Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 27: Entre sombras e poder - caminhos cruzados?

Data de publicação: 07/09/2024
Palavras: 12.788


Sob uma lua pálida, refletindo a virtude mais bela e desejada por todos, surge a pergunta: o que sou eu? Os pobres me possuem, os ricos anseiam por mim. Sou o amor? Ou talvez compaixão e riqueza? — Os humanos, afinal, são sempre tão gananciosos.

Estou presente em todos os lugares, exceto em você. Sou o anseio dos deuses e o ideal inatingível dos impuros. O que sou eu? — Sou a perfeição. Embora esteja em todos os lugares, em você não resido. Sou o anseio dos Deuses e a visão inalcançável dos impuros.

Minha morada está nos olhos vermelhos, e no calor do momento, faço minha chegada. Tenho muitos nomes, mas sempre me chamam de...? — Sempre me chamam de ira. Nos olhos vermelhos é onde habito, e no calor do momento, é quando apareço.

Em mentes fracas, eu me quebro; em corpos fortes, eu me dilacero. Meu poder corrói até os espíritos mais fortes. O que sou? — Eu sou a dúvida. Em mentes fracas, eu entro e me quebro, e em corpos fortes, dilacera. Meu poder corroi até os espíritos mais robustos.

— Já me escondi por tempo demais —  murmurou para si mesmo, a voz carregada de um tom sombrio e decidido. — Eu dizia a mim mesmo que não era necessário recorrer a tanta violência. O meu âmago já é cruel o suficiente para realizar tudo o que planejo. Mas ele é fraco quando se trata de tomar decisões! — A frustração crescia, sua expressão contorcida em uma mistura de raiva e desdém. Seus olhos, antes apenas frios e calculistas, agora brilhavam com uma intensidade ameaçadora, como se as chamas de sua fúria estivessem prestes a consumir tudo ao seu redor.

— Eu me enfureço quando ele hesita, quando fica atolado em seus pensamentos intermináveis. Já é hora de assumir o controle da situação. Esses vermes precisam sentir o verdadeiro medo que somos capazes de causar. — Seu tom era cortante, impregnado com a promessa de um terror implacável. Ele avançou para frente, seus movimentos eram como o rosnado de um predador pronto para atacar.

As sombras ao seu redor se estendiam e se contorciam, refletindo a turbulência interna. O ar parecia pesado, quase palpável, carregado com a tensão crescente que emanava dele. Cada palavra proferida era uma ameaça silenciosa, e seu olhar fixo no horizonte era um prenúncio sombrio das atrocidades que estavam por vir.

— Agora — ele disse com uma voz que soava como um sussurro carregado de gelo — é o momento de mostrar a eles a verdadeira face do medo.

A noite estava fria, trazendo consigo um caos inquietante que se espalhava pela capital Scientia de Partum. O vento soprava com fúria, invadindo os corredores do palácio através das janelas quebradas, fazendo as cortinas rasgadas balançarem como sombras vivas. O assobio agudo do vento reverberava pelas paredes de pedra, criando uma sinfonia de terror que ressoava em cada canto escuro.

O rei, em um estado de completo desespero, mal conseguia controlar o tremor que tomava conta de seu corpo. Sua mente, outrora afiada, estava agora totalmente dominada pelo medo, um medo paralisante que o consumia por inteiro. Seus olhos arregalados refletiam a impotência que sentia, e o suor escorria por seu rosto em torrentes, misturando-se às lágrimas não derramadas de puro terror. Estar frente a frente com Reuel Ashford-Valet, o temido imperador de Partum, era como encarar a própria morte. A mera menção do nome de Reuel já era suficiente para instigar o pavor em seus inimigos, mas estar diante dele, com a reputação sombria do imperador pairando como uma sombra opressiva, era uma experiência aterrorizante além das palavras.

Reuel, com seus olhos carmesins brilhando como brasas, fixava o rei sem desviar o olhar. Não piscava, não mostrava qualquer traço de hesitação. Seus olhos eram duas fendas vermelhas, cheias de uma fúria contida, mas implacável. Ao lado do rei, sua irmã Luna permanecia em silêncio, ainda debilitada pela magia desconhecida que a havia atingido. Ela podia sentir a força e a presença avassaladora de seu irmão, e também ouvia o coração do rei martelando descontroladamente em seu peito, uma batida frenética que parecia estar à beira da ruptura.

Enquanto o imperador se aproximava, cada passo ecoando pelo salão vazio como o anúncio de uma sentença inevitável, a tensão no ar se tornava insuportável. O rei, sentindo-se encurralado, cedeu ao desespero. Com um movimento brusco, ele agarrou Luna pelo braço, puxando-a para perto como um escudo humano. Seus dedos trêmulos mal conseguiam segurar a pequena faca que agora ele pressionava contra o pescoço dela. A lâmina cintilou à luz das tochas, mas suas mãos tremiam tanto que o gesto não passava de um último e patético ato de desespero.

Reuel continuava a avançar, sem pressa, sem qualquer sinal de emoção. Sua presença era esmagadora, cada passo que dava era como um tamborilar de um destino inevitável. Ele estava imperturbável diante da ameaça contra sua irmã, seu olhar fixo no rei, e sua voz, quando finalmente falou, era fria e implacável, carregada de uma autoridade que não poderia ser desafiada.

— Solte a faca! Se quiser viver.

A voz de Reuel Ashford-valet ecoou pelo salão, fria e cortante como uma lâmina afiada. O rei, tomado pelo pânico, não hesitou. Sua mão trêmula largou a faca, que caiu com um som metálico no chão de mármore. Ele soltou Luna, que recuou lentamente, ainda fragilizada pela magia que a havia atingido.

O rei, agora completamente à mercê do imperador, caiu de joelhos diante de Reuel. O suor escorria de sua testa, misturando-se com as lágrimas de desespero que começavam a brotar em seus olhos. Sua respiração era rápida e entrecortada, como a de um animal acuado.

— Por favor, meu senhor... — implorou o rei, sua voz rouca e trêmula. — Perdão... Eu imploro por misericórdia... Estou arrependido de ter desafiado o império...

Reuel observava o homem à sua frente com uma expressão de puro desprezo. Seus olhos carmesim ardiam com uma fúria contida, mas seu rosto mantinha uma máscara de gelo. Quando o rei ousou levantar a cabeça para encontrar o olhar do imperador, ele viu a morte refletida naqueles olhos implacáveis.

Com um movimento lento e deliberado, Reuel ergueu a mão, como se fosse um juiz prestes a proferir a sentença final. O rei, em pânico absoluto, se arrastou mais para perto, agarrando-se à perna de Reuel como um homem se afogando em busca de um salvador.

— Por favor, tenha piedade! — gritou o rei, desesperado. — Ofereço minha família, meu reino... Tudo o que tenho... Apenas poupe minha vida!

O imperador, indignado com a covardia do rei, sentiu uma onda de desprezo profundo percorrer seu corpo. A audácia de tentar barganhar com sua própria família e reino, como se fossem meras moedas de troca, era a prova do quão baixo aquele homem estava.

Por um breve momento, Reuel considerou esmagar o rei ali mesmo, acabar com sua existência insignificante com um único golpe. Mas então, uma ideia surgiu em sua mente. Havia uma oportunidade naquele ato desesperado, uma forma de virar o jogo a seu favor.

Reuel baixou a mão lentamente, um sorriso cruel curvando os cantos de seus lábios.

— Sua oferta é patética — disse ele, sua voz gotejando desprezo. — Mas talvez... Eu possa encontrar algum valor em sua proposta.

O rei, percebendo que talvez tivesse uma chance de sobreviver, ficou em silêncio, aguardando ansiosamente o veredicto do imperador. O medo ainda pulsava em seu peito, mas agora, misturado com uma esperança frágil, como uma chama vacilante no meio da escuridão.

Reuel, porém, estava apenas começando a jogar seu jogo de poder. A verdadeira natureza de sua decisão ainda estava por vir, e o rei, ajoelhado e suando, era apenas uma peça nesse tabuleiro sombrio.

Reuel Ashford-Valet observava o rei Zass Yuttras, ainda ajoelhado diante dele, com olhos frios e calculistas. Após um momento de silêncio, em que o peso do destino do rei parecia pender sobre todos os presentes, Reuel falou, sua voz impregnada de uma autoridade inquestionável.

— Levante-se — ordenou, sem sequer um traço de compaixão. A voz de Reuel soava como o roçar de uma lâmina sobre pedra, cortante e inflexível.

O rei, com as pernas tremendo, mal conseguiu se erguer, mas o fez, mantendo o olhar fixo no chão, como se temesse encontrar os olhos carmesins do imperador. O suor escorria por seu rosto em rios, a tensão do momento tornando o ar quase sufocante.

Reuel se aproximou mais, cada passo seu ecoando com uma gravidade implacável. Quando finalmente parou, sua presença era esmagadora, como se o próprio ar ao redor dele se tornasse mais denso, mais pesado. Ele deixou o silêncio se arrastar por mais um segundo, intensificando o terror que dominava o rei, antes de pronunciar sua sentença.

— Volte ao seu reino — disse Reuel, cada palavra gotejando desprezo. — E prepare-se para minha futura visita. Quero que explique a todos em seu reino a situação em que se encontra. Deixe claro que, a partir de agora, seu reino serve diretamente ao Palácio do Império. Não haverá dúvidas sobre quem verdadeiramente governa.

O rei, sentindo uma pequena onda de alívio ao perceber que sua vida fora poupada, não ousou levantar os olhos. Mas esse alívio foi logo esmagado pelas próximas palavras de Reuel, que vinham carregadas de uma raiva fria e calculada.

— E que fique claro, Zass Yuttras — a voz de Reuel se tornou ainda mais baixa, quase um sussurro, mas que reverberava no salão com o peso de uma promessa fatal —, seus crimes serão pagos com a mais profunda humilhação. Seu reino não passará de um estabelecimento de preparação para servos do meu palácio. Aqueles que antes o chamavam de rei o verão agora como o símbolo de sua própria vergonha.

O rei Zass Yuttras mal conseguiu conter um soluço que se formava em sua garganta. Ele podia sentir o olhar gélido de Reuel penetrando em sua alma, e por um momento, tudo que ele desejava era desaparecer. As palavras de Reuel eram como grilhões que se apertavam ao redor de seu coração, uma lembrança cruel de que, a partir daquele momento, sua vida e seu reino eram meros brinquedos nas mãos do imperador.

Reuel, satisfeito com a devastação evidente nos olhos do rei, deu um passo para trás. Seu olhar, agora indiferente, já não via Zass Yuttras como uma ameaça, mas como uma peça já sacrificada no grande jogo de poder que ele estava prestes a intensificar.

— Vá. E lembre-se — concluiu Reuel, virando-se lentamente, como se o rei não fosse mais digno de sua atenção —, qualquer desobediência será tratada como um ato de traição. E você bem sabe como o Império lida com traidores.

O rei assentiu freneticamente, os olhos arregalados de terror, antes de cambalear para fora do salão. Cada passo que ele dava o afastava da presença imponente de Reuel, mas o peso das palavras do imperador continuava a oprimir seu coração.

Enquanto o rei se retirava, Reuel permaneceu imóvel, seus olhos carmesins fixos no horizonte além das janelas quebradas do palácio. Seus planos eram simples, mas impregnados de uma fúria que se alimentava de cada gota de poder que ele acumulava. A humilhação de Zass Yuttras e a subjugação de seu reino seriam apenas o começo da grande retribuição que Reuel planejava, uma vingança que não se limitaria apenas a sangue, mas que arrastaria a dignidade e o orgulho de seus inimigos para as profundezas da vergonha.

O assobio do vento ressoava com uma intensidade quase sobrenatural pelos vastos corredores do salão do trono, onde as cortinas tremulavam como sombras ameaçadoras. Reuel Ashford-Valet, o imperador, permanecia imóvel, uma estátua de poder e mistério, ignorando completamente o caos que o cercava. Sua presença era tão imponente que parecia congelar o próprio ar ao seu redor.

Os guardas invadiram a sala com passos apressados, seus rostos misturando alívio e ansiedade. Haviam reconquistado o império, e os inimigos agora corriam como covardes em fuga. No entanto, ao se depararem com o imperador, que não demonstrava qualquer reação, suas vozes trêmulas se perderam no eco do salão.

— Senhor, conseguimos! — anunciou um dos guardas, tentando capturar a atenção de Reuel. Outros repetiram o chamado, mas a resposta foi o silêncio absoluto, pesado e opressor.

Desesperados, os guardas insistiam, mas Reuel permanecia em um estado enigmático, seu olhar fixo no vazio, como se estivesse preso em uma escuridão interior que ninguém mais poderia alcançar. Um dos generais, sentindo o peso da responsabilidade, aproximou-se lentamente, cada passo medido com cautela. Seu coração batia acelerado enquanto estendia a mão trêmula, tocando levemente o ombro do imperador.

Foi então que Reuel se moveu.

Os olhos carmesins do imperador se voltaram para o general com uma lentidão aterradora. O brilho sanguíneo em seu olhar era gélido, penetrante, carregado de uma fúria silenciosa que parecia rasgar a alma de quem ousasse encará-lo. O general, ao perceber o abismo de emoções que refletia naqueles olhos — traição, amargura, decepção —, sentiu um calafrio atravessar sua espinha. Ele ficou paralisado, como uma presa diante de um predador implacável.

O silêncio do salão foi quebrado pelo som suave de passos. Luna, irmã de Reuel, aproximou-se com a delicadeza de uma brisa noturna, sua mão pousando sobre a do irmão, num gesto de ternura e compreensão. O toque dela parecia dissipar a tormenta que se formava nos olhos do imperador, suavizando a fúria que ameaçava explodir.

Reuel piscou lentamente, como se estivesse emergindo de um pesadelo profundo. O general, aproveitando o momento de alívio, recuou rapidamente, seu corpo tremendo enquanto deixava a sala. O pavor ainda refletia em seus olhos, e a cada passo que dava, ele parecia mais ansioso para escapar da presença de seu senhor.

Um dos guardas, percebendo a expressão assombrada do general, apressou-se a questioná-lo no corredor:

— O que aconteceu lá dentro, senhor?

O general, com a voz baixa e tensa, respondeu sem hesitar:

— Alguém traiu o império.

Ele sabia o que havia visto nos olhos de Reuel. Aqueles não eram olhos comuns. Eram olhos que já haviam presenciado a traição, que carregavam o peso de decepções passadas, de uma confiança repetidamente despedaçada. Eram os olhos de um imperador que já havia sido traído antes, e que agora se preparava para agir de forma implacável.

— Procurem o traidor — ordenou o general, com uma urgência sombria na voz. — Antes que o próprio imperador decida fazer isso por conta própria.

Ele conhecia Reuel bem demais. Se o imperador tomasse as rédeas dessa busca, o resultado seria um banho de sangue que ninguém seria capaz de deter.

Luna Ashford-Valet permaneceu ao lado de seu irmão no salão do trono, seus olhos fixos em Reuel enquanto ele permanecia em um estado de inquietante silêncio. Ela sabia que precisava acalmá-lo, sentia a tensão no ar como se fosse uma corrente elétrica prestes a explodir. Lentamente, ela se aproximou, sua mão trêmula repousando sobre o braço dele, enquanto sua voz saía suave, quase suplicante.

— Reuel... Eu estou segura agora — ela sussurrou, tentando alcançar a parte racional que sabia ainda existir dentro dele. — Você me salvou. Não há mais perigo.

Embora sua voz fosse gentil, havia um tom de urgência em suas palavras, uma tentativa desesperada de desviar a atenção de Reuel da tempestade de raiva que ela podia sentir fervendo sob sua pele. Seus olhos, geralmente tão calmos, estavam agora fixos nas feições endurecidas do irmão, lendo cada linha de tensão em seu rosto.

— Estou bem, Reuel — Luna repetiu, enfatizando cada palavra. — Não preciso mais da sua proteção. Está tudo acabado.

Mas Reuel não parecia ouvir. Seus olhos carmesins, que haviam perdido momentaneamente o brilho ameaçador, agora recuperavam uma intensidade feroz. Ele estava imerso em seus próprios pensamentos, revivendo os eventos que levaram à traição e à invasão do império. Sua voz, baixa e fria, cortou o ar pesado do salão.

— Eu sei quem é o traidor... — ele murmurou, sua mão apertando o braço de Luna com uma força involuntária. — Não há como eles terem passado pelas defesas que eu deixei prontas... A Grande Muralha deveria ter sido suficiente para segurá-los por meses. Mas mesmo assim, eles entraram.

As palavras dele eram como um veneno, se espalhando pela sala com uma ameaça silenciosa. Ele parou, suas palavras carregadas de uma certeza sombria.

— Alguém de dentro enfraqueceu as defesas de propósito. Traiu o império e a mim.

Luna sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela conhecia bem seu irmão, sabia que quando Reuel começava a fazer essas deduções, era apenas uma questão de tempo até que a ira tomasse conta por completo. Tentando manter a calma, ela fez um esforço consciente para suavizar sua expressão e falou com mais firmeza.

— Reuel, isso pode esperar. Temos que focar em restaurar a ordem, não em procurar culpados agora. Não podemos deixar que a raiva nos cegue.

Mas os olhos dele, aqueles poços vermelhos e implacáveis, estavam fixos em algum ponto distante, como se já pudesse ver o traidor, sentir sua presença, ouvir seu nome em um sussurro traiçoeiro. Ele estava prestes a explodir, a escuridão dentro dele crescendo a cada segundo.

— Não — Reuel respondeu, sua voz baixa, mas cortante como uma lâmina. — Eu preciso encontrar quem fez isso. Não vou permitir que essa traição fique impune.

Luna sabia que precisava agir rápido antes que fosse tarde demais. A presença de Reuel, tão avassaladora, tornava o ar no salão pesado, quase sufocante. Ela apertou sua mão com força, forçando-o a olhar para ela, tentando ancorá-lo na realidade.

— Reuel, olhe para mim — ela implorou, sua voz carregada de emoção. — Eu preciso de você aqui, comigo. Não podemos deixar que esse traidor nos divida. Não agora.

Por um momento, Reuel hesitou, seu olhar fixando-se nos olhos de Luna. Havia algo ali, uma faísca de entendimento, mas também uma escuridão que ela sabia que seria difícil dissipar.

— Luna... — ele começou, mas as palavras morreram em seus lábios, substituídas por um silêncio denso.

Ela sabia que sua batalha ainda não estava vencida, mas tinha conseguido pelo menos um momento de hesitação. Ela precisava manter Reuel sob controle, precisava evitar que ele cedesse ao impulso de caça e destruição que estava claramente tomando conta dele.

O general, observando a cena de uma distância segura, sabia que o perigo ainda estava presente. Reuel era uma força da natureza, e se ele decidisse agir por conta própria, não haveria limites para o derramamento de sangue que seguiria. Por isso, o general tomou uma decisão rápida, se afastando silenciosamente para dar ordens.

— Procurem o traidor — ele sussurrou para os guardas mais próximos. — Antes que o imperador decida fazer isso ele mesmo.

Ele sabia que, se não agissem rápido, nada poderia parar a fúria de Reuel, e o preço seria terrível.

Enquanto o general se retirava do salão, um de seus soldados correu em sua direção, ofegante, com o rosto marcado pelo suor e pela urgência. Ao se aproximar, suas palavras saíram quase entrecortadas pelo nervosismo:

— Senhor... uma mulher de cabelos ruivos foi vista perto do palácio...

O general, imediatamente alarmado, ergueu a mão para silenciá-lo, seus olhos faiscando com um medo disfarçado. Ele sussurrou num tom severo:

— Fale baixo, idiota! Isso pode chamar a atenção do imperador...

Antes que o soldado pudesse responder, outro membro da guarda, incapaz de esconder a crescente ansiedade, murmurou:

— As únicas rainhas ruivas que conhecemos são Elara e Maira...

A tensão no ar tornou-se palpável, quase sufocante. O soldado, agora com os olhos arregalados e o rosto pálido, parecia perdido, sem saber como proceder diante do temor que crescia. Sua respiração acelerada ecoava no corredor, enquanto tentava, em vão, controlar o pânico que ameaçava dominá-lo.

Mas antes que qualquer um deles pudesse processar plenamente a gravidade da situação, uma presença quase etérea se fez notar. O imperador estava ali, parado atrás do general, seus movimentos tão sutis e silenciosos que ninguém percebera sua aproximação. A sombra do medo se abateu sobre os homens, e o general, sentindo um calafrio subir por sua espinha, virou-se devagar, o coração martelando no peito. 

Os olhos do imperador, ardendo com uma raiva fria, fixaram-se no general com uma intensidade quase insuportável. O general tentou recompor-se, o suor agora escorrendo por sua testa, e gaguejou em um esforço desesperado de manter o controle:

— Senhor, não há necessidade de se preocupar... Nós vamos resolver isso...

Reuel Ashford-Valet não respondeu de imediato. Em vez disso, um sorriso perturbador curvou os lábios do imperador, um sorriso que parecia esconder segredos sombrios e intenções cruéis. Sua voz, quando finalmente quebrou o silêncio, era suave, quase um sussurro, mas carregada de uma malícia gélida que fez o sangue dos homens gelar:

— Parabéns, Maira... — murmurou ele, cada palavra impregnada de um veneno letal. — Você conseguiu minha atenção.

O sorriso perturbador permaneceu em seus lábios, mas seus olhos, implacáveis, revelavam uma tempestade de fúria contida. O general e os soldados não ousaram responder, congelados sob o olhar do imperador, como se qualquer movimento pudesse selar seus destinos. Eles sabiam, naquele momento, que o simples nome de Maira havia despertado algo perigoso e irreversível em Reuel Ashford-Valet.

O imperador Reuel Ashford-Valet, com um plano já cuidadosamente arquitetado, ordenou que seus soldados espalhassem a notícia sobre a traição que assolava o império. No entanto, ele foi claro: deveriam espalhar tudo o que sabiam, exceto o fato de que a principal suspeita era a rainha Maira, do reino de Elysium.

Com a ordem dada, a notícia se espalhou pelo império como a luz do sol ao amanhecer, tocando cada canto com sua luminosidade, mas também trazendo consigo uma sombra de suspeita e medo. As pessoas, já fragilizadas pela guerra, começaram a murmurar entre si, suspeitando que Elara fosse novamente a traidora, como se a lembrança de uma velha cicatriz tivesse sido reaberta. As acusações fervilhavam como brasas em um carvão em chamas, inflamadas por rumores e medos antigos. Eram deduções, hipóteses sem provas concretas, mas o suficiente para desencadear uma tempestade de incertezas.

Enquanto isso, no distante reino de Elysium, Maira sentia o peso dessas suspeitas recaindo sobre si. Embora seus aliados ainda não soubessem, ela pressentia o perigo iminente. Seus dias de paz estavam contados. O medo começava a envenenar seus pensamentos, pois, apesar de sua habilidade na liderança e sua destreza com a lança, ela sabia que sua ascensão ao trono havia sido um ato ousado, uma jogada de mestre que dependia do silêncio e da discrição. Agora, porém, essa mesma ousadia parecia prestes a ser sua ruína.

Desesperada, Maira decidiu fugir antes que a maré de desconfiança se transformasse em uma onda violenta. Em uma noite fria, sob o véu da escuridão, ela preparou seu cavalo e reuniu seus guerreiros mais leais. O vento gelado cortava seu rosto enquanto ela galopava para longe, os cascos do cavalo batendo firmemente contra o chão, como um tamborilar de sua pressa e medo. Eles sabiam que estavam sendo caçados, mas fugir era a única opção.

De volta ao império, o silêncio reinava na sala do trono até que foi quebrado pela chegada de Yan, um amigo e conselheiro de confiança do imperador. Yan adentrou o salão com uma expressão grave, e Reuel, que aguardava sua chegada com expectativa, percebeu imediatamente a urgência na postura do amigo.

— Majestade, eu trago notícias inquietantes — disse Yan, com a voz baixa, mas carregada de seriedade. — O traidor é, de fato, a rainha Maira. Ela permitiu a entrada dos inimigos e espiões antes da guerra começar. Usou seu conhecimento sobre os túneis secretos espalhados por todo o continente para facilitar a invasão. E mais, ela possui um mapa detalhado desses túneis, o que a coloca em uma posição de extrema vantagem... Ou melhor, colocava.

Reuel ouviu as palavras de Yan com uma expressão impassível, mas internamente, a fúria e o desejo de vingança cresciam como uma chama incontrolável. Ele sabia que Maira era astuta, mas o fato de ela ter traído o império de maneira tão calculada e fria despertava algo ainda mais sombrio dentro dele. O sorriso que se formou em seus lábios era perturbador, um misto de satisfação e crueldade.

— Então, Maira... você jogou sua última cartada. — A voz de Reuel era suave, quase um sussurro, mas carregada de uma ameaça implícita. — Agora, resta a você colher o que plantou.

O olhar de Reuel se perdeu por um momento, como se já estivesse planejando seu próximo movimento. Ele sabia que a caçada estava apenas começando, e que essa traição seria vingada com sangue. Maira havia atraído a ira de um imperador que não conhecia limites quando se tratava de proteger seu império e punir os traidores. E dessa vez, não haveria misericórdia.

Por um momento, o imperador Reuel Ashford-valet ponderou sobre a possibilidade de Maira utilizar o mapa dos túneis subterrâneos para escapar. Esses túneis, vastos e misteriosos, se estendiam por todo o continente, servindo como rotas secretas desde tempos imemoriais. A ideia de Maira desaparecendo nas profundezas da terra o preocupava, mas Yan, seu fiel amigo, dissipou essa inquietação.

— Ela não tem mais essa opção, — disse Yan, com a voz firme e grave. — Roubei tudo o que ela poderia usar sobre esses túneis. Maira está presa ao solo, sem saída a não ser fugir por terra.

Reuel assentiu lentamente, absorvendo as palavras de Yan. Havia um ar sombrio em sua expressão, um prenúncio da tempestade que se aproximava. Ele se levantou do trono, os passos firmes ecoando pelo salão silencioso. Sua mente fervilhava com pensamentos de vingança e estratégias enquanto ele caminhava em direção aos aposentos reais.

Cada degrau das escadas parecia uma batida do coração, lento e pesado, carregado de intenções sombrias. Reuel imaginava como abordaria a rainha Maira, qual destino cruel ele reservaria para a traidora. Porém, ao alcançar a porta de seu quarto, a visão que o aguardava interrompeu seus pensamentos.

Uma perna mutilada jazia no chão, parte de um corpo que, pelo estado, havia sido brutalmente dilacerado. A visão nauseante não abalou o imperador imediatamente, mas uma sensação de angústia começou a crescer em seu peito. Ele avançou lentamente, empurrando a porta com cuidado. Dentro do quarto, o horror se revelou por completo.

As serviçais que costumavam limpar e organizar o espaço estavam espalhadas pelo ambiente, seus corpos dilacerados e sem vida. O cheiro acre de sangue pairava no ar, misturando-se ao aroma suave que antes dominava o quarto. No centro da cena macabra, deitada em sua cama, estava a serviçal-chefe, uma mulher cuja lealdade era inquestionável. Suas mãos haviam sido cruelmente cortadas, e seu corpo estava à beira da morte.

Reuel se aproximou com o coração pesado, o rosto marcado pela tristeza profunda. Ajoelhando-se ao lado da cama, ele encarou os olhos dela, ainda vivos, mas repletos de dor e sofrimento. Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto do imperador, traindo a raiva feroz que ardia em seu coração.

— Descanse agora... — sussurrou ele, com uma suavidade que parecia impossível para alguém que carregava tanta escuridão em si. — Quando acordar, um grande presente a aguardará.

A energia mágica de Reuel, que transbordava de sua alma, começou a pulsar no ambiente, envolvendo as serviçais caídas. O poder que emanava dele era intenso, como um mar revolto, e ele decidiu usá-lo para um propósito grandioso. Ele sabia que precisava proteger aqueles que serviam ao império com lealdade, e que jamais permitiria que tal tragédia se repetisse.

Concentrando-se profundamente, Reuel começou a moldar a magia ao seu redor. Ele não apenas restauraria a vida das serviçais, mas criaria algo novo, algo que garantisse a lealdade inabalável e a proteção absoluta. Em uma explosão de poder arcano, ele deu origem a uma nova raça: as Serviçais de Valet.

Cada uma delas despertou com habilidades extraordinárias. Seus corpos, antes frágeis, agora eram fortalecidos com super velocidade, força descomunal, resistência incrível e a capacidade de regeneração quase instantânea. A magia corria por suas veias como um rio de energia, dando-lhes um poder além da compreensão.

Para a serviçal-chefe, Reuel fez algo especial. Ele regenerou suas mãos, e mais que isso, colocou nela um encantamento único: a habilidade de manipular objetos sem precisar tocá-los, o poder de transformar portas em portais que poderiam levá-la a qualquer lugar. Além disso, ele lançou sobre ela um encantamento singular, um poder adormecido que despertaria em sintonia com a verdadeira essência de sua personalidade, manifestando-se de forma única e imprevisível à medida que ela redescobrisse a si mesma. Contudo, ele decidiu que esse dom seria revelado a ela apenas quando despertasse.

Quando as Serviçais de Valet abriram seus olhos pela primeira vez, havia algo diferente neles. Eram prateados, brilhantes, como estrelas que iluminam a noite. Esses olhos não apenas destacavam sua nova raça, mas também o poder inabalável que agora as definia. Elas mantinham suas memórias e personalidades, mas qualquer traço de traição ou desobediência havia sido completamente apagado.

Reuel olhou para elas, as criaturas que ele havia criado, e sentiu uma satisfação sombria. Elas eram suas, completamente suas, e nunca, jamais, questionariam sua autoridade. A traição que ele havia experimentado não se repetiria, e aqueles que ousassem levantar a mão contra o império aprenderiam o verdadeiro significado do terror.

Para testar a lealdade inabalável de suas novas serviçais, Reuel Ashford-valet deu uma ordem simples, porém enigmática. Sem especificar o estilo ou o tipo de vestuário desejado, ele instruiu-as a trocar suas roupas. Além disso, pediu que limpassem o quarto. O imperador, satisfeito com o controle sobre suas criações, deixou claro que suas expectativas eram absolutas.

As serviçais de Valet, com seus olhos prateados brilhando com uma determinação recém-adquirida, começaram a obedecer sem hesitação. Seus movimentos eram ágeis e coordenados, como se a tarefa de vestir-se e limpar fosse parte de sua essência recém-forjada. Elas trocavam suas roupas com precisão, mas a verdadeira surpresa estava no que escolheram para si mesmas.

Ao final, o quarto estava impecavelmente limpo, refletindo o brilho da magia de Reuel. As serviçais tinham se vestido com trajes elegantes, que pareciam fundir a sofisticação com a funcionalidade. Cada detalhe, desde os tecidos escolhidos até os adornos sutis, tinha uma praticidade distinta, adequada para um desafio iminente, como uma caçada à rainha Maira. As roupas eram elegantes, mas também ofereciam flexibilidade excepcional, permitindo um movimento livre e rápido, essencial para a busca e captura.

O imperador observou com um sorriso sutil, sua confiança na lealdade das serviçais solidificada pela perfeição de sua execução. Elas não só haviam seguido suas ordens à risca, mas também antecipado suas necessidades, evidenciando uma devoção que transcendia a compreensão comum. Com um gesto afirmativo, Reuel se preparou para a próxima fase de seu plano, sabendo que suas novas criadas eram agora extensões de seu próprio poder e vontade.

Subcapítulo 1: A caçada nada nobre

O imperador se preparava para um dia que marcaria o início de algo sombrio. Suas serviçais, figuras misteriosas e letais, já aguardavam em silêncio, prontas para agir. O imperador vestiu um traje elegante, porém flexível, que lhe permitiria tanto a graça quanto a agilidade necessárias para o que estava por vir.

Ao terminar de se vestir, ele caminhou até a grande janela de seu quarto. O sol do amanhecer ainda era fraco, banhando o horizonte com um brilho dourado que contrastava com a escuridão interna do quarto. Seus olhos, frios e calculistas, fixaram-se no horizonte por um breve momento antes de sua voz ecoar, cortante e autoritária:

— A limpeza começa hoje!

As serviçais, treinadas para obedecer sem questionar, ergueram os olhares em direção a ele, prontas para seguir qualquer ordem que viesse. Não havia hesitação nos olhos delas, apenas uma devoção quase mecânica ao homem que serviam.

Sem mais palavras, o imperador abriu a janela e, em um único movimento fluido, saltou para o exterior. As serviçais não hesitaram por um segundo; seguiram-no no mesmo instante, seus corpos deslizando no ar com uma precisão assustadora.

A corrida começou. O imperador disparou à frente com uma velocidade sobrenatural, movendo-se com uma força e agilidade que poucos poderiam imaginar. O vento cortava sua face, enquanto ele sentia cada músculo trabalhar em perfeita harmonia. No entanto, ele não corria apenas para alcançar seu destino—ele queria testar os limites de suas serviçais. Queria ver até onde elas poderiam ir.

O ar ao redor vibrava enquanto ele aumentava ainda mais a velocidade, quase rompendo a barreira do som com um toque de magia. Quando olhou para o lado, esperava ver suas serviçais ficando para trás. Mas, para sua surpresa, lá estavam elas, acompanhando-o com facilidade, sem mostrar sinais de cansaço ou dificuldade.

Um sorriso frio e satisfeito curvou os lábios do imperador. Sua voz, agora com uma ponta de diversão cruel, ecoou entre o vento:

— Vocês realmente merecem o título de minhas melhores caçadoras.

As serviçais não responderam com palavras, mas ele viu em seus olhares uma determinação feroz. Elas estavam à altura do desafio—e isso apenas fazia com que o imperador sentisse uma satisfação ainda maior. A caçada havia começado, e com ela, a promessa de sangue e terror que marcariam aquele dia.

Luna sabia que o império estava novamente à beira de uma mudança drástica, e isso a perturbava profundamente. O pensamento de novas transformações, todas impulsionadas pela guerra iminente, fazia seu coração bater mais rápido. O medo se alojava em sua mente, uma presença constante e sufocante que sussurrava sobre os horrores que estavam por vir.

Enquanto isso, o imperador continuava a testar as serviçais de Valet, aumentando gradualmente sua velocidade. Ele não estava apenas correndo; ele estava provocando, pressionando, explorando os limites da lealdade e habilidade de suas seguidoras. No meio da corrida, ele começou a pegar pedras do chão e, com uma precisão calculada, arremessava-as em direção às serviçais. Seus movimentos eram frenéticos, quase caóticos, mas com um propósito claro: desafiar a capacidade de resposta delas.

As serviçais, inicialmente, precisaram se adaptar rapidamente ao ataque inesperado. Algumas desviavam das pedras com elegância, enquanto outras as defletiam com as mãos, mudando sua trajetória. A situação poderia ter se tornado desesperadora, mas a coesão entre elas era admirável. Em pouco tempo, começaram a trabalhar juntas, movendo-se como uma unidade única e eficiente.

Quando uma pedra estava prestes a atingir a primeira serviçal, ela a desviava habilmente em direção à sua parceira ao lado. Esta, por sua vez, aumentava a velocidade da pedra com um golpe rápido, passando-a para a próxima. O fluxo de pedras continuava, cada vez mais rápido e mais coordenado, até que as serviçais formaram uma linha quase perfeita, deixando apenas um pequeno espaço entre elas para a pedra passar.

Finalmente, quando a pedra alcançou a última serviçal na fila, ela a agarrou com uma destreza surpreendente e, sem perder um segundo, dobrou sua velocidade. A pedra, agora uma força imparável, voou de volta na direção do imperador, quebrando a barreira do som com facilidade. O atrito com o ar a fez brilhar intensamente, como um meteorito em chamas.

O imperador, sentindo a ameaça iminente, se virou rapidamente enquanto corria. Em um movimento fluido, ele pegou a pedra no ar, sentindo o calor extremo que emanava dela. Com um gesto casual, mas repleto de poder, ele lançou a pedra para o lado, onde ela colidiu com as árvores, destroçando tudo em seu caminho.

Um sorriso de satisfação curvou os lábios do imperador. A eficiência de suas serviçais o agradava profundamente. Ele sabia, sem sombra de dúvida, que elas estavam prontas para qualquer desafio que viesse. 

— Vocês superaram minhas expectativas — murmurou para si mesmo, com uma ponta de orgulho. — Agora, estamos realmente prontos.

O som do vento e das árvores despedaçadas preenchia o ambiente, mas na mente do imperador, a certeza de seu poder e a lealdade de suas serviçais eram o que ecoavam mais forte. O futuro se desenhava à sua frente, repleto de sangue e conquista, e ele não poderia estar mais satisfeito.

Com o destino traçado, a rainha Maira sabia que seu tempo estava se esgotando. O perigo se aproximava rapidamente, e ela precisava escapar das garras do império. Já fazia algumas horas desde que a traição foi anunciada, e Maira, aproveitando o caos, conseguiu sair das muralhas do império, ganhando uma vantagem considerável em sua fuga. No entanto, o que ela não sabia era que os generais do império haviam preparado uma emboscada mortal na entrada da floresta ao sul.

Maira, montada em seu poderoso cavalo puro-sangue, liderava um grupo de 44 fiéis seguidores que se juntaram a ela na fuga desesperada. Ao entrar na floresta, a armadilha foi acionada, e uma feroz batalha começou. Os guerreiros de Maira lutaram bravamente, mas a força esmagadora dos soldados imperiais começou a fazer efeito. Em pouco tempo, metade dos guerreiros foi abatida ou capturada.

Apesar do desespero, Maira estava preparada. Seu cavalo, uma criatura impressionante, era forte, veloz e de porte majestoso. Com saltos poderosos, o cavalo ultrapassava os inimigos com uma facilidade que parecia sobrenatural. Maira, empunhando sua lança com maestria, derrubava soldados inimigos em seu caminho, cada golpe carregado de uma fúria desesperada.

Quando finalmente conseguiu romper o cerco, apenas metade de seus guerreiros permaneceu ao seu lado. Os outros foram deixados para trás, mortos ou capturados. Maira podia sentir o peso das perdas em seu coração, mas não havia tempo para lamentar. A liberdade ainda estava ao alcance, mas o perigo era iminente. Ela sabia que sua fuga não passaria impune.

Apenas cinco minutos depois, o imperador chegou ao local da emboscada. Seus olhos frios varreram o campo de batalha, onde os corpos dos guerreiros leais a Maira jaziam no chão, e os sobreviventes eram mantidos prisioneiros pelos soldados do império. O general do império se aproximou, inclinando-se em reverência ao seu soberano.

— Para onde ela foi? — a voz do imperador era calma, mas carregada de uma ameaça implícita.

O general, com um gesto rápido, apontou para a densa floresta ao sul.

Sem perder tempo, o imperador deu uma ordem seca:

— Sigam-na.

Em um piscar de olhos, as serviçais de Valet dispararam em direção à floresta, movendo-se com uma velocidade e precisão que pareciam desafiar as leis da natureza. Enquanto isso, o imperador voltava sua atenção para o campo de batalha, a expressão impenetrável. Ele sabia que a rainha poderia fugir, mas não por muito tempo.

— Voltem para a capital — ordenou ele aos seus homens, sem desviar o olhar da floresta. — Deixem os criminosos aos cuidados de Morgrim.

O general não precisou de mais explicações. Morgrim, o carrasco do império, era conhecido por sua crueldade e eficiência. O destino dos prisioneiros estava selado, e o imperador não se incomodou em esconder seu desprezo por eles.

Enquanto o imperador se afastava, uma única certeza dominava seus pensamentos: a caça a Maira estava apenas começando, e ele não descansaria até que a traidora fosse levada de volta ao império — viva ou morta.

O imperador Reuel Ashford-Valet, com uma determinação feroz em seus olhos, disparou em direção à floresta na velocidade do som. O vento sibilava ao seu redor, arrancando folhas e quebrando galhos ao seu passar. Cada passo parecia ressoar como um trovão, ecoando entre as árvores densas. Sua mente estava fixa em Maira, e ele sabia que a caçada estava apenas começando.

Quando finalmente avistou sua presa, Maira ainda galopava à frente, sem perceber o perigo que se aproximava. Ela estava concentrada em seu caminho, na esperança de escapar. Mas o imperador, em sua implacável velocidade, já estava perto. Enquanto isso, suas serviçais, as sombras letais de Valet, moviam-se de forma furtiva entre as árvores, observando cada movimento dos seguidores de Maira.

Então, o terror começou.

Um a um, os seguidores da rainha foram caindo. As serviçais de Valet, precisas e silenciosas como assassinas invisíveis, emergiam da escuridão da floresta e eliminavam seus alvos com uma eficiência assustadora. Algumas cabeças caíam antes mesmo que seus donos pudessem registrar o ataque; outras gargantas eram cortadas, deixando apenas o som sufocado de sangue engolindo o ar.

O desespero começou a se espalhar entre os guerreiros de Maira. Gritos abafados e súplicas de clemência ecoavam pela floresta. Mas o imperador e suas serviçais eram implacáveis. Não havia piedade, não havia hesitação. Apenas a certeza de que ninguém seria deixado para contar a história.

Enquanto a morte rondava à sua volta, Maira, sem saber o horror que estava acontecendo, continuava cavalgando, acreditando que ainda havia esperança. Seus olhos fixos à frente, o coração acelerado pela fuga, mas alheia ao massacre que se desenrolava nas sombras ao seu redor.

As serviçais de Valet, como predadores jogando com sua presa, limpavam o campo sem esforço. O som de lâminas cortando carne, o estalar de ossos sendo quebrados e o sussurro macabro da morte preenchiam a floresta. O ar parecia pesado, impregnado com o cheiro de sangue fresco e medo.

Por fim, restavam poucos seguidores ao lado de Maira, seus números agora dizimados sem que ela soubesse como. O imperador, observando de longe com olhos gélidos e calculistas, deu um leve sorriso de satisfação. A caçada estava quase no fim, e a rainha, sozinha e cercada, logo seria sua.

Reuel Ashford-Valet decidiu prolongar a caçada. Ele queria que Maira acreditasse, ainda que por um breve momento, que havia escapado. Era um jogo psicológico que ele jogava com suas presas — permitir-lhes um fio de esperança apenas para, no momento certo, arrancar esse fio de suas mãos com brutalidade.

Por mais trinta quilômetros, ele e suas serviçais seguiram-na silenciosamente, como predadores sombrios observando sua vítima. Maira, sem suspeitar do que estava por vir, continuava cavalgando com fervor. Sua respiração era pesada, mas ela não ousava diminuir o ritmo. A floresta, densa e labiríntica, oferecia sombras e arbustos como refúgio para os passos silenciosos das serviçais de Valet, que se moviam como espectros entre as árvores.

O imperador, ao invés de manter sua velocidade extrema, desacelerou intencionalmente. Ele queria que Maira sentisse a vitória se aproximando. Em momentos de silêncio profundo, apenas o som das patas do cavalo de Maira quebrava a tranquilidade da floresta. O coração dela batia com intensidade, mas, aos poucos, ela começou a acreditar que havia conseguido escapar. Seus músculos estavam doloridos pela tensão da fuga, mas a mente começava a relaxar na falsa segurança.

Reuel e suas serviçais, escondidos nas copas das árvores e entre as sombras das pedras, mantinham seus olhos fixos na rainha traidora. O imperador observava cada movimento dela com uma frieza inabalável. Ele não precisava de pressa — quanto mais demorava, mais doce seria o desfecho.

As serviçais, agora adaptadas ao ritmo de sua presa, moviam-se em perfeita sincronia, sem emitir som algum. Cada uma sabia exatamente seu papel: manter-se fora da visão de Maira, mas sempre perto o suficiente para garantir que ela nunca realmente escapasse. Era um jogo de caça, cruel e calculado, conduzido pelo imperador com maestria.

A cada quilômetro que passava, o sorriso de Reuel aumentava. Ele sabia que o momento ideal para o ataque estava próximo. O cansaço de Maira era evidente; seu cavalo, embora forte e ágil, começava a demonstrar sinais de exaustão. A densa vegetação da floresta parecia tornar-se um labirinto sem fim para ela, mas, para o imperador, era apenas um cenário perfeito para o ato final.

Maira, acreditando estar sozinha, olhava para trás ocasionalmente, tentando encontrar sinais de perseguição, mas não via nada além de árvores e sombras inofensivas. O silêncio da floresta, no entanto, parecia diferente, como se estivesse aguardando algo — um presságio sombrio que ela não conseguia identificar.

O imperador sabia que logo seria o momento de atacar, mas por ora, deixaria que o pavor se instalasse, sutil e lentamente, na mente de Maira. Porque ele sabia: não havia nada mais poderoso do que a queda de uma falsa esperança.

Aqui está a versão aprimorada do seu texto, com a narrativa intensificada e mais detalhes sensoriais, além de um diálogo mais natural e profundo:

---

A noite já caía, e o céu estava pintado com tons de roxo e azul escuro, pontilhado por estrelas tímidas. Maira, exausta e aliviada, finalmente decidiu parar em um campo aberto. Sua respiração era pesada, e o suor escorria pelo rosto marcado pela fuga. Ela desceu de seu cavalo, que também estava ofegante, com os músculos tensos pelo esforço.

— Conseguimos... — murmurou para si mesma, tentando encontrar algum conforto na ideia de que havia escapado.

Retirou seu cantil, que estava quase vazio, e bebeu metade da água com avidez. Sentia a garganta seca como o deserto, o gosto metálico da tensão ainda pairava em sua boca. Sem hesitar, ela ofereceu o restante ao cavalo, que, igualmente exausto, bebeu tudo sem hesitação. Suas narinas ainda dilatavam com o esforço, e ele relinchou baixinho, como se também compartilhasse do alívio de sua dona.

Olhando ao redor, Maira começou a procurar gravetos e pedras para montar uma fogueira. Seus movimentos eram apressados, os olhos sempre atentos, ainda temendo ser seguida. Ela montou a fogueira de maneira um tanto desleixada, mas não se importava. Tudo que queria era calor, conforto e alguns momentos de descanso.

Com um gesto rápido, ela murmurou palavras em uma língua antiga, e as chamas dançaram vivas entre os gravetos, iluminando o rosto cansado da rainha. O crepitar do fogo trouxe uma sensação de segurança que ela não sentia há horas. Sem demora, deitou-se ao lado das chamas, sentindo o calor acolhedor envolvê-la, e logo adormeceu, seus pensamentos confusos misturando-se aos sonhos.

Enquanto Maira dormia profundamente, alheia ao que a cercava, Reuel Ashford-Valet e suas serviçais a observavam de perto, como sombras ocultas na escuridão da noite. Eles permaneceram em silêncio absoluto por cinco longas horas, suas presenças passando despercebidas pela rainha adormecida. O imperador, com seus olhos afiados como lâminas, analisava cada movimento, cada respiração da sua presa. Era quase como se ele saboreasse o medo que ela ainda não sabia que deveria sentir.

A fogueira, porém, começou a se rebelar contra sua criadora. O vento noturno atiçou as chamas, e o fogo começou a se espalhar lentamente pela grama seca, deslizando furtivamente até a saia de Maira. As chamas lamberam o tecido sem que ela percebesse, avançando como serpentes famintas.

Maira despertou com um solavanco quando sentiu o calor se intensificar em suas pernas. O pânico tomou conta de seus sentidos ao ver o fogo subindo pela sua saia.

— Não... não... — sua voz saiu em desespero, quase rouca.

Ela agitou as mãos em um gesto frenético, tentando conjurar água para apagar as chamas. Mas, em sua confusão e pavor, acabou invocando mais fogo, intensificando o inferno ao seu redor. As chamas, agora vorazes, subiam ainda mais rápido, ameaçando consumi-la inteira.

Foi então que o imperador decidiu intervir.

Com um movimento suave da mão, ele conjurou uma magia de gelo, e o frio gélido envolveu Maira da cintura para baixo, congelando-a no lugar. As chamas extinguiram-se instantaneamente, e o silêncio da noite retornou, interrompido apenas pela respiração acelerada da rainha.

Reuel deu alguns passos à frente, saindo das sombras, seu olhar cruel fixo nela. O brilho das chamas que ainda restavam dançava em seus olhos, refletindo sua frieza.

— Dormir tão perto do fogo? — Sua voz era suave, quase zombeteira, mas carregava um peso esmagador. — Que tolice, Maira. Sabe que poderia se queimar, não sabe? Assim como sua traição... Sabia que eu iria atrás de você. Sabia que eu não perdoaria, e ainda assim... você arriscou.

Ele deu uma pausa, seus olhos analisando o terror no rosto de Maira, agora congelada e impotente. Aproximou-se mais, os passos lentos e calculados.

— É quase fascinante, realmente. — Sua voz adquiriu um tom sarcástico. — Quem em sã consciência faria uma fogueira sabendo que o próprio mundo ao seu redor está em chamas?

Maira tentou falar, mas o pavor sufocava suas palavras. Ela se debatia inutilmente contra o gelo, o medo em seus olhos mais evidente do que nunca. Reuel apenas sorriu, cruelmente.

— Você fugiu para longe, tentou se esconder... mas veja onde está agora. Imóvel, congelada no momento exato em que suas escolhas finalmente cobraram o preço. — Ele se abaixou até estar cara a cara com ela, o hálito gelado do imperador encontrando o dela, quente de pavor. — Agora, me diga... por que, Maira? Por que trair aquele que sempre esteve à sua frente, vigilante, pronto para destruir qualquer um que ousasse cruzar seu caminho?

Ela abriu a boca, mas as palavras não vinham. O terror havia roubado sua voz.

O imperador riu baixinho, como quem ouvia a piada mais amarga do mundo.

— Ah, Maira... a traição é como o fogo. Uma vez que começa, é impossível controlar suas chamas. Mas lembre-se, sempre haverá gelo para apagá-lo. E eu sou o gelo, rainha... sou aquele que congela os corações dos traidores.

Reuel Ashford-Valet permaneceu de pé diante de Maira, observando a rainha congelada, seus olhos fixos nos dela. O silêncio entre eles era pesado, quebrado apenas pelo crepitar das brasas que restavam da fogueira desfeita. O imperador respirou fundo, como se ponderasse sobre o que diria em seguida. Lentamente, ele se aproximou, sua voz grave quebrando o silêncio.

— Sabe, Maira... — começou ele, com um tom quase casual, mas carregado de um peso sombrio. — Eu raramente uso magia de fogo. Quando o faço, é sempre em público, e uso a versão mais fraca, mais inofensiva possível. Um truque para impressionar a corte, nada mais. Porque... a verdade é que minha verdadeira magia de fogo é algo... perigoso. — Ele deu uma pausa, deixando suas palavras reverberarem no ar. — Extremamente difícil de controlar.

Ele se agachou para ficar mais próximo de Maira, seus olhos faiscando, como se ele estivesse prestes a compartilhar um segredo há muito guardado.

— Quando eu era criança — ele começou, com uma leve amargura na voz —, eu costumava treinar sozinho. Achava que poderia dominar qualquer magia, que nada estava além do meu alcance. Um dia, enquanto treinava no coração de uma floresta, eu perdi o controle. As chamas... as chamas que conjurei consumiram tudo ao meu redor. Árvores, animais, o chão... tudo foi devorado pelo fogo. Tentei apagá-lo, tentei reverter o que havia feito, mas era tarde demais. O incêndio cresceu até que eu não pudesse mais contê-lo.

Maira ouvia com os olhos arregalados, seu corpo ainda preso pelo gelo, incapaz de reagir.

Reuel suspirou, como se revivesse a memória. — Minha magia era tão perigosa que, depois daquele dia, eu a selei. Decidi que nunca mais arriscaria o controle sobre algo tão destrutivo. O poder, Maira, é uma lâmina de dois gumes. E quando temos algo poderoso, mas sem controle... não devemos arriscar.

Ele ergueu o olhar para a rainha, estudando cada reação, cada centímetro do medo estampado em seu rosto.

— Você também sabia disso, não sabia? — Reuel ergueu uma sobrancelha, sua voz ganhando um tom mais íntimo. — Você tinha algo grande nas mãos, algo que não podia controlar: sua ambição. E ao invés de se precaver, você a soltou. Poderíamos ter sido aliados, Maira. Se você tivesse me pedido, eu teria protegido você. — Seus olhos brilharam com uma intensidade quase hipnótica. — Eu teria dado o que quisesse. Tudo o que precisasse... se apenas tivesse pedido.

Maira, mesmo paralisada, reuniu forças para falar. Sua voz saiu baixa, mas cheia de amargura.

— O que eu queria... era o trono. E sabia que... você nunca o daria a mim.

Reuel inclinou a cabeça, como se estivesse curioso. Um sorriso lento e frio se formou em seus lábios.

— O trono? — Ele repetiu, como se provasse a palavra. — E quem lhe disse que eu não daria? — Ele se levantou e deu um passo para trás, os olhos ainda fixos nos dela. — O trono... é apenas um assento, Maira. Poderia tê-lo dado a você, se tivesse me perguntado. Se tivesse confiado em mim.

A rainha permaneceu em silêncio, mas seus olhos traíam seu desconforto, sua incredulidade.

— Mas, ao invés disso — continuou ele, sua voz agora carregada de frustração e decepção —, você traiu minha confiança. Tentou tomar para si o que eu poderia ter oferecido de bom grado. E agora, veja onde isso a trouxe. Imobilizada. Presa. Não pela força do império, mas por suas próprias escolhas.

O sorriso em seus lábios desapareceu, dando lugar a uma expressão fria e sombria.

— Sabe, Maira... A traição é como o fogo. Uma vez que começa, devora tudo. Eu teria dado o trono a você. Mas agora, tudo que lhe resta... são as cinzas da sua ambição.

Ele se virou de costas, os passos ecoando na noite enquanto se afastava lentamente. As serviçais de Valet, ainda ocultas nas sombras, aguardavam suas próximas ordens. O imperador fez um sinal para que aguardassem, o destino de Maira ainda incerto.

— Quando alguém tem poder, Maira, seja fogo ou trono, deve aprender a controlá-lo. Você... fracassou. E agora, tudo que resta é pagar o preço.

Reuel não esperava resposta, pois sabia que ela não viria. Ele se afastou, a névoa da noite começando a envolvê-lo enquanto deixava Maira sozinha com suas escolhas e o gelo que a prendia.

O imperador observava Maira com olhos gélidos, sua mente fervilhando em pensamentos, enquanto avaliava cuidadosamente o destino que ela merecia. A lua iluminava o rosto pálido da rainha, suas feições ainda marcadas pela tensão da fuga. Ele finalmente teve uma ideia, seus lábios se curvaram num sorriso frio.

— Maira Draghard, assim como a rainha Elara, você terá uma chance. Mas será diferente para você. — Sua voz cortava o silêncio como uma lâmina afiada, carregada de uma calma letal. — Prove agora que merece meu perdão.

Sem hesitar, Reuel Ashford-Valet ergueu a mão, desfazendo o gelo que prendia Maira. O som de gelo estilhaçando encheu o ar, e ela caiu no chão, arfando de dor e alívio, os músculos ainda rígidos da imobilização forçada.

— Você está livre para fazer sua escolha.

Maira, ofegante, levantou-se lentamente, sentindo o corpo recuperando o movimento aos poucos. Seus olhos avaliavam o imperador com cautela, mas em sua mente, uma estratégia ousada começava a se formar. Ela era cinco anos mais velha que ele, e sabia bem como usar seu corpo como uma arma de manipulação.

— Eu provarei minha lealdade a você, de corpo e alma, meu imperador... — Sua voz, um sussurro sedutor, escorria como mel envenenado, enquanto ela começava a desabotoar lentamente as roupas.

Reuel manteve-se firme, embora sua testa franzisse em um misto de surpresa e desagrado. Ele sabia o que ela estava fazendo. Seus olhos a seguiram por um instante, avaliando cada movimento, antes de ele erguer a mão.

— Pare com isso, Maira. — Sua voz firme, agora tingida de uma irritação velada, era um claro sinal de que ele não desejava continuar por esse caminho.

Mas ela não obedeceu. Ao contrário, com um sorriso que refletia uma mistura de desespero e determinação, deixou que suas roupas caíssem ao chão, revelando-se completamente nua diante dele. A lua projetava sua luz sobre sua pele, realçando o contraste entre a vulnerabilidade de seu corpo exposto e o olhar calculista em seus olhos. Ela acreditava que essa seria sua saída, sua chance de se redimir.

Reuel, no entanto, estava decepcionado. Não apenas com a tentativa de sedução, mas com o quão baixa Maira havia caído, tentando conquistar o perdão pela traição de uma maneira tão vergonhosa. Ele suspirou, profundamente frustrado, e virou-se de costas para ela.

— É realmente essa a escolha que você faz? — A voz dele estava mais sombria agora, quase um sussurro, enquanto ele fitava o horizonte. — Sua lealdade, Maira, poderia ter sido demonstrada de tantas outras formas. Mas você prefere agir assim? Tão desesperada, tão... patética.

Maira deu um passo à frente, confusa e surpresa pela reação do imperador, sentindo-se impotente e humilhada. O que havia falhado? Ela esperava que, ao se entregar de corpo e alma, conseguisse o que queria. Mas o olhar dele, distante e indiferente, a esmagava com o peso do desprezo.

— Eu teria protegido você... — disse Reuel, suas palavras agora impregnadas de uma tristeza inesperada. — Eu teria dado o que você quisesse, se ao menos tivesse me pedido com honra. Mas ao invés disso... — Ele se virou para ela, os olhos brilhando com uma intensidade cortante. — Você traiu minha confiança.

Maira, sentindo o peso do erro, tremia, seus planos desmoronando diante da frieza implacável do imperador. Ela, que sempre confiou em sua capacidade de manipular os outros, agora estava completamente vulnerável, sem armas, sem estratégias, exposta diante daquele que nunca poderia ser enganado.

— Vista-se — ordenou ele, sua paciência esgotada. — E faça melhor uso da chance que lhe dei. Porque, acredite, esta será a última.

Como último recurso, Maira, ainda nua, começou a chorar de maneira descontrolada, lágrimas escorrendo pelo seu rosto sujo e marcado pelo cansaço. Os soluços violentos interrompiam suas palavras, mas a súplica era clara. Com a voz entrecortada pelo desespero, ela clamava por misericórdia, implorando ao imperador que poupasse sua vida. A vulnerabilidade de sua posição a deixava desesperada, e cada lágrima parecia ser uma última tentativa de tocar a humanidade de Reuel Ashford-Valet.

No entanto, o imperador permaneceu impassível, seu rosto era uma máscara fria e impenetrável, observando Maira sem qualquer indício de emoção. O silêncio que pairava entre os dois se tornava sufocante, como se o tempo tivesse parado para ela, aumentando ainda mais o desespero da mulher. Sentindo que a situação se tornava cada vez mais sombria, Maira, em um impulso desesperado, agarrou a perna de Reuel, os dedos tremendo enquanto apertava sua perna e chorava ainda mais forte.

— Por favor... me perdoe... — soluçou, a voz falhando entre as lágrimas. — Eu... eu não sei o que fazer... por favor, eu farei qualquer coisa...

O imperador, observando seu ato, percebeu rapidamente a manobra patética. Ele viu através da fachada de desespero, notando o toque não apenas como súplica, mas uma última tentativa de sedução. Maira tentava usar até o próprio sofrimento para manipular, puxando-o para mais perto como se sua submissão fosse sincera.

— Miserável... — murmurou ele em seu pensamento, mas exteriormente, nada mudou. Seus olhos permaneciam fixos nela, frios e distantes.

Foi então que uma ideia se formou na mente de Reuel. Ele relaxou sua postura por um breve momento, fingindo ceder, e puxou Maira para cima com um movimento forte, fazendo-a se erguer até seus pés. O contato entre os dois era gelado e distante, mas Maira, ainda envolta em suas emoções descontroladas, viu nesse gesto uma oportunidade. Aproveitando a proximidade, ela se inclinou, colando os lábios aos dele em um beijo ousado e desesperado. A cada toque, a cada movimento, Maira acreditava que estava triunfando.

O beijo se aprofundava, e ela apalpava o corpo dele com mãos trêmulas, buscando provocá-lo, tentando despojá-lo de sua frieza. Reuel, aparentemente envolvido naquele jogo, deixou-se levar, e Maira, sentindo-se vitoriosa, puxou-o para o chão. Ela o sentia ceder, as roupas do imperador lentamente sendo removidas enquanto ela pensava apenas em uma coisa:

— Consegui... ele é meu agora...

Mas a verdade estava muito além do que ela poderia imaginar.

Enquanto Maira se perdia em sua fantasia de poder e controle, o verdadeiro Reuel Ashford-Valet permanecia em pé, imóvel, seus olhos fixos no céu noturno, iluminado pelas estrelas silenciosas. Ele nunca havia cedido ao toque de Maira, jamais permitiria que ela o dominasse. O que ela estava experimentando não passava de uma ilusão cuidadosamente tecida por sua magia.

Ele a fez acreditar que estava caindo em sua armadilha, mas, na realidade, Maira estava presa dentro de sua própria mente, enredada nas sombras da ilusão mágica que ele criara. Cada pensamento impuro que ela tinha era involuntariamente exposto, suas palavras sussurradas em voz alta enquanto ela era manipulada pela magia de Reuel.

O imperador permaneceu distante, indiferente aos murmúrios de Maira que ressoavam na quietude da noite.

— Você realmente acreditou que poderia me trair e sair impune? — pensou ele, sua mente fria.

Reuel Ashford-Valet, com um semblante implacável, aproximou-se de Maira. Seus olhos estavam frios e resolutos, como se já tivesse tomado uma decisão irrevogável. Ele se abaixou até ela, suas mãos firmes segurando o rosto dela com uma pressão controlada. Maira, ainda enredada na ilusão, olhava para ele com uma mistura de desespero e esperança, sem perceber a gravidade da situação.

Reuel concentrou-se, seus olhos brilhando com um brilho elétrico. De repente, uma descarga elétrica percorreu o corpo de Maira. Ela estremeceu violentamente, o som do choque ressoando na noite silenciosa, misturando-se com seus gritos abafados de dor e surpresa. A magia elétrica, potente e cruel, fez com que seu corpo se contorcesse antes de ceder ao inelutável destino.

Enquanto Maira sucumbia ao seu destino, Reuel manteve-se impassível, observando-a com um olhar desprovido de emoção. Seu coração, embora endurecido pela traição, ainda carregava a sombra de uma preocupação profunda. Ele sabia que perder uma rainha não era uma pequena vitória; o destino de seu império e o futuro do reino de Maira estavam em jogo.

Com um suspiro de pesar, Reuel virou-se para suas serviçais, que estavam esperando ao fundo. Seus gestos eram metódicos e respeitosos enquanto começavam a vestir a rainha Maira com uma dignidade silenciosa. O imperador, ainda absorto em seus pensamentos, murmurou para si mesmo, sua voz carregada de uma tristeza que não chegava a tocar seus olhos frios.

— Desculpe, Maira. Meu coração já tem dono.

O murmúrio se perdeu no vento noturno, enquanto as serviçais completavam a tarefa com um cuidado reverente. A noite caiu completamente, envolta em uma escuridão que parecia absorver a última centelha de esperança para a rainha traidora.

Naquela noite de lua cheia, o céu estrelado lançava uma luz prateada sobre o mundo, criando um cenário quase etéreo. O imperador, com a expressão de quem carregava o peso do mundo em seus ombros, emitiu sua última ordem para suas serviçais, suas palavras impregnadas de um pesar silencioso.

— Levem a rainha Maira até o seu reino. Cuidem de tudo para que ela receba um sepultamento digno de seu status.

As serviçais de Valet, com uma reverência silenciosa, concordaram e partiram com o corpo da rainha em direção ao reino de Elysium. O imperador assistiu sua partida, uma sombra de tristeza e resolução cruzando seu semblante. Quando a carruagem desapareceu na escuridão da noite, Reuel Ashford-valet começou a caminhar lentamente de volta para o palácio.

A noite parecia mais pesada do que o normal, e ele se perdeu em pensamentos profundos, sua mente um turbilhão de dúvidas e reflexões. Seus passos eram um eco solene entre as árvores, e ele conversava consigo mesmo, a voz baixa e carregada de desilusão, como se tentasse debater com uma parte de si mesmo que estava sempre presente.

Enquanto atravessava a floresta, o som de vozes alteradas cortou a calmaria da noite. Gritos e xingamentos ecoavam entre as árvores, misturados com o rugido de um carro desgovernado. O imperador se aproximou cautelosamente, movendo-se entre as sombras com a precisão de um caçador.

Ao se aproximar, ele viu um grupo de pessoas em tumulto. No centro da confusão estava uma mulher, sua expressão furiosa e mãos agitadas. Ela estava cercada por um grupo de viajantes visivelmente exasperados, todos gritando ao mesmo tempo.

— Esse é o problema com você, cocheiro! Você desviou do caminho e agora estamos perdidos! — a mulher esbravejava, seus olhos brilhando com raiva.

— Não foi minha culpa! — o cocheiro respondeu, a voz tremendo com um misto de frustração e medo. — Eu só achei que conhecia um atalho. Olhem o que aconteceu!

Os viajantes continuavam a reclamar, e a tensão no ar era palpável. Reuel Ashford-valet observava em silêncio, o cenário caótico refletindo um fragmento de sua própria turbulência interior. Ele avaliava a situação com uma frieza distante, como se as brigas e as acusações fossem meros ecos de suas próprias preocupações.

A lua continuava a brilhar acima, sua luz fria lançando um brilho etéreo sobre o tumulto. O imperador, ainda perdido em seus pensamentos, se afastou silenciosamente, seu olhar se perdendo na escuridão da floresta enquanto sua mente continuava a girar em torno dos dilemas que o assombravam.

Naquela noite, sob a luz suave da lua cheia, uma mulher de cabelos cacheados desceu da carruagem com uma elegância que indicava sua origem nobre. Seus olhos azuis, profundos como o oceano, refletiam a luz da lua, criando um contraste quase hipnotizante com sua vestimenta azul. Cada movimento dela exalava uma autoridade inegável. Reuel Ashford-valet, oculto nas sombras de uma árvore próxima, observava silenciosamente, sentindo uma estranha sensação de familiaridade, embora não conseguisse recordar de onde conhecia aquela mulher.

Os guerreiros ao redor, que até então estavam discutindo acaloradamente e culpando o cocheiro por desviar do caminho, subitamente calaram-se ao ver sua senhora descer da carruagem. O silêncio que seguiu foi absoluto, como se sua presença tivesse o poder de comandar o ambiente com um simples olhar.

Reuel, ainda escondido, analisava a situação com cautela. Sua primeira impressão foi de que poderia ser um grupo de invasores, mas algo estava errado com essa teoria. A carruagem não ostentava brasão de nenhuma família rival ou inimiga, e os guerreiros não vestiam as armaduras ou trajes da guarda nobre. Eram guerreiros sim, mas de uma natureza distinta, algo que ele ainda não conseguia decifrar completamente.

A mulher olhou em volta, sua expressão séria, mas calculada, avaliando a situação à sua volta com a frieza de quem estava acostumada a liderar. Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada:

— Acamparemos aqui — disse ela, com uma serenidade autoritária. — Amanheceremos nesta floresta, e ao romper do dia, seguiremos para a capital de Scientia. Dessa forma, evitaremos qualquer risco de mais contratempos.

Suas palavras não eram uma sugestão; eram uma ordem, e os guerreiros responderam prontamente, começando os preparativos para montar o acampamento sem questionar.

Reuel permaneceu imóvel, observando atentamente cada gesto da mulher. Ele sentia uma curiosidade crescente, como se o destino o tivesse guiado até ali naquela noite. A familiaridade em seus traços e a maneira como comandava sua comitiva o deixavam inquieto. Quem era ela? E por que aquele sentimento de que seus caminhos já haviam se cruzado antes?

Enquanto seus pensamentos vagavam, seus olhos se mantinham fixos na figura imponente da mulher, o vento soprando suavemente os cachos de seus cabelos e o manto azul que fluía com o movimento, como se ela fosse uma parte indissociável daquela noite misteriosa.

A mulher de olhos azuis começou a caminhar ao redor da carruagem com uma elegância natural, o brilho da lua cheia refletindo em seus cachos dourados. Seu olhar atento vasculhava a densa floresta ao redor, como se pudesse sentir a ameaça oculta nas sombras. Enquanto isso, seus guerreiros, tensos e inquietos, começavam a montar as barracas para passar a noite. A mulher, porém, parecia desconfortável, e sua voz suave cortou o silêncio.

— Este continente é muito mais frio do que eu imaginava — murmurou, suas palavras escapando com uma leve nuvem de vapor no ar gelado.

Sua conselheira, sempre atenta e de prontidão ao seu lado, assentiu e respondeu com uma voz cautelosa.

— Sim, senhora. Desde que o imperador Reuel Ashford-valet congelou o império de Aeternia, nada mais foi o mesmo. Todo o continente sofreu com a mudança.

A mulher de olhos azuis suspirou, fitando o céu estrelado por um instante, sentindo o peso das palavras da conselheira. Mas antes que pudesse responder, um leve estalo de galhos ecoou pela floresta. Ela se virou bruscamente, seus olhos fixos na direção do som. Reuel Ashford-valet, oculto nas sombras das árvores, percebeu o perigo iminente. Aquelas terras estavam infestadas de monstros libertados com o descongelamento de Aeternia — criaturas que nem mesmo o poderoso império de Partum havia conseguido eliminar completamente.

Decidido a agir antes que fosse tarde, Reuel deu um passo à frente. O som seco de folhas sob seus pés quebrou o silêncio da noite, chamando a atenção dos guerreiros. Num instante, as espadas foram desembainhadas, e a tensão tomou conta do ar. Os soldados, visivelmente assustados, avançaram com ferocidade, acreditando que um ladrão ou monstro os havia surpreendido.

Com movimentos ágeis e precisos, Reuel os desarmou com uma velocidade inacreditável. Espadas e adagas voaram de suas mãos enquanto seus corpos caíam ao chão. Em meros dois segundos, vinte e cinco guerreiros estavam no chão, desarmados, sem nem saber o que os atingira. O vento gelado carregava o silêncio após a breve e fulminante troca, enquanto os olhos azuis da mulher permaneciam fixos nele, impressionados, mas curiosamente calmos.

— Acalmem-se! — a voz de Reuel ecoou pela clareira, firme, mas sem agressividade. — Não estou aqui para machucar ninguém. Eu os ouvi e vim ajudar.

Os soldados, hesitantes, recuaram aos poucos, sob o olhar severo da mulher. Ela se aproximou, seu olhar de gelo penetrando Reuel enquanto ordenava aos seus guerreiros que abaixassem as armas.

— Quem é você? — perguntou, com uma voz que misturava curiosidade e desconfiança.

— Apenas um viajante... — Reuel respondeu, escolhendo as palavras com cuidado. — Outis, o aventureiro.

Karya, como ela logo se apresentou, estreitou os olhos. Algo em sua postura indicava que ela não acreditava completamente. Ela analisou cada detalhe de seu rosto e porte, como se tentasse decifrar um enigma. Seus lábios se curvaram em um sorriso sutil, quase desafiador.

— Você não parece um simples aventureiro, Outis. Suas habilidades são... incomuns. — O tom dela era inquisitivo, mas não hostil, como se já tivesse presenciado algo semelhante antes.

Reuel, ou melhor, "Outis", sustentou o olhar dela sem vacilar. Sabia que Karya estava desconfiada, mas também percebeu que ela tinha outras preocupações em mente. Não era hora de levantar suspeitas.

— Talvez não seja tão simples assim — ele respondeu com um meio sorriso, jogando com a dúvida que ela plantara. — Mas posso lhes mostrar o caminho até a cidade mais próxima. Não é seguro permanecer aqui. Há coisas nesta floresta que nem todos os guerreiros poderiam enfrentar.

Aquela afirmação fez Karya hesitar. Seus olhos brilharam por um breve momento, como se ela pesasse as opções em sua mente. Finalmente, ela assentiu, com a postura firme de alguém que sabia quando era hora de aceitar ajuda.

— Mostre-nos o caminho, então, "Outis". Mas saiba que estarei de olho em você.

O vento gélido continuou a soprar através das árvores, carregando consigo a sensação de que algo mais perigoso espreitava nas sombras, algo que apenas Reuel compreendia plenamente.

Os guerreiros de Karya organizaram-se com a precisão de soldados bem treinados, montando rapidamente em seus cavalos. Karya, com sua postura imponente e semblante frio, entrou na carruagem sem dizer uma palavra. "Outis", mantendo a farsa, aproximou-se do cocheiro, oferecendo-se para conduzir o grupo. O cocheiro hesitou, desconfiado. Entretanto, a voz firme de Karya ecoou de dentro da carruagem.

— Deixe-o conduzir — ordenou ela, sem margem para contestação.

O cocheiro, de cabeça baixa, cedeu. "Outis" tomou as rédeas com confiança, sentindo o peso da responsabilidade. A carruagem partiu em silêncio, quebrando apenas o som dos cascos contra o solo úmido da floresta. A noite era fria, e o ar carregava um cheiro de madeira molhada e terra. Durante cinco longas horas, o silêncio prevaleceu. Reuel, mantendo seu disfarce, havia advertido o grupo sobre os perigos que rondavam na floresta e a necessidade de não fazerem ruídos desnecessários.

A floresta, densa e ameaçadora, parecia observá-los com olhos invisíveis. O vento uivava entre as árvores, e as sombras dançavam ao redor, quase como se estivessem vivas. O único som que se destacava era o ranger da madeira da carruagem, que ecoava no ar pesado e sombrio.

Quando finalmente chegaram aos portões da cidade de Yystou, a tensão pareceu se dissolver. Reuel, sempre atento, observou os guardas se aproximarem, e seus olhos captaram o reconhecimento imediato em seus rostos. Eles sabiam quem ele era, mas antes que pudessem reagir, Reuel invadiu suas mentes com uma suave telepatia, instruindo-os a manter sua identidade oculta. Eles deveriam chamá-lo de "Outis", o aventureiro local, bem conhecido naquela região.

Os guardas, agora sob a influência da magia, acenaram de forma amigável.

— E aí, Outis! — um dos guardas gritou com entusiasmo, escondendo bem a confusão interna. — Conseguiu terminar sua caçada?

Reuel sorriu de canto, mantendo a fachada. — Claro que sim. Foi mais fácil do que eu imaginava — respondeu ele, com a confiança de alguém que sempre tinha controle da situação.

Os portões foram abertos sem questionamentos, e o grupo entrou na cidade. A carruagem percorreu as ruas de pedra até chegar a uma pousada grandiosa e confortável, conhecida por hospedar os viajantes mais ilustres da região. A construção era feita de pedra clara e madeira escura, com varandas floridas e uma luz quente que escapava pelas janelas, convidativa em contraste com a noite fria lá fora.

Assim que pararam, Reuel desceu da carruagem com a destreza de um guerreiro experiente e dirigiu-se rapidamente aos administradores da pousada. Ele ordenou que preparassem o melhor alojamento para seus "companheiros" e que enviassem a conta diretamente ao palácio de Partum, evitando qualquer custo imediato.

Enquanto ele conversava, Karya desceu da carruagem, seus olhos azuis se perdendo na beleza tranquila da cidade. A luz dourada dos lampiões iluminava seu rosto, realçando seus traços nobres. Ela se aproximou de "Outis", ainda intrigada.

— Qual é a moeda desta região? — perguntou ela, sua voz suave, mas com o tom de alguém acostumada a dar ordens.

Reuel sorriu, mantendo o disfarce intacto. — Não precisa se preocupar com isso — respondeu ele, casualmente. — A pousada me deve alguns favores por serviços prestados, eles cuidarão de tudo.

Karya lançou-lhe um olhar curioso, ainda desconfiada, mas aceitou sua resposta com um leve aceno de cabeça. Mesmo que ela fosse uma mulher de autoridade, havia algo naquele homem que a fazia questionar sua verdadeira natureza. Ela sabia que ele era mais do que apenas um aventureiro, mas por enquanto, escolheria manter suas suspeitas para si.

Assim que chegaram à entrada da pousada, "Outis" virou-se para Karya, percebendo que a viagem havia terminado para ele, pelo menos por enquanto. Ele inclinou-se levemente, fazendo um gesto respeitoso.

— Espero que aproveite sua estadia na cidade — disse ele, seu tom suave e controlado, como se o silêncio da floresta ainda estivesse com ele. — Se precisar de qualquer coisa, os guardas conhecem meu nome.

Karya, por sua vez, observou-o com seus olhos frios e calculistas. Havia algo nele que ela não conseguia desvendar, mas sabia que não era apenas um simples aventureiro. Ela manteve o olhar firme, ainda que com um leve sorriso no canto dos lábios.

— Agradeço, Outis. Foi uma viagem tranquila — respondeu ela, com um tom quase formal, mas havia um subtexto de curiosidade em sua voz.

Enquanto os guerreiros desmontavam de seus cavalos, Karya fez um sinal com a mão, ordenando que cuidassem da carruagem e da bagagem. Eles se espalharam rapidamente, alguns começando a descarregar as bolsas, outros conduzindo os cavalos para o estábulo mais próximo.

"Outis" se afastou lentamente, mantendo a postura de um aventureiro que cumpriu sua missão, mas sempre atento a qualquer movimento inesperado. Quando desapareceu entre as sombras das ruas da cidade, Karya voltou sua atenção para sua conselheira, que já esperava ao seu lado.

— Acompanhe-me até o quarto — ordenou ela, e a conselheira prontamente a seguiu, movendo-se com a mesma graça calculada da sua líder.

À medida que subiam as escadas de pedra da pousada, guiadas por um dos funcionários, Karya mantinha-se silenciosa. Seus pensamentos, porém, giravam ao redor daquele homem misterioso. As técnicas de luta que ele usara para desarmar seus guerreiros... aquilo não era comum. Ela havia visto algo similar antes, em um passado distante, mas sua mente não conseguia recordar claramente onde. No entanto, havia uma certeza: quem dominava aquelas técnicas não era apenas habilidoso, era letal. E mais do que isso, era alguém com um grande poder.

Quando chegaram ao quarto, Karya não disse uma palavra enquanto observava o espaço luxuoso. A cama de dossel, o cheiro suave de lavanda no ar, e a lareira que crepitava gentilmente, lançando sombras dançantes pelas paredes de pedra. Ela se virou para sua conselheira, que aguardava, e fechou a porta.

— O que acha dele? — perguntou Karya, sua voz baixa, quase como um sussurro, enquanto caminhava até a janela, observando as luzes da cidade.

A conselheira, sempre atenta, hesitou por um momento antes de responder.

— Há algo... estranho nele. Ele não é um simples aventureiro. — Ela caminhou até mais perto de Karya, falando com cautela. — As técnicas de luta, a maneira como se move... é como se ele estivesse muito além do que aparenta.

Karya concordou com um leve aceno, ainda olhando pela janela, perdida em seus próprios pensamentos.

— Eu conheço aquele estilo. — Ela franziu a testa, tentando se lembrar. — Há muito tempo... conheci alguém que lutava exatamente como ele. Alguém extremamente poderoso. Só que... não consigo lembrar de onde.

A conselheira permaneceu em silêncio, esperando que Karya continuasse. Mas a líder parecia presa em suas lembranças, como se estivesse tentando puxar um fio de memória que permanecia fora de alcance. Ela suspirou profundamente, afastando-se da janela e se dirigindo à cama.

— Fique de olho nele — ordenou Karya, sem olhar para a conselheira. — Não quero surpresas desagradáveis.

A conselheira assentiu discretamente e se retirou do quarto, deixando Karya sozinha com seus pensamentos. Mesmo deitada, a líder não conseguia afastar a sensação de que "Outis" era uma peça importante em algo maior, algo que ela ainda não entendia completamente. Enquanto observava as sombras da lareira dançarem pelo quarto, um nome ecoava silenciosamente em sua mente, como um fantasma do passado: Reuel Ashford-Valet.

Ela conhecia esse nome, e sabia que, de alguma forma, ele estava ligado àquele homem que se passava por aventureiro. Mas por enquanto, ela descansaria. Amanhã, tudo poderia se revelar.

( Karya / Kyra Kyriakos )


( Rainha Maira: Morta)


Caso você tenha gostado da história, não deixe de curtir e seguir. Seus comentários são extremamente valiosos para mim, então sinta-se à vontade para compartilhar suas opiniões e impressões.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro