14. Você é o meu amor
Eu senti meu corpo ser retirado do chão com toda calma do mundo. Provavelmente a pessoa que estava fazendo isso, não desejava me acordar. Mas, de toda forma, eu já estava desperta, porém, um tanto quanto sonolenta.
O rosto de Jungkook estava calmo, aparentava estar bem cansado, mas ainda sim, calmo. Eu sorri, suspirando baixinho e abraçando seu tronco ainda nu. A quentura de seu peito me fez ronronar baixo. Sentir seu calor me acalmava, assim como me fazia esquecer das cenas que presenciei a horas atrás.
Ao me colocar na cama, ele retirou os meus sapatos e as peças mais grossas de roupa que me impediriam de dormir tranquilamente. E ao cobrir meu corpo calmamente com o lençol, se deitou ao meu lado, em silêncio, observando-me dormir como sempre fazia todas as noites antes de voltar para o quarto dele.
— Você fica ainda mais bonito sem a parte de cima da roupa. — Comentei baixinho, um tanto quanto rouco. Mas, o suficiente alto para que ele ouvisse. Pude notar seus olhos se arregalarem pela surpresa de me ver acordada e logo o seu sorriso bonito.
— Então, quer dizer que você não estava dormindo?
Neguei e ele riu, beijando minhas bochechas com todo carinho do mundo.
— Eu havia saído. Fui a casa dos pais de Jaemin, já que ele voltou hoje para fazer uma visita. — Sorri ao contar-lhe, e seu sorriso era o mesmo ao compartilhar de minha animação. — Foi tão divertido!
— Só não chegue tão tarde. Essas ruas são bem perigosas. — Aproximou-se de mim, me puxando mais para perto e beijando a minha testa levemente. Começando um cafuné calmo em meus cabelos. Tão terno, que acabei por sentir sua paz. Paz esta, que compartilho um pouco, por alguns segundos.
Mas, apesar de gostar do carinho, eu suspirei.
— Jungkook? — Chamei-o e apenas recebi um "hum", como resposta. — Por que você nunca toca no assunto sexo quando estamos juntos?
Seu corpo travou e ele tossiu descompassado. Me trazendo uma leve nostalgia, de um momento parecido pelo qual vivemos. Eu ri. E logo, Jungkook se afastou o suficiente para observar o meu rosto, mas, sem retirar os braços de meu entorno. Não consegui descrever sua expressão, mas, ela parecia um tanto quanto perdida.
— Não acho que agora seja o momento para que eu diga isso. — Suas bochechas aos poucos tomaram a coloração vermelha. Eu suspirei. Ainda o encarando, mas ao perceber que eu não desistiria, ele suspirou. — Mas, é meio óbvio que você não irá desistir não é?
— Eu ouvi os gemidos. — Sua expressão pareceu ainda mais confusa, então percebi que deveria dizer. Mesmo que não quisesse passar a impressão errada, eu deveria dizer. — Não só ouvi seus gemidos, como vi você enquanto transava com Yoongi. E talvez, apenas talvez, isso tenha me feito pensar.
Ao piscar algumas vezes, ele confirmou suavemente. Porém, mais parecia que ele estava tentando não surtar, porém, ao fim ele me deu um sorriso adorável. Os olhos calmos, mas, às bochechas ainda bem coradas. Como se ele tivesse envergonhado de ter sido pego em meio ao ato.
Coloquei minhas mãos curtas contra seu peito, acariciando a pele macia. Eu suspirei, esperando por uma resposta. Mas, assim como eu, ele não sabia o que dizer. Sexo ainda é um ponto muito sensível entre nós dois, e eu não consigo entender os motivos.
— É por que eu sou mais nova? Porque se for isso, você é idiota. — Parecendo sair do transe, ele me encarou com a face ainda mais confusa pelas minhas indagações apressadas. Rindo ao fim de minha indagação final. — Se você não quiser sexo pelos simples motivos de que eu tenho vinte anos, e você vinte e três, trate de não olhar na minha cara. — Ao respirar fundo, prossegui — Afinal de contas, o que eu sou para você? Sou apenas alguém que você teve um imprinting, e que seu lobo sente a necessidade de proteger. Ou você me vê como uma filha, irmã mais nova. Não sei. Qualquer coisa, menos como mulher.
— Nayeong, não é bem assim. Não faça essas suposições. — Negou levemente para minhas palavras, ao que me soltou calmamente, sentando-se na cama. Eu fiz o mesmo, ficando de frente para si.
— Então, como é Jungkook? — Mordi os meus lábios, ansiosa por alguma resposta.
— Sua idade não é um problema, Nayeong. — Ele riu. — Você tem vinte anos, não faz sentido ser a sua idade. Claro que não. — Logo ele suspirou, encarando os meus olhos com toda ternura do mundo.
Eu me mantive em silêncio, esperando-o completar.
— Não vejo você como irmã ou filha, não faz sentido. Eu beijo você na boca! Meu Deus, não! — Ao pensar, ele suspirou, passando as mãos sobre o rosto. Tentando se manter calmo sobre os próprios sentimentos, assim como eu estava fazendo. — Eu sequer consigo explicar à você, sem deixar isso cair aos seus ouvidos com outra interpretação.
Nós dois suspiramos. Eu passei as mãos sobre meu rosto, encarando seus olhos. Exalando paciência e cansaço, mas, ainda sim determinação em desejar dizer tais palavras.
Eu gostaria de entender seus motivos, mesmo que para mim eles fossem tão invisíveis quanto qualquer outra coisa. Já que em meu caso, as coisas são totalmente diferentes. Porém, o meu suspiro seguido dizia muita coisa.
— Me explique, alfa. — Parecendo surpreso por tê-lo chamado por alfa, Jungkook confirmou. Os ombros caídos e os dentes mordendo os lábios pequenos.
— Nosso relacionamento começou já com pequenas regras estipuladas. — Indagou, encarando os meus olhos. — Eu era seu professor e você minha aluna, e não poderia passar disso. Toda uma pressão fora criada em nossas costas. Mesmo que nossas idades, naquele ano, não fossem grande coisa, ainda sim, era prejudicial para nós dois.
— Entendo, Jungkook. — Confirmei para cada palavra sua. Ao me recordar de suas palavras para mim na carta que me deixou, antes do contato entre nós ser nulo.
— Naquele meio, eu era seu mestre e deveria ensinar você. Vê-la como alguém que eu deveria educar, por assim dizer. Isso te colocou em um âmbito abaixo de mim. Mesmo que para todos os outros professores eu ainda fosse muito novo, para mim, você era muito nova e continuaria sendo. E não importava o que eu fizesse, continuaria do jeito que estava sendo. — Suspirou, parecendo tentar encontrar as palavras mais certas para me explicar. — Eu precisava ver você assim, Nayeong. Só o fato de meu lobo ter tido imprinting com você, já se tornou anti-ético.
— Jungkook..— Tentei, mas, ele me cortou.
— Não deveríamos ter nos envolvido. A princípio era isso que pensávamos, até eu ser demitido. — Concluiu, mesmo muito confuso sobre a própria explicação. Eu suspirei, olhando as minhas mãos. — Eu enviei a carta para você. Disse tudo que deveria dizer, e te fiz aquela proposta. Anos depois, você apareceu em minha porta, com seus vinte anos, e eu já não precisava mais ver você como aluna. Eu não precisava levar mais aquela construção de papéis que era no início. Professor e aluna.
— Isso significa que é difícil para você me ver como alguém mais velha, por causa dessa construção de imagem mais nova que você ainda tem de mim?
Depois de um tempo, ele confirmou e eu respirei fundo. Passando as mãos sobre meu rosto e meu cabelo. Seria realmente difícil tê-lo, principalmente depois de toda uma imagem construída sobre mim.
— Mas, Jungkook, eu não tenho mais dezessete anos. E eu não sou mais sua aluna.
— Eu sei que você não tem e que você não é minha aluna! Mas, eu simplesmente não consigo ver você de outra maneira, se não a jovem mais nova de antes. Você consegue me entender? Consegue entender que eu não consigo tocar em você sem me sentir mal, por achar que estou cometendo algum erro de novo!
Eu neguei e os meus olhos se arregalaram.
Talvez eu não estivesse tão preparada para tais palavras, assim como ele não parecia para dizê-las, mas ainda sim, disse-as.
Nenhuma palavra escapou por meus lábios. Assim como eu não consegui entender os sentimentos que estavam dentro do meu peito. Talvez, um pouco de confusão e medo dele nunca mudar essa visão sobre mim. De todas as coisas que eu imaginei que poderiam ser, as que eu nunca pensei que seriam, foram.
Ele não me tocará se sentir receio de estar fazendo algo errado. Isso de todo modo não é ruim, se eu não olhar com os olhos da ruindade da situação. Mas, de certa forma, é sim. Já que beijar e abraçar não são contatos que eu apenas desejo vindo dele.
Dentro de todos os três anos que passaram, eu esperei para vê-lo, para beijá-lo e tocá-lo. Ouvir tais palavras de si, me deixou ainda mais bolada. E se ele nunca conseguisse deixar de me ver de outro jeito e jamais conseguisse me tocar de outras maneiras sem se sentir culpado ou achar que faz algo errado.
Mesmo que eu tente dizer que não são ações erradas, será difícil tirar isso da cabeça dele, já que é algo que ficou em sua mente durante anos.
— Não, eu não consigo entender, Jungkook. — Até lá, não consegui evitar me sentir ainda mais frustrada e insegura. — Infelizmente eu não sou capaz de entender, mas, posso me esforçar para tal.
Os olhos dele estavam cabisbaixos. Mas, eu nada poderia fazer.
— Amor, está tudo bem. — Um sorriso fraco escapou de seus lábios. — Eu sei que você tem os seus desejos. Tudo isso é completamente consciente para mim, porém, a outra parte é diferente. — Olhou em meus olhos, colocando as mãos grandes em meu rosto. — Você é tudo para mim, Nayeong. Eu amo você, amo demais. Com todo meu coração..— Sorriu, a cada palavra dita, parecendo temer alguma negativa de minha parte. — E eu quero você, mesmo que minhas palavras anteriores sejam contraditórias. Mas, ainda há coisas em mim, que eu preciso resolver.
— Você vai me dar o que eu quero, alfa? — Resmunguei, as bochechas ainda mais coradas. — Vai me deixar sentir você? Ter você? Porque eu esperei por três anos, Jungkook. Três anos para entender e compreender que eu queria e sempre vou querer ser sua.
Os olhos dele ficaram pequenos e marejados. Parecendo precisar de um tempo para se recuperar por causa das palavras ditas, ele suspirou. Me dando mais um sorriso adorável e bonito.
— Sim, eu vou te dar o que deseja. Tudo o que deseja e serei inteiramente seu. Só me dê um tempo. — Confirmei devagar, respirando e me sentindo um pouco derrotada.
O que eu deveria dizer? Deveria forçá-lo a me dar o que eu desejava? Talvez não fosse o melhor caminho, já que o assunto simplesmente foi colocado em pauta por mim, absolutamente do nada.
E mesmo que ele não conseguisse entender as minhas necessidades, ele tinha ciência de que elas existiam. E agora, depois de tanto tempo dormindo, eu tenho ciência das minhas necessidades sexuais. Talvez não tivesse tido, se eu não acabasse presenciando os dois transando freneticamente no quarto.
Eu só queria ser tocada daquela maneira. Sentir aquelas sensações tão satisfatórias, ao ponto de me arrancar gemidos altos e agudos. Não é errado desejar sexo, principalmente com alguém que se ama demais.
Mesmo que neste exato momento eu não consiga compreender os motivos dele por estar me sentindo frustrada, eu sei que devo ter paciência.
Respirei fundo e aceitei suas palavras. Era a única coisa que eu podia fazer.
Seus olhos me encaravam, com um sorriso tímido nos lábios. E me puxando para seu colo, prontamente obedeci. Com as pernas posicionadas, cada uma, ao lado de seu corpo. Suas mãos subiram pela minha cintura, até os meus braços, depois aos meus seios e por fim, as minhas bochechas.
— Você é o meu amor, e sabe disso. — Beijou a ponta de meu nariz, com um sorriso calmo invadindo seus lábios.
— Sim, eu sou o seu amor. — Eu sorri. Vendo os olhos dele brilharem como dois diamantes. — Sabe, Tae e Jiminie se referem a mim como sua híbrida, mas, não gosto.
Jungkook riu.
— Então, você não é a minha híbrida? — Neguei com um bico e ele riu ainda mais. Uma risada gostosa e melodiosa.
— Sou sua namoradinha. E também, sua gatinha. — Uma risada fraca saiu por seus lábios, ao que um sorriso maior ainda brotou neles. Confirmando a cada palavra dita.
— Sim, meu amor. Você é minha gatinha e a minha namorada. — Beijou-me as bochechas, mordendo a parte sobressalente com um pouquinho de força.
— Mas, por eu ser sua gatinha..— Comentei baixinho, com um bico pensativo. Mesmo que ele já soubesse da minha possível persuasão seguinte. — Eu mereço beijinhos não é?
— Quantos beijinhos você quiser. — Pulei levemente em seu colo, ouvindo-o suspirar e segurar minha cintura. Mantendo seus olhos em mim, logo percebi que fiz coisa que não deveria.
Com um sorriso travesso no rosto, ouvi ele rosnar levemente. E os olhos antes castanhos, tornaram-se vermelhos.
— Jungkookie! Lobinho mau! Mau! Foi brincadeirinha. — Sorri, ao que ele me colocou deitada na cama, posicionando-se por cima e ao meio de minhas pernas.
Suas mãos grandes apertaram a minha cintura. E as mesmas subiram calmamente por dentro do tecido fino da camiseta. Suas mãos estavam tão quentes, que me levaram a arrepiar.
Um suspiro baixo escapou por meus lábios. Visualizando perfeitamente seus lumes vermelhos em minha direção, eu coloquei minhas mãos em seu rosto. Trazendo sua cabeça para mais perto, para que eu pudesse alcançar seus lábios. E sem nenhuma demora, o beijei da maneira que desejava.
Enfiando minhas mãos em seus cabelos, puxando os fios lisos e húmidos pelo banho recente. Chupei os seus lábios, ouvindo ele rosnar levemente. O vermelho se tornando ainda mais intenso em seus olhos, assim como o contato de nossos corpos.
Ao pedir passagem com a língua, ela foi prontamente me cedida com necessidade. Ao que exploramos um a boca do outro. Sentir seu gosto era indescritível, assim como provocou em meu corpo choques leves, arrepiando todo o meu ser e despertando uma sensação até então conhecida em meus quadris.
O nosso beijo era uma confusão de chupões, bater de dentes e mordidas nos lábios. Mas, ao mesmo tempo que tão caótico, tão gostoso.
O ar tornou-se quente, e eu gemi contra seus lábios. Ronronando por mais. Eu queria mais, e mesmo que ele não pudesse me dar. Não custava nada pedir.
As minhas mãos desceram por seu peito descoberto, em direção a sua cintura fina. Tal qual, eu não poupei esforços de apertar e puxá-lo ainda mais pela cintura, para perto de mim. Com nossos corpos tão colados, nossas intimidades ficaram ainda mais próximas.
Eu consegui sentir perfeitamente o volume em sua calça.
— Nayeong, ainda não. — Um rosnado escapou de si, e ele apoiou-se nos cotovelos para me encarar. As bochechas tão coradas quanto às minhas. E que apesar de querer, e querer muito, não podia. — Meu lobo está descontrolado, eu posso machucar você.
— Jungkookie..— Um bico se formou em meus lábios, e eu apertei sua cintura. O calor que se formava em meus quadris eram desconcertantes, ao ponto de causarem lágrimas em meus olhos. — Me dê um pouquinho mais alfa, só um pouco mais.
— Amor, eu sinto muito. — Beijou-me as bochechas, encostando nossas testas. Os olhos tão vermelhos quanto antes. Eu suspirei. — O que eu menos desejo é machucar você.
— Você não vai machucar.
Ele negou novamente, e eu me encolhi. Frustrada.
— Diferente de mim, meu lobo não tem consciência quando o assunto é sexo. Ele não pensa o mesmo, diferente de mim que tenho muito a pensar. — Com seus olhos ainda vermelhos e me encarando incisivamente, ele suspirou. — Ele e eu esperamos você por três anos. Eu quero você por três anos, tão intensamente quanto posso descrever. Acha mesmo que eu não posso machucá-la? — Não consegui responder nada. — Eu quero dar a você o que quiser, mas, ainda é muito cedo para que eu possa me render aos meus instintos e me desprender de certas amarras.
— Meu deus, alfa. Eu quero muito quicar em você. — O pensamento alto fez Jungkook se engasgar e eu sorri. Dando de ombros pela indagação nada inocente. Era nada mais que a pura verdade.
— Nayeong..— Com as bochechas vermelhas, o vi rir.
— Mas, mudando de assunto.. — Suspirei. Mordendo meu lábio inferior. — Seu lobo é doidinho mesmo por mim ou você só está me enrolando? — Ele riu.
— Nós dois somos loucos por você, Nayeong. — Sorriu, beijando minhas bochechas com toda paciência do mundo. — Mas, tanto ele, quanto eu, não desejamos machucar você com nosso descontrole de classe.
— Tudo bem. — Tão decepcionada quanto, eu suspirei, aceitando sua decisão final. Tal qual, passou um pouco do ponto. Já que deixamos as coisas se tornarem quentes o suficiente.
— A única coisa que podemos fazer por agora é dormir agarradinhos. O que acha? — Com aquele sorriso de coelho que eu tanto amo, ele disse todas as palavras e eu suspirei.
— É a única coisa que me resta, né? — Jungkook riu, suspirando logo após minha confissão decepcionada. E se deitando ao meu lado, puxando os lençóis para cima de nós dois, ele me virou de lado, abraçando-me por trás. — Nenhuma quicadinha, que ódio.
Ouvi Jungkook rir alto e me abraçar com mais força.
— Garota, quietinha. Seu mal é sono. — Beijou-me as bochechas com mais afinco. E eu ri. — Porém, sei que está chateada, mas, eu prometo recompensar toda sua espera.
Eu sorri. Com todos os pensamentos nada castos que passaram por minha mente.
— Que assim seja. — Beijei o nó de seus dedos, segurando uma de suas mãos que abraçavam-me pela cintura. — Boa noite amor.
Beijando-me o pescoço, ele sorriu ainda com a boca encostada ali.
— Boa noite, gatinha.
E assim se seguiu. Dormimos juntos e abraçados, mesmo que eu desejasse ter ainda mais de si.
*
Acordei aos pulos com o meu celular tocando pelas mensagens. Sozinha na cama, não tive tempo de lamentar por estar sem Jungkook ao meu lado, corri em direção ao aparelho. Observando as notificações e vendo duas notificações um tanto quanto interessantes, de locais pelos quais meus currículos foram enviados.
Ao ler o conteúdo de cada e-mail, um sorriso nasceu em meus lábios.
Finalmente, depois de semanas ou até mesmo meses. Duas, dos vários e-mails que eu enviei, para vagas diferentes, foram respondidas.
Não soube sequer como me comportar ao ver tais palavras tão simbólicas, escritas em um simples e-mail. Mas, é essa toda a sensação que sentimos, quando finalmente percebemos que um avanço pode ser ocorrido.
Os meus pulinhos de felicidade no quarto foram o indicativo de que tudo poderia dar certo. Eu só não poderia fazer feio e realizar as entrevistas corretamente e possivelmente, tudo sairia bem.
Ao responder os e-mails, de acordo com o que fora pedido; não demorei a enviar mensagem para Jungkook, para contar a novidade. Mais uma mensagem que ele demoraria a ver, mas ainda sim resolvi tentar.
Mesmo que dentro dos padrões de vida que tenho, ao que me juntei com Jungkook e Yoongi, ainda senti necessidade de ser útil em algo.
Viver dentro de uma casa e ser sustentada pelos dois, não era uma possibilidade. Visto que cresci sempre de acordo com meus esforços e com as coisas que sempre fiz para me manter. Viver sob as asas de alguém, estava fora de cogitação. Mesmo que eu tenha aceitado algumas coisas da parte de Jungkook, ainda senti necessidade de ter a minha independência e ela fora total respeitada por ele.
Já Yoongi, ele nunca se mostrou contra as minhas decisões. Em suas palavras, uma criança sempre deve crescer e sair das asas dos pais. Não concordei com seus pontos, já que nunca tive país para chamar de meus. Mas, em todas as suas constatações, percebi sim, que sair debaixo das asas dos pais é essencial para o amadurecimento.
Não que eles fossem os meus pais, mas, de todo modo é isto.
Entretanto, toda minha pose feliz e paciente, voltou para o fim de noite. Para aquela bendita conversa e para os olhos azuis de Yoongi que me encaravam.
Era como se ele estivesse jogando um feitiço em mim, simplesmente através daquele olhar incisivo e que fez as minhas pernas tremerem como duas varas-verdes.
Mas, decidida a esquecer a cena e tudo que aconteceu, durante aquela noite e naquele quarto, eu estava. E ao fechar os olhos e abri-los rapidamente, me senti determinada, mesmo que toda minha pose pudesse sumir a qualquer momento.
Depois de um tempo, caminhei para realizar minhas higienes matinais e me vestir adequadamente para uma entrevista. Já que a primeira seria realizada pela manhã e a segunda, pela parte da tarde.
Devido às pressas da maioria das empresas grandes, as coisas precisavam ser feitas com urgências.
Em pouco tempo, eu me via vestida para uma entrevista. Mesmo acostumada a usar trajes mais coloridos, tons mais escuros sempre eram mais bem vistos. Assim como o manual que recebi por e-mail de Yoongi. Digamos que foi de grande ajuda, já que eu o li completamente.
Arrumando pacientemente os botões da camiseta de mangas finas e de tecido fino, e ao fim, ajeitando o terninho com toda paciência do mundo; eu sorri satisfeita. Pegando apenas o necessário e saindo a passos calmos para fora do quarto.
Mesmo aparentemente calma, eu mordiscava os meus lábios com os dentes em puro nervosismo. Era a minha primeira vez para tal, e eu não conseguia lembrar dos meus próximos passos. Era diferente quando eu me via em estado de desespero e precisava pensar, para aí sim, conseguir algo.
Agora, é totalmente diferente. É algo mais sério, muito mais responsável e que eu preciso saber como lidar e como me portar. Mesmo que boa parte de mim acredite que eu seja competente, a outra parte me sabota fielmente. Como em boa parte de minha vida isso foi recorrente, a auto sabotagem.
Quando entro na cozinha, sinto o cheiro de ovos mexidos recém preparados. Assim como o aroma do café quentinho. Meu estômago ronca, anunciando a minha fome e eu não penso nem mais alguns segundos, antes de me sentar.
Ao se virar para me encarar, Yoongi franze as sobrancelhas. Parecendo ainda mais surpreso do que eu. Mas, nada diz e volta a atenção em direção a pia. E como sempre, eu agradeço não só por isso, como percebo que ele não se lembra da minha imagem no quarto.
Pensar nisso me leva a engasgar com o café que tomei, por alguns instantes. Respiro fundo, balançando minha cabeça levemente para afastar os pensamentos e logo foco o meu olhar nas costas de Yoongi.
Ele está vestido apenas com uma camiseta de manga longa, e calça de moletom. Carrega em mãos uma xícara e um livro. Parece bem aconchegado, então eu respiro fundo.
— Yoongi?
— Hum?
— Posso pedir algo?
Aos poucos ele se vira, colocando a xícara de lado e me encarando com a sobrancelha arqueada. Suspiro, por saber que lá vem bomba.
— Bom, é..— Olho as minhas mãos e mordo meu lábio levemente, tomando mais um gole do café que me servi. — Recebi duas respostas das vagas que enviei currículo. Tenho duas entrevistas, uma por agora pela manhã e outra pela tarde. Tentei falar com Jungkook, já que enviei uma mensagem para ele, mas é aquela coisa.
— Ele não responde nem mesmo se estivéssemos morrendo. — Eu sorrio, confirmando suas palavras.
— Como o local é longe, queria saber se você não pode me levar. — Encarei seus olhos, e pude sentir as minhas bochechas corando logo após fazer o pedido. Mas, mesmo que eu desejasse ir sozinha, chegaria super atrasada e a possibilidade da perda da entrevista era muito grande. — Claro, se não puder, vou entender.
Uma pausa foi feita de sua parte, eu encarei minhas mãos e comi pacientemente os ovos mexidos que já estavam postos no prato. Sem muito saber o que dizer, comi calmamente.
Mas, quando ele passou pelo meu lado, suspirei.
Não, ele não iria me acompanhar. E já com a face completamente preocupada, encarei a janela a minha frente. Rezando para que não perdesse a primeira entrevista.
Tomei o meu café calmamente, olhando as horas no celular e esperando por algum sinal de vida de Jungkook. Ele raramente olhava o celular, e quando olhava, respondia apenas o necessário e sumia novamente.
O que me fez suspirar novamente, ao ver sua inatividade. E sem vontade alguma de continuar comendo, optei por tomar o café e ir escovar os meus dentes no banheiro do andar debaixo.
Toda minha postura estava altamente entregue. Mesmo que os pontos ainda estivessem ao meu favor, a minha entrega fora total. Os meus olhos se tornaram cabisbaixos e o que já tava ruim, tornou-se ainda pior.
Escovando os meus dentes, percebi que minha aparência estava totalmente arrumada e nada teria como sair errado. Ao lavar minha boca, sorri e organizei os meus cabelos.
Guardei o celular no bolso novamente e a escova de dentes na pequena bolsa e sai do banheiro, dando de cara com Yoongi que estava em trajes completamente diferentes. Em plena confusão, franzi as sobrancelhas, o encarando.
— Por que você está me encarando, Nayeong?
— Onde você vai?
Parecendo consternado, ele suspirou.
— Você não me pediu para levar você até o local da entrevista, então?
Sorri envergonhada, confirmando devagar. Caminhando em direção a ele, ao que o mesmo saiu na frente com as chaves na mão.
— Não é um problema?
— Bom, não tenho nada para fazer, então, não acho que seja. — Deu de ombros e eu confirmei pacientemente. Saindo para fora e seguindo-o para saída, em direção ao carro.
Agradeci mentalmente aos céus e respirei fundo, com as bochechas ainda mais coradas, denunciando totalmente minha vergonha.
*
Cerca de seis horas depois, eu saí do departamento onde ocorreu a entrevista. Mesmo com todas as perguntas, de acordo com as minhas respostas eu fui bem. Mas, ainda sim, aquela pequena insegurança em minhas costas não me permitiram ficar com os pensamentos em paz.
A cada passo que eu dava em direção ao carro, onde Yoongi estava encostado e com os braços cruzados, lágrimas sorrateiras e de sabotagem caiam pelas minhas bochechas. Ao me aproximar, os olhos de Yoongi estavam fixos em mim.
Tentando focar em outro ponto para que ele não me visse chorar, assim eu fiz, olhando as minhas mãos e suspirando.
— Podemos ir? — Perguntei ao me aproximar o suficiente, para que ele me ouvisse. Em afirmação ele confirmou, mas, afastou calmamente, encarando meus olhos.
— Tô querendo tomar alguma coisa gelada. Vou ir tomar um sorvete, quer ir? — Olhou em meus olhos pacientemente e devagar eu confirmei que sim, sem muito conseguir negar.
Como a sorveteria era perto do departamento, eu guardei minha bolsa dentro do carro e retirei meu pequeno casaquinho do corpo, guardando dentro do carro também.
E ao respirar fundo, caminhei atrás de si. Tendo os meus pensamentos roubados para outro local. Eu nunca me senti tão insignificante quanto naquele momento. Talvez, ao perceber as tamanhas responsabilidades que eu tinha naquele momento, eu consegui notar que existiam pessoas ainda mais capazes que eu. Assim como eu poderia ser aceita, eu também poderia ser recusada.
O medo era ainda maior do que os sentimentos de insignificância. Minha mente me auto sabotava, e eu não tinha forças para ir contra todos os pensamentos.
Ao colocar os pés dentro da sorveteria, caminhei em direção a uma mesa e me sentei na cadeira, apoiando as mãos sobre a mesma e respirando fundo.
— Qual sabor vai querer? — Yoongi perguntou depois de muito tempo em silêncio.
— Chocolate com menta. — Olhei em seus olhos e ele confirmou, afastando-se devagar da mesa onde eu estava e logo foi pegar os sorvetes.
Olhei ao redor e sorri fraco. A vista era bonita e o local era calmo. Fora as mesinhas arrumadas com toda delicadeza do mundo. Senti meu coração se acalmar apenas por me sentir familiarizada com o local pequeno.
Abracei meu próprio corpo e respirei fundo. Sem muito saber como me portar ou esperar, então, deitei minha cabeça sobre a mesa e fechei os meus olhos. Apreciando dos diferentes aromas e ouvindo os barulhos ao meu redor. De olhos fechados, minha audição já aguçada, tornava-se ainda mais aguçada e dolorida.
Abri os meus olhos novamente, somente quando ouvi o barulho da garganta de Yoongi. Devagar levantei minha cabeça, vendo-o com dois potes grandes e cheios de sorvete. Não contive um sorriso, porque devido a quantidade, ele parecia gostar bastante de sorvete.
— Você gosta bastante de sorvete. — Eu ri, pegando o meu pote generoso de suas mãos e me ajeitando no banquinho, até sentir sua presença ao meu lado.
Ele riu, confirmando devagar.
— Aqui é a única sorveteria que faz sorvete de amora. Eu amo amora, então, sempre passo aqui para tomar. — Comentou calmo, levando a primeira colherada de sorvete até a boca.
Eu sorri, e foquei minha atenção em meu pote. Estava com pequenos confetes coloridos e cobertura de chocolate. Sorri, e tinha total certeza que meus olhos estavam brilhando pela quantidade de cobertura e sorvete. Sem pensar muito, dei algumas colheradas generosas.
O gostinho de leite com menta se firmou em minha língua, assim como o de chocolate vinha para dar uma breve suavizada. A cobertura só deixou tudo ainda melhor. Os meus olhos se fecharam e o barulhinho de prazer que eu soltei sem querer, me fez corar.
— Garota? — Yoongi me encarou incrédulo, se controlando para não rir.
— Tá muito bom. — Olhei para o sorvete e sorri. — Experimenta. — Coloquei um tanto na colher e levei-a em sua direção. E sem pensar muito, ele abriu a boca pequena tomando da quantidade que eu havia lhe dado.
Os olhos felinos estavam em mim, ao mesmo tempo que tentavam dizer algo, eu me sentia completamente incapaz de compreender. Apenas sorri, observando sua reação.
— São sabores distintos, mas, que são gostosos.
Confirmei e nós dois sorrimos. Focando nossas atenções nos nossos sorvetes. E por ali ficamos, até que o dia estivesse aos poucos dando adeus.
*
Quando entrei em casa, caminhei a passos lentos pelas escadas. Subindo-as lentamente, tendo Yoongi em meu encalço. O meu corpo estava exausto e eu poderia chorar de tanta dor. Mas, aguentei um pouco mais e consegui subir as escadas completamente.
Eu fui para meu quarto e Yoongi fora para o dele e por lá ele ficou. Assim como eu fiz o mesmo. E arrancando todas as minhas roupas de maneira lenta, eu consegui respirar aliviada.
Com passos de preguiça, entrei no banheiro, deixando a porta aberta para que o vapor da água quente saísse e tudo não ficasse tão abafado. Entrei no box e fechei-o, ligando na água quente.
A temperatura alta agarrou meu corpo com toda paz do mundo, acalmando todos os meus nervos e sistemas. Os meus olhos se fecharam e a vontade de dormir se apossou de mim. Preguiçosamente, eu me via em um dilema de tomar banho e conseguir me ensaboar, ou deitar no chão e dormir ali mesmo.
Aos poucos consegui molhar meus cabelos, ensaboar meu corpo e espumar meus cabelos com xampu de bebê. Eles não ardem os olhos e ainda tem cheiro de morango, fora que hidratam bastante os fios.
Quando terminei, me sentei no chão. Sentindo a dor leve e incomoda em meu ventre, que me fizeram respirar por alguns minutos. Passando as mãos sobre o rosto, para retirar a água, eu rezei a todas as divindades para que aquela dor não viesse novamente.
Mas, como Deus estava inspirado, não fora bem o que eu pedi que aconteceu.
A dor era branda, mas, ainda sim o suficientemente forte para me fazer gemer em negação. Surgindo aos poucos no meu ventre, descendo para as minhas pernas e voltando ao meu ventre. Não tive forças para levantar do chão e muito menos para evitar o choro que veio a seguir.
Enquanto a água caia sobre a minha cabeça, a dor novamente se fazia presente. Me anunciando sobre algo que eu já sabia que viria. Em um choro dolorido eu me colapsando pelas lágrimas que caíam. Ali eu chamei baixinho por Jungkook, desejando-o do meu lado. Mesmo sabendo que ele me sentiria, eu tinha certeza que ele não voltaria para casa cedo.
Isso me fez chorar ainda mais e me encolher sob o chão frio. Doía tanto, que aos poucos estar sob um chão frio, e completamente nua; simplesmente deixou de significar algo.
Com as mãos sobre meu ventre, eu gemi até que não me saíssem mais gemidos dos meus lábios. As lágrimas caíam e se misturavam com a água, tornando-se assim, absolutamente nada.
— Nayeong? — Ouvi a voz de Yoongi da porta. Movi minha cabeça em direção a mesma, vendo seus olhos pequenos, alarmados. Pisquei algumas vezes, mas, vê-los novamente, já não mostrava mais nenhum tipo de reação.
Eu suspirei, entre soluços.
— Por que o Jungkookie nunca tá aqui quando eu preciso dele, Yoongi? — Ele permaneceu em silêncio diante de minhas palavras. Ele poderia não saber, nem eu poderia. O meu choro foi ainda mais alto, e eu me encolhi contra o chão. Estava doendo tanto. — Tá doendo tá, e eu só preciso dele aqui.
— Ele quase nunca está aqui, Nayeong. Mas, não podemos exigir algo que ele não pode nos dar, pelo menos no momento. — Paciente, ele disse. Ainda afastado e da porta. — Assim como nós dois, ele tem responsabilidades.
— Eu não quis, eu só..— Minha voz morreu e eu voltei a chorar. Não tive forças para expor meus pontos. Somente para me odiar cada vez mais. — De novo, as dores.
— Quer que eu ajude? — Sua voz soou baixa, mas, os meus ouvidos captaram. Desprovida de roupas, ele podia ver absolutamente tudo. Eu solucei, senti-me envergonhada. — Se não quiser, eu me afasto.
— Eu estou nua. — Solucei, tentando devagar ao menos me sentar no chão.
— Não irei olhar. Mantenho o olhar em seus olhos.
Respondeu, e ao conseguir me manter sentada no chão acenei para si, que me observava da porta.
E em passos ariscos, ele se aproximou. Entrando no box, e desligando a água que caía sobre minha cabeça. Antes de se abaixar, alcançou a toalha e se abaixou, encarando os meus olhos como disse que faria.
Colocando a toalha sobre meu corpo e enrolando-a ao meu redor. Pacientemente, ele me colocou de pé, mantendo o olhar em meus olhos para que eu pudesse me secar. E enquanto eu o encarava e sentia suas mãos segurarem fortemente minha cintura, eu me sequei.
Respirando fundo. Ao terminar, me enrolei novamente e tão paciente quanto da última vez, ele me pegou no colo. Saindo do banheiro diretamente até a cama grande, colocando-me sentada ali. Puxando os lençóis para cima do meu corpo e pegando a toalha que lhe entreguei em mãos e passando sobre os meus cabelos, enrolando-os pacientemente.
— Sabemos que não há muito o que fazer. Mas, apenas se mantenha aquecida.
— Yoongi, isso não ajuda. Ainda dói. — Reclamei, me encolhendo dentro das cobertas grossas. Yoongi em sua vez suspirou, passando as mãos sobre o rosto e confirmando devagar.
A dor, mesmo branda, ainda sim era insuportável. O meu ar faltou levemente e eu suspirei, mordendo o meu lábio para descontar uma dor por outra dor.
Devagar, ele se levantou e caminhou em direção a bandeja ao lado da cama, sobre a mesinha. Pegou a bandeja dali e voltou para onde eu estava.
— Trouxe algo para você comer. Então coma, e foque sua atenção somente na comida. Consegue fazer isso? — Balancei minha cabeça levemente, ao que ele repousava a bandeja em cima das minhas pernas. Observei a comida e sorri, o aroma estava gostoso.
Sem muito perder tempo, eu comi devagar. Enquanto olhava para Yoongi, que estava perdido mexendo no celular. Sem dar muita atenção, voltei a comer.
O gosto da comida era tão bom, que eu senti que poderia comer chorando. Mesmo já estando em lágrimas pela dor que insistia em se fazer presente, eu ainda sim consegui comer.
Depois de alguns minutos, em que o silêncio era preenchido pelos barulhos de Yoongi digitando no celular e eu soluçando enquanto comia devido a dor. Eu pude terminar e olhá-lo.
— Yoongi, terminei. — Parecendo acordar do transe, ele voltou sua atenção até mim. Levantando-se logo depois de colocar o celular no bolso da calça. Pegou a bandeja com calma e me encarou, os olhos castanhos escuros cintilando. — Você pode ficar aqui?
— Não, nem vem com essa de calor faz bem. — Negou de abrupto, e eu encarei seus olhos, respirando fundo. Minha decepção fora ainda maior, mas, eu sequer compreendi os motivos de me sentir tão decepcionada.
Afinal, essa era uma reação esperada de sua parte.
— De toda forma, obrigada. — Minha voz saiu baixa, como um miado e ele se afastou. Os olhos vacilando em algo que eu não tinha ideia do que seria. Mas, ele confirmou e se afastou totalmente. E sem demorar muito, saiu do quarto.
Puxei a toalha com calma de minha cabeça, enxugando os meus cabelos com calma até que eles não estivessem mais tão úmidos e coloquei a toalha ao lado. Eu sequer tinha forças para levantar da cama e colocar uma roupa; que fará, deixar a toalha no banheiro.
Ajeitando os cobertores na cama, eu me ajeitei ao meio da cama para dormir e tentar esquecer a dor branda em meu ventre, que ainda estava me arrancando lágrimas silenciosas.
Ao deitar e encarar o teto, fechei os olhos respirando fundo e baixo.
Em questão de alguns segundos, um pequeno cochilo me dominou. Mas, fui acordada quando a cama atrás de mim afundou. Piscando algumas vezes, eu funguei baixinho me virando em direção ao indivíduo que se deitou logo atrás de mim.
Ao observar o peito coberto pela camiseta, me aproximei devagar, me encolhendo para esconder a nudez. O meu corpo foi coberto pelo lençol mais fino, me embolando neles para cobrir meu corpo e nisto, ele ficou apenas coberto pelo lençol mais grosso. Tirei minhas mãos para fora do cobertor fino e agarrei seu tronco, me aconchegando nos braços quentes e sentindo o aroma leve de menta.
Me senti tão pequena, que eu solucei baixinho, apertando ainda mais, como se minha vida dependesse daquilo. E de todo modo, senti seus braços me cercando.
Os meus soluços foram baixos.
— Yoongi..— Ouvi um "shhhh" baixinho, me fazendo ficar quieta.
— Feche os olhos, a dor vai passar. Só... fique quietinha. — A voz rouca, denunciava uma outra emoção que minha mente perdida não conseguiu captar. Mas, seguindo seu pedido, eu fechei os meus olhos, suspirando o cheiro gostoso de menta que emanava de seu peito e isso me fez encolher ainda mais contra si.
— Yoonie, obrigada.
A minha voz saiu ainda mais baixinha, mas, tive total certeza de que ele ouviu-a. Aos poucos, o sono me abraçou, me levando à inconsciência.
Continua no próximo capítulo.
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