Capítulo 11
Kai vem atrás de mim, depois da minha grande descoberta. Tento andar mais rápido que ele, mas o mesmo me alcança assim que coloco o pé no primeiro degrau da escada. Segurando o meu braço com uma certa força, mas não ao ponto de me machucar, ele não deixa que eu me mexa nem mais um centímetro, me fazendo virar para olhá-lo mesmo a contragosto.
- Por que não me contou? - Pergunto assim que fito o seu rosto bonito, mas que tenho vontade de arrancar com as minhas próprias mãos, mesmo agora tendo uma expressão quase desesperada.
- Eu não sabia, juro, fiquei tão surpreso quando você acredite em mim, por favor. - Suas palavras parecem verdadeiras, mas minha raiva agora é tão grande que não consigo não revirar os meus olhos. - Estou falando sério eu não sabia. - Ele repete um toma mais alto que antes.
- Ótimo, vou acreditar em você. - Fazendo o mesmo abrir um sorriso. - Essa é o hora que você diz que sabia de tudo. - Digo vendo-o ficar sério.
- Não estou mentindo Sky, eu não sabia, talvez ele só tenha falado o meu nome para te dar mais uma opção e você não ser jogada para o outro sem se quer dizer que pode escolher. - Kai fala exasperado.
Fecho os meus olhos respirando fundo para não surtar, mas é em vão. Me solto de sua mão em meu pulso praticamente partindo pra cima dele empurrando os seus ombros com as duas mãos.
- E você acha isso normalmente seu idiota? Acho normal um pai querer entregar a filha como moeda de troca, para sei lá, uma união de reinos? - Minha voz fica alta, tenho certeza de que dá para ouvir de longe. - Sério você fica pior a cada dia, capitão. - Minha voz sai mais baixa, mas ainda raivosa.
- Eu não disse... - O interrompo com um gesto de mão.
- Quer saber eu não espero nada de ninguém, mas que já fique avisado que eu não vou me casar. - Falei já sem paciência para nada.
- Quando disse que viraria o monstro que esperávamos, do que estava falando? - Kai pergunta me surpreendendo, eu não esperava por essa pergunta vindo dele.
- Eu sei o que pensam de mim capitão, eu vejo os olhares com medo a única pessoa que parece não ter esse sentimento direcionado a mim, fora vocês que são treinados para coisas piores, é a Ada. - Ele me olha confuso com se já não soubesse da minha fama. - Eu posso nunca ter usados os meus poderes ou até não saber como usá-los, mas eu sei quais são, aliás é muito comum ter o dom da clarividência por aqui, e as notícias correm rápido. - Kai parece lembrar me fitando com os olhos meio arregalados.
- A princesa das sombras é como as chamavam antes de voltar, como eu pude esquecer. - Ele parece se martirizar por tal coisa.
- Bom já que se lembrou, posso voltar ao meu quarto? - Ele sorriu de lado me deixando levemente assustado.
- Temos um encontro para ir, a cidade Fisher nos espera. - Kai me lembra do meu pedido ao desgraçado que até cheguei a chamar de pai.
- Eu não vou mais, tenho que fazer umas pesquisas. - Digo me afastando, mas ele me segura novamente.
- Vamos, talvez seja uma maneira de você espairecer disso que acabou de descobrir. - Olho bem para o capitão pensando o quão manipulador alguém pode ser.
Antes que eu respondesse ao mesmo um rapaz que nunca havia visto, vestido no que parece ser um uniforme menos elaborado do que as roupas que Kai normalmente está usando.
- Capitão, princesa Sky. - O garoto com cabelos curtos bem na raiz e com olhos castanhos mel que parece apenas ser um pouco mais velho que eu faço uma breve reverência para nós dois.
- Pode falar Andreas. - Kai dá o que eu chamaria de autorização para o mesmo fazer óbvio.
- O rei precisa do senhor para estar presente na execução do código S. - Não entendo o que o rapaz quis dizer olhando para Kai talvez na esperança de que ele me explique.
- Certo, estarei lá em um minuto. - O capitão responde, Andreas faz mais uma referência saindo. - Nos vemos depois, antes do anoitecer sairemos para a cidade. - Kai diz fazendo menção de sair, mas eu o seguro antes.
- O que ele quis dizer? - Pergunto vendo o rosto surpreso do mesmo em minha direção.
- O seu pai pelo menos uma vez por mês faz uma espécie de julgamento, no qual ele dá sentenças para os presos do reino em praça pública, mostrando assim ao povo que se não o respeitar terá o mesmo fim. - Kai explica calmamente.
- Que tipo de sentenças e crimes? - O capitão parece ponderar me responder. - Quais? - Insisto.
- Se quer saber por que não vem ver, mas terá que ficar longe da vista do seu pai, ele quer que você se adapte aqui, para então conhecer esse lado. - Ele fala me fazendo assentir que ficarei quieta. - Ótimo, vem comigo vou lhe deixar em um lugar neutro onde ele não irá lhe ver. - Ele começa andar comigo ainda o segurando, mas eu solto quando estamos na metade do caminho, o mesmo me olha, mas dar de ombros voltando a caminhar.
Chegamos em uma espécie de porta que dá para fora do castelo, Kai para de abrupto quase esbarro no mesmo.
- Pronto chegamos, não saia daqui ninguém além da guarda passa por aqui, mas isso apenas quando necessário. - Eu assinto. - Lembre-se princesa ele não pode saber que está aqui, você verá e escutará tudo deste lugar, então não saia. - Ele repete.
- Já entendi capitão que não quer ser prejudicado por estar me fazendo esse favor, então não farei nada. - Garanto recebendo um aceno do mesmo.
Kai sai por onde estamos, o vejo caminhar em direção a um amontoado de pessoas dando a volta por elas até subir em um pedestal onde meu pai se encontra. Se os sentidos dos pássaros negros não fossem tão bons eu estaria perdida.
Poucos segundos depois de Kai se pôr ao lado do rei, vejo guardas entrando com pessoas, praticamente os arrastando, de onde estou não dá para identificar idade por estarem sujas e vestida em farrapos, o que me dá um leve arrepio ao me perguntar em como são tratados e o que fizeram.
Meu pai começa a falar coisas que não me dou ao trabalho de gravar, como por exemplo o quão importante esse momento é para mostrar aos seus súditos o seu poder, sério mesmo que vou ter que avisar que medo e respeito são coisas totalmente diferentes.
Perdida nos meus pensamentos volto em a mim quando ele diz o primeiro crime, que dê é um homem de nome Álvaro. O homem roubou comida de uma mercenária, ele chega a tentar se justificar quando escuta um choro alto vindo de alguém na multidão. Vejo uma senhora aos prantos, a mesma começa a gritar que o marido roubou para que tivesse o que comer já que ela está cega e não pode trabalhar para sustentar junto a ele os filhos que ambos têm. Choque transpassa em meu rosto ao ver meu pai ignorar os lamentos dando a sentença de morte ao homem, que antes mesmo de mais um piscar de olhos meu é decapitado, uma cabeça rola pelo chão me fazendo segurar um grito.
Fico observando mais sentenças virem, para crimes que poderiam ser resolvidos se a política de distribuição de renda fosse justa. Antes mesmo de chegar a última sentença que seria de uma moça, que desta vez forçando a vista a mesma parece ter a minha idade, saio correndo para o meu quarto chegando no mesmo com a respiração irregular.
Ela tinha me avisado disso e eu não tinha acreditado.
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Obrigada!
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