1. θεά
#Partenon
Um longo sorriso preencheu seu rosto e podia enxergar o brilho divertido em seus olhos até como as palavras seriam exacerbadas de sarcasmo, atentamente acompanhando meus passos e uma onda de auto-depreciação dançando na língua.
O homem pode não exatamente morrer pela boca, mas engolia uma boa quantidade de veneno por sua língua. Se as palavras tivessem realmente grande poder estava caindo em minha própria teia; eu não me orgulhava disso.
Foram necessárias duas semanas infernalmente longas e diversos discursos de porquê deveria ser amante da minha ex-mulher ou talvez fossem monólogos entediantes explicando detalhadamente as grandes — que não eram tão grandes assim — razões para querê-la de volta.
Sentia que toda semana arrastava-se entretanto quando a sexta chegava ao fim um formigamento agonizava meu corpo, começava leve, pensamentos despercebidos e logo se tornava um comichão de agonia entrando sob minha pele.
Mesmo sonhando conseguia sentir a vontade latente emergindo dentro de mim, esta que continha forma, deixava aroma nas avenidas e carregava longos cabelos negros que caiam como cachoeira sobre as feições desconfiadas.
Exibia acanhamento fingido que somente um observador atento notaria, era segurança pura dançando pelas mesas cheias e encantando velhos sapos que sonhavam ser príncipes.
Eu precisava voltar, então duas semanas depois quebrei.
E talvez por isso o sorriso arrogante daquele barman causava tanto incômodo.
— Sei que conheço seu rosto, mas refresque minha memória — Começa sorrindo abertamente depois fingindo confusão. — Primeira vez vindo ao Partenon, senhor?
Definitivamente não gosto dele.
— Não gosto do seu humor.
— Os clientes normalmente não gostam, mas você precisa ser atencioso com o cara que serve as bebidas.
— Não parece um grande incentivo para beber.
— Ainda assim todos bebem e se for "diferente" não tem com quê se preocupar seremos muito íntimos no final da noite.
— Se acontecer pode não mencionar a palavra diferente como se fosse uma piada?
— Não, senhor.
— Tudo bem, whisky com gelo — Suspiro desistindo das minhas tentativas.
Permito-me analisar o movimento, a iluminação roxa carregada em volta das mesas se apaga gradativamente chegando ao palco onde os espectadores continuam à espera como na primeira vez que estive aqui.
No lado direito encontram-se os banheiros e chegando perto da parede se distribuem espelhos em quadrados médios trazendo uma diferença no lugar. Olhando para o lado esquerdo que aparenta ser uma sessão diferente as luzes são mais escuras e apagadas, levando cinco booths pretos tomando todo espaço e presumo que seja uma área mais reservada.
Em frente ao palco de apresentação é o bar, luzes estão embutidas no extenso balcão juntamente com o nome Partenon nas mesmas luzes roxas e creio que seja a iluminação mais forte de todo lugar.
Atento-me novamente a pouca quantidade de mulheres que parecem estar acompanhadas, todas, sem nenhuma exceção. Pergunto silencioso em minha mente se existe algum tipo de prostituição ocorrendo aqui e o pensando realmente desagrada.
— Uh, que tipo de apresentações vocês têm aqui? — Pergunto tentando sondar o barman.
— Apresentações de dança somente, alguns dias temos públicos específicos como por exemplo na quinta é a noite das mulheres — Ele arqueia a sobrancelha. — Pode vir se quiser mas os homens não ficam realmente vestidos.
— Me parece um emprego maravilhoso.
— Acredite tem seus encantos — Comenta. — Principalmente quando se é bissexual.
— Você se apresenta?
— Sou melhor assistindo.
— Hum — Pigarreio sentindo um desconforto. — A dançarina de hoje é a mesma do sábado anterior?
— Quando diz sábado anterior, refere-se ao dia que cometeu um leve engano vindo aqui? — O deboche dele escorrega pela boca facilmente. — Sim, sábado é a noite de Atena.
— Seu nome é Atena?
— Não, é como uma brincadeira de referências você vem ao templo Partenon para adorar Atena — Ele coloca tardiamente a bebida na minha frente. — Um pouco histórico demais para meu gosto, não sou ligado em eventos acontecidos milênios atrás.
— Eu gosto — Digo bebendo um longo gole. — Sabe, para um barman você demorou bastante na minha bebida que é simples.
— Lembre-se, seja atencioso com quem serve as bebidas.
— Vou me lembrar disso.
— Não, não vai.
Caminho pelo lugar embora saiba exatamente o que meus olhos procuram e eles não se decepcionam quando toda iluminação se dissipa concentrada na mulher sentada ao centro.
Seu rosto continua inclinado para as pernas que abraça firmemente, as expressões são um misto de confusão e espera. Mas, então, quando parece não haver ar suficiente, seu sorriso de canto pega tudo de nós, as palavras começam soando como sussurros misteriosos.
As pernas abrem enquanto os braços sustentam seu tronco e a cabeça se move em formato de meia lua para trás. Diferentemente da outra apresentação essa é mais firme, onde antes morava sedução nos passos agora habita força e decisão; ainda me sinto seduzido.
Nenhum passeio é feito entre mesas ou homens, mantendo-se perto o suficiente para ver e longe o bastante para não ser tocada. Como um mistério sendo construído em cima das modulações que a música sofre, ela deixa um gosto de perigo.
Mas um daqueles que vale a pena arriscar.
Perto do desfecho ela canta, sibilando as frases e morrendo com seu significado na boca.
Ela alcança o ponto mais alto, arqueando-se deitada no palco, depois caindo, deixando de estar.
Logo tudo se apaga.
Os meus olhos continuam esperando, processando a forma como a intensidade em seu jeito de dançar consegue cativar. Simplesmente esqueço minha bebida que agora é mais gelo derretido do que whisky e não importa muito, estou desfocado.
Balançando a cabeça volto novamente para meu velho amigo barman, que demora em minhas bebidas e cultiva senso de humor às custas alheias, agora não parece muito diferente. Embora sua expressão seja estranha, ele nada comenta.
E pior que seu deboche, é a falta dele.
Ao menos é o que me parece.
— Qual seu nome?
— Taehyung.
— Hum, obrigado pela bebida — Digo.
— Não é como se ela fosse de graça.
Guardando um riso deixo o dinheiro em cima do balcão me preparando para ir, sendo sincero esperava que fosse a última vez, no entanto algo em minha mente dizia que este lugar ficaria muito familiar a minha presença.
Eu não sabia se gostava desse fato.
Gostava de pensar que a denominação correto estava muito associada às minhas qualidades, ouvindo-as por um longo tempo como elogio. Mas errar vindo aqui não exigia nada, nem mesmo um átomo do meu corpo desejava relutar a isso.
— Você é um perseguidor em negação? — A voz soa próxima e olhando para si vejo novamente a desconfiança em seus olhos.
— Eu estava bebendo.
— Acredito que esse foi exatamente o assunto da nossa conversa anterior, você bêbado.
Permito-me observar seu rosto, a forma que linhas surgem em sua testa numa clara avaliação de mim e como continua apegando-se à bolsa, diferente da primeira vez demoro um pouco mais vagando pelas roupas, por tudo de si.
Os cabelos negros estão presos, deixando as feições em mais evidência e olhos que não posso distinguir a coloração pela falta de luz. Aposto que são castanhos, mas não o castanho comum e sim aquele que faz o outono ser belo, marcando a temporada com tal tom marcante.
Atualmente não estavam exatamente amistosos.
— Você tem aquela coisa dos Pinky Blinders, sabe? — Pela expressão, não. — Aquela pegada de me olhar como se eu fosse uma vagabunda.
— Exatamente como se olha pra uma vagabunda? Não, não quero saber realmente. Eu te olho como se você fosse uma vagabunda? — Arqueia a sobrancelha. — Porque isso pode dizer muito sobre mim, ou muito sobre você.
— Bela apresentação.
— Obrigada.
— Posso saber seu nome?
— Não.
— O que exatamente eu faria com o seu nome?
— Acredito que você consegue imaginar muitas coisas, se não lhe falta curiosidade na vida — Fala. — Aqui sou Atena.
— Jeon, desde que não estamos dizendo nomes reais ou completamente reais.
— Você não frequenta o Partenon, certo? — Pergunta se apoiando perto da porta onde continuamos parados.
— Não exatamente.
Ela permanece em silêncio mas sinto seu olhar queimando sobre mim. Obviamente estamos no mesmo barco em apreciação, o silêncio se estende, porém os olhos trocam muitas palavras e mesmo não tendo tanta certeza sobre o que os meus dizem sinto que ela consegue entender.
Adoraria beijá-la.
— Por que voltou?
— Queria ver você — Penso que o verbo 'precisar' se encaixaria com perfeição ao sentimento das duas semanas que passaram.
— Não levou a ameaça com seriedade, então.
— Sobre policiamento ou atirar em mim? Porque para me prender teria que saber o que fazer comigo e para atirar precisa de uma arma.
— Por que acha que não tenho uma arma? — Ela soa curiosa.
— Se tivesse teria atirado em mim.
— Eu poderia estar esperando um movimento ameaçador — Ela cruza os braços completamente relaxada. — Para alegar legítima defesa.
— Ser baleado pela mulher que me seduziu? — Paro um instante fingindo pensar. — Partiria meu coração.
— Dificilmente seria o primeiro.
— Você poderia deixar o coração, pegar qualquer outra coisa de um homem.
— Não sou tão piedosa quanto sua opção me faria parecer — Ela se aproxima deixando-me sentir seu perfume. — Depois de tudo, sou egoísta demais para rejeitar um coração. Eles são quentes, pulsantes e embora haja outra anatomia presente no sexo masculino com iguais qualidades esse não pode me foder.
— Não se ele for seu.
— Não... se ele for meu — Concorda esperando algo.
Todo oxigênio que adentra meus pulmões é embalado cuidadosamente no cheiro de rosas vermelhas, no pico de pigmentação marcante. Ousado e apaixonante como toda rosa nasceu para ser; em sua essência única.
Não consigo parar de pensar em sua boca, qual gosto teria e como reagiria se a beijasse, com o mesmo fervor que despeja em suas danças ou lentamente cedendo igual a forma que os olhos deixam de ser alertas e tornam-se curiosos?
Sinto sua respiração caminhando para mim e a boca atraente criada para ser memorável, eu bebo de sua presença e sinto a embriaguez que o álcool não consegue dar.
— Posso te beijar?
— Não — Sucinta. — Mas você pode me pagar uma bebida, Jeon.
Continua...
Atualização de hoje!!!
Como vocês estão? Gostaram do capítulo? O que acham que vem por aí?
Quero agradecer a capista _Evye_ pela capa maravilhosa e pelo banner que ganhei de presente ❤❤. Ela sempre participa do processo inicial das minhas histórias gente, meu bebê ela.
Escrevi a parte da dança ouvindo Gangsta da Kehlani caso queiram colocar pra dar um tcham.
As atualizações serão feitas todos os sábados obviamente pode acontecer um imprevisto, mas se acontecer posto um aviso pra vocês no meu perfil. Certinho?
O que estão achando até agora?
Bora votar, comentar e compartilhar com as amigas hein!
É isso.
Beijinhos ❤
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