúmplice.
— Quem te contou?
— Quem você acha? — Jimin cruzou os braços, com um sorriso de lado.
— Eu.
Revirei os meus olhos, tendo total certeza de que eu já tinha um pé atrás quanto a ele. Não me foi uma surpresa ao olhar para trás e ver Jungkook ali, me encarando com um sorrisinho ainda mais cúmplice que o de Jimin.
— Por que eu não estou surpresa, em Jungkook? — O vi sorrir e olhar os dedos, colocando-os na frente. Juntando o dedo indicador, com o outro dedo indicador, com um sorrisinho simplista nos lábios bonitos.
Tanto eu, quanto Jimin rimos da maneira que ele se encontrava.
— São ossos do ofício. Eu tinha que contar para o meu melhor amigo, que vai contar para meu outro melhor amigo. Faz parte compartilhar segredinhos. — Jimin riu do outro lado. Eu revirei os olhos, observando seu sorriso idiota pela tela do notebook.
— Faz parte compartilhar os babados com os amigos, Nayeong. Sem contar que o bichinho tava todo sorridente, só faltava saltar. — Eu ri, vendo Jungkook se aproximar e se sentar do meu lado.
— Pare de me expor assim, bostão. — Jungkook apontou, as bochechas enchendo — pelo ar preso na boca — e ficando vermelhas.
— Você já se expõe sozinho, coelhinho. Sejamos francos.
Eu gargalhei, colocando a minha mão sobre a boca, negando levemente com a cabeça.
— Jimin, quando você vai parar de me zoar?
Jungkook realmente pareceu ofendido. Mas, eu acabei rindo ainda mais, já que a conversa dos dois parecia uma pauta importante a ser travada.
— Você sabe que eu jamais vou deixar de zoar você. É algo que não tem nem como ser questionado por você, coração.
— Eu sei que você nunca vai deixar de me zoar, mas.. — Jungkook colocou a mão sobre a boca, rindo abafado. — Coração? Meu Deus. A cada dia, você se supera com os apelidos. — Jungkook afundou o rosto nas mãos, ficando com cara de tédio. Enquanto eu simplesmente me acabava em risadas, tal qual, eles foram contagiados e riram juntos.
— Vocês são muito bestas.
Jimin riu, afirmando com total certeza que sim.
— Mas, não mudaremos de assunto.. — Limpou a garganta, sorrindo. Aquele sorriso que tanto eu quanto Jungkook, sabíamos o que significava. — Conte mais detalhes!
— Eu não vou falar com o Jungoo aqui. — Olhei os meus dedos, sentindo as minhas bochechas quentes.
— Choi Nayeong, você ficou de amasso com o rabugento, do lado do coelho e simplesmente diz que não vai contar os detalhes? Poupe a gente!
— Eu achei que ele estava dormindo, Jimin! — Os meus olhos se arregalaram e Jungkook acabou caindo na risada junto a Jimin e eu revirei os meus olhos. Apoiando meu queixo em cima das minhas mãos, suspirando.
— Vai amor, conta vai. — Levei meu olhar até Jungkook, que sorria abertamente, os olhinhos ficando até pequenos pelo tamanho do sorriso.
Com as minhas bochechas quentes, eu resolvi encarar meus dedos, para aliviar a vergonha.
— Foi depois que levamos Jungoo para o quarto. Fomos para o sofá, e ficamos conversando, o clima ficou pesado e para piorar a situação, o casal do filme tava se beijando como se fossem se comer. — Dei de ombros, mordendo meus lábios, olhando para Jungkook.
Seus olhos brilhavam mais que duas belas estrelas. Eu me senti perdida. Completamente corada.
— Vai, Nana! Termina de contar!
Jimin gritou do outro lado, as bochechas vermelhas e os olhos brilhando, em ansiedade.
— Ele foi estourar mais pipocas e eu fiquei na sala me recuperando do que aconteceu. Quando eu vi, já estava caminhando em direção a cozinha. Claro que eu ainda considerei desistir, mas, o chamei e quando ele se virou eu lhe dei um beijinho. — Eu ri, ao que Jimin fez uma careta e Jungkook apenas me observava, todo atento, desejando saber mais. — Só que ele me puxou pela nuca e me beijou mesmo, mesmo.
— É isso que a gente gosta, galera!
— Vocês se beijaram e de quebra, quem ficou duro foi eu. — Um bico se formou nos lábios de Jungkook e eu arregalei meus olhos. Ouvindo Jimin rir feito uma hiena.
— Perdão, Googie. — Jungkook riu e beijou minhas bochechas, me puxando para seus braços. O abracei pela cintura, aconchegando minha cabeça em seu peito.
— De jeito algum eu me senti incomodado meu bem, sabe que eu até prefiro que vocês repitam sabe? — Franziu as sobrancelhas, sorrindo sugestivo ao me encarar. Eu ri, batendo em seu peito levemente.
— Não tô pronto para servir de vela não, casal. — Olhamos para Jimin, que revirava os olhos. — Tô querendo saber desse rolo ainda de você e Yoongi se pegarem do lado de Jungkook, tão inovando em.
— Jimin, pelo amor de Deus. Para de me deixar envergonhada! — Escondi meu rosto no peito de Jungkook, ouvindo os dois rirem.
— Meu coração, se tratando desses dois, vergonha é até pouco. Faz parte da família, vai passar vergonha igual. — Eu sorri, mandando um beijinho para Jimin que sorriu abertamente para mim.
— Ele faz coisa pior conosco, amor. Isso é só o começo da sua vergonha. — Jungkook me alertou e eu suspirei. Tratando-se de Jimin, vergonha é até pouco.
— Vou fingir que vocês não estão caluniando minha pessoa e vou sorrir. — Ele de fato sorriu. — Mas, deixa eu perguntar uma coisa..
— Mais uma? — Jungkook disse, rindo novamente. — Você sempre pergunta, nem precisa pedir.
— Que milagre é esse do lobão tá em casa? — Me aninhei ainda mais em Jungkook, vendo sua pose relaxar ao me sentir mais aninhada nele.
— Tá vendo, googie.. até Jimin tá vendo que é milagre. — Comentei e vi ele sorrir todo adorável.
— Amanhã, pela manhã, eu vou viajar Jimin. — Jimin apenas abriu a boca em um perfeito 'o'. Eu suspirei, não gostava da ideia de ficar longe de Jungkook. — Tenho reunião com os assessores da sede de Busan. Há problemas que somente eu posso resolver.
— Vai ir sozinho? — Vi a preocupação tomar forma na expressão de Jimin. Jungkook ficou tenso, e eu instintivamente, o abracei mais forte.
— É como eu disse, Minnie. Há coisas que somente eu posso resolver. Ou então, a sede de Busan vai cair e eu não terei como fazer nada. Medidas drásticas precisam ser tomadas.
Jimin confirmou levemente. Eu me refugiei nos braços de Jungkook, me sentindo ainda mais mole do que antes. Respirei fundo, fungando seu cheiro de chocolate. Ronronando baixinho.
— Vai ficar quanto tempo lá?
— Três ou duas semanas. Dependendo do tempo que precisar para a decisão final.
Jimin respirou fundo, afirmando devagar com a cabeça. A sede de Busan parecia ser um tópico sensível, mas, não consegui prestar a atenção.
— A conversa está muito boa, mas, eu preciso ir, bebês. — Sorri pela nomenclatura e Jungkook riu nasalado. — Até depois, Jungoo e Nana.
— Até, Minnie. — Dissemos juntos e Jimin desligou.
Aos poucos eu me virei para Jungkook, encarando seus olhos, que começaram a ficar vermelhos.
Senti minhas bochechas esquentarem e a vontade súbita de chorar. Fora meu corpo que ficava cada vez mais leve e mole. Eu sabia bem o porquê eu estava daquela maneira.
Mas, tampouco consegui especificar para Jungkook, já que comecei a chorar sem medida. Me aninhando ainda mais nele e me escondendo dentro dos seus braços.
Todo protetor, ele me apertou em seus braços. Puxando-me para seu colo, me ajeitando nas suas pernas me escondendo do que quer que fosse.
— Jungkookie, não vai..
Ele respirou fundo, beijando meus cabelos.
— Eu sinto muito amor, mas, eu preciso ir.
— Não me deixa aqui não, eu preciso que você fique. Por favor, Jungkookie.
Senti seu corpo tencionar. Eu sabia que ele desejava ficar, mas, também compreendia que tinha obrigações e precisava realizá-las.
Mas, eu não consegui parar de chorar. Sequer consegui parar de tremer.
— Olhe para mim, gatinha.
Pediu, e eu prontamente levantei minha cabeça, encarando seus olhos bonitos e cabisbaixos.
— Você sabe que tudo que eu mais queria era ficar aqui, com vocês, sempre. Mas, eu não posso e minhas obrigações não permitem isso. Eu queria muito ficar aqui, com você, mas eu não posso amor.
— Não quero ficar sozinha, Googie.
— Não vai ficar sozinha amor. Você tem o Yoonie com você. — Ele sorriu, e eu funguei, soluçando ainda mais. Voltando a o abraçar com força. — Ele vai cuidar tão bem de você quanto eu cuido, e eu sei que você vai cuidar bem dele.
— Vou sim.
Disse baixo, fungando cada vez mais e sentindo cada vez mais vontade de chorar.
— Eu sei que vai. Por isso tirei o dia para ficar com vocês dois hoje. Porque sei que posso demorar a voltar. Mas, tenho certeza que esses dias vão passar correndo e logo eu estarei de volta para vocês dois.
Eu ri, confirmando devagar com a cabeça. Descansando minha cabeça em seu ombro, beijando-o por cima da camiseta.
— Vou contar nos dedinhos até você voltar.
— Pode até me ligar amor. — Virei minha cabeça em sua direção, sorrindo tão forte, que quase não consegui enxergá-lo.
— Vou ligar todos os dias. Porque sei que todos os dias eu vou sentir saudades.
O ouvi rir alto, e me abraçar ainda mais forte.
— Assim como eu vou sentir todos os dias saudades de vocês.
— Tá bom. Então, vou até avisar o Yoonie depois.
Depois de acenar positivamente, Jungkook se deitou e eu me aninhei em cima dele, com a cabeça em seu pescoço, sentindo seu cheirinho gostoso.
E daquela maneira, acabamos tirando um cochilo.
*
MIN YOONGI
— Você vai ligar quando chegar lá?
Aos poucos o vi se afastar da mala e me encarar. Estava sorrindo, todo adorável, como sempre fazia ao viajar. Todos sabemos que Jungkook não é grande adepto do telefone celular, principalmente para enviar notícias sobre seu paradeiro.
— Não sei o que dizer quanto a isso, hyung. Mas, tentarei dar noticias a vocês. — Com toda paciência do mundo, ele fechou a mala.
— Poderia ao menos ir amanhã pela manhã. — Meu bico chateado não adiantou de nada, já que o vi suspirar. Me encarar e encarar Nayeong, que dormia agarrada ao travesseiro dele em nossa cama.
Não compreendia os motivos dela estar ali, mas, dado ao notebook sobre a mesa de canto e ao lembrar das risadas. Provavelmente ela e Jungkook poderiam ter ficado conversando.
Mas, de toda forma, acabei suspirando.
— Eu odeio dar tchau, sabe disso. Me sinto mal, e dar tchau para vocês amanhã, vai doer hyung. Principalmente porque não sei quando vou voltar. — Não consegui dizer mais nada, me sentei na cama, observando sua postura e a maneira com qual fechou o casaco.
— Mas, você odeia sair de noite, Jungkook.
— Eu preciso ir hyung, sabe disso. Quanto mais cedo eu chegar, mais rápido posso resolver tudo e voltar para vocês dois. — Se abaixou em minha frente, com um sorriso terno e descansou as mãos nos meus joelhos.
Não consegui esboçar nenhum tipo de sorriso, já que a exaustão em meu corpo simplesmente me impediu de tal feito. Apenas um leve aceno de cabeça eu lhe dei, tendo em vista seu sorriso simples.
— Tente ligar, por favor. Odeio ficar sem notícias, odeio e sabe disso.
Novamente com um bico em meus lábios, o ouvi rir. Se inclinar e beijar minha testa em paciência. Com as mãos grandes em minhas bochechas, beijou os meus lábios da maneira mais doce do mundo.
— Vou tentar amor. E por favor, cuidem um do outro, que eu irei me cuidar de lá. Ok?
Acenei, rindo baixinho.
— Vou cuidar da gata, não se preocupe. — O vi me encarar com um sorriso e beijar meus lábios e logo minha testa. Mas, não tive tempo para lhe questionar já que ele se levantou e aproximou-se de Nayeong, depositando um beijo leve em sua testa; tomando cuidado para que ela não acordasse.
Ela se mexeu na cama, por causa do cheiro dele e logo abriu os olhos. Jungkook suspirou e eu passei as mãos sobre meu rosto.
— Você já vai, Googie?
A voz saiu baixa e sonolenta. Jungkook colocou as mãos nas bochechas dela, acenando devagar com a cabeça, sem dizer muita coisa.
— Fica aqui vai, você pode ir amanhã pela manhã. Não vai assim, é perigoso.
— Eu sei, bebê. Mas, eu preciso ir. Eu tomarei todos os cuidados possíveis e não vou correr no trânsito. — Novamente beijou a testa de Nayeong, que fungou baixinho. Ela iria chorar. — Meu bem, não chore.
— Tô começando a achar que você não gosta mais da gente.
Vi Jungkook arregalar os olhos discretamente. Pela maneira que ficou e a forma como reagiu, surpresa era o que havia lhe invadido naquele momento. Assim como eu também fiquei, mas, eu tinha ciência de que Nayeong não falava aquilo do coração, assim como Jungkook.
— Não fale isso. Eu amo vocês dois, em hipótese alguma deixaria de amá-los.
— Eu só, é que..— Então se calou, soluçando fraquinho.
Realmente está acontecendo algo com Nayeong, e tanto eu quanto Jungkook estamos percebendo isso. Já que ele me lança um olhar de desespero.
Aos poucos me levanto e subo na cama, indo em direção aos dois e me sento do lado de Nayeong. Que me encara com os dois olhões arregalados e cheios de lágrimas.
— Desculpa, Googie. Eu não queria, desculpa.
Jungkook respirou fundo, sorrindo e negando. Beijando novamente tanto a minha testa quanto a dela.
— Tudo que faço é por vocês. Sei que está abalada por algo, compreendo que não falaria algo assim do coração. Está tudo bem.
Com sorriso, vi Nayeong se acalmar, mas não parar de chorar. Já que as lágrimas caíram pelas suas bochechas. Ela apenas acenou e se deitou novamente.
— Vai voltar rápido né?
— Completamente rápido. — Sorriu e logo se afastou. — Voltem a dormir. Não precisa me levar até a porta, estão cansados.
— Se cuide, coelhinho. — Me ajeitei ao lado de Nayeong, e respirei fundo, mordendo as minhas bochechas internamente.
— Não esqueça de se alimentar e se hidratar, gatinho. — Nayeong disse e Jungkook riu, acenando para nós dois depois de pegar a mala.
— Se cuidem e cuidem um do outro. Amo vocês. — Ao dizer, mandou um beijo ao ar e simplesmente saiu. Apagando as luzes do quarto e fechando a porta.
Ouvimos seus passos pelo corredor, até que ele descesse as escadas. Dado por fim, ouvindo a batida da porta principal. Depois disso, o barulho do motor do carro fora ouvido e seguido disto, nada mais.
Nayeong se aproximou de mim, se aconchegando em meus braços. Ao que soluços escapavam com força de si. A abracei fortemente, repousando minha cabeça em seu ombro e fechei os meus olhos.
Ele iria se cuidar, assim como faríamos. Mas, assim como ele, eu e Nayeong odiamos dar tchau.
— Não chore, Nayeong. Logo ele vai voltar.
Tentei, de todas as maneiras, acalmá-la. Mas, parecia que a cada segundo, seus soluços se tornavam ainda mais altos e mais dolorosos. Nayeong parecia quebrar aos poucos e ela me abraçou com mais força.
Senti meu lobo sufocar, e por puro instinto, apertei-a ainda mais em meus braços.
— Ele poderia ter ido amanhã, Yoonie. É perigoso, ele só..— Nayeong tossiu, engasgando-se com as palavras. — Eu não sei o que tá acontecendo, mas, eu sei que eu preciso dele aqui.
— Eu sei que precisa. Eu também preciso. — Me afastei um pouco, para tentar enxergá-la, mesmo com todo o breu no quarto. E dado a luz azul refletida em seus olhos, eu sabia que as minhas orbes estavam completamente azuladas.
— Yoonie, eu não consigo parar de chorar. Desculpa.
Neguei totalmente fraco. Já sem forças para sequer questionar algo ou proibi-la. Talvez, apenas talvez, eu quisesse chorar junto a ela. Mas, a aproximei de mim novamente.
Abraçando-a com força e beijando seus cabelos. Pacientemente ajeitei os cobertores em cima de nós dois e voltei a abraçá-la. Sentindo-a se aninhar em mim como um filhote. Aos soluços Nayeong ficou, porém, devagar seu choro ia cessando.
Assim como ela se entregou ao sono, eu me permiti dormir.
Continua no próximo capítulo.
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