— Quanto tempo ainda precisamos esperar? — ela perguntou pela décima vez, olhando para o relógio digital que trazia no pulso esquerdo. — Spankin' nunca demorou tanto para desativar as câmeras de um lugar. Se alguém descer para verificar...

— Ninguém vai descer, Clark — interrompeu ele, encostando-se à porta da sala do zelador que ficava na parte mais afastada do estacionamento, próxima ao bueiro do qual saíram. Hopkins empurrou alguns esfregões para o lado e sentou-se no chão, deixando um grunhido cansado escapar. — Spankin' sabe o que faz. Se entrarmos nos elevadores com o sistema ativo, vamos conhecer de perto a prisão turca. E acredite em mim, você não quer saber como é.

Clark riu, e o som se alastrou pelas paredes apertadas da salinha. Hopkins ajustou as luvas, olhando-a de relance.

— Bem, e o que fazemos até lá? — reclamou ela, lendo o nome dos produtos de limpeza nas estantes de metal. Hopkins achava fascinante como, independentemente da situação, ela nunca ficava parada. — Maldita hora em que optei por não trazer um livro.

— Eu tenho algumas ideias interessantes sobre o que poderíamos fazer. — Ele sorriu com o canto dos lábios, observando as curvas dela contra a luz branca da sala, e ajustou o comunicador que trazia na orelha esquerda.

Clark não parou de ler o nome dos produtos, mas um sorriso convencido surgiu em seu rosto.

— É claro que você tem, bonitão. Você e Charlie sempre têm as ideias certas nas horas erradas — disse ela numa voz arrastada e puxou o rabo de cavalo, passeando os olhos verdes pelos armários do zelador. Ele trincou a mandíbula ao ouvir falar em Charlie. — Homens. Vocês não passam de crianças choronas.

Ele deixou uma risada debochada escapar. Inacreditável.

— Você e Charlie me fizeram ser preso duas vezes. Sinto muito se não morro de amores por ele.

Emirados Árabes, 2006. Turquia, 2010. Maldito Charles Barlow.

— Você foi preso porque foi pego, Hopkins. Não coloque a culpa da sua incompetência nos outros.

— Ele era o maldito motorista da van e me deixou para trás duas vezes. Duas vezes! E ainda não acredito que você chamou esse cara para trabalhar com a gente de novo — Hopkins reclamou. Ele trincou a mandíbula e continuou numa voz controlada: — Se não fosse por Spankin', eu estaria mofan...

Estática. Os dois apertaram os comunicadores ao mesmo tempo.

— Eu não quero interromper a discussão do casal, mas desativei o sistema de segurança da joalheria. As imagens estão passando em looping, então é bom vocês se apressarem.