Capítulo 20
— O que quer dizer com isso? - Fica confuso.
— Você deu ele para minha filha no dia de seu aniversário. Deve ter um valor sentimental. - Começa. - Talvez ele seja a chave para trazer suas lembranças de volta. Você só tem que juntar as duas partes. - Explica.
— E como vou fazer isso? - Passa a mão na cabeça.
— Bom... Terá que dar um jeito. - Afirma.
— Tive medo de que dissesse isso. - Sorrir de lado, um pouco nervoso. O jovem realmente não faz ideia de como fará isto, já que nem mesmo consegue se aproximar de Isabella.
— Você conseguirá. Eu acredito em você. - Lhe dar um sorriso acolhedor.
— Está bem. Farei o possível. Trarei a nossa Bella de volta. - Afirma, com convicção.
— Não tenho dúvidas quanto a isso. Agora preciso voltar ao trabalho. - Avisa. Desde que sua filha sumiu, Thomas passa a maior de seu tempo trabalhando. - Qualquer notícia sobre minha filha...
— Eu sei... Eu te aviso. - O interrompe. Thomas bebe o último gole de chá e se levanta, pronto para sair.
— Ah. - Parece se lembrar de algo e volta sua atenção para Felipe. - Tente não bancar o louco. - Aconselha.
— Eu não... - Para e pensa um pouco. - Tudo bem, tentarei agir naturalmente.
— O que define como "agir naturalmente"? - Faz ênfase na frase e Felipe finge estar bravo. Ambos soltam uma gargalhada.
— Já estava com saudade de dar risada assim. - Diz, assim que os dois se recompõem.
— Eu também meu caro. - Concorda. - Tente não ficar perseguindo-a.
— Ok, ok. Sem perseguição ou coisa do tipo. - Levanta as mãos em sinal de redenção. - Apenas tentarei me aproximar dela e no momento certo, juntarei as partes do medalhão.
— Até breve, se cuida rapaz. - Lhe dar um aperto de mão.
— Você também. - Thomas assente com a cabeça e se retira. Felipe termina de beber seu suco e sai em seguida.
Ambos não haviam percebido que alguém os observava desde que os mesmo adentraram o local. Emilly abaixa a revista que fingia estar lendo, sentada na mesa logo atrás de onde Felipe e Thomas estavam sentados minutos antes.
— Então este é o segredo do tal medalhão. - Diz a si mesma em voz alta. Pega o celular e começa a discar um número. A pessoa do outro lado da linha atende ao primeiro toque. - Preciso falar com você. Me encontre naquele mesmo lugar. - Avisa. Vira seu celular e o encara rapidamente, coloca-o próximo a sua orelha novamente. - Nos vemos em meia hora. - Afirma e desliga. Olha para os lados e sai rapidamente.
Algumas horas depois.
Felipe ver Isabella atravessando a rua e a observa atentamente. Cada detalhe de seu rosto e até mesmo a forma como está vestida. Começa a se perguntar o que a garota fez durante o tempo em que esteve desaparecida. Por que ela não se lembra dele? O que a fez mudar desta forma? Será que a machucaram? Balança a cabeça tentando afastar os pensamentos relacionados a ela. Só de imaginar que fizeram algo tão ruim a ela, ponto de fazê- la perder a memória, sente a raiva tomar conta de seu corpo.
Isabella está distraída falando com alguém ao celular. Estava quase chegando do outro lado da rua, mas assim que ver Felipe parado na calçada próximo ao sinal, pensa em voltar para trás. Ela o encara e seus olhares se encontram. Começa a dar alguns passos para trás, ainda com o celular próximo a sua orelha. Felipe parece apreensivo e gesticula com as mãos, falando algumas palavras que a garota não consegue compreender, pois seu tom de voz é baixo, o que deixa a garota confusa. Desvia o olhar e percebe que o sinal abriu. Felipe corre em sua direção. Seu olhar vai de encontro a um carro que está se aproximando rapidamente. Tudo parece acontecer em câmera lenta. Suas pernas travam e embora ela tente obrigá-las a se moverem, as mesma não obedecem. O motorista parece estar tentando frear o carro, porém não consegue e Isabella fecha os olhos. Sente alguém empurrá-la para trás e ouve um barulho de peneus derrapando, seguido de um baque e a garota arregala os olhos.
A jovem encara a cena um pouco atordoada e os acontecimentos ainda passando em câmera lenta a sua frente. O motorista estava com o carro parado ao lado do corpo do rapaz que a empurrou. Ele sangrava bastante e ela não saberia dizer se o mesmo estava vivo ou não. A multidão logo se aglomerou ao redor deles e o som das vozes pareciam um pouco abafados. Ela se levantou olhando para alguns arranhões em seu braço que rapidamente cicatrizaram, passou a mão em sua cabeça, sujando as mãos com o sangue que escorria da mesma e caminhou cambaleando em direção ao rapaz, que permanecia imóvel no chão. A ambulância logo chegou e as pessoas abriram espaço para facilitarem a passagem dos paramédicos. Eles levaram o rapaz até o carro da ambulância e a jovem os acompanhou. Assim que os paramédicos o colocaram dentro do carro, Isabella entrou em seguida.
— Sinto muito senhorita, mas pedirei para que se retire. Precisamos levá-lo urgentemente para o hospital. - Um dos paramédicos avisa.
— Por favor, me deixem ir. Eu... Sou amiga dele e... Sua família ficará muito preocupada com ele. - Mente. Nem sequer sabia se o rapaz tinha família.
— Tudo bem. - Suspira e faz sinal com a cabeça para o outro paramédico que no mesmo instante, fecha a porta da ambulância.
(...)
Isabella anda de um lado para o outro, preocupada. Por que não olhou para os lados ao atravessar a rua? Como não percebeu que o sinal estava fechando? Por que suas pernas travaram e ela ficou parada feito uma estátua, ao invés de correr quando o carro se aproximou dela? E por que aquele garoto tinha que entrar na frente bem na hora? Se perguntava mentalmente, em seguida dava broncas em si mesma, sentindo-se culpada. Um médico sai da sala que Felipe fora levado às pressas e passa por Isabella.
— Doutor espere, por favor. - Ele para e se vira para a garota. - O rapaz que entrou agora pouco na sala de operações. Como ele está? Ele vai ficar bem? - Engole em seco.
— Sinceramente, ainda não sabemos senhorita. Conseguimos conter a hemorragia, porém ele irá precisar de uma transfusão de sangue urgentemente. - Explica. - Tem de ser o mais rápido possível ou ele não sobreviverá. - Afirma.
Isabella sente uma pontada no peito. Pensa ser por conta da culpa, mas percebe que não se trata apenas disso. É uma sensação que a jovem desconhece. Vai até a recepção, para tentar saber algo sobre o rapaz.
— Com licença. É que... Eu troquei de celular recentemente e não tenho o número dos pais do rapaz que foi levado para a sala de operação agora pouco, pode me dizer se acharam alguma coisa dele? - Mente, um tanto inquieta.
— Achamos sua carteira com alguns documentos e... - Pega o celular e a entrega. - Isto. Estava em seu bolso, junto com a carteira. - Informa.
Isabella olha para o pingente de relance. Embora lhe pareça familiar, ela tenta focar sua atenção no celular, procurando qualquer número que ela possa ligar e avisar que o jovem está no hospital. O celular não tem senha, então ela apenas desliza o dedo sobre a tela e o mesma se desbloqueia. Se assusta ao ver a foto dos dois juntos. Ela o abraçava de lado, mantendo seu rosto próximo ao dele, sorrindo. A jovem arregala os olhos e os fecha, passando os dedos sobre eles, para ter certeza de que está vendo direito e a garota da foto não é uma ilusão de óptica. Não poderia ser ela nesta foto, pensa. Talvez seja só uma garota muito parecida com ela. Tenta acreditar nisso ou melhor, obriga a sua menta acreditar que seja apenas isso.
Tapa a boca com uma mão, enquanto a outra procura a lista de contatos. Passa por alguns nomes e para em um que lhe chama a atenção por algum motivo que ela não consegue compreender. Talvez o nome só lhe pareça familiar. Decide ligar para o mesmo. A pessoa do outro lado da linha atende no mesmo instante.
— Thomas? - Ela se adianta.
— Sim, sou eu...
— Antes que me pergunte qualquer coisa. - O interrompe. - Sim, estou com o celular do... Bom, seja lá o que ele for seu. - Engole em seco, um pouco hesitante, porém decide prosseguir com a informação. - Só liguei para avisar que ele está no hospital e precisa de uma transfusão de sangue urgentemente. Avise aos parentes dele. - Desliga o celular, assim que ele começa a falar algo que ela nem sequer conseguira entender. Se aproxima da mulher na recepção e lhe entrega o celular e os demais pertences do rapaz, incluindo o medalhão pela metade que ela prefere não analisá-lo melhor, apesar de lhe parecer familiar.
— Acho melhor guardá-los até que a família dele chegue. - Afirma e volta a se sentar em uma cadeira. Começa a balançar os pés, nervosa. - Por que ele tinha se jogar na frente daquele carro? Droga! - Mexe nos cabelos e olha de um lado para o outro. - Agora ele pode morrer e a culpa é minha. - Sussurra para si mesma, sentindo algumas lágrimas escorrerem por sua face e tapando o rosto, para abafar o choro. Sente seu celular vibrando em seu bolso e o pega. Ver o nome de Dylan na tela e atende no mesmo instante.
— Oi maninha, como estão as coisas por aí? - Pegunta, do outro lado da linha.
— Eu... Eu estou no hospital Dylan. - Tenta se manter calma e limpa algumas lágrimas que caem involuntariamente.
— Você está bem? O que...
— Estou sim. - O interrompe, para não deixá-lo mais preocupado. - Quando você chegar eu te explico. Vou te mandar a localização.
— Está bem. - Afirma.
— Ah... - Parece se lembrar de algo. - Não conte a ele, por favor. - Engole em seco, um pouco apreensiva. - Nem para o papai. Não quero preocupá-los.
— Ok. Não direi nada a ele e nem ao papai. - Concorda, sabendo de quem se trata. - Chego aí em alguns minutos.
— Certo. Até logo. - Diz por fim e desliga.
Um homem que aparenta ter por volta de quarenta anos caminha rapidamente em direção a recepção, seguido de um casal e uma loira que Isabella reconhece no mesmo instante. É a mesma que falou com ela no shopping, amiga do rapaz que agora ela consegue recordar seu nome. Felipe. Fora esse o nome que a garota havia citado no dia em que ambas tiveram um rápido diálogo.
Todos estão com a expressão de desespero estampada em suas faces. A mulher parece ter chorado antes mesmo de chegar ao hospital, pois seus olhos estão vermelhos e um pouco inchados. A enfermeira diz algo para eles e olha em direção às cadeiras que estão próximas a Isabella. A mulher se debate nos braços de seu marido, que tenta acalmá-la. Provavelmente são os pais do tal Felipe, a jovem pensa. O casal e a garota loira se sentam um pouco afastados de Isabella, enquanto o homem que estava junto a eles caminha em direção a mesma.
— Obrigado por nos avisar. - Lhe dar um sorriso forçado, mas a garota não consegue deixar de notar sua expressão abatida.
— Não... Eu... - Olha para os lados e franze os lábios, tentando segurar as lágrimas. - A culpa é minha. Ele se jogou na frente do carro por minha causa. - Afirma.
— Sei que ele teria feito isso por você, quantas vezes fosse preciso. - Confessa, a deixando confusa. Thomas sabe que a garota a sua frente é sua filha e tenta conter a vontade de abraçá-la. Sentiu tanta falta dela, que não sabe se conseguirá conter a emoção por muito tempo. - Com licença. Se vira e caminha em direção ao casal que estava sentado junto a garota loira, um pouco afastados.
Alguns minutos depois o médico aparece e vai em direção a enfermeira. Ela lhe entrega uma prancheta e os dois tem um rápido diálogo. Ele diz algo a ela e a mesma assente com a cabeça, apontando para as pessoas próximas a Isabella. A enfermeira logo se retira e o médico volta sua atenção para a prancheta.
— Senhor e senhora Collins, podem me acompanhar por favor? - Desvia o olhar da prancheta, para encarar o casal que apenas assente com a cabeça, se levanta e seguem o médico.
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Oii gente, tudo bem com vocês? Espero que sim! Eu estava sem internet esses dias e conseguii finalmente, hehe. E aqui está, mais um capítulo prontinho para vocês. Espero que gostem. ❤
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