12. Eu sou você e você sou eu
SEUL, 22:30 | 2020
— Eu achei a híbrida do Jungoo a coisinha mais lindinha, Tetê. — Ouvi Jimin comentar sobre Nayeong, assim que passamos para dentro de casa.
A híbrida é realmente fofa e de uma aura surreal. Pude sentir paz vir dela, ao mesmo tempo que pude sentir que não estava bem. Você não precisa de muito para compreender que havia coisas muito erradas acontecendo entre ela e Yoongi.
Sou confiável o suficiente para dizer que ele é calmo, porém, sua calma beira ao traiçoeiro. É até difícil saber o que ele tá sentindo, ou se vai te matar a qualquer momento. Apenas quem consegue entendê-lo é Jungkook. Não somos íntimos o suficiente para tomar um chá da tarde, mas, ele não é ruim comigo. Até mesmo trocamos algumas palavras desde a última vez que o vi; mas de toda forma ele está diferente.
Diferente o suficiente para se provar que o tempo fez algo com ele, assim como fez com Jungkook. Os dois estão muito diferentes; provavelmente Jimin não notou, já que tá perdido sempre na própria órbita e criando teorias da conspiração como o ômega cabeça dura que é.
Mas, de toda forma, me senti mal ao ver o sorriso fraco da garota. Ela me parece ser tão simpática e gentil.
Tirei o sobretudo preto, colocando ao lado no sofá e me sentando no mesmo. Tirando os meus sapatos e tentando me livrar do cansaço de mais cedo. São tantas coisas para resolver, que eu ao menos tive um tempo para respirar.
— Tae? — Sentando-se ao meu lado, Jimin sorriu. Um sorriso doce e calmo. Segurando minha mão, ele deitou a cabeça em meu ombro, apenas respirando fundo. — Está tudo bem?
— Não, mas, vai ficar. — Dei um sorriso mínimo como resposta, mas, não satisfeito ele me encarou. Colocando as mãos curtas em meu rosto e me fazendo olhar para ele.
Daquela maneira era Jimin. Atrevido, atencioso e silencioso. Ainda existiam muitas coisinhas que o cercavam, e mesmo que ele desejasse me contar, jamais diria. Mas, ele sempre estava ali, comigo, zelando pela minha paz e me abraçando sempre quando preciso.
Talvez, ele tenha ficado bravo ao saber de Minhee e sobre nosso relacionamento a distância. Não era uma surpresa para ele que eu tenha tido um imprinting com a minha melhor amiga. E desde que me entendo por gente, não vou negar que sinto vontade de tê-la por perto.
Mas, desde que voltei de Gangnam, às notícias sobre ela e sobre o que estava fazendo, tornaram-se cada vez mais nulas. Até, por fim, perdemos o contato.
E Jimin, ciente disso, sabe que boa parte de minha tristeza é por isso. E pela minha incerteza de se um voltarei a vê-la. Já doeu tanto ter de me afastar, para que seguíssemos nossos sonhos, agora, com tudo ao nosso favor; será que não poderíamos ter mais uma chance?
— Tá assim por causa dela né? — Neguei e ele riu. — Tá achando que eu sou idiota? Desde que você chegou de Gangnam está triste assim. E eu sei que se sentiu mal ao perceber a situação de Jungkook.
— Estou feliz por ele, confesso. — Sorri, tentando forjar uma felicidade que de prontidão, sequer existia em mim. — Mas, ainda sinto doer por não tê-la aqui.
— Eu até diria para você seguir em frente, mas, seu lobo foi mais além. — Mordendo os lábios, ele parecia pensar no que dizer e acabou suspirando. — Acho que nem eu sei o que dizer, mesmo que desejasse ter inúmeros conselhos para te dar.
— Só de você estar aqui é o suficiente. — Ele sorriu, os olhos formando-se dois risquinhos adoráveis.
— Não fala assim, se não eu choro. — Me abraçou, e eu retribui. Rimos juntos, mas, não fomos capazes de nos separar do abraço.
Estava confortável e aconchegante, então, daquela maneira eu fiquei. Jimin tampouco desejou se afastar de mim. Me aconchegando em seus braços pequenos, e afagando minhas costas.
Um silêncio confortável residiu na sala, e eu me senti pequeno. Mesmo com todo meu tamanho, me senti pequeno.
Muitos disseram para que eu fosse um pouco egoísta. Para que pedisse para que ela viesse até aqui, para ficar comigo e me fazer companhia. Para que pudéssemos finalmente dar uma chance ao que já estava sendo construído aos poucos dentro de nós dois. Mas, é realmente necessário fazer isso? Mesmo com todo meu amor, com toda minha devoção e admiração, não fui capaz de ser egoísta com a garota que eu tanto admiro.
Nem mesmo ela foi capaz disso. Os nossos sonhos se sobressaíam ainda mais que os nossos sentimentos, e nossa maturidade falou ainda mais alto quando nos deu a oportunidade de pensar sobre o assunto e finalmente podermos tomar uma decisão.
Somos melhores amigos desde pequenos. Estudamos juntos e somente em nossa maioridade, nos separamos já que precisávamos seguir nossas vidas profissionais e pessoais. Os nossos planos sempre foram divergentes, e sempre soubemos que eles nos levariam a lugares diferentes; com pessoas de vivências e hábitos diferentes.
Sabíamos até que um de nós poderia não ficar mais sozinho. Que quem sabe, um dia, poderíamos nos apaixonar por outro alguém e fazer desse alguém, nossa cara metade. Mas, mesmo com todas essas possíveis certezas incertas, eu ainda sentia que não conseguiria me prender facilmente à outro alguém.
E ao perceber isso, a minha ficha caiu.
Eu não estava preso a ela somente pela nossa amizade, e por sermos amigos que eu sentia saudades suas. Mas, que para completar, porque um imprinting tinha acontecido, mesmo sem todo aquele contato.
Minha alma estava conectada a ela, e seria impossível quebrar essa conexão tão bonita. Mas, que ao mesmo tempo tão bonita, me colocou de joelhos.
— Preciso ir me trocar. Sangmin virá me buscar em algumas horas. — Jimin afastou-se, beijando-me na testa e sorrindo pacientemente. — Tente não ir dormir tarde, você sabe que tem dores de cabeça.
— Não se preocupe, não irei. — Ele acenou, bagunçando meus cabelos recém arrumados. — Tá gostosão nessa vibe, pelo amor de Deus.
— Para de flertar comigo! — Senti o ardor em minhas bochechas e coloquei as mãos sobre elas. Jimin riu.
— Sabe que eu não consigo. — Piscou. — Tome banho antes de dormir, você tá fedorento.
Eu revirei os olhos ao que ele foi se afastando.
— Muito obrigado. — Ouvi sua risada ao fundo logo que ele sumiu de minha visão. Paciente, encostei as minhas costas contra o sofá e abrindo o cinto de minha calça e me deixando completamente livre. Sem apertos ou amarras.
Eu já não poderia dizer nada sobre minha mente.
FLASHBACK
— Acho que essa já é a quinta semana que nos falamos. Na última, seu cabelo estava mais longo. — Do outro lado da tela, ouvi Minhee rir. Com os cotovelos apoiados sobre a mesa, um sorriso preguiçoso nos lábios e uma paz diferente da habitual.
Normalmente, ela sempre está irritada com algo e isso a faz mudar de expressão constantemente. Mas, ali, naquela chamada, ela estava diferente. Pude sentir meu coração palpitar.
Principalmente com o sorriso bonito. Mostrando-me os dentes pequenos e os olhinhos que diminuíram conforme ela riu.
— Sim, eu cortei os meus cabelos. — Uma pausa, ao que ajeitou-se para conseguir me observar melhor, enquanto ajeitava os óculos de grau no rosto. — Você está ainda mais bonito, passarinho. Gosto de quando você está sendo você.
— Talvez, torna-me ator tenha feito-me mudar em alguns aspectos. — Baguncei meus cabelos levemente, observando seus olhos acompanharem meu movimento copiosamente. Pude sentir o rubor em minhas bochechas. — Principalmente depois que saí da casa dos meus pais, ser independente tem suas vantagens.
— Quando éramos pequenos, tia Jihee nunca deixou você cortar os cabelos e muito menos vestir roupas em tons pastéis. Fora que você vivia de usando macacões caretas demais. — Rimos juntos e eu revirei os olhos. — Você parecia um tigrinho acuado, sempre desejando sair da toca.
— Mas, você sempre me ajudou. — Ri em escárnio, ao que ela gargalhou ainda mais, colocando as mãos contra a boca.
— Para vai! Você ficava muito lindinho com as minhas roupas. — Revirei os meus olhos ao me lembrar daquele tempo, ao que sorri com a lembrança gostosa. — Sem contar que eu vestia as suas, para ficarmos iguais.
— Eu sou você..
Ela sorriu.
— E você sou eu. — O sorriso bonito que foi me dado, fez toda aquela distância valer a pena. — Nossa independência só nos ajudou, ao que trouxe consequências. Mas, ainda sim, vale a pena passarinho.
Cruzei os meus braços, analisando sua expressão e o que estava vestindo. Pelos trajes, ela acabará de chegar. Já que ainda vestia um terninho. Em um tom preto. Com um equilíbrio de sensualidade e profissionalismo sem tamanho. Eu sorri.
— Espero mesmo que valha a pena. Mas, então, o que manda? Qual é a boa do dia?
Minhee riu, negando levemente.
— As mesmas coisas de sempre. Porém, o mesmo burburinho de sempre. Um dos acionistas da companhia de empresas, decidiu se afastar. Ou seja, ele não vai mais ser um dos possíveis representantes. — Mordeu o lábio inferior, ao suspirar. Capturando totalmente minha atenção. — O filho do líder afastou-se e não há notícias sobre o paradeiro dele. Tá tudo uma bendita confusão.
— E você? Como está? — Seu olhar se tornou mais calmo, seus olhos me encararam, com toda ternura do mundo e eu pude sentir meu coração ser abraçado; com um dos abraços mais quentinhos e gostosos de todo mundo.
— Com saudades suas. Morrendo de saudades suas..— Pude ver as bochechas dela ruborizarem, ao que ela abaixou a cabeça logo em seguida. Colocando as mãos apoiadas na mesa, voltando seu olhar até mim ao receber meu silêncio.
Meu peito estava queimando, assim como eu senti minhas bochechas seguindo pelo mesmo caminho. Igualmente aos meus olhos.
Talvez eu tivesse um tanto quanto emotivo, mas, nada que fosse ultrapassar os limites. Mas, quando senti minhas bochechas molhadas, pude perceber que meu coração estava sentindo ainda mais saudades.
— Eu estou morrendo de saudades suas, Hee. — Tão embargada quanto a minha voz saiu, não haveria outra. Ao observar seus olhos, ela suspirou. Os olhos caídos, tristes.
Estava doendo.
— Não faça isso comigo, passarinho. Não chore assim. — Pediu e sua voz saiu tão baixa quanto a minha. — Lembra-se do que combinamos?
Acenei positivamente. Engasgando nas minhas lágrimas, vendo as lágrimas escorrendo pelas bochechas dela.
— Lembra-se mesmo?
— Vamos nos encontrar, independemente do que aconteça. — Minhas bochechas esquentaram ainda mais. — Que isto é apenas uma fase, e que somos fortes para aguentarmos o suficiente.
— Nós podemos passar por essa saudade. Podemos suportá-la. Só não queremos que ela acabe cegando os nossos objetivos e os nossos sonhos. — Minhee disse.
— Tomamos uma decisão. — Ela acenou, secando as próprias bochechas, os olhos vermelhos. — Desculpe, Hee.
— Ainda temos muitas lágrimas pela frente. Está tudo bem, meu amor. — Eu sorri, secando as minhas bochechas e me encolhendo um tanto.
— Precisa ir dormir. Eu também preciso e está tarde. Quem sabe, ao domingo, podemos nos falar ainda mais. — Confirmei, com um bico maior que o mundo, ouvindo ela rir meio fanhoso por causa das lágrimas. — Um tigrinho chorão..
— Não fale assim, raposinha. — Minhee revirou os olhos rindo. — Boa noite.
— Boa noite, passarinho. Eu amo você. — Pude sentir que os meus olhos brilharam mais que todas as galáxias ao ouvir tais palavras. Assim como meu coração acelerou várias batidas.
— Eu amo você.
Ela sorriu, mandou-me um beijo e um coração. E logo desligou.
FLASHBACK
— Eu também amo você, você sabe disso. Mas, acorda ai Taehyung! — Os meus olhos abriram ao ouvir os chamados de Jimin. Que tinha um bico enorme nos lábios e os braços cruzados, enquanto sua perna direita me chutava para acordar.
— Pare de me chutar, nanico. — Seus olhos se repuxaram, ao que ele me lançou um olhar mortal. Eu ri. — Perdão.
— Só porque estou atrasado eu perdoo. Mas, em outros tempos, não o faria. Atrevido. — Olhou o relógio de pulso e suspirou. — Estava sonhando com quem?
Eu ri, franzindo a sobrancelha.
— Com ninguém. — Ele riu, incrédulo.
— Falou que me amava umas três vezes. Espero que o muso enlouquecedor dos seus sonhos seja eu. Porque não é possível. — Suas sobrancelhas se franziram em desconfiança, e calmamente ele se aproximou da mesa atrás do sofá, pegando as chaves extras dela.
— Claro que não era você. Era musa. — Seus olhos se reviraram e ele fez um barulho com a garganta, que claramente mostrou sua indignação.
— Deixe-me adivinhar..— Fingiu pensar e eu ri. — Sua lobinha?
— Acertou em cheio. — Eu sorri, e ele fez uma careta em desdém.
— Se ela te faz sofrer, já não gosto dela. — Caminhou em direção a porta, com a posição tão impecável, que as minhas costas pediram socorro.
— Você sabe bem que não é assim. — Ele deu de ombros. Emburrado. — Minhee não me faz sofrer. A gente só teve que escolher caminhos diferentes..
— Porque vocês estavam em momentos de ápice na vida de vocês. E blá blá blá. Já sei. — Suspirou, erguendo as mãos para cima. — Você sabe que eu não gosto de te ver assim, principalmente sabendo que você teve um imprinting. — Suspirou novamente, passando as mãos sobre o rosto. — Mas, está tudo bem. Minha implicância logo passa.
— Muito obrigado. — Gentil, eu sorri. Recebendo um beijinho voador em troca.
— Agora vou indo. Não durma tarde. — Acenei positivamente, voltando minha atenção para a televisão, respirando fundo e cruzando os meus braços. Os meus olhos quase fechando devido ao sono.
Eu realmente preciso descansar. Foram questões de segundos para ouvi-lo sair pela porta e trancar. Ao me levantar abotoei minha calça, puxando a parte de cima da roupa, ficando sem camiseta. Senti o vento gelado bater em minhas costas desnudas, arrepiando absolutamente todos os pelinhos.
Mesmo com o calor do meu corpo, o frio ainda era forte e chato o suficiente para me arrepiar por completo.
Subi alguns degraus antes de ouvir a campainha tocar.
Jimin. Sempre ele.
— Você esqueceu a chave? Como é possível esquecer a chave Jimin? — Bufei, descendo os dois degraus que havia subido para abrir a porta novamente. — Acabou de pegar as chaves, pelo amor de deu-
Mas, eu calei minha boca. Quando os meus olhos bateram no ser humano a minha frente, demorei alguns segundos para compreender todas as informações que meu cérebro enviava. Pude sentir as minhas pernas bambearem, as batidas do meu coração acelerar de modo frenético.
As minhas bochechas estavam coradas, e eu tinha absoluta certeza que estavam por causa do calor que senti na determinada região.
O rosto a minha frente, esbanjava mistos de felicidade e nostalgia, que ela sequer conseguia conter. Seus olhos diziam, eles brilhavam. Assim como o impulso em caminhar um passo, e ficar por alguns milímetros de distancia de mim e de meu corpo desejoso de sua presença.
Eu desmontaria.
— Passarinho.
— Hee.
E com as mãos em suas bochechas, ao que eu observava todo seu ser, para ter a confirmação de que ela era real e de que eu não estava alucinando devido ao sono; puxei-a para meus braços, envolvendo-a em um abraço tão forte e preciso, que sequer soube se conseguiria a soltar.
E da mesma maneira, fui retribuído.
Era real. Ela estava ali.
Minhee estava ali.
Continua no próximo capítulo.
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