Capítulo 31
Uma semana depois do anúncio do meu casamento cá estou eu sendo preparada para o mesmo. Sinto que os dias passaram tão rápido, que ao menos me deu tempo de pensar em algo para acabar com essa porcaria de acontecimentos.
Eu só espero não surtar no meio da cerimônia ao ponto de matar todos a minha volta, confesso que não venho confiando em mim nos últimos tempos. Estou propicia a acabar com todos apenas porque me sinto com abstinência de Gabo.
Minha saudade é tanta que chega a me corroer por dentro, ao ponto de mim sentir enjoada. A tensão dessa cerimonia que está para vir vem me deixando doente.
Me olho no espelho vendo o vestido longo bem acinturado de cor preta, cheio de pequenas pedrinhas de brilhante tanto pela sua calda quanto no busto, de longe o vestido mais bonito que já usei, mas um tanto fúnebre para um casamento, não que eu esteja reclamando aliás estou me sentindo da forma que ele vem proporcionando a me sentir.
Eu pareço encarecidamente mais velha, como se este lugar estivesse chupando toda a minha energia, e para falar a verdade não duvido muito que isso não esteja acontecendo. Duas garotas me arrumam, não sei quais são seus nomes e no momento não consigo me importar o suficiente para perguntar.
Ambas parecem ser mais novas que eu, com cabelos negros no mesmo corte os que a diferencia são suas alturas divergentes, porque mesmo não sendo obviamente gêmeas são bem parecidas, talvez irmãs eu diria.
Me pergunto em como é ter uma irmã ou irmã. Será que seríamos amigos? Será que estaríamos nesse inferno juntos? Esses são alguns dos questionamentos que vem em minha mente quando eu olho para as duas meninas.
- Vossa alteza está pronta. - A mais baixa delas diz em um tom sussurrado como se estivesse com medo de mim, não a culpo por isso, não é como se eu tivesse a fama de uma princesa encantadora e frágil longe disso por sinal.
- Obrigada. - Elas fazem uma reverência se mantendo em pé atrás de mim como se esperacem por algo. - Podem me deixar um pouco sozinha, diga ao capitão ou peçam a alguém para dizer que estou à espera dele por gentileza. - As dispenso achando que era disso que elas precisavam para me deixar sozinha, e foi o que aconteceu.
- Certa vossa alteza, tenha uma boa cerimônia. - Ambas dizem em uníssono o que um foi meio assustador.
- Não se assustem se ver alguém explodindo no meio dela. - Digo para mim, mas vejo que elas escutaram pelo semblante assustado junto aos olhos verdes escuros que se arregalaram.
As duas saem do meu quarto às pressas, seria cômico que se não fosse trágico. A última coisa que quero é ser uma rainha que transmite pavor para os súditos, claro que também não serei das mais amorosas até por causa da minha personalidade, mas quero ser uma rainha respeitada e pelo menos um pouco admirada.
Não sei se conseguirei ao menos ser uma rainha e estou aqui me imaginando sendo algo quase impossível de ser no momento, patética eu sei.
Alguém bate à porta, e eu calmamente, ou melhor, em passos curtos, pois não me sinto calma, vou até a mesma. Ao abrir vejo Kai em seu uniforme mais elaborado de capitão, ele parece tão cansado quanto eu, talvez ficar longe dos nossos soulmates não esteja nos fazendo realmente bem.
- Você está linda para ir a um funeral. - Ele brinca me fazendo dar-lhe uma tapinha em seu ombro sem conseguir conter um riso mesmo que mínimo pois é o que meu subconsciente deixa passar.
- Estou pronta para ser uma mulher bem-casada, o que me diz? - Kai revira os olhos estendo sua mão em minha direção.
- Vamos, não se preocupe com o que vai acontecer estarei lá para que precisar. - Ele fala com um sorrisinho acolhedor no rosto.
- Vai jogar uma adaga no pescoço do Arturo no momento do sim? Porque senão, não me venha com essa ladainham. - O moreno solta um riso soprado por fim me puxando para começarmos a descer. - Eu não acredito em milagres até porque não temos bem uma religião, mas espero muito mesmo que aconteça uma hoje ou eu mesma vou ter que fazê-la.
- Não faça besteiras, você não viu o tanto de guardas o Arturo trouxe para fazer a segurança do casamento, creio que o mesmo não confia na minha guarda. - Kai termina de falar com um tom sarcástico na voz.
Enquanto caminhamos em direção ao salão de baile, onde será a cerimônia junto a possível festa, Kai tenta acabar com o clima tenso que reverbera de mim.
Bom, como sempre muitas pessoas estão no salão, claro que dessa vez parece ser mais que o normal, mas nada que não esteja preparada, não que eu esteja verdadeiramente preparada para alguma coisa.
O salão está bem enfeitado, com flores escuras, particularmente esquisitas, para todo lado, a iluminação baixa, mas surpreendentemente aconchegante, pois o que esperei seria algo realmente assustador.
Enquanto caminhamos pelo meio do salão, em cima de um tapete com bordados prateados, vejo mais a frente em um pedestal a minha mãe em um vestido mais elaborado e chamativo do que o eu estou vestindo, seria óbvio que ela não perderia essa chance de chamar mais atenção do que a noiva. Ao lado da mulher que me deu à luz, só que um pouco mais a frente Arturo se encontra vestido em um uniforme de rei em um vermelho quase vinho e uma coroa dourado sem pedrarias e sua cabeça, semelhante ao que o meu pai usava, em sua cabeça.
O ruivo parece nervoso, mas assim que seus olhos pousam em mim o mesmo abre um sorriso largo, ele realmente parece feliz. Espero que esse sorriso morra junto a essa patifaria de festa.
Terminamos os passos quase que intermináveis parando em frente ao meu castigo pessoal, vulgo Arturo Aiken.
- Você está linda meu amor. - Ele diz, e sim eu não me contenho em revirar os olhos.
- Nos poupe de suas palavras, não quero vomitar o meu almoço. - Digo vendo o sorriso que ele sustentava morrer aos poucos. - Obrigada. - Agradeço ao Kai em uma maneira de dispensá-lo, o mesmo ainda estava ao meu lado assistindo toda sena segurando claramente um riso.
Kai se afasta de mim, me deixando ao lado do desgraçado usurpador que agora para seu bem não sorrir mais.
- Estamos nesta noite reunidos para a cerimônia de consumação do amor desses dois jovens. - Minha mãe começa a falar.
Aperto minhas mãos em punhos para me controlar para cada palavra falada pela mulher que se acha no direito de ser rainha. Arturo tenta entrelaçar nossos dedos, mas sem cerimônia alguma lhe dou um tapa.
Essa festa ao menos não esperou muito tempo para virar um enterro.
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