0. πρόλογος
#Partenon
As noites em Seul estavam cada vez mais frias, o sobretudo cobrindo meu corpo não aplacava a ventania nem mesmo conseguia esquentar meu corpo arrepiado sob a camada de roupas. Minha fala se formava em densas camadas de fumaça e sentia os ossos doerem com cada calafrio. Meus passos se tornaram mais velozes e furiosos, uma tentativa de esquentar com a intensidade dos movimentos e chegar mais rápido ao meu destino.
Uma bebida me esperava, talvez o amargor alcoólico aplacasse a raiva que sentia no momento mesmo que para isso fosse necessário mais do que algumas doses, afogaria qualquer sentimento indesejado e se não desse certo poderia ficar ainda mais irritado com uma ressaca na manhã seguinte.
Odiava brigas, embora ultimamente tivesse duas a cada uma semana, sentia grande incômodo somente em pensar nas coisas que dizia quando deveria me calar ou dos absurdos que ouvia, fervia meu sangue. Eu me orgulhava de ser um homem calmo e controlado ainda que essas boas qualidades não fossem destaque hoje.
Como minhas opções eram escassas desde que, permanecer em casa não ajudava exatamente todo meu mal humor, era sair nesse frio incomum ou morrer engasgado com o veneno de Minah.
Eu preferia minha bebida e a ressaca matinal.
Portanto aqui estou no primeiro bar que apareceu sentindo o ar quente envolver meus sentidos que parecem ter congelado por um bom momento, até finalmente me dar conta de onde estava.
Às luzes eram baixas e todas as mesas estavam ocupadas por homens e algumas poucas mulheres. A iluminação carregada por um vermelho vivo que deixava a aura do lugar um tanto misteriosa. Havia também um palco com uma plataforma ao centro, para onde os olhares se concentravam embora não houvesse nada ali.
Pareciam estar esperando algo, ansiosos.
Tirando meu casaco e pendurando-o no braço me encaminho ao bar impressionantemente vazio para um final de semana que prometia ser agitado.
— Noite parada? — Pergunto ao garçom.
— Se olhar para as mesas, não. Mas olhando para o bar estamos mais calmos essa noite o que eu diria não vai durar tanto.
— Uh — Exclamo sem entender porque um bar estaria vazio — Vocês apresentam algum tipo de show?
— Primeira vez vindo ao Partenon, senhor? — Ele pergunta carregando um leve tom de surpresa enquanto eu confirmo. Pergunto-me o que poderia haver nesse bar para carregar o nome de um dos templos mais famosos da história da Grécia. — O que bebe esta noite?
— Whisky com gelo, por favor.
— Whisky com gelo então. — O homem se movimenta e aproveito para observar o lugar mais atentamente embora não haja muito para se acrescentar. — Seu pedido e aproveite o show.
— Show?
— Sim, o show.
Assim sem grandes explicações pego minha bebida e sento na única mesa vazia que aparenta estar mais distante do conglomerado que se amontoa perto ao palco. No momento em que me sento as luzes se apagam, somente um vislumbre fraco vindo do fundo do palco enquanto a música começa a tocar.
O toque começa lento, uma palpitação de espera aumentando cada vez mais nos rostos de todos presentes, os corpos querendo inclinar-se para frente embora o tempo pareça ter parado para todos e quando as primeiras notas são cantadas eu entendo o porquê.
Uma mulher.
Trajando uma blusa social branca longa que cobre suas coxas, mas não o suficiente para esconder a cinta liga que segura as meias pretas, os botões quase todos abertos permitem a visão do sutiã preto enfeitado em rendas.
As mãos deslizam pelas pernas enquanto lentamente ela levanta seu troco deixando os cabelos negros caindo como cascata pelas costas, caminha para frente aparentando certa timidez mas com uma confiança cravada em cada passo. Seu quadril ondula, um momento longo que termina e outro se inicia, algumas notas de dinheiro caem no palco e então eu compreendo.
Ela é uma striper.
Estou num bar de strip.
Faço um movimento repentino para levantar e sair, mas quando seus olhos encontraram os meus não me sinto realmente capaz de mover-me para fora mesmo que o lugar não agradasse mais.
Algo na maneira intensa que ela encara, como sobe as mãos juntas acima da cabeça e inclina a cabeça para o lado para enfim descer balançando-se me faz sentar mais confortavelmente e permanecer. Olhando atento para a forma insinuante que toca o próprio corpo e parece extremamente consciente das reações que todos emitem, isso a faz irresistível.
I got caught out, caught out, caught out in the rain
Descendo a pequena escada que se encontra no final da plataforma, ela continua sua apresentação, as luzes seguem seus passos como súdita. Os olhos dela se fecham quando as mãos perpassam pelo pescoço exposto ao jogar a cabeça para trás, inerte a tudo.
Cada melodia ressoa em seu corpo, movimentando-se dele, originando-se dele e sumindo quando os olhos abrem novamente focados e determinados.
Outro passo, uma parada dramática de indecisão e acredito ouvir longos suspiros escorrendo por diversas bocas, no entanto, nenhum realmente interessa agora pois ela caminha em minha direção. Sem se deixar abalar por nada, ela me encontra.
Exigindo espaço para acariciar meus ombros e descendo para subir novamente, ela se senta no meu colo. Nenhum grande movimento é feito, somente a intensidade dos seus olhos nos meus e o cheiro de pecado em minhas narinas. As unhas arranham meu pescoço e seu quadril desce como se estivesse se acomodando, então ela volta a mim.
Coração batendo acelerado e sua boca perto do meu ouvido quando ela canta: — I'm in love, I'm in love, I'm in love with this man.
No momento exato que a música para seu tronco desce e instintivamente minhas mãos seguram sua cintura. Eu a observo, olhos fechados livremente exposta voltando lentamente e no último instante ao me encarar um suspiro. Logo perco todo contato, seu corpo não está comigo mas caminha de volta ao palco.
A guitarra continua tocando e agora não parece tão sensual porém autêntico, dançando o que sente e deixando seu corpo transparecer o sentimento. É o momento mais alto aos meus olhos.
Os minutos, segundos que se seguem passam por todos voando, uma onda de desapontamento me acomete quando a música chega ao fim e seu caminhar a leva para mais longe, até finalmente não restar nada além da escuridão.
Aplausos soam pelo lugar, uma mistura confusa de gritos e assobios ainda voltados para o palco vazio, uma esperança boba enche meu peito esperando que volte e não importa quão alto soem os chamados ela não retorna.
— Acredito que a apresentação tenha agradado — Diz o homem no bar quando volto. — Embora sua expressão tenha entregue tudo.
— Não frequento bares com esse tipo de apresentações.
— Isso não impediu nenhum cliente de voltar no sábado seguinte — O tom é carregado de descrença e um riso de canto borda sua boca.
— Infelizmente não sou como outros clientes, não pretendo voltar — Entrego o dinheiro e coloco meu sobretudo novamente me preparando para o frio.
— Tenho certeza que o senhor acredita fielmente nisso.
Meus olhos o observam aparentando sentir-se inabalável em tal afirmação. Tenho uma vontade estranha de deixar seu engano sobre mim evidente, mas olhando para a expressão em seu rosto, desisto rapidamente. Não acho que adiantaria muito afirmar o contrário.
— Boa noite — Digo rapidamente seguindo para as ruas e embora o cumprimento não seja retribuído sigo meu caminho.
Um resmungo arranha minha garganta e todo corpo parece se rebelar com arrepios ao deixar o calor aconchegante do lugar, no entanto não frequentava tais lugares o que me lembraria de nunca entrar em bares antes de certificar que eram somente bares.
Estou quase correndo de volta para casa quando esbarro em alguém, preparo mentalmente meu pedido de desculpas e quando encaro a mulher em minha frente as palavras morrem.
Cativantes e bravos olhos me analisam lentamente.
— Poderia sair da minha frente? — Resmunga.
— Você é a mulher — E tardiamente completo. — do bar.
— Olha se você quer alguma coisa sugiro que guarde pra si mesmo — Ela caminha para longe. — Não gosto de fanáticos bêbados que me procuram depois das apresentações e ando armada.
— Apresentações? — Arqueio a sobrancelha. — Eu não estou procurando você e definitivamente não acredito na parte da arma, você parece muito jovem para obter uma licença.
— A minha pontaria é perfeita — Sua mão some dentro da bolsa. — Odiaria mostrar o quão perfeita ela é ou talvez, nem tanto.
Espero um longo momento decidindo se é realmente um blefe, mas existe um brilho ameaçador em seus olhos que de alguma forma tornaria qualquer pessoa sã extremamente consciente de seus movimentos.
Ela não é do tipo que hesita.
— Como funciona isso? Você dança no colo das pessoas depois faz uma leve ameaça garantido que não são apaixonados buscando favores?
— Cara, você se ouviu? — Uma careta enfeita seu rosto, depois que aparenta ter digerido as palavras. — Malditos bêbados!
— Eu não estou bêbado!
— Pediria para caminhar em linha reta, mas não é meu turno de policiamento.
— Você é louca.
— Considerando que eu ainda posso atirar em você, essas são suas escolhas de palavras? Chamar uma mulher armada de louca? — O estalar da língua soa alto. — Corajoso da sua parte.
— Passe — Finalmente digo me divertindo. — Deus me livre de levar um tiro da sua arma imaginária.
Ela caminha sem olhar para mim e quando suficientemente longe permito absorver os últimos resquícios do perfume que deixou por onde passou. O momento não dura muito e minha apreciação morre ainda mais rápido.
Saio de casa para esfriar a cabeça e acabo no lugar errado com uma mulher que dançou sobre mim e poucos minutos depois me ameaçou; e eu achando que minha ex-mulher com suas manipulações emocionais seria, hoje, o maior de todos os meus problemas.
Seguindo para casa desvencilho-me da raiva, ou de grande parte dela embora saiba que ao chegar vou estar novamente no centro do pandemônio com Minah. Ah, se eu estivesse bêbado.
Demora longos minutos para perceber mas estou cantarolando a música e sinto uma leve embriaguez que vem acompanhada de movimentos sedutores, olhos hipnotizantes e uma arma ilusória.
Definitivamente louca.
Mas, ainda assim, me deixo lembrar.
Continua...
Primeiro capítulo postado!
O que vocês acharam? Gostaram dessa primeira parte e esse primeiro encontro?
A música que ela dança foi colocada na playlist postada ontem ( mas vou deixar o nome aqui em baixo) avisando que não são todos os capítulos que terão uma música tema, somente alguns.
Beth Hart – Caught Out In The Rain
Enfim, é isso.
Dêem muito apoio a essa bebê estou gostando bastante de escrever e espero que gostem igualmente de lerem ela.
Atualizações serão feitas no sábado!
Beijinhos ❤
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