Capítulo 16: Alvorada da magia proibida
Data de publicação: 12/04/2024
Palavras: 7.861
- Julgaram-me insano, ousaram afirmar que eu estava mergulhado na loucura. Contudo, eu, destemido, testemunhei o que eles, com olhos vendados pela ignorância, se recusaram a enxergar. Quem sou eu, afinal? Um simples humano, cujo destino se entrelaça com a missão de proteger meu povo, ou... um ser celestial, cuja memória jaz oculta nas brumas do esquecimento.
A verdade é mais profunda do que a superfície sugere: sou um jovem de 19 anos, cansado e erguido ao posto de imperador, incumbido com o peso de toda uma nação sobre meus ombros. Aos 14 anos de idade, desafiei os próprios deuses ao destruir o império de Aeternia. Para uma alma tão jovem como a minha, tal feito foi mais do que uma proeza; foi a afirmação de meu poder e vontade inabaláveis, diante das adversidades que ousaram cruzar meu caminho.
- Não conheço o medo que se enraíza em meu próprio poder, pois compreendo plenamente a periculosidade que o acompanha. Meus súditos tremem diante de mim, não por temor, mas por respeito e pelo conhecimento de que possuo a capacidade de protegê-los de qualquer ameaça que se ouse erguer contra nosso reino. Algumas rainhas, sedentas pelo poder que emano, entregaram voluntariamente seus reinos em meus pés, alimentando a esperança de que eu me apaixonasse por elas. Estas rainhas, devotas e leais, reconhecem a magnitude de minha essência celestial.
Os reis, por sua vez, observam com olhos perspicazes a essência de meu poder, alguns tremendo diante da possibilidade de um futuro onde eu possa vir a voltar-me contra eles. No entanto, muitos mais me admiram e aspiram a alcançar minha grandeza.
E quanto às rainhas que permanecem? Elas são as teias que tentam enredar-me em seus jogos de intriga e traição, acreditando que podem usurpar meu trono e minha autoridade. No entanto, desconhecem a verdadeira natureza de meus desejos. Pois, secretamente, anseio pelo desafio que representam, pelo embate que inevitavelmente se desenrolará entre nós. Eu os convido, com um sorriso sombrio, a tentarem arrancar-me desse trono dourado que tanto lhes seduz, pois apenas na luta encontrarei o verdadeiro significado de meu reinado.
- Ontem mesmo, fui agraciado com as preciosas relíquias de Partum, cujo roubo havia privado meu antigo reino de sua glória. Klaus, o dragão destemido, partiu em uma missão audaciosa e retornou triunfante, trazendo consigo a metade das relíquias perdidas. Sua conquista superou em muito minhas expectativas, revelando, mais uma vez, a magnitude de sua lealdade e habilidades além do comum. Klaus continua a me surpreender, elevando-se como um símbolo de confiança e determinação em nosso caminho para a restauração de Partum.
- Isso é uma experiência peculiar para mim, pois recentemente desbloqueei uma memória fascinante. Descobri a habilidade de pensar enquanto durmo, de construir um palácio mental onde posso vagar livremente. Cada porta que se abre revela uma nova sala, cada qual com seus próprios desafios intrigantes. Admito que a pessoa que fui no passado possuía uma inteligência notável, capaz de criar esses desafios complexos.
Por vezes, encontro-me lutando contra minhas próprias memórias dentro deste palácio mental. Apesar dos desafios, a sensação de estar neste lugar enquanto durmo é reconfortante; aqui, o tempo parece dilatar-se, proporcionando uma sensação de liberdade e experimentação sem limites. A oportunidade de testar novos poderes sem restrições é verdadeiramente fascinante.
No entanto, paira sobre mim a dúvida: será que este lugar é realmente seguro? Afinal, há um aspecto desconhecido e intrigante nesta experiência, uma sensação de que algo além do meu controle pode estar em jogo.
Ao despertar, o imperador Re depara-se com os membros da Golden Blood em seu quarto, todos com os olhos arregalados e as armas firmemente empunhadas, o pavor estampado em seus semblantes. Mas o que poderia ter causado tamanho alarme? Enquanto o imperador Re repousava em seu sono, mergulhava em um mundo de sonhos onde revisitava suas memórias passadas. Contudo, uma memória específica foi acessada de forma inconsciente, desencadeando um evento extraordinário.
A verdade que essa memória revelou transcendia os limites do mundo onírico e manifestava-se no mundo real: diversas personalidades distintas, pessoas desconhecidas, circulavam ao redor da cama do imperador, suas vozes ecoando em um idioma estranho e desconhecido. Cada uma dessas figuras exalava uma aura de poder singular, um magnetismo que envolvia todos os presentes. Mas como poderia uma ilusão de memória emanar tal poder?
O mistério pairava no ar, instigando questionamentos profundos sobre a natureza do poder e da mente humana. O imperador Re e seus leais guardiões da Golden Blood viam-se diante de um enigma que desafiava não apenas a compreensão racional, mas também a própria essência da realidade que conheciam.
- Eu perguntei aos membros da Golden Blood o que estavam fazendo em meu quarto. No entanto, antes mesmo de receber uma resposta, meu olhar se desviou para o lado, e deparei-me com figuras que reconheci imediatamente. Eram aquelas mesmas pessoas que apenas brevemente havia avistado em meu palácio mental. Cada vez que me aproximava delas naquele mundo onírico, fugiam e desapareciam como sombras fugidias.
Eu fiquei assustado, mas mantive a calma enquanto observava atentamente essas figuras misteriosas. Com uma voz firme, perguntei quem elas eram. De repente, tudo ao meu redor desapareceu, deixando-me sozinho numa sala branca, cercado por essas mesmas pessoas. Foi então que, em uma uníssona e arrepiante voz, todas elas responderam ao mesmo tempo:
- Nós somos você!
Após um período de inconsciência, gradualmente retornei à lucidez e me deparei com os membros da Golden Blood ao meu redor. Minha irmã, Luna, líder do grupo, segurava minha cabeça em seu colo, expressando uma preocupação palpável em seu semblante. Ao recobrar os sentidos, ergui-me e indaguei sobre os eventos ocorridos, sedento por respostas. Com detalhes meticulosos, eles narraram os acontecimentos que levaram à minha queda, revelando uma trama intrincada e perigosa. A cada palavra, minha mente obscurecida pela amnésia começou a clarear, recordando fragmentos do que se passara.
Ao término da narrativa, um misto de incredulidade e assombro me invadiu. Surpreendentemente, eu havia perdido a memória dos eventos, mas as palavras dos meus companheiros desencadearam uma cascata de lembranças anteriormente ocultas.
Determinado a retomar o controle da situação, ordenei que todos deixassem o aposento, pois precisava me preparar para os desafios do dia que se iniciava. Entretanto, Luna permaneceu ao meu lado, recusando-se a partir. Consciente de sua cegueira, não me inquietei com sua presença, confiante de que sua condição a protegeria do que quer que estivesse por vir.
Enquanto me preparava para o dia, uma observação direta de minha irmã sobre meu odor corporal inesperado despertou minha consciência para um detalhe que escapa à minha percepção. Embora eu não tivesse notado, a menção da necessidade de um banho era inegável. Assim, por precaução e para evitar constrangimentos futuros, decidi seguir o conselho dela e dirigir-me ao banheiro.
No entanto, a sensação desconfortável de ser observado aumentou quando percebi que minha irmã me acompanhava pelo quarto. Embora sua intenção fosse provavelmente zelar por meu bem-estar, a invasão de privacidade me incomodou profundamente. Envolvendo-me em uma toalha, segui para meu banheiro particular, localizado ao final do corredor e abaixo das escadas.
Ao abrir a porta, deparei-me com uma cena surpreendente inusitada: Crystalis, despida, mergulhava despreocupadamente na minha banheira. Um turbilhão de emoções conflitantes inundou minha mente, misturando-se ao desconforto e à surpresa diante da inesperada invasão de privacidade. Embora fosse eu quem permitira tal intimidade no passado, agora me sentia vulnerável diante da situação.
Resoluto, adentrei a banheira, ainda envolto na toalha, numa tentativa de preservar um mínimo de dignidade diante da presença alheia. No entanto, a sensação de segurança que essa precaução oferecia era apenas ilusória, deixando-me envolto em um turbilhão de confusão e incerteza sobre meus próprios sentimentos e ações.
Enquanto a água caía sobre meu corpo, mergulhando-me em um instante de tranquilidade momentânea, fui abruptamente trazido de volta à realidade pela voz de Crystalis, alertando-me sobre a aproximação iminente de um ser de poder formidável. Seus relatos pintavam a imagem de um humano dotado de uma força equivalente à minha própria, uma ameaça que despertava minha curiosidade e preocupação em igual medida. Perplexo, questionei a precisão de sua percepção, afinal, nenhum indício de tal presença se fazia sentir em meu entorno imediato. No entanto, sua resposta ecoou com uma seriedade sombria, revelando que a ameaça se aproximava não pelas terras circundantes, mas sim pelos mares distantes, a bordo de um navio navegando em direção ao nosso império.
A distância monumental sobre a qual Crystalis alertara me deixou atônito, maravilhado com a extensão de suas habilidades sensoriais. Curioso, questionei-a sobre a origem dessa percepção extraordinária.
- Crystalis, como conseguiu detectar esse poder tão distante? - inquiri, buscando compreender os limites de suas habilidades sobrenaturais.
Sua resposta, carregada de uma calma inabalável, trouxe à luz uma verdade sombria: o poder emanava não apenas de um único indivíduo, mas sim de um grupo de vampiros aprisionados a bordo do navio. Enquanto absorvia essa revelação, fui confrontado com mais uma peça do quebra-cabeça, conforme Luna, minha irmã e aliada próxima, compartilhava informações adicionais. Durante a noite, enquanto eu descansava em sono tranquilo, uma carta havia chegado, trazendo notícias inesperadas: a rainha Elara retornara, acompanhada pelo temível imperador de Elderir. O encontro dessas figuras proeminentes, a poucas horas de nossa localização, lançou uma sombra de inquietação sobre o palácio e seu reino.
Aturdido pela rapidez dos acontecimentos, questionei Luna sobre a proximidade de sua chegada. Sua resposta fria e direta confirmou minhas suspeitas mais sombrias: eles já haviam alcançado nossas costas há três horas, agora se encontrando a meio caminho entre o navio e o palácio, seu destino final. A urgência do momento se fez sentir, aguçando meus instintos enquanto nos preparávamos para enfrentar os desafios que aguardavam, ansiosos por desvendar os mistérios que se desenrolavam diante de nós.
Com uma voz firme, ordenei às duas que fossem imediatamente preparar o palácio para a recepção iminente. No entanto, a verdade oculta por trás de minha determinação era simples: eu ansiava por um momento de solidão, um instante fugaz de paz e reflexão, longe das preocupações e dos desafios que aguardavam do lado de fora das paredes do palácio.
Embora não houvesse urgência real para a preparação imediata, essa era a desculpa que eu utilizava para desfrutar de um breve momento de tranquilidade no banho. A água quente envolvia meu corpo, dissipando as tensões do dia e criando um refúgio temporário contra as pressões do mundo exterior. Neste momento íntimo, podia me permitir afastar-me das preocupações e responsabilidades que pesavam sobre meus ombros, pelo menos por um breve período de tempo.
Antes de partir, Crystalis fez questão de informar ao imperador sobre a entrega do relatório da sua missão, deixando-o cuidadosamente posicionado sobre a imponente cama imperial. Junto ao documento crucial, ela deixou uma série de informações vitais sobre o império de Elderir, garantindo que o monarca estivesse plenamente equipado com o conhecimento necessário para enfrentar os desafios iminentes.
- Ainda sinto que falta alguma coisa. Deixa pra lá, não deve ser importante.
- É verdadeiramente revigorante poder encontrar um momento de paz e descanso...
Minhas habilidades estão em desordem, desde que ousadamente entrei no labirinto do palácio mental em meus sonhos. Agora, não consigo mais discernir as auras de poder das pessoas, nem sentir a aproximação iminente de qualquer presença. Uma consequência sombria, talvez, da magia proibida que ousadamente manipulei. Mas há uma esperança incipiente se formando no horizonte: aos poucos, sinto-me retornando à minha antiga força. E mais do que isso, adquiri uma técnica valiosa, uma luz no fim do túnel em meio às trevas da incerteza.
A ideia de recuperar completamente meu poder com apenas uma gota do meu próprio sangue é uma revelação intrigante e, ao mesmo tempo, perturbadora. A noção de que minha própria essência vital pode ser a chave para restaurar minha força é uma descoberta que lança uma nova luz sobre os mistérios do meu ser. No entanto, essa solução aparentemente simples traz consigo um fardo emocional e moral, pois confronta-me com a realidade sombria de ter que sacrificar parte de mim mesmo para sustentar minha própria existência. A dualidade dessa descoberta ressoa profundamente dentro de mim, deixando-me intrigado e inquieto com as possibilidades e os dilemas éticos que ela apresenta.
O imperador cerrou os dentes, sentindo o gosto metálico do próprio sangue enquanto seus incisivos perfuravam a pele de seu dedo. Uma pontada de surpresa percorreu seu corpo quando percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, era capaz de se ferir. Seu olhar desceu para o ferimento recém-aberto, observando-o com uma mistura de fascínio e perplexidade. Era como se o sangue que fluía de sua própria carne fosse um lembrete indelével de sua própria mortalidade, um lembrete de que, apesar de todo o poder e influência que ele comandava, ele ainda era humano, sujeito às fraquezas e limitações de sua condição.
O imperador observou atentamente enquanto uma gota de sangue brotava de seu dedo, uma pequena pérola carmesim que parecia desafiar a gravidade enquanto seguia seu curso em direção a água. Seus olhos fixos na trajetória da gota, ele testemunhou sua queda lenta e deliberada, como se cada instante fosse prolongado para um eterno momento de contemplação.
Quando finalmente a gota tocou a água, ele permaneceu imóvel por um momento, absorvendo a cena com uma intensidade quase palpável. Então, sem hesitação, ele levou seu dedo aos lábios, pressionando suavemente contra a pele para capturar o vestígio da vida escarlate que ali residia. Seus lábios encontraram o ponto de contato, e ele provou o sabor metálico do seu próprio sangue, uma experiência que despertou sensações antigas e profundas dentro de si.
Quando ele finalmente recuperou sua forma original, uma onda de poder irrompeu de seu ser, sua aura pulsando com uma intensidade avassaladora que ecoava por todo o império. Era como se o próprio tecido da realidade vibrasse ao redor dele, em reverência ao poder que ele emanava. A magnitude da mana e energia que o imperador controlava era verdadeiramente impressionante, um testemunho de sua incomparável habilidade e domínio sobre as forças arcanas.
No entanto, mesmo no auge de seu poder, ele compreendeu a importância de ocultar sua verdadeira essência dos olhos curiosos e inquisitivos que o cercavam. Com um movimento sutil de sua vontade, ele envolveu sua aura de poder em um véu invisível, obscurecendo sua presença sobrenatural dos sentidos menos perceptivos. Por um breve momento, entretanto, a fachada de normalidade vacilou, revelando a verdadeira extensão de sua grandiosidade para aqueles capazes de perceber além do véu da ilusão. Os mais poderosos e sintonizados do império captaram o lampejo fugaz de sua aura celestial, reconhecendo instantaneamente a presença divina que permeava sua essência.
Para a maioria dos habitantes do império, entretanto, esse breve vislumbre passou despercebido, afogado na cacofonia da vida cotidiana. Inconscientes da magnitude do poder que governava sobre eles, continuaram suas vidas mundanas, ignorantes da vastidão do poder que residia em seu meio.
Após concluir seu banho, o imperador retornou ao luxo de seu quarto, onde se deparou com seu imponente closet. No entanto, nenhum traje ali presente conseguia satisfazer seu exigente gosto. Decidido a exibir sua imponência com um visual digno de sua posição, ele recorreu à magia para criar sua própria vestimenta.
Com um gesto gracioso, ele invocou sua habilidade mágica, tecendo fios de energia arcana com maestria para dar forma a uma nova indumentária. O resultado foi um traje deslumbrante: elegante e misterioso, em tons de preto acentuados por linhas verde esmeralda que cintilavam à luz. Pequenas correntes de ouro adornavam o conjunto, não apenas como elementos decorativos, mas também como suportes para seu relógio de bolso e uma bússola encantada.
O imperador Re dirigiu seu olhar para cama, notando o relatório que Crystalis havia mencionado anteriormente, repousando sobre a cama.
- Então esse é o relatório da missão, hum, interessante.
Relíquia de Partum, A bússola encantada:
Encantada com verdadeira magia, essa bússola era uma maravilha entre os artefatos mágicos. Sua capacidade de levar o usuário a qualquer lugar, independentemente da distância ou das barreiras físicas, era verdadeiramente extraordinária. Além disso, seu poder transcendia os limites da simples orientação, pois tinha o poder de teleportar o usuário instantaneamente para locais pelos quais ele já havia passado.
Essa habilidade de teletransporte concedia ao usuário uma liberdade inigualável, permitindo-lhe explorar os recantos mais remotos do mundo com facilidade e segurança. Com um simples comando, o portador da bússola poderia ser transportado instantaneamente para qualquer lugar que desejasse, desafiando as noções convencionais de espaço e tempo.
No entanto, essa conveniência não vinha sem seu próprio conjunto de desafios e perigos. O teletransporte podia ser imprevisível e exigia um controle preciso para evitar consequências desastrosas. Além disso, a natureza poderosa e incomum da bússola a tornava um objeto cobiçado por muitos, tornando seu portador alvo de interesse e perigo.
Apesar dos riscos, aqueles que possuíam essa bússola mágica eram abençoados com uma ferramenta incomparável para explorar o desconhecido e enfrentar os desafios que se apresentavam.
Esta vestimenta não era simplesmente costurada com tecido comum, mas sim criada inteiramente por meio da magia de materialização, uma prática proibida nos reinos de Aeternia. Este tipo de magia, conhecida por seu apetite voraz por mana, representava um risco mortal para seus praticantes menos habilidosos. No entanto, para o imperador Re, o risco era uma trivialidade, pois sua reserva infinita de mana garantia sua segurança.
Com sua nova vestimenta reluzindo com o brilho da magia, o imperador Re estava pronto para enfrentar os desafios que aguardavam, exibindo sua autoridade e poder de maneira incontestável.
Após concluir sua preparação, o imperador desceu as escadas majestosamente em direção à cozinha, onde o aroma reconfortante de delícias culinárias preenchia o ar. Entretanto, ao se aproximar das cozinheiras, uma súbita transformação ocorreu. Com um gesto imperceptível, ele canalizou sua magia, modificando sua voz para um tom autoritário e severo, que ecoou pela sala com uma intensidade intimidadora.
- O bando de lerdas, o que tem para comer hoje? - bradou ele com uma voz irreconhecível, sua presença imponente enchendo o ambiente com uma energia eletrizante.
As cozinheiras, surpresas e indignadas com o insulto repentino, lançaram olhares indignados umas para as outras. Para elas, esse tipo de linguagem era familiar apenas vinda do guarda da porta, e a chefe de cozinha, Zety, não tolerava tal desrespeito em sua cozinha sagrada. Movida pela raiva e pela indignação, ela agiu instintivamente, empunhando uma panela vazia com determinação e lançando-a em direção ao suposto intruso com uma força impressionante.
O impacto da panela ressoou pelo salão, ecoando como um trovão, enquanto atingia a cabeça do imperador com força. Momentos depois, Zety percebeu o erro terrível que cometera ao ver o verdadeiro rosto do homem que ela havia agredido: o próprio imperador Re, que a observava com uma expressão de surpresa e diversão.
Aterrorizada com sua própria audácia, Zety caiu de joelhos diante do imperador, implorando desculpas pelo erro cometido. No entanto, para sua surpresa, o imperador estava longe de ficar irritado. Pelo contrário, ele ria alegremente da situação, seu riso enchendo o espaço com uma energia contagiante.
- Eu peço desculpas, dona Zety. Eu estava apenas brincando, mas também verificando minhas suspeitas. Agora que confirmei, está tudo bem - explicou o imperador, seu sorriso ainda presente em seu rosto.
A cozinheira ficou perplexa com a reação descontraída do imperador, mas optou por não questionar sua atitude. Em vez disso, ela aceitou sua explicação com gratidão, reconhecendo que o imperador era muito mais do que apenas uma figura de autoridade distante.
Ao ser informado sobre o cardápio do dia e a ilustre presença do rei de Sylvan para o café da manhã, o imperador sentiu-se animado com a perspectiva de uma refeição digna de realeza. Com um aceno amigável para Zety, ele partiu em direção à sala do café, mas não sem antes fazer uma parada rápida para lidar com o guarda que havia causado tanta agitação na cozinha.
O imperador permaneceu imóvel diante do guarda da cozinha, seu olhar penetrante transmitindo uma seriedade inabalável. Com um gesto decidido, ele instruiu o outro guarda a se retirar por cinco minutos, deixando-os a sós. O guarda prontamente acatou as ordens e se afastou, deixando uma atmosfera de expectativa carregada no ar enquanto o imperador mantinha seu olhar fixo no homem diante dele.
- Seu nome é Flavlo, correto? - indagou o imperador com uma voz firme, mas calma, que contrastava com a tensão no ambiente.
- Sim, senhor - respondeu o guarda, sua voz trêmula denunciando o leve temor que sentia diante da autoridade imponente do imperador.
- Entendo. Então, ouça-me atentamente, Flavlo - começou o imperador, suas palavras carregadas de significado e autoridade. - É de conhecimento geral que costumo passar pela cozinha em busca de algo para comer. E, infelizmente, tenho sido testemunha de disputas e conflitos envolvendo as cozinheiras. Até este momento, desconhecia o responsável por tais comportamentos. No entanto, deixe-me ser claro quanto à minha visão para o império que governamos. Meu objetivo é construir um paraíso, um refúgio seguro para todos os que nele habitam. Eu me comprometo a proteger cada ser e cada elemento deste império com toda a minha força e benevolência. Contudo, saiba que não tolerarei traição, desordem ou desrespeito. Se você agir de maneira rude ou desrespeitosa com as cozinheiras, ou qualquer outro ser vivo, eu mesmo me encarregarei de lidar com você.
A gravidade das palavras do imperador pairava no ar, envolvendo Flavlo em uma aura de advertência solene. Ele absorveu cada sílaba, compreendendo plenamente as consequências de suas ações futuras diante da determinação inabalável do líder que o confrontava.
Assim que o imperador terminou de falar com o guarda, ele avançou decidido em direção à sala do café, impulsionado pela urgência de suas responsabilidades. Ao entrar, deparou-se com a imponente presença do Rei de Sylvan, conhecido como Rei Cal. O monarca ergueu-se de sua cadeira com uma reverência que denotava tanto respeito quanto lealdade ao imperador Reuel, uma saudação carregada de tradição e comprometimento.
- Bom dia, meu senhor. - Cumprimentou o Rei Cal com uma cortesia meticulosa, os olhos refletindo admiração e dever.
O imperador, conhecido entre os íntimos como Re, gentilmente contrapôs à formalidade do rei:
- Não é necessário, Cal. Estamos entre amigos aqui, num simples café da manhã. Não há necessidade de tais formalidades.
Contudo, as palavras do imperador ecoaram em um silêncio tenso, revelando a discordância implícita na resposta do Rei Cal. Seus olhos faiscavam com uma determinação inabalável, prontos para expressar um ponto de vista inegociável:
- Com todo o respeito, meu senhor. Você não compreende completamente. Não somos um conjunto de reinos aliados, mas sim um império unido sob sua soberania. Não houve aliança ou tratado de cooperação; entregamo-nos a você voluntariamente, oferecendo-nos como seus servos. Não há distinção entre nós, somos um só. E é com essa convicção que lhe presto minha lealdade e respeito.
O imperador Reuel percebeu imediatamente a seriedade das palavras do Rei Cal. Era evidente que por trás da fachada de respeito profundo residia uma gratidão sincera e uma devoção inquebrantável ao império que ele liderava.
Após absorver as palavras determinadas do Rei Cal, o imperador Reuel não pôde deixar de expressar sua curiosidade inquisitiva:
- E qual seria o motivo de sua visita, meu amigo? - Indagou, mantendo o tom cortês, porém carregado de uma genuína curiosidade.
O Rei Cal, com um sorriso discreto que denotava tanto orgulho quanto excitação, revelou o propósito de sua presença:
- Vim para lhe oferecer uma dádiva de Sylvan, algo que tenho certeza que lhe será de grande apreço. Trata-se de nossa mais recente invenção, o Café Dourado. Um elixir extraordinário, forjado através de longos anos de pesquisa e estudo. Este café não é apenas uma bebida revigorante; é uma fonte de energia mágica e curativa, capaz de nutrir tanto o corpo quanto a alma. Além disso, seu calor reconfortante perdura por horas a fio, proporcionando conforto mesmo nos dias mais frios.
A admiração brilhou nos olhos do imperador Reuel ao ouvir as palavras do Rei Cal, impressionado tanto pela magnitude da inovação quanto pela generosidade de compartilhá-la em primeira mão com ele.
O imperador Reuel recebeu a oferta do Rei Cal com uma mistura de gratidão e interesse genuíno. Ele inclinou a cabeça em sinal de respeito e aceitação.
- É uma honra ser escolhido para provar essa maravilha de Sylvan, meu amigo. Estou ansioso para experimentar o Café Dourado e testemunhar pessoalmente sua magia. Agradeço por compartilhar conosco seu conhecimento e seus avanços.
O Rei Cal assentiu com um sorriso de satisfação, ciente da importância desse gesto de união e cooperação entre os reinos. Com isso, os dois líderes se sentaram para compartilhar não apenas uma refeição, mas também uma conexão mais profunda entre seus povos e seus destinos entrelaçados pelo destino.
O Rei Cal, aproveitando o momento de intimidade, decidiu expressar um sentimento profundo de gratidão ao imperador, buscando um momento de conexão além das formalidades:
- Meu senhor...
O imperador, conhecido por sua jovialidade e senso de humor, interrompeu com uma risada calorosa:
- Cal, por favor, não me faça sentir como se estivesse prestes a receber uma homenagem póstuma! Ahahaa! Estou tão velho assim?
O Rei Cal, por sua vez, manteve-se sério, determinado a transmitir sua mensagem:
- Com todo o respeito, Reuel, gostaria de expressar minha sincera gratidão. Você tem sido não apenas um líder, mas também um protetor gentil e zeloso conosco, seu povo.
O imperador, tocado pela seriedade nas palavras do rei, inclinou a cabeça em um gesto de reconhecimento.
- Fico feliz em ouvir isso, Cal. Sempre farei o que estiver ao meu alcance para proteger e cuidar de meu povo. Mas... sobre o que você está falando, essa história?
O Rei Cal respirou fundo, preparando-se para revelar um capítulo sombrio da história de Sylvan:
- Há muitos anos, antes mesmo do meu tempo, nosso reino enfrentou uma terrível ameaça. Um portal perigoso se abriu sob o castelo, ameaçando engolir tudo em sua escuridão. Para detê-lo, recorremos a uma magia proibida. Embora tenha sido um ato de desespero para salvar nosso povo, a história distorceu os fatos. Fomos acusados injustamente de usar essa magia nas terras de cultivo, e desde então carregamos o estigma desse evento.
O imperador ouviu atentamente as palavras do Rei Cal, um sorriso sutil dançando em seus lábios. A gratidão de seu povo era música para seus ouvidos, ecoando a aceitação de seu reinado. Apreciando o momento de tranquilidade, o imperador permitiu-se relaxar, deixando a mente vagar enquanto desfrutava do aroma tentador de um café recém-preparado, compartilhado em boa companhia com o rei Cal.
- Cal, há um favor que desejo pedir-lhe. - O imperador começou, sua voz tranquila carregando uma autoridade natural.
- Seu desejo é uma ordem, senhor. - Respondeu Cal, inclinando levemente a cabeça em sinal de respeito.
- Se meu desejo é uma ordem, então não há necessidade de tanta formalidade quando estamos a sós. Vejo-o como um amigo, não um súdito. - O imperador sorriu gentilmente, buscando dissipar qualquer barreira entre eles.
- Entendido, meu amigo. Se assim deseja, assim será. - Respondeu Cal, seus olhos brilhando com lealdade.
- Cal, convoque todos os monarcas do império. Esta noite, ao anoitecer, reuniremos no grande salão dos tronos. Diga-lhes para virem preparados com suas armas mais poderosas. Hoje, receberemos um visitante de grande importância. - O imperador declarou, sua voz ecoando com um tom de determinação.
O Rei Cal compreendeu imediatamente a gravidade da situação. Com uma expressão séria, ele se levantou, pedindo licença ao imperador. Apesar de seus oitenta anos, sua postura era firme e sua determinação inabalável. Ao sair do salão, Cal acelerou o passo pelo corredor, ansioso para cumprir as ordens dadas. Quando julgou estar fora do alcance de olhares curiosos, ele acelerou ainda mais, seu coração batendo em sintonia com a urgência da missão.
À medida que o Rei Cal atravessava os corredores do palácio, sua determinação era palpável. Seus passos rápidos ecoavam pelo mármore polido, enquanto ele se dirigia ao teletransportador, pronto para avisar os outros monarcas do império.
Uma vez reunidos, os reis e rainhas foram informados sobre a convocação urgente para a reunião no grande salão dos tronos. Cada um deles reconheceu a seriedade da situação e se apressou em preparar-se, convocando não apenas suas armas mais poderosas, mas também seus soldados mais habilidosos e confiáveis.
No momento marcado, os líderes do império se reuniram no salão, cada um acompanhado por seus guerreiros mais formidáveis. As armas reluziam à luz das tochas, refletindo a determinação que ardia nos corações daqueles que as empunhavam.
O imperador, cercado por sua guarda pessoal, observava com orgulho e gratidão enquanto os monarcas se preparavam para a reunião. Este era um momento crucial, e ele confiava plenamente na força e na lealdade de seus aliados para enfrentar os desafios que estavam por vir.
Ao cair da tarde, o grande salão dos tronos estava preenchido com a presença imponente de todos os reis e rainhas do império. Cada monarca ocupava seu trono, uma exibição impressionante de poder e autoridade. O imperador, com seu trono majestoso e dourado, ocupava o lugar de destaque no extremo oposto da sala, seu olhar perspicaz percorrendo a assembleia.
Uma tensão palpável pairava no ar, carregada com a expectativa do momento histórico que estava prestes a se desdobrar. Este era o dia em que o império de Partum receberia seu primeiro imperador de livre vontade, um evento sem precedentes que despertava uma mistura de ansiedade e curiosidade em todos os presentes. Além disso, havia a incerteza sobre a identidade de outras figuras poderosas que haviam sido anunciadas, mas permaneciam envoltas em mistério para o próprio imperador.
Enquanto os murmúrios ansiosos ecoavam pelo salão, os olhares se voltavam para o imperador, aguardando suas palavras e ações diante do que estava por vir. O destino do império parecia pairar no ar, pendendo na balança da história, enquanto todos aguardavam o desenrolar dos eventos com uma expectativa quase tangível.
Antes que o grande evento começasse, a irmã do imperador se aproximou dele, sua voz suave sussurrando em seu ouvido.
- Desculpe o incômodo, mas esqueci de te avisar que você dormiu por duas semanas desde a chegada de Klaus. E... uma das relíquias foi destruída - Luna, a irmã do imperador, murmurou com preocupação.
O imperador arqueou as sobrancelhas com incredulidade.
- E você decide me contar só agora? - Sua expressão era uma mistura de surpresa e irritação.
O tempo parecia ter se distorcido para o imperador desde aquele momento, como se ele estivesse preso em um torpor inexplicável. Talvez fosse um efeito colateral da magia proibida que ele havia usado para enviar uma mensagem para o mundo. Era um enigma que o próprio imperador não conseguia decifrar.
Luna tentou despertá-lo várias vezes, mas o sono profundo que o envolvia era impenetrável. Para ela, seu irmão parecia exausto, o que a levou a desistir de tentar acordá-lo. A preocupação e o mistério que envolviam o estado do imperador pesavam em seu coração enquanto ela observava seu irmão dormindo profundamente.
- Luna, preciso conversar com você, mas agora não é a hora. Deixaremos isso para depois. - O imperador expressava-se com um olhar irritado, sua voz carregada de tensão.
Inicialmente, o evento de recepção ao imperador de Elderir prometia ser uma ocasião auspiciosa, mas a notícia que sua irmã trouxera perturbou profundamente o imperador.
- Eu costumo ser bastante tolerante, mas talvez seja hora de revisitar uma brincadeira antiga minha. Será que você aguenta? - O imperador proferiu as palavras com uma intensidade contida, enquanto Mi Ryate, ao seu lado, ouvia atentamente.
Mi Ryate não hesitou em informar Luna sobre o que estava por vir. O imperador, desde a infância, possuía um hábito peculiar de se lançar de cabeça no chão, dando origem a uma brincadeira perigosa que ele chamava de "Será que você aguenta?". Apesar do nome estranho, era uma atividade arriscada. A última vez que ele a praticou, foi com seu instrutor de esgrima quando ainda era criança. Naquela época, seus movimentos eram selvagens e imprevisíveis. Segundo o príncipe, essa brincadeira podia ser interpretada de diversas maneiras, mas sempre carregava consigo uma aura de desafio e perigo.
A imponente porta do salão se abriu majestosamente para receber os visitantes, anunciando a entrada triunfal do imperador de Elderir, Eldher dhel Rhir.
O primeiro ministro cytriano conduziu a apresentação com uma reverência cerimoniosa:
- Imperador de Elderir, Eldher dhel Rhir. Governador de 36 rei...
No entanto, antes que pudesse terminar, o imperador de Partum interveio com uma voz firme e resoluta:
- Não me interessa quantos reinos ele já dominou, vamos direto ao cerne da questão.
O imperador de Elderir ficou atônito com a brusquidão do imperador de Partum, enquanto questionava interiormente sua sanidade:
- Será que é tão desequilibrado quanto dizem? - indagava-se, perplexo.
- Próximo! - ordenou o imperador Re, impaciente.
- Espere! Exijo ser apresentado corretamente! - insistiu o imperador de Elderir.
O olhar penetrante de Re encontrou os olhos de Eldher, desafiador:
- Para que precisaria de uma apresentação formal e detalhada? - questionou, desdenhoso.
- Para que possa conhecer-me melhor. - respondeu Eldher, visivelmente tenso.
- Não necessito disso. Já sei quem você é. Imperador de Elderir, Eldher dhel Rhir. Seu império compreende 45 reinos, você era membro da ordem imperial de Red Star e enfrenta uma crise interna iminente. Os outros impérios estão à beira da guerra contra Elderir. Além disso, tem quatro filhos e uma esposa que o traiu com seu primo. O que mais há para saber?
O imperador Eldher sentiu-se tomado pelo pânico, questionando-se incessantemente em seus pensamentos:
- Como ele sabe de tudo isso? - ecoava em sua mente, atormentando-o com uma sensação de vulnerabilidade.
Anteriormente, Crystalis havia completado sua missão com sucesso, entregando um relatório repleto de informações vitais.
A mensagem concisa do relatório era clara: a missão foi executada conforme o planejado.
No detalhado relatório, Crystalis relatou suas observações meticulosas enquanto seguia os passos do imperador Eldher dhel Rhir pelo imponente palácio. Ela identificou o local exato onde ele ocultava a relíquia de Partum, confirmando assim as suspeitas de Klaus: havia não apenas uma, mas duas relíquias presentes no palácio. Além da icônica Lágrima, cujo nome escapa momentaneamente à memória de Crystalis, havia também uma peculiar chave, claramente de origem Partum, adornada com runas exclusivas.
No entanto, a relíquia em forma de Lágrima estava danificada, fragmentada por uma série de testes realizados sobre ela, tornando-a instável e perigosa para manipulação.
Além disso, o relatório revelava uma descoberta intrigante: o império de Elderir detinha em seus arquivos alguns pergaminhos ancestrais de origem Partum, indicando negociações prévias com a antiga Aeternia para adquirir esses valiosos artefatos.
- Imperador Eldher, tenho pessoas mais importantes para receber hoje. Então, por favor, espere a sua vez, e então você poderá fazer seus pedidos.
O imperador Eldher sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Era a primeira vez que ele encontrava alguém com um tom autoritário tão natural; cada palavra pronunciada pelo imperador Re carregava consigo uma autoridade incontestável. Eldher se sentia incapaz de se impor diante de tamanha presença, e o salão mergulhou em um silêncio constrangedor. Era a primeira vez que muitos ali testemunhavam esse lado dominante do imperador Re.
Quando o próximo visitante adentrou o grandioso salão, um casal se destacava: um guerreiro vestindo armadura vermelha, portando uma imponente espada em suas costas, acompanhado por sua esposa de beleza estonteante. Ela irradiava uma aura de poder singular, vestida em um deslumbrante vestido vermelho sangue, seus olhos brilhando como luas na noite. Seus cabelos ruivos capturavam a atenção de todos na sala, pois não era comum encontrar mulheres com essa combinação de características em Partum.
Cytriano começou a apresentar o casal.
- "mLord Magnus Reinhard de Montfort, Lorde Independente. Ao seu lado, sua esposa...
O primeiro ministro percebeu que havia esquecido o nome dela e consultou sua planilha, mas não o encontrou listado. Então, dirigiu-se diretamente a ela para perguntar.
- Com licença, a senhorita não informou seu nome na entrada do palácio.
- Eu não precisei. Os guardas foram gentis o suficiente para me deixar entrar.
O ministro ficou confuso com a resposta dela e pediu desculpas ao imperador Re pela confusão. Porém, antes que pudesse prosseguir, dez homens atravessaram um portal aberto pela misteriosa mulher de vermelho, trazendo consigo prisioneiros vampiros. A mulher então gritou para chamar a atenção do imperador.
- Imperador Reuel Ashford-Valet, você é responsável por esses vampiros que trouxe.
- Responsável? Do que está falando? Eu não mantenho vampiros como soldados.
- Mentira! - declarou a mulher, interrompendo-o.
A tensão no salão aumentava a cada instante.
- O imperador que vocês tanto admiram, ou o que quer que façam aqui, é um monstro. Ele controla a vampira mais perigosa e antiga que existe: Crystalis, a matriarca da escuridão. Ele a utiliza para enviar vampiros a outros reinos e enfraquecê-los, a fim de destruí-los. Como vocês acham que ele aniquilou os impérios de Aeternia e Red Star? Usando vampiros e a própria mãe deles. Somente eles teriam tanto poder para causar tal devastação em tão pouco tempo, sem deixar rastro. A destruição desses impérios ainda é um mistério para o restante do mundo.
- E nessa sua teoria, como é que eu controlo a vampira mais poderosa?
- Não se faça de inocente, seu monstro. Partum possui uma relíquia capaz de controlar a mãe dos vampiros. Sabemos que você a utiliza. Além disso, você roubou a identidade do verdadeiro príncipe de Partum. Antes da guerra contra o Rei Imortal, o próprio rei ceifou a vida do príncipe de Partum com a Foice da Morte. É impossível retornar à vida após ser atingido por aquela foice.
- Se todas as suas acusações forem verdadeiras, o que eu seria então? Um demônio? Um metamorfo? Ou algo completamente diferente? Você me acusa sem apresentar provas.
O imperador Re estava sendo acusado de crimes graves, porém mantinha sua calma diante das acusações. De fato, ele até começava a apreciar a situação.
Enquanto isso, Magnus permanecia em silêncio, seus olhos vasculhando cada detalhe da situação com uma intensidade palpável.
Já Crystalis, transbordava de incômodo diante da situação. Acusações infundadas ao imperador, a introdução de vampiros nos domínios do palácio, o uso inapropriado de magia para manipular os guardas na entrada do recinto real. A ira pulsava dentro dela como uma tempestade prestes a desabar.
- Como você ousa, humana imunda! Acusar meu imperador e trazer esses abominais para dentro destes sagrados salões! Você enlouqueceu? - Crystalis vociferava com uma fúria descomunal, seus olhos brilhando com uma intensidade que rivalizava com as chamas do inferno.
- Esses vampiros são a prova viva de que o seu imperador é um monstro. - A resposta cortante da mulher misteriosa ecoou pela sala, carregada de desafio e convicção.
Determinada, Crystalis avançou na direção dos vampiros, sua expressão um misto de ódio e determinação. Ela segurou o rosto de um dos vampiros com firmeza, mergulhando seu olhar em seus olhos dilatados pela tensão. Ela exigiu a verdade, mesmo diante da resistência inicial do vampiro. Sua persistência era como uma força da natureza, implacável e inexorável.
- Como você quer morrer? - A pergunta de Crystalis cortou o ar com uma frieza gélida, deixando claro que ela não aceitaria negativas como resposta.
O vampiro, tomado pelo medo, finalmente cedeu.
- Tudo isso é culpa do vampiro demônio. Ele é poderoso demais, nos forçou a acusar o imperador de Partum e a disseminar falsas informações. - A confissão do vampiro reverberou pela sala, revelando as verdadeiras maquinações por trás das acusações.
Crystalis percebeu que a verdadeira culpada era a misteriosa mulher ao lado de Magnus. Irritada, ela avançou com ferocidade, mas antes que pudesse desferir seu golpe, Magnus interveio. O contra-ataque do enigmático homem foi tão avassalador que Crystalis foi lançada para longe, atestando a força formidável que ele possuía.
Determinada a não se render, Crystalis se ergueu, preparando-se para um novo embate, mas foi detida pelo imperador Re, cuja intervenção foi rápida e implacável, imobilizando-a antes que ela pudesse causar mais danos.
O imperador aproximou-se de Magnus e dirigiu-lhe a pergunta:
- Você consegue me acertar com essa espada enorme aí?
Magnus, segurando sua espada com firmeza, respondeu afirmativamente, mas ao mesmo tempo lançou um ataque rápido e poderoso em direção ao imperador. No entanto, o ataque foi em vão, pois o imperador habilmente desviou com sua mão direita, uma técnica que ele dominara na juventude para repelir investidas de espadas de grande porte. Magnus sentiu um misto de surpresa e satisfação ao ver a habilidade do imperador em esquivar-se de seu ataque.
Para Magnus, não restavam mais dúvidas; o homem diante dele era, de fato, seu amigo de infância. Reuel Ashford-Valet, o príncipe que uma vez almejara tornar-se imperador de Aeternia.
- Já não há mais dúvidas, você é realmente meu amigo. - Magnus declarou, seu tom carregado de emoção.
- Não, na verdade sou um cachorro quente. - Respondeu o imperador Re com uma pitada de humor em sua voz.
- Cala a boca, seu doido, só pensa em comer? - Magnus falava com uma mistura de incredulidade e alegria, agora convencido de que estava diante de seu antigo amigo.
A reunião prosseguiu, mas antes que o imperador Re pudesse dar continuidade, ele solicitou a Crystalis que retirasse os vampiros do salão. Assim que eles foram removidos, o imperador de Elderir iniciou seus pleitos.
- Hoje eu...
O imperador de Elderir foi abruptamente interrompido por Re.
- Não sabe esperar! Aguarde-me em meu trono, e vocês, Magnus e Marina, venham comigo, fiquem ao meu lado.
- Como sabe o meu nome? Eu não disse. - Marina questionou, confusa.
- A grande feiticeira escarlate, difícil não reconhecê-la. Tão famosa quanto eu. Há até profecias a seu respeito.
Após o retorno do imperador Re ao seu trono, o imperador Eldher prosseguiu com seus pleitos.
- Como estava dizendo antes, hoje estou aqui para pedir que seu império se alie ao nosso. Meu império enfrenta tempos difíceis e precisamos de ajuda para proteger nossas terras. Se formos atacados, estaríamos divididos entre proteger o palácio e nossos domínios.
O imperador Re observava em silêncio, já compreendendo a situação.
- Por favor, imperador Reuel Ashford-Valet, una-se a nós. Sua reputação inspira medo nos impérios. Se você se aliar a nós, eles pensarão duas vezes antes de nos atacar. Posso oferecer recompensas extraordinárias apenas pela sua aliança. Tenho uma ótima reputação nos...
- Já chega! Não suporto mais ouvir sua voz. Desde que abriu a boca, só fala de suas terras, de defender o palácio, de manter sua reputação. Não sou idiota para cair nessa. Em momento algum você mencionou proteger seu povo. Você é egoísta e ganancioso, preocupado apenas em proteger o palácio, mas e o seu povo? Um imperador tem o dever de proteger seu povo.
- Você entendeu errado...
- Eu entendi errado? Então por que você ofereceu apenas uma relíquia de Partum? - Questionou Re.
- Não mude de assunto... - O imperador Eldher gritava irritado.
- Vamos fazer o seguinte, então: você vai me atacar com tudo o que tem. Se conseguir me ferir, mesmo que levemente, farei a aliança com seu império.
- Muito bem, então. - O imperador Eldher concordou, com um olhar determinado.
Os olhos de Magnus se estreitaram em concentração, enquanto ele observava a cena se desenrolar. Marina permanecia em silêncio, seus pensamentos girando em torno das complexidades da situação.
Agora, apenas ele e o imperador Re permaneciam, prontos para resolver suas diferenças por meio do combate.
O salão do trono ficou tenso, carregado com a eletricidade de um duelo iminente. Os dois imperadores se enfrentavam com olhares firmes, cada um determinado a prevalecer sobre o outro.
Num instante, o silêncio foi quebrado pelo som de aço contra aço, conforme o combate começava. Os golpes rápidos e precisos do imperador Re encontravam a resistência hábil do imperador Eldher.
Por um momento, parecia que a balança poderia se inclinar para qualquer lado. Magnus e Marina observavam com expectativa, cientes da importância deste momento crucial.
- Vou facilitar para você, Eldher. Não vou usar magia. Apenas a minha espada.
Finalmente, após um duelo intenso e exaustivo, o imperador Eldher recuou, reconhecendo a habilidade e a determinação de seu oponente. Com um gesto solene, ele "concordou" com a derrota.
Enquanto o imperador Re virava as costas para retornar ao seu trono, Eldher lançou um ataque sorrateiro por trás. No entanto, o imperador Re demonstrou uma agilidade surpreendente. Num piscar de olhos, ele se esquivou do golpe, deixando Eldher atordoado ao perceber que sua investida falhara.
Antes que Eldher pudesse processar o que estava acontecendo, o imperador Re já estava ao seu lado, pronto para contra-atacar. Com um movimento gracioso e preciso, o imperador Re desferiu um golpe certeiro, cortando as vestes de Eldher sem causar-lhe qualquer dano físico.
O choque tomou conta de Eldher, enquanto ele contemplava a habilidade impressionante de seu oponente. Num instante, ele percebeu que estava diante de um adversário formidável, capaz de derrotá-lo sem sequer levantar uma espada de verdade. O medo se insinuou em seu coração, fazendo-o compreender que ali, naquele momento, poderia ser seu fim.
Após o impressionante contra-ataque do imperador Re, ele se afastou de Eldher com uma expressão séria e determinada.
- A aliança que você busca não será concedida. Partum não se curvará diante de Elderir - declarou Re com firmeza, sua voz ecoando pelo salão do trono.
Eldher, ainda aturdido pelo rápido desenrolar dos acontecimentos, engoliu em seco ao ouvir as palavras do imperador Re. Ele compreendeu que suas esperanças de aliança estavam despedaçadas e que agora enfrentava uma decisão crucial.
- Além disso - continuou o imperador Re, sua voz impregnada de autoridade -, dou-lhe um prazo de dois dias para deixar o Império de Partum. Se até então não tiver deixado nossas terras, consideraremos um ato de guerra contra Elderir.
Eldher sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao compreender a gravidade da situação. Ele sabia que o tempo estava contra ele e que sua decisão teria consequências de proporções catastróficas.
Com um aceno solene, o imperador Re se retirou do salão do trono, deixando Eldher diante do peso de sua escolha. Agora, o relógio começava a contar os minutos até o confronto iminente entre os dois impérios.
Enquanto o clima tenso pairava sobre o salão do trono, Marina, a feiticeira escarlate, e Magnus se encontravam em uma conversa reservada nos bastidores. A aura de mistério que envolvia o imperador Re os intrigava profundamente, e eles não podiam evitar discutir sobre a magia que ele havia demonstrado durante o confronto.
- Você viu aquilo? - Marina sussurrou para Magnus, com um brilho de fascínio em seus olhos. - A magia que o imperador Re utilizou no início da batalha... era proibida.
Magnus assentiu, compartilhando o mesmo fascínio e preocupação. Eles sabiam que o uso de magia proibida indicava um poder incomum, mas também acarretava sérias consequências.
Antes que pudessem aprofundar sua conversa, Crystalis irrompeu no círculo, interrompendo-os com urgência.
- Vocês dois precisam entender - ela disse, sua voz carregada de seriedade. - O imperador Re sempre usou magia proibida. A diferença é que a cada dia sua magia se torna mais poderosa e perigosa.
Magnus e Marina trocaram olhares preocupados, percebendo a gravidade da situação. Eles agora compreendiam que estavam lidando com um adversário formidável, cujo poder só aumentava com o tempo. Em meio às incertezas e perigos iminentes, eles sabiam que teriam que se preparar para enfrentar desafios ainda maiores no futuro.
Enquanto o imperador percorria os corredores do palácio, ele parou diante de uma janela e fixou o olhar no céu estrelado.
- Elara permaneceu em silêncio o tempo todo, não proferiu uma única palavra. E aquela presença singular ao seu lado, quem seria? - o imperador Re expressou sua inquietação, mesclada com um certo desapontamento.
- Que chato. Minha brincadeira falhou miseravelmente. Agora estou entediado. Vou comer alguma coisa.
( Imagem ilustrativa: Marina, a feiticeira escarlate )
( Imagem ilustrativa: Magnus )
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