Capítulo 26: A Sinfonia da Noite Eterna e o Primeiro Verso da Carnificina
Data de publicação: 23/08/2024
Palavras: 7.399
- A noite traz consigo uma sinfonia macabra, tecida com as notas do medo e do silêncio. Cada sombra que dança na escuridão parece antecipar o inevitável, um prelúdio sombrio ao que está por vir. Re, de pé no centro de um campo enegrecido, sentia o peso da noite sobre seus ombros. O vento frio sussurrava segredos esquecidos, carregando o aroma metálico do sangue que em breve tingiria o solo. O silêncio, quebrado apenas pelo som distante de passos, anunciava a chegada de algo inevitável.
Seu coração, geralmente indomável, agora pulsava em um ritmo diferente, como se estivesse em sintonia com a escuridão ao seu redor. Ele podia sentir a aproximação dos inimigos, como predadores à espreita. Os olhos de Re percorreram o horizonte, onde as estrelas pareciam piscar de maneira sinistra, como testemunhas silenciosas do que estava para acontecer.
O tempo parecia desacelerar, cada segundo se estendendo em uma eternidade enquanto ele aguardava o primeiro movimento. E então, veio. O som de lâminas sendo desembainhadas, o reluzir do aço sob a luz pálida da lua, e o primeiro grito, um lamento que ecoou pela noite, anunciando o início da carnificina.
Com um suspiro pesado, Re estendeu a mão, e uma lâmina prateada apareceu, pulsando com uma energia antiga e implacável. Seus olhos se fixaram nos adversários que emergiam da escuridão, figuras indistintas, mas carregadas de intenções mortais. Ele sabia que não haveria clemência, não naquela noite. A sinfonia que estava para ser tocada seria uma melodia de dor e destruição, e ele, o maestro.
- Vocês escolheram esta noite para o seu fim - murmurou, sua voz reverberando com uma autoridade fria, enquanto a primeira gota de sangue manchava o solo, o primeiro verso de uma canção que ecoaria para sempre nas profundezas de suas lembranças
O campo, antes pacífico, agora era um palco onde o drama da existência se desenrolava, um espetáculo cruel, mas inevitável. E enquanto Re avançava, cada golpe seu era uma nota na sinfonia da noite eterna, uma composição onde cada morte acrescentava uma nova camada ao crescendo da destruição. A carnificina havia começado, e não haveria trégua até que o último acorde fosse tocado.
Para entender melhor a situação, precisamos voltar no tempo.
Quando o Império de Partum estava livre das ameaças que rondavam Reuel Ashford-Valet, MORS, com relutância, permitiu que ele retornasse ao seu país. Porém, algo havia mudado em Reuel. Quando MORS abriu o portal, os olhos de Reuel encontraram os dele com uma frieza tão penetrante que fez MORS tremer de medo. A presença de Reuel naquele momento era um presságio do que estava por vir. A quantidade de almas que seriam ceifadas naquela noite era suficiente para assustar até o mais corajoso dos seres.
Reuel atravessou o portal com seus olhos brilhando em um verde esmeralda intenso, carregados de uma fúria contida. O ar ao seu redor parecia vibrar com a tensão, e sua raiva era palpável. Ele surgiu no quarto de sua irmã, o mesmo local em que estivera pela última vez. Olhou ao redor, seus olhos percorrendo o ambiente vazio, e suspirou profundamente. O silêncio era perturbador. Sua mente estava a mil, buscando um plano, uma estratégia, mas nada vinha.
- Dane-se! - murmurou para si mesmo, com a voz carregada de uma mistura de frustração e determinação. - É hora de improvisar com o que tenho.
Sua decisão estava tomada, e com um movimento quase imperceptível, Reuel se teleportou até a caverna onde ele e Yan, seu amigo de longa data, haviam se encontrado anteriormente. Ao chegar, encontrou o lugar deserto, uma quietude que só aumentava sua inquietação. Ele sabia que havia uma fortaleza escondida nas profundezas daquela caverna, uma fortaleza que talvez guardasse as respostas que ele procurava.
Sem hesitar, Reuel caminhou até a passagem secreta. Ao atravessá-la, foi surpreendido pela presença de uma mulher de olhos e cabelos dourados. Ela estava ali, na entrada, como uma sentinela. A surpresa foi mútua, mas Reuel, sempre cauteloso, manteve-se firme. Seus olhos, cheios de suspeita, fixaram-se nos dela enquanto ele perguntava:
- Quem é você?
A mulher respondeu com agressividade, a tensão entre os dois crescendo rapidamente. Antes que ela pudesse reagir, Reuel a imobilizou com facilidade, seu poder esmagador tornando qualquer resistência inútil.
Foi nesse momento que Yan, sentindo a presença de Reuel, correu até a entrada da fortaleza. Ao chegar, ele se deparou com a cena tensa: Reuel segurando a mulher, que lutava inutilmente contra o aperto dele.
- Reuel! Solte-a! - Yan exclamou, com urgência na voz. - Ela é Salli, uma das recrutadas para trabalhar nas sombras... Ela é sua aliada!
Reuel, percebendo o erro, soltou a mulher imediatamente. Seus olhos, antes tão frios, suavizaram-se enquanto ele falava:
- Me desculpe. Não sabia quem você era.
Salli, ainda ofegante, se levantou lentamente. Seus olhos dourados, antes cheios de desconfiança, agora mostravam compreensão.
- Eu também peço desculpas - disse ela, sua voz agora mais controlada. - Não sabia que você era o imperador para quem eu iria trabalhar.
Yan, querendo dissipar qualquer mal-entendido restante, acrescentou:
- Ela estava apenas protegendo a entrada, Reuel. Todos aqui são leais a você.
- Todos? No plural? - perguntou Reuel, sua voz carregada de curiosidade, mas com um tom que sugeria desconfiança.
- Sim - respondeu Yan, tentando manter a calma. - Encontrei alguns conhecidos no caminho de volta ao império. Eles trabalharam anteriormente como mercenários...
Assim que a palavra "mercenários" foi dita, Reuel interrompeu abruptamente, seu olhar gelado se fixando em Yan. Ele nunca confiara em mercenários, considerando-os oportunistas sem lealdade, mas sabia que eles poderiam ser úteis em determinadas situações.
- Há quanto tempo são mercenários? - perguntou Reuel, sua voz carregada de uma ameaça velada.
Yan abriu a boca para responder em nome deles, mas o olhar penetrante de Reuel o fez parar. Ele sabia o que significava aquele silêncio exigente: Reuel queria ouvir diretamente dos mercenários.
O mercenário mais velho, com cicatrizes que contavam histórias de batalhas passadas, deu um passo à frente, seus olhos firmes nos de Reuel.
- A maioria de nós passou a vida inteira nesse ramo - disse ele, a voz rouca de anos de lutas e sobrevivência.
Foi nesse momento que Reuel viu uma oportunidade que não podia desperdiçar. Um sorriso frio se formou em seus lábios, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade perigosa, como se um fogo interior estivesse prestes a explodir.
- Vocês têm uma escolha - Reuel disse, sua voz suave, mas cortante como uma lâmina. - Declarem total lealdade a mim ou morram aqui e agora.
Um dos mercenários mais jovens, talvez com pouco mais de 28 anos, ergueu a voz em desafio, a arrogância evidente em sua postura.
- Eu não sou leal a ninguém! - ele declarou, cheio de convicção.
Num piscar de olhos, Reuel desenhou sua espada e a lâmina cortou o ar, separando a cabeça do jovem de seu corpo em um movimento tão rápido que ninguém teve tempo de reagir. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor. Os mercenários restantes começaram a compreender plenamente o que Yan quis dizer ao descrever Reuel como um imperador de poder incomensurável e perigoso.
- Mais alguma objeção? - Reuel perguntou calmamente, enquanto balançava a lâmina ensanguentada. - Se não, vou continuar.
Ele olhou para os mercenários com um desprezo mal disfarçado.
- Vocês viveram até agora como mercenários, matando por dinheiro, acreditando que poderiam escapar das consequências. Muitos querem as cabeças de vocês. Eu poderia muito bem colocar um preço nelas. Vamos deixar uma coisa bem clara: eu desprezo mercenários, mas desprezo ainda mais aqueles que não têm lealdade.
Um dos mercenários, percebendo a gravidade da situação, deu um passo à frente, suando frio. Sabia que estava diante do abismo, sem muitas escolhas.
- Se servirmos a você, leais ou não, o que ganharemos em troca? - perguntou, a voz tremendo, mas tentando manter a compostura.
Reuel riu baixinho, mas não havia humor em seus olhos.
- Ousado você é... - murmurou, e em um movimento quase imperceptível, ele partiu o mercenário ao meio, o sangue espirrando sobre os outros que assistiam horrorizados. - Vocês ganharão o perdão pelos seus crimes e a chance de continuar vivos, é claro. Mas apenas se forem verdadeiramente leais. Alguém mais quer testar sua sorte?
Cinco mercenários, tomados pela adrenalina e o desespero, sacaram suas espadas e machados, prontos para atacar. Porém, antes que pudessem dar sequer um passo, seus corpos foram dilacerados em uma sequência de golpes rápidos e mortais. Os quatro que haviam permanecido em silêncio apenas viram os corpos mutilados de seus companheiros caírem aos pedaços, o pânico começando a tomar conta deles.
O mercenário mais velho, tentando controlar o medo que apertava seu coração, deu um passo à frente e, com um tom de submissão, falou por seus três companheiros restantes:
- Majestade, meu grupo está pronto para servi-lo de corpo e alma. Seremos sua espada. Sujaremos nossas mãos pelo senhor.
As palavras eram carregadas de sinceridade, mas também de um profundo medo. Eles eram espertos o suficiente para entender que essa era a melhor oferta que jamais receberiam em toda a vida.
Reuel observou-os por um momento, avaliando cada um com olhos impiedosos, antes de responder:
- É assim que eu gosto. E é assim que deve ser.
Ele então olhou para os corpos mutilados espalhados pelo chão, como se fossem simples obstáculos removidos de seu caminho.
O pacto de sangue estava selado, e não havia mais volta.
Salli deu um passo à frente e, com um leve toque no ombro de Reuel Ashford-Valet, chamou sua atenção. O mercenário mais velho observou o gesto, seu coração acelerando em antecipação. Na sua mente, já via a cabeça de Salli rolando pelo chão, como as de tantos outros que ousaram se aproximar demais de Reuel. Mas, para sua surpresa, Reuel apenas se virou lentamente, seu olhar frio se suavizando levemente ao encontrar os olhos determinados de Salli.
- O que você quer? - perguntou Reuel, sua voz firme, mas sem o tom ameaçador que todos esperavam.
Salli, sem hesitar, perguntou diretamente:
- O que faremos agora, com a situação atual do império?
Reuel esboçou um sorriso, um misto de ironia e determinação, e respondeu:
- Não é óbvio? Vamos recuperar o império esta noite. Precisamos ser rápidos.
Yan, que estava atento à conversa, interveio com uma preocupação legítima:
- Reuel, não será possível recuperar o país inteiro em uma única noite. As forças estão dispersas, e...
Reuel Ashford-Valet o interrompeu com um gesto, sua confiança inabalável.
- Crystalis só não fez nada ainda porque eu não a liberei para agir.
Ao ouvir o nome "Crystalis", os olhos de Salli se arregalaram. Até aquele momento, ela não tinha certeza se as histórias sobre sua irmã servindo a Reuel eram verdadeiras. Mas agora, diante daquela afirmação, tudo se tornou claro. A verdade pesou sobre ela, mas também trouxe uma nova esperança.
- Você pode... recuperar as memórias dela? - Salli perguntou, sua voz carregada de emoção, quase um sussurro.
Reuel assentiu lentamente.
- Sim, não seria um problema. Mas só farei isso se você demonstrar um desempenho impecável na recuperação de Partum.
As palavras de Reuel acenderam um fogo dentro de Salli. Seu corpo se encheu de energia, uma determinação feroz surgiu em seus olhos, e ela se preparou mentalmente para a batalha que estava por vir. A chance de salvar sua irmã e reconquistar o império dava a Salli uma força que ela não sabia que possuía.
Reuel então voltou sua atenção para os mercenários, seu olhar se tornando sombrio novamente.
- Vocês não podem ser vistos. Portanto, sejam rápidos e cautelosos - disse ele, com uma autoridade que fez os mercenários engolirem em seco.
Ele sabia que a tarefa seria difícil para eles. Seus equipamentos eram pesados, feitos para combate corpo a corpo, não para ações furtivas. Além disso, o desgaste seria rápido se tivessem que manter o silêncio e a discrição por muito tempo. Antecipando isso, Reuel sussurrou palavras arcanas, colocando duas magias neles: uma para que não se cansassem e outra para torná-los imunes a ataques mágicos. No entanto, ele apenas mencionou que havia lançado um feitiço de velocidade, mantendo a verdadeira extensão de sua magia em segredo.
Salli, por outro lado, já havia traçado seu plano. Em sua mente, ela visualizava uma maldição poderosa, algo que cobriria Partum como uma sombra negra, atingindo apenas os invasores. Mas, ao mesmo tempo, ela queria que essa maldição fosse um aviso, algo tão aterrorizante que os poucos que conseguissem escapar jamais ousariam desafiar Partum novamente.
- Será algo que eles nunca esquecerão - murmurou para si mesma, enquanto seus olhos brilhavam com uma determinação renovada.
Com tudo preparado, Reuel Ashford-Valet não hesitou em iniciar a ação. Com um simples gesto de sua mão, ele teleportou todos para a capital de Partum, posicionando-os na imponente Academia Ashford, um local que outrora fora símbolo de glória e poder.
Reuel Ashford-Valet saiu caminhando pela cidade com passos firmes e calculados, o som de suas botas ecoando pelas ruas desertas. Atrás dele, Salli começou a trabalhar sua magia, invocando uma neblina que rapidamente começou a se espalhar pela cidade. A névoa era espessa, densa, envolvendo tudo ao redor em um manto de mistério e apreensão. Mas, para Reuel, aquilo não era suficiente. Seus olhos brilharam com uma luz intensa e determinada.
- Isso precisa ser mais aterrorizante... - murmurou para si mesmo, estendendo as mãos.
Com um movimento fluido, ele ampliou a neblina, fazendo-a crescer em densidade e extensão, até que a bruma envolvesse não apenas a cidade, mas todo o império. Agora, a neblina tinha uma cor pálida e fantasmagórica, como um presságio de morte iminente. A cidade, antes apenas silenciosa, agora parecia sufocada, engolida por uma escuridão líquida que se arrastava por cada rua e viela.
Enquanto a névoa se espalhava, Salli começou a invocação da maldição. Suas mãos moviam-se com precisão, seus lábios murmurando palavras em uma língua esquecida, carregadas de poder e ódio. A maldição era profunda, cruel, projetada para corroer a sanidade dos invasores. Aqueles que estavam sob sua influência começariam a ver seus próprios companheiros como monstros horrendos, deformados e sanguinários. O pânico se espalharia como um incêndio descontrolado, levando-os a se atacarem com uma fúria cega.
Os primeiros a serem afetados foram os guardas que patrulhavam a cidade naquela noite. Um deles, ao virar uma esquina, viu seu colega de patrulha transformado em uma criatura grotesca, com garras e presas afiadas. O medo tomou conta de seu coração, e antes que pudesse raciocinar, sua espada já estava desembainhada, cortando o ar em direção ao suposto monstro.
Gritos começaram a ecoar pela cidade, os sons do aço encontrando carne, o caos tomando conta de tudo. A maldição de Salli se espalhava rapidamente, semeando a loucura entre os inimigos. Reuel observava a cena com olhos frios, seu rosto inexpressivo, mas sua mente satisfeita com o resultado.
- Deixe-os se destruir... - murmurou, seu olhar perdido na névoa espessa, enquanto a sinfonia da carnificina começava a tocar em toda a sua glória terrível.
Salli, sentindo o poder da maldição crescendo, sorriu levemente, seus olhos brilhando com uma satisfação sombria. Ela sabia que essa era apenas a primeira fase. O verdadeiro terror ainda estava por vir.
A cidade de Partum, envolta pela densa névoa, agora se transformava em um cenário de puro horror. Os gritos de agonia e desespero dos guardas se espalhavam pelas ruas escuras, ecoando entre as paredes dos edifícios, enquanto a maldição de Salli se enraizava em suas mentes. A visão distorcida de seus próprios companheiros como monstros não era apenas uma ilusão passageira; era um pesadelo vivo, uma realidade que se moldava segundo os desejos mais cruéis de Salli.
No centro desse caos, Reuel Ashford-Valet continuava sua caminhada implacável pela capital. Seu olhar frio percorria a destruição que ele próprio havia desencadeado. As sombras da noite pareciam ganhar vida ao seu redor, como se o próprio ambiente estivesse respondendo à sua presença.
Salli, ainda concentrada na invocação da maldição, sentia o poder crescendo em suas veias. No entanto, ela sabia que Reuel não estava satisfeito apenas com o caos inicial. Ele queria algo mais. Algo que deixasse uma marca indelével no coração de seus inimigos e nos sobreviventes.
Reuel parou em frente à praça principal da cidade, onde uma grande estátua de mármore de um antigo rei erguia-se orgulhosamente. Ele levantou a mão, e a estátua começou a rachar, pedaços de mármore se desintegrando no ar como pó. Quando a estátua finalmente desmoronou, Reuel sussurrou um encantamento quase inaudível.
No mesmo instante, a névoa ao redor da cidade começou a pulsar, como se tivesse ganhado vida própria. De dentro da bruma, sombras começaram a se formar, criaturas esqueléticas e deformadas, seus olhos vazios brilhando com um brilho doentio. Essas entidades, formadas pela magia negra de Reuel, eram caçadoras incansáveis, destinadas a perseguir qualquer alma que cruzasse seu caminho.
As criaturas, movendo-se com uma velocidade sobrenatural, começaram a se espalhar pela cidade. Elas atravessavam paredes, surgiam das sombras e atacavam sem piedade. Os poucos guardas que ainda não tinham sucumbido à maldição agora se viam lutando contra monstros que não podiam ser feridos ou mortos. Cada vez que um golpe passava por essas entidades, elas simplesmente se dissipavam na névoa, apenas para reaparecer em outro lugar, mais ameaçadoras do que nunca.
A cada momento que passava, a cidade mergulhava mais fundo na loucura. Os invasores, agora enfrentando tanto os horrores das visões distorcidas quanto as criaturas de pesadelo, começaram a se desesperar. Muitos caíram de joelhos, suas mentes finalmente cedendo ao terror insuportável. Alguns tentaram fugir, mas a névoa parecia não ter fim; o labirinto de sombras os puxava de volta, aprisionando-os em um ciclo interminável de pavor.
Salli, observando a cena ao lado de Reuel, percebeu que a cidade estava se transformando em um purgatório vivo, onde não havia escapatória para os condenados. Ela olhou para Reuel, seus olhos brilhando com um misto de respeito e temor.
- Você realmente está determinado a não deixar sobreviventes, não é? - perguntou Salli, sua voz carregada de uma admiração sombria.
Reuel a encarou, seu rosto inexpressivo como uma máscara de gelo.
- Sobreviventes? - ele repetiu, sua voz baixa, quase um sussurro. - Não haverá sobreviventes. Apenas testemunhas. E elas carregarão o peso dessa noite em suas almas pelo resto de suas vidas. Se eu não posso ter minha paz, eles não terão a deles.
Com essas palavras, Reuel ergueu ambas as mãos, e as criaturas na névoa se tornaram mais agressivas, mais implacáveis. A cidade de Partum estava agora à mercê de um imperador vingativo, determinado a esculpir seu nome na história através do medo e da destruição.
As poucas luzes que ainda tremeluziram nas ruas apagaram-se uma a uma, como se a própria noite estivesse devorando a esperança. E assim, sob o comando de Reuel Ashford-Valet, Partum começou a cair em um abismo de escuridão eterna, onde a única música que se ouvia era a sinfonia dos gritos desesperados e do terror sem fim.
Reuel Ashford-valet estava tomado por uma fúria incontrolável. A raiva que ardia em seu coração exigia um fim rápido e cruel para os invasores de Partum. Determinado a eliminar a ameaça de uma vez por todas, ele lançou uma poderosa magia de comunicação, sua voz ecoando pela cidade como um trovão, penetrando em cada lar, em cada mente.
- Cidadãos de Partum, não temam - sua voz era firme, mas tranquilizadora. - Fechem suas portas, escondam-se e permaneçam em silêncio. Minhas criaturas não os farão mal algum.
As criaturas de Reuel, bestas envoltas em uma escuridão flamejante, se materializavam nas ruas. Para os cidadãos do império, essas criaturas pareciam guerreiros sagrados, paladinos envoltos em armaduras negras adornadas com chamas verdes. Eram protetores, um exército que caminhava entre os habitantes de Partum como sombras guardiãs. Mas, para os invasores, a visão era muito mais aterrorizante. Cada um via sua própria imagem deformada em pesadelos vivos - monstros horrendos, caricaturas grotescas de si mesmos. A loucura tomava conta, e eles se viam obrigados a lutar contra seus próprios reflexos, tanto metaforicamente quanto literalmente, mergulhando em um caos interno que os destruía de dentro para fora.
Enquanto a cidade mergulhava em uma sinfonia de gritos e aço, Reuel Ashford-valet aproveitou a confusão. Seus lábios se curvaram em um sorriso gélido ao enviar uma mensagem telepática aos líderes invasores:
- Se vocês têm coragem, me encontrem na entrada da capital. Estou a caminho.
A mensagem era uma armadilha, uma isca carregada de engano. Na verdade, enquanto as forças inimigas se reuniam na entrada da capital, Reuel já havia atravessado seus portões. Com passos firmes e silenciosos, ele avançava pelas câmaras do palácio de Partum, seus olhos brilhando com uma intensidade verde-esmeralda. Aquele seria o fim dos invasores, um espetáculo de destruição orquestrado por um imperador movido pela ira.
Salli, percebendo a escala da vingança de Reuel, intensificava a maldição que havia lançado sobre os invasores. Os guardas, já dominados pela ilusão de que lutavam contra monstros, começaram a enlouquecer de vez. Agora, a linha entre realidade e pesadelo havia sido completamente apagada, e a capital de Partum se transformava em um campo de carnificina.
Dos 15 Reis que governavam com mão de ferro sobre os invasores, apenas 14 ousaram marchar até os portões para enfrentar Reuel Ashford-valet pessoalmente. Em suas mentes, a derrota do imperador de Partum seria um troféu imensurável, uma conquista que eternizaria seus nomes nas lendas da conquista. Mas ao chegarem às imponentes portas da capital, suas expectativas foram brutalmente frustradas.
Em vez de encontrarem Reuel, foram recebidos por uma visão inesperada e aterradora. Salli, envolta em uma aura sombria, estava à frente, seus olhos dourados reluzindo com um brilho mortal. Ao lado dela, os quatro mercenários, agora imbuídos com a magia de Reuel, se posicionavam como predadores à espreita, suas armas prontas para o massacre que estava por vir.
- Vocês vieram para eliminar o imperador - Salli declarou, sua voz soando como o sussurro de uma tempestade iminente. - Mas foram vocês que escolheram seu próprio fim.
Sem mais palavras, o ar se encheu do som agudo de espadas sendo desembainhadas, seguidas pelo grito estridente de morte. Os mercenários, movendo-se com uma velocidade sobrenatural, avançaram como sombras fatais, seus golpes precisos rasgando as fileiras dos soldados com uma eficiência fria. Sangue jorrava em todas as direções, pintando as pedras do portão com um vermelho profundo.
Os Reis, pegos de surpresa, tentaram reagir, mas a fúria e a destreza dos atacantes era avassaladora. Cada movimento de Salli era um espetáculo de violência calculada, seus feitiços corroendo a coragem e a vida de seus inimigos. Ela invocava escuridão e fogo, as chamas verdes envolvendo os corpos dos soldados enquanto os Reis se viam acuados, sem esperança de escapar do destino que havia sido selado por sua própria arrogância.
Um a um, os Reis caíam, seus gritos abafados pelos rugidos de dor e desespero de seus homens. A noite que se seguiu foi marcada pelo silêncio, quebrado apenas pelo som do aço cortando carne e ossos, e pelos suspiros finais daqueles que ousaram desafiar o verdadeiro senhor de Partum.
Enquanto o último dos Reis caía aos pés de Salli, ela observou o caos ao seu redor com um sorriso quase imperceptível. Seus olhos, antes dourados, começaram a escurecer, transformando-se em um profundo e abissal preto.
- Acho que vou gostar desse novo trabalho - sussurrou, sua voz tingida com um prazer sombrio. A escuridão em seus olhos refletia a profundidade do poder que ela agora abraçava, e o destino daqueles que ousassem se opor a Reuel Ashford-valet.
Quando o imperador Reuel Ashford-valet chegou diante dos portões de seu palácio, o cenário que encontrou era de devastação e caos. Os reinos vizinhos, em uma audaciosa ofensiva, haviam invadido as imediações da grandiosa fortaleza de Partum. A imponente estrutura estava agora marcada por chamas e destruição, um testemunho da agressão dos invasores.
Reuel, em seu estado de ira e determinação, estabeleceu contato com Crystalis através de uma telepatia distante e penetrante. Seus pensamentos ressoavam com uma urgência desesperada e fria.
- Crystalis, use todo o seu poder - ordenou ele, sua voz interiormente reverberando com um tom que deixava claro a imensa gravidade da situação. - Erradique os inimigos do Império antes que o sol despontar no horizonte. Não deixe nenhum traço deles.
Crystalis, que estava envolta em uma aura de energia pura, sentiu o peso da responsabilidade que repousava sobre seus ombros. Seus olhos, brilhando com uma intensidade feroz, revelavam um misto de determinação e raiva contida. Sem hesitar, ela canalizou seu poder, suas mãos emitindo uma luz intensa que prometia a destruição iminente.
Enquanto isso, Klaus, um dos agentes mais temidos do império, recebeu a ordem de espalhar o terror entre as fileiras inimigas. Sua presença era sinônimo de pavor, e seu nome evocava uma sensação de inevitabilidade. Ele avançou para a batalha com uma frieza calculada, suas ações sendo um balé de crueldade pura. A visão de seus inimigos se contorcendo de medo ao seu redor era um espetáculo que Klaus apreciava com um prazer sombrio.
Reuel Ashford-valet então mobilizou todos os guerreiros de Partum, convocando-os para um ataque total contra os invasores. Seu comando ecoou pelo campo de batalha, uma ordem de retaliação que despertou um fervor assassino nos corações dos defensores do império. As forças de Partum, agora unidas sob um único propósito, avançaram com uma fúria implacável, suas lâminas e feitiços rasgando a noite em busca de vingança.
A noite já estava saturada de sangue e violência, mas Reuel sabia que ainda não era suficiente para enviar uma mensagem clara aos outros reinos. A ameaça que Pairava sobre Partum precisava ser esmagadora, um aviso indiscutível a qualquer um que ousasse desafiar a supremacia do império enquanto seu imperador estava ausente.
O campo de batalha continuava a se transformar em um inferno, cada grito de dor e cada explosão de magia sendo um testemunho da violência desenfreada que se desenrolava. Reuel Ashford-valet observava, seus olhos cintilando com um brilho feroz, enquanto o destino dos invasores e o futuro de Partum se moldavam sob a capa escura da noite.
À medida que a noite se aprofundava, o caos se intensificava. Os invasores, em pânico, corriam para a fronteira, suas expressões refletindo o terror absoluto. O campo de batalha, antes cheio de confiança, agora estava saturado com gritos desesperados.
- Ele voltou! - gritou um dos comandantes inimigos, seus olhos arregalados de pavor enquanto observava a figura sombria de Reuel se aproximando. - O imperador está aqui!
- Isso é um pesadelo! - exclamou um soldado, tentando desesperadamente carregar seus feridos. - Ele vai nos ma...mata todos!
- Que tipo de monstro é esse? - perguntou outro soldado, olhando para Klaus, o dragão que se preparava para atacar com um rugido ensurdecedor. - Nunca vi uma coisa assim!
À medida que Klaus descia, lançando chamas carmesim e desintegrando tudo em seu caminho, um líder invasor, ensopado de sangue e desespero, balbuciou:
- Estamos mortos! O dragão está nos matando! Vamos acabar queimados vivos!
Alguns tentaram formar uma linha de defesa, mas a visão de Crystalis avançando com sua aura destrutiva deixou-os paralisados de terror. Os que tentavam resistir eram rapidamente consumidos pelo caos e pelo medo.
- Esses demônios... - murmurou um líder com a voz trêmula, observando o massacre de Crystalis. - Nunca pensei que enfrentássemos algo assim. Precisamos recuar! Não há como lutar contra esses monstros!
Enquanto os guerreiros tentavam fugir, outros começaram a murmurar críticas contra o imperador.
- Reuel Ashford-valet... - resmungou um dos líderes, tentando manter a calma enquanto observava a destruição ao seu redor. - Pensamos que seria fácil com ele fora. Mas agora, ele voltou com uma fúria que nenhum de nós esperava. Que tipo de governante ele é para lutar na linha de frente, só para ver o nosso desespero?
- O que ele quer provar com isso? - questionou outro, com uma expressão de raiva e desespero. - Não bastava ele ter destruído dois impérios e mudado o ecossistema? Por que voltar e nos torturar assim?
- Esse é o tipo de governante que deseja fazer um exemplo de todos nós - respondeu um terceiro, seus olhos arregalados de pânico enquanto tentava se esconder dos ataques. - Ele quer mostrar seu poder e nos amedrontar para sempre. Devíamos ter sabido que ele não nos deixaria em paz!
Os gritos e os murmúrios de medo eram acompanhados pelo som dos guerreiros invadindo a fronteira, lutando contra o dragão e os ataques incessantes de Crystalis. Cada vez mais, o medo se espalhava entre as fileiras inimigas, e as críticas ao imperador ecoavam pelo campo de batalha, uma mistura de raiva e desespero frente à sua implacável força.
Finalmente, a cena do massacre e da destruição se tornava um cenário de horror absoluto para aqueles que ainda lutavam, enquanto a figura imponente de Reuel Ashford-valet se erguia como um símbolo de vingança e poder indomável.
Enquanto o terror se espalhava pelo império, o imperador Reuel Ashford-valet avançava com uma calma mortal, atravessando a entrada principal de seu palácio. A porta pesada estremeceu ao ser empurrada com um estrondo, revelando o imperador, que se movia com uma precisão letal.
Sua espada, reluzente e afiada, brilhava com uma luz fria. Cada golpe era um borrão de aço e sangue, a lâmina tão veloz e precisa que parecia um espectro cortante. Inimigos tentavam reagir, mas era como se estivessem lutando contra a própria sombra. Reuel desferia ataques rápidos e certeiros, sua espada cortando através dos escudos mais robustos e das armaduras mais resistentes com uma facilidade assustadora.
- Não, não! - gritou um dos invasores, vendo a espada de Reuel atravessar um companheiro em um instante. - Ele está imbatível!
Os soldados inimigos, apavorados, tentavam se reagrupar, mas a presença do imperador era esmagadora. Um grito de pavor ecoou pelos corredores quando Reuel avançou, suas passadas silenciosas e sua expressão impassível. Cada vez que a lâmina cortava, o ar parecia vibrar com a intensidade do impacto.
- Mantenham a formação! - ordenou um dos líderes invasores, com a voz tremendo de medo. - Não deixem que ele nos pegue!
Mas, ao ver Reuel se aproximar, qualquer tentativa de resistência se desintegrava rapidamente. O imperador movia-se como uma tempestade de ferro e sangue, sua espada traçando arcos mortais que nem o mais experiente guerreiro podia evitar.
Enquanto avançava pelos corredores do palácio, o brilho de sua lâmina iluminava a escuridão crescente, refletindo uma sinistra dança de luz e sombra. Os inimigos caíam ao chão em uma série de gritos sufocados, suas expressões congeladas em um terror que se misturava com a surpresa.
- Ele está em toda parte! - exclamou um soldado, vendo seus companheiros serem abatidos um após o outro. - Não há como detê-lo!
O imperador continuava sua marcha implacável, cada corredor do palácio se tornando um campo de destruição. As paredes, antes ornamentadas e imponentes, agora estavam manchadas de sangue e fragmentos de armaduras. A cada passo de Reuel, a morte se espalhava como uma sombra fria, e a fúria silenciosa do imperador tornava o avanço dos invasores uma verdadeira carnificina.
Ao encontrar um grupo de inimigos tentando se reorganizar, Reuel apenas levantou a espada com um movimento ágil, e a lâmina cortou pelo ar, eliminando qualquer resistência com um único golpe.
- Este é o preço por nos desafiar - murmurou Reuel, sua voz ressoando com um tom de frieza absoluta enquanto a última onda de inimigos sucumbia sob sua lâmina.
Cada espaço do palácio se tornava um testemunho da ira do imperador, e os corredores, agora silenciosos, carregavam a marca de sua destruição implacável. Reuel Ashford-valet continuava a sua caminhada sem hesitação, eliminando qualquer ameaça restante com uma eficiência brutal, sua espada sempre pronta para mais um golpe mortal.
Reuel Ashford-valet avançava pelos corredores do palácio com uma precisão implacável, cada passo ecoando em uma sinfonia de destruição. Os invasores caíam ao seu redor, suas vidas ceifadas com uma eficiência brutal. No entanto, ao chegar em uma sala grandiosa adornada com quadros de seus antecessores, Reuel parou por um momento. Seus olhos se detiveram em uma figura particularmente imponente, um dos generais inimigos que havia tomado a liderança da invasão.
O general, um homem de estatura imponente e armadura ornamentada, estava rodeado por seus soldados. Ao perceber a entrada de Reuel, ele imediatamente se preparou para enfrentar o imperador. Os soldados tentaram proteger o general, mas foram rapidamente abatidos pela fúria de Reuel.
- Caiam! - rugiu o general, erguendo sua espada com um semblante de determinação feroz. - Não deixem que ele passe!
Reuel se lançou para a batalha, sua lâmina cortando o ar com uma graça mortal. Ele rapidamente fez justiça com os soldados restantes, seus ataques tão rápidos e precisos que pareciam quase uma dança cruel. No entanto, quando finalmente se deparou com o general, a luta tornou-se mais pessoal. O general, embora atemorizado, não recuou. Ele avançou com uma força bruta, seus golpes sendo brutalmente eficazes.
- Você é mesmo o imperador? - desafiou o general, sua voz carregada de um misto de desprezo e medo. - Achei que seria mais fácil!
Os golpes trocados entre eles eram violentos, o clangor das espadas ecoando por toda a sala. Cada ataque do general parecia intenso e implacável, mas o que ele não percebia era que Reuel estava manipulando a batalha com maestria. Cada movimento do imperador estava calculado para parecer que o general estava obtendo vantagem. Reuel deixava o general sentir-se dominante, defendendo-se habilmente e evitando ser atingido enquanto eliminava os soldados restantes sem que ninguém percebesse.
O general, acreditando que estava dominando a batalha, começou a se exibir com confiança crescente. - Pensei que você fosse o temido imperador de Partum! - zombou ele, ao conseguir desviar de um ataque aparentemente fatal. - Você é apenas um homem comum tentando salvar o que já está perdido!
Mas enquanto o general se concentrava na luta, sua atenção foi momentaneamente desviada. Ele recuou para ganhar fôlego e, ao olhar ao redor, seus olhos se arregalaram ao ver o chão coberto pelos corpos de seus soldados. Reuel havia eliminado cada um deles com uma precisão cruel, sua lâmina não poupando nenhum adversário.
- O que... - o general gaguejou, seu olhar se movendo entre os corpos caídos e Reuel, que se aproximava com uma frieza implacável.
Reuel fez uma pausa, sua expressão impassível enquanto o general começava a entender o verdadeiro horror da situação. - Às vezes, é preciso mais do que força bruta para vencer uma batalha - disse Reuel, sua voz carregada de uma calma aterrorizante. - Às vezes, é preciso astúcia.
Com um movimento rápido e decisivo, Reuel avançou. A espada cortou através da armadura do general com a mesma facilidade com que cortara os soldados, o impacto final sendo tão preciso que o general nem teve tempo de reagir. O corpo do general caiu ao chão, um grito de surpresa ainda preso na garganta.
Reuel Ashford-valet olhou para o corpo caído, os olhos ardendo com uma determinação fria. - O império está sob minha proteção - murmurou, observando o massacre ao seu redor. - E você, como todos os outros, não foi páreo para mim.
O silêncio da sala, agora preenchido apenas pelos ecos da batalha e pela respiração pesada do imperador, servia como um lembrete sombrio do poder de Reuel. A carnificina que havia tomado conta do palácio era um aviso claro para qualquer um que ousasse desafiar o domínio do imperador.
Reuel Ashford-valet continuou a sua marcha pelos corredores do palácio, sua presença imponente acompanhada pelo som agudo do metal cortando carne e os ecos dos gritos de terror. Cada passo seu reverberava com uma força esmagadora, e os poucos soldados restantes que se atreviam a enfrentar o imperador eram rapidamente despedaçados.
Quando finalmente chegou à sala do trono, uma visão cruel o aguardava. O homem que se encontrava sentado em seu trono, uma expressão de desdém estampada no rosto, não era outro senão o rei invasor. Ao lado dele, um guerreiro com um tapa-olho segurava uma lâmina afiada contra o pescoço de Luna, a irmã de Reuel. A tensão no ambiente era palpável, com o aço da lâmina refletindo as chamas das tochas nas paredes.
O rei invasor se levantou do trono, seus olhos brilhando com um misto de arrogância e crueldade. Ele cruzou os braços, olhando para Reuel com um sorriso sardônico.
- Ah, o temido Imperador de Partum - zombou o rei, sua voz carregada de desdém. - A lenda viva que muitos temem. Vejo que sua única fraqueza é a sua irmãzinha. Não parece tão invencível agora, não é?
Reuel Ashford-valet manteve uma calma fria enquanto observava a cena. Seus olhos verdes brilhavam com uma intensidade letal, enquanto sua expressão se mantinha impassível. A raiva se acumulava dentro dele, mas ele sabia que agir precipitadamente não resolveria a situação.
- Liberte-a imediatamente - ordenou Reuel, sua voz como uma lâmina afiada cortando o ar. O tom era suave, mas a ameaça subjacente era clara.
O rei riu, uma risada amarga e desdenhosa que ecoou pelas paredes da sala do trono.
- Você acha que pode me intimidar com palavras? - O rei balançou a cabeça, desdenhoso. - Sua presença aqui é uma piada. Você está perdido em sua própria casa, e sua fraqueza agora está em minhas mãos.
O guerreiro com o tapa-olho, mantendo a lâmina pressionada contra o pescoço de Luna, olhou para Reuel com um misto de desdém e curiosidade. Sua mão estava firme, mas seus olhos traíam uma leve inquietação.
Reuel deu um passo à frente, sua postura relaxada mas carregada de tensão. Seus olhos nunca se desviaram da lâmina ameaçadora contra sua irmã. Ele se preparava para agir, calculando cada movimento com precisão implacável.
- Não subestime o que sou capaz de fazer - disse Reuel, sua voz calma e controlada. - Sua arrogância será sua ruína. Liberte minha irmã e prepare-se para enfrentar minha lâmina.
O rei arqueou uma sobrancelha, o sorriso permanecendo em seu rosto, mas agora um toque de incerteza começou a surgir em seus olhos. Reuel era conhecido por seu poder devastador, e mesmo os mais audaciosos começavam a sentir o peso de sua reputação.
O guerreiro com o tapa-olho, percebendo a crescente tensão, olhou nervosamente para o rei, mas manteve a lâmina firme. A situação estava prestes a explodir, e a batalha pelo destino de Partum estava prestes a ser decidida.
Enquanto Reuel Ashford-valet mantinha um olhar fixo no rei invasor, o ambiente no salão do trono se tornava cada vez mais carregado de tensão. O rei estava relaxado no trono, aparentemente encantado com a situação, seu sorriso cínico refletido em seu rosto.
- Olhe só para você - começou o rei, sua voz cheia de desdém. - O grande imperador Reuel Ashford-valet, temido por muitos, agora se vê impotente diante de mim. Que ironia, não? O temido "Rei Demônio" não pode proteger nem mesmo sua própria irmã.
Ele riu alto, uma risada sarcástica que ecoou pelo salão. O rei levantou a mão, apontando para Luna com uma expressão de desprezo. - Veja como é patético. O homem que se acha invencível, agora se vê reduzido a mendigar pela vida de uma simples mulher. Será que essa é a sua maior fraqueza? Sua irmãzinha querida?
O olhar de Reuel Ashford-valet não se desviou do rei nem por um instante. Sua expressão era de uma calma fria, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade implacável. Cada palavra do rei parecia ser uma agulha afiada, e a tensão em seu corpo era palpável.
O rei continuou a zombar, levantando-se do trono e caminhando até Luna, que estava claramente assustada. - Se você tivesse sido um imperador mais competente, talvez tivesse pensado em proteger aqueles que são importantes para você. Mas não, você preferiu ser um tirano egoísta.
O rei fez uma pausa, olhando para Reuel com um sorriso maligno. - Eu me pergunto, Reuel, o que você fará agora? Implorar por misericórdia? Dizer que fará qualquer coisa para salvar sua irmã? Oh, isso seria verdadeiramente patético, mesmo para você.
Enquanto o rei falava, Reuel manteve a postura rígida, seu rosto uma máscara de frieza imperturbável. A raiva e a frustração ferviam sob a superfície, mas ele estava determinado a manter o controle até o momento certo. A cada palavra do rei, sua expressão tornava-se mais intensa, como se o simples ato de ouvir o desprezo do invasor estivesse alimentando um fogo interno.
O imperador estava pronto para agir, e o momento da retaliação estava se aproximando. A zombaria do rei apenas alimentava a fúria de Reuel, e ele estava prestes a mostrar ao rei o verdadeiro significado de seu erro.
O rei, com um sorriso de desprezo, se acomodou no trono como se estivesse em sua sala de estar. Suas palavras ecoavam pela sala com um tom de zombaria:
- Sabe o que mais está me irritando aqui, ó grande Rei? É você sentado no meu trono com essa bunda imunda. Além disso, você tocou no corpo da minha irmã sem a permissão dela.
A expressão de Reuel Ashford-valet permanecia gelada, mas seus olhos começavam a revelar um pavor silencioso. O olhar fixo e impassível que ele mantinha contrastava com a tempestade de emoções que fervilhava por dentro. Seu semblante calmo era uma máscara frágil sobre um vulcão prestes a entrar em erupção.
O guerreiro com o tapa-olho, que havia imposto a lâmina no pescoço de Luna, notava a tensão crescente no ar. Ele estudava cada microexpressão de Reuel com atenção afiada. Seus olhos, já acostumados com a frieza do imperador, agora captavam uma mudança sutil, mas significativa. Os olhos de Reuel piscaram brevemente em um vermelho profundo, como brasas incandescentes se acendendo em um campo de cinzas.
O guerreiro sentiu um frio na espinha ao perceber o sinal claro de que Reuel Ashford-valet estava começando a perder o controle. Ele ajustou a lâmina com um gesto nervoso, sua mão suada tremendo ligeiramente ao ver a intensidade no olhar do imperador.
O rei, por outro lado, parecia se divertir com a situação. Ele se recostou mais no trono, como se estivesse em uma poltrona confortável, e continuou a provocar:
- Olha para você, Reuel. O grande imperador que não consegue proteger nem a própria irmã. Que triste.
À medida que o rei falava, seu olhar sádico e desdenhoso encontrava o de Reuel, alimentando sua própria sensação de poder. A atmosfera na sala estava carregada de tensão, e o brilho avermelhado nos olhos de Reuel se intensificava a cada palavra zombeteira do rei, prometendo uma tempestade de vingança iminente.
Reuel Ashford-valet abaixou a cabeça lentamente, seus olhos fixos no chão em um gesto quase contemplativo. Ele parecia alheio à presença do rei, ignorando completamente as zombarias que ecoavam pelo salão do trono. Com um movimento sutil, ele se agachou e pegou uma pequena pedra, sua mão firme mas tranquila.
O rei, intrigado e um pouco desconcertado pela calma de Reuel, perguntou com um tom sarcástico:
- O que você está fazendo, ó grande rei demônio? Está com tanto medo que prefere escrever suas últimas palavras? - zombava o rei enquanto ria.
Reuel não respondeu. Em vez disso, começou a riscar o chão de mármore com a pedra, traçando linhas com precisão, como se estivesse envolvido em um ritual antigo e sombrio. O rei continuava a observá-lo, sua curiosidade misturada com uma crescente sensação de desconforto. Cada segundo que passava sem resposta, o rei sentia a tensão aumentar.
- Está tentando escrever suas últimas palavras? - o rei provocou novamente, seu tom agora menos confiante.
Reuel, no entanto, permanecia em silêncio, totalmente concentrado no que fazia. O guerreiro de tapa-olho ao lado do rei, que até então mantinha Luna como refém, começou a perceber algo sinistro nos movimentos do imperador. Seus olhos se estreitaram, uma suspeita crescendo em sua mente. Quando Reuel finalmente terminou de desenhar, ele se levantou devagar, seus olhos agora brilhando com um vermelho intenso e ameaçador.
O rei engoliu em seco ao ver aquela mudança. A tranquilidade de Reuel havia se transformado em uma aura de puro ódio, tão intensa que parecia sufocar o ar ao redor. Antes que qualquer um pudesse reagir, Reuel ergueu a mão que segurava a pedra. Com um movimento rápido e impiedoso, ele arremessou a pedra com uma força sobre-humana. A pedra cruzou o salão com um assobio mortal, acertando o guerreiro de tapa-olho em cheio na cabeça.
O impacto foi devastador. O crânio do guerreiro foi esmagado instantaneamente, a força brutal da pedra destruindo qualquer semblante de vida em um único golpe. Sangue e fragmentos ósseos espirraram pelo chão, o corpo do guerreiro desabando ao lado de Luna, agora livre da ameaça.
O rei, tomado pelo horror, recuou instintivamente no trono que havia ousado usurpar. Seu rosto estava pálido, o medo finalmente tomando conta de sua expressão arrogante. Ele olhou para Reuel, que agora avançava lentamente em sua direção, seus olhos ainda brilhando em vermelho.
Reuel parou em frente ao trono, fitando o rei com um olhar que queimava com uma fúria contida. Então, com uma voz baixa e ameaçadora, ele falou apenas uma frase:
- Você está sentado no meu trono!
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