07. Jeon Jungkook era inesquecível
SEUL, 15:30PM | 2020
Seja bem-vindo à selva.
Onde você talvez, pode sair ileso e sem perturbações mentais.
Bem-vindo à selva. Onde somente os mais fortes sobrevivem e os fracos tentam não ser abatidos.
Digamos que era assim que Nayeong se sentia, ao ver que finalmente sua formação estava concluída. Sentiu-se borbulhar diante do diploma que carregava em mãos. Fora toda aquela felicidade que lhe contagiava os nervos.
Queria gritar, agradecer e respirar.
Sentiu que talvez, diante de todo aquele sentimento de livramento, estava feliz em finalmente alcançar um ponto crucial de sua vida. Claro que, sobreviver no colegial não fora nada fácil e mas, estava se preparando com glória para sua faculdade.
Mas, pensar em faculdade já não lhe era mais um problema. No auge dos seus vinte anos, quase vinte e um, almejava se sair ainda melhor em seus planos e tornar-se quem sabe, uma promissora escritora. Mas, tinha ciência de que sonhar não era somente o suficiente.
Optou por alguns trabalhos e fez alguns cursos. Sempre se engrandecendo de conhecimento, o máximo que conseguiria, para que pudesse obter algum êxito futuramente. Sabia que todos aqueles esforços enormes que estava fazendo lhe compensariam futuramente.
Sobreviver ao colegial fora difícil, mas, parecia ter sido ontem que se formava no Berkshire Seul High School e saia de lá com um diploma ainda mais bonito. Contudo, formar-se no cursinho era ainda mais gratificante.
Por mais fáceis que fossem, matou-se de estudar e trabalhar para que pudesse finalmente completar os estudos sem nenhum tipo de empecilho. E ali, diante daquela grande festa que os que se formaram estavam dando, era-se possível ver o sorriso enorme e feliz de Nayeong.
Seu sorriso era gritante todos tinham ciência de sua felicidade. Jaemin compartilhava de sua mesma felicidade, já que finalmente, depois de tanto esforço, poderia dizer que se tornaria um médico.
Os dois jovens, comemorando juntos, a felicidade em que sentiam, era único. Ter os seus melhores amigos ao seu lado e gozar da felicidade junto deles, era tudo demais precioso naquele momento.
Contudo, diante de uma felicidade sem igual, a híbrida se via pensando nele.
No cara, que há três anos não via e não tinha ciência de seu paradeiro. Não sabia onde morava agora ou se ainda residia no mesmo local.
Em todos aqueles anos, a híbrida achou que esqueceria do alfa que invadiu seus pensamentos por tantos anos. Cogitou a ideia de esquecê-lo, de seguir sua vida e quem sabe, conhecer novos garotos de sua idade. Aproveitar o restante de sua adolescência e boa parte de sua fase adulta.
Entrou em várias furadas, estudou mais do que poderia aguentar e se enfiou em empregos curtos e que não lhe trariam muita experiência. Apenas para que pudesse conseguir dinheiro e o pior de tudo, manter sua cabeça ocupada.
Apesar do seu amadurecimento, Nayeong não conseguia esquecer-se daquele fatídico dia. Não conseguia focar sua vida com paz, não conseguia simplesmente abrir mão, sem ao menos ter tentado.
Era impossível esquecer-se dele. De seu cheiro e de seu gosto. Daquele gosto doce que invadia os lábios de Jungkook, no momento em que eles se beijavam. Mesmo depois de todo aquele tempo, o beijo fora algo que jamais se esqueceu.
Jeon Jungkook era inesquecível.
Assim como seus toques e seu corpo. Seus sorrisos doces e gentis. Sua paciência. Seus olhos brilhantes e sua vivacidade sem igual.
Aos dezessete anos ainda se sentia inocente demais, mesmo com tantas coisas que vivenciou em sua vida. Mas, aos vinte, tinha plena ciência de que tais coisas, lhe tornaram ainda mais forte. Gostava de sua liberdade, do seu espaço e de dormir nua todas as vezes que lhe dava na telha. Chegou a pensar que abriria mão de seus hábitos, se quisesse morar em uma casa com mais uma pessoa além dela.
Cogitou todos os motivos possíveis para recusar aquela proposta. Para esquecer, para simplesmente ignorar aquele súplica disfarçada de pedido.
Mas, Nayeong percebeu, que diante de toda aquela comemoração com seus amigos, gostaria de tê-lo ao seu lado. Comemorando junto consigo e compartilhando da mesma felicidade que ela compartilhava naquele exato momento. A híbrida desejava agradecer ao alfa, todas as suas lições, todos os seus conselhos e puxões de orelha. Porque graças a boa parte das coisas que aprendeu com Jungkook, Nayeong conseguiu ter êxito em tudo que fez.
Além de seu mérito próprio, deveria agradecer a Jungkook.
Boa parte daquela felicidade deveria ser compartilhada ao lado dele.
Então, talvez ali, todos os motivos para dizer não tenham evaporado.
E por novamente, se via pensando e analisando tudo que passou quando descobriu o namorado de Jungkook. Sentiu-se usada, isso fora óbvio. Imaginou que seria deixada de lado, depois que o alfa conseguisse o que queria. Várias coisas haviam passado por sua cabeça ainda tão jovem e confusa para uma menina de dezessete anos. Mas, em algo Nayeong sempre soube que nunca esteve confusa.
Em querê-lo.
Ela queria Jeon Jungkook.
E estava pronta. Pronta para ir até ele.
Seus instintos lhe diziam para ir até ele. E não era todos os dias que ela simplesmente dava ouvidos aos seus instintos felinos. Que mesmo que não tão precisos, ainda funcionavam muito bem.
*
Não foi muito difícil aquela festa acabar, visto que boa parte dos que estava formados no cursinho, já estavam perdidos demais na própria manguaça para que pudessem se situar. Talvez, por ser fraca em bebidas alcoólicas, Nayeong decidiu passar e ir para casa.
Despediu-se de seu melhor amigo. E avisou-o sobre o que faria. Sabia que era algo desesperado, mas, esperou por três anos para tomar uma atitude, não seria capaz de esperar nem por mais alguns dias. Com toda certeza voltaria para a casa, para se despedir adequadamente de seu amigo e dos pais dele. E claro, do seu amado cafofo, que lhe abrigou por anos e foi cúmplice de todo seu desespero, lágrimas e felicidades.
Mas, naquele momento, sentia que não era a hora.
Deveria ir, arrumar suas coisas e ir. Algo simplesmente lhe guiava e não exitou um segundo sequer em arrumar suas coisas devidamente e pegar somente o que de fato lhe importava. Trocou-se de imediato, observando-se ao espelho as mudanças em sua aparência e em sua maneira de se vestir.
Sentiu-se frustrada. Ao mesmo tempo que decidida, frustrada.
Agora entendia a vontade súbita de desejar voltar a infância novamente. Mas, ao se recordar do seu passado, simplesmente negou para si mesma. Era forte demais para simplesmente desejar voltar no tempo e viver coisas como viveu naquela época de sua vida. Tinha certeza que conseguiria se adaptar a uma nova vida, mesmo sendo ela brusca demais.
Conquanto, tinha pressa.
E ao pegar suas últimas coisas, não exitou em sair por aquela porta. Trancar e adiantar seus passos para longe dali. Sentindo o coração bater acelerado ao peito. Era muito mais do que apenas conviver com a selva, era como simplesmente conhecer a parte inexplorada dela. E Nayeong tinha certeza que caminhava em direção a parte inexplorada de uma selva repleta de possibilidades.
*
Tocou a campainha da casa. Ouviu pacientemente a voz do outro lado, pedindo paciência. E ao se afastar levemente da entrada, observou atentamente a fachada da casa.
Não havia mudado muita coisa, entretanto, a cor estava ainda mais forte. Como se tivesse sido pintada recentemente e existiam vasos de flores que enfeitavam lindamente a entrada. A híbrida sorriu com a visão, sentiu-se acolhida somente ao observar.
Poucas coisas lhe faziam sentir-se acolhida. E recordava-se perfeitamente do momento em que havia entrado naquela casa e de como saiu dela. Não eram lembranças felizes, porém, eram lembranças que lhe deixavam fortes o suficiente para que não pudesse repeti-las.
Diferente de horas antes, naquele instante sentia-se calma. Já se passavam das três horas, e aos poucos o céu ia perdendo seu sol, para dar entrada a noite. Mesmo apreciando o dia, amava ainda mais a noite.
Nayeong sorriu levemente. Respirando fundo. Farejando todos os tipos de aromas ao seu redor. Diferente dos seus dezessete, seu nariz funcionava bem e conseguia captar os aromas existentes. Não entendia os motivos daquilo estar acontecendo, mas, sabia que era devido a sua genética híbrida diferenciada.
Seu foco tornou-se outro quando seus olhos voltaram atentos em direção a porta.
Dando de cara com os mirantes extremamente azuis, que lhe encaravam desconfiados ao mesmo tempo que desejavam lhe reconhecer. O homem à sua frente era extremamente bonito, e Nayeong pode reconhecê-lo do porta-retratos que havia visto. Sabia que aquele era o namorado de Jungkook, e entendia que talvez ele não fizesse ideia de sua existência.
Não podia negar que sua beleza era de encher os olhos. Assim como os olhos azuis. E o seu cheiro de menta, que ocupava boa parte do ar lhe davam um contraste ainda mais intimidante. Ele vestia uma calça de moletom preta, folgada e usava de uma camiseta branca de manga cumprida, em sua mão tinha um livro e em seu rosto óculos de grau.
Parecia ter sido interrompido e provavelmente não estava nada contente com aquilo. Mas, Nayeong respirou fundo. Sentia muito por tê-lo interrompido, mas, não se atreveu a dizer absolutamente nada. Não conseguia, estava presa diante daqueles olhos azuis que pareciam saber de todos os seus pecados.
Encarou o exato momento em que o homem bonito a sua frente engoliu a seco e farejou o ar, rapidamente olhando para trás de si.
— Jungoo, você tem visita. — Seu timbre de voz era diferente dos timbres habituais. Era mais rouco, firme e completamente intimidante. Não parecia nada convidativo.
Ao fundo, Nayeong ouviu a voz de quem tanto desejava ouvir. Estava diferente, isto ela não poderia negar. Mas, entendia e compreendia de alguma maneira que era ele.
Seu coração acelerou tão rápido, que poderia desmaiar a qualquer momento.
Suas bochechas esquentaram e ela se pôs a abaixar a cabeça, encarando os próprios pés.
— Quem é hyung, deixe-me ver..— E agora a voz estava ali, tão perto.
A híbrida levantou a cabeça, encarando os olhos alheios. Estes que tinham dúvida e ceticismo. Jungkook tinha em mãos um pequeno pano de pratos, os cabelos pretos estavam jogados para trás, mostrando o recente undercut.
Suas expressões estavam diferentes, mais marcadas, firmes. Ele estava mais alto que o habitual. Seu corpo estava ainda mais marcado na camiseta branca fina justa e que parecia tão frágil se vestida por si.
Utilizava também de uma calça de moletom, porém esta era cinza.
Nayeong sentiu pelo menos um pouco de sua alma escapar pelo corpo. Não sabia o que dizer, não sabia como dizer. Por um momento, estar ali pareceu um erro. Sentia-se pequena diante daquela sensação tão grande que tinha dentro de seu peito.
Sentia como se tivesse ainda dezessete anos.
Os olhos de Jungkook brilharam em puro vermelho. Nayeong percebeu as bochechas do alfa corarem, assim como os olhos que já brilharam pelas lágrimas contidas. Ele ainda se mantinha cético, não conseguia se aproximar, lhe faltava coragem.
Depois de tanto tempo, já havia perdido as esperanças.
— Você disse que se querer você ainda fosse o meu desejo, depois de minha formação, era para que eu viesse até você..
A híbrida pausou, os olhinhos brilhando em uma emoção até então tão conhecida por si. As palavras quase pareciam sumir de sua boca, sentia-se como uma iniciante em frente a ele.
Mas, aproveitando do silêncio descrente de Jungkook, Nayeong continuou:
— Hoje, aos meus vinte anos, tenho certeza de que é isso que desejo, Jungkook-ssi. — Tão firme quanto a primeira vez, Nayeong informou-lhe a decisão, encarando os olhos do alfa a sua frente. — Só peço desculpas por ter demorado tanto..
Jungkook respirava fundo, não conseguia entender o que ela estava fazendo ali, sendo que acreditava até anos atrás que não a teria mais para si.
Havia se acostumado com as crises súbitas do seu lobo, querendo matá-lo pela madrugada. Em questão das frustrações dos seus instintos.
Percebeu o exato momento em que Yoongi, encostou-se no batente da porta, com os braços cruzados e a expressão indecifrável.
Nayeong sentia que perderia o ar naquele momento. Mas, tinha de se manter forte. Seus olhos queriam se encher ao encarar Jungkook a sua frente. Que parecia tão diferente, exceto pelo sorriso doce e os olhos grandes bonitos.
Que naquele exato momento brilhavam por ela.
— Eu vim até você, Jungoo. Espero que não tenha chego tarde demais. — Jungkook negou, devagar andou em direção até a híbrida. Os olhos cada vez mais escarlates. Nayeong parou no local, com a postura paciente, mesmo que estivesse explodindo por dentro. — Eu não sabia o que fazer, Jungkook. Sua proposta fora completamente louca, mas, eu simplesmente senti que deveria vir. Foi estranho, mas, eu vim. Não tive paz, durante três anos. Pensando que deveria vir, e hoje, estou aqui.
— Você fez bem. — Sorriu, mostrando os dentes salientes e bonitos. Colocando as mãos quentes sobre as bochechas alheias, acariciando-as com toda ternura do mundo. — Sempre lhe disse que era paciente, e sou paciente.
Os olhos da híbrida brilharam e ela quase chorou diante do toque quente.
— Eu senti tantas saudades, Jungkook-ssi. — E foi impossível os olhos de Nayeong não marejarem diante daquele sorriso e da presença forte do alfa a sua frente. A sensação boa e familiar tomou conta de seu peito. — Eu não queria ter dito as coisas que disse a você, sabe disso. Mas, eu simplesmente não consegui me conter. Eu peço desculpas, apenas peço que me desculpe por tudo que lhe disse.
— Não me peça desculpas por reagir de uma maneira que qualquer pessoa reagiria. — E cortando aquela pequena distância que restava entre os dois, Jungkook abraçou-a fortemente, sentindo o aroma gostoso de seus cabelos e seu cheiro característico de amora. — Eu senti tanto a sua falta, Nana-ssi.
Sentia tanta saudades de sua menina.
E afundando-se no abraço alheio, Nayeong respirou fundo.
Estava em casa.
Observando de longe, o contato alheio, Min Yoongi suspirou. Agora sim estava tudo completo. E ele podia sentir isso vindo do alfa a sua frente.
Mesmo que desejasse ter palavras o suficiente para expor o que sentia. Sequer conseguiria, não se sentia capaz. Então, dando meia volta, entrou dentro da casa, caminhando despreocupadamente em direção a cozinha. Os dias seriam longos e sequer entendia sobre o possível futuro deles ali, naquela casa, juntos.
Continua no próximo capítulo.
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