Após a votação aberta, todos sentiram necessidade de tirar satisfação pelos argumentos usados contra eles. Algumas conversas foram mais maduras, outras nem tanto...

— Vamos para a suíte? — perguntou Solene, ainda no sofá da sala, minutos depois que o programa foi encerrado.

— Vamos.

— Espera! — pediu Olívia. — Eu queria conversar com a Zarina, só nós duas.

— Claro, você tem algum lugar em mente?

— Ah, pode ser lá na área externa, perto da piscina.

Solene não gostou de ter "perdido" a única pessoa que ainda a tratava como gente na casa. Fez cara feia, não escondeu a insatisfação. No entanto, seu desagrado foi maior ainda quando Nathaniel perguntou se eles podiam conversar.

Helena também ficou surpresa quando, enquanto caminhava de volta ao quarto roxo, ouviu seu nome ser chamado por Leonardo, que insistia em trocar algumas palavras com ela antes do dia da eliminação.

Área Externa - 23:12.

— Então, Zarina, eu queria entender melhor a sua justificativa de voto — disse Olívia, sentando-se no sofá. — Eu pensei que estava tudo bem entre a gente, mas aquela sua fala deu a entender o oposto.

— Muito pelo contrário, eu tentei reforçar isso, que estamos bem. O problema, Olívia, é que nós não construímos um vínculo, sabe? Demos uma trégua, ok, e...? O que vem depois? Nos tornamos amigas? Viramos inimigas mortais? Não, nada. Simplesmente nem nos falamos mais.

— Mas isso não é culpa minha, quer dizer, todo o nosso afastamento e briga e rivalidade veio com o seu voto. Conversamos, nos entendemos, mas nós éramos mesmo obrigadas a ter uma relação? Eu pensei que só íamos nos aturar até a final, tanto é que desde então eu nunca mais votei em você.

— Tudo bem, mas, seguindo esse seu argumento, será que já não está na hora de nos votarmos? Porque, sendo bem sincera, eu não penso em votar na Sol e nem na Helena antes de você. Sobra você, o Leo, que eu não tenho nada contra, e o Nathaniel, que eu prefiro nem comentar. Entende que talvez já tenha chegado a hora de nos votarmos?

— Agora eu entendo melhor, obrigada por me explicar. Sinceramente, toda essa confusão tem sido bem desgastante. Prefiro manter a paz com você, mesmo que ainda sejamos possíveis votos uma da outra. 

— Sim, claro, eu também não tenho o menor interesse em voltar a brigar com você. Era uma situação muito desgastante.

— Acredito que para nós duas era insuportável sustentar aquela rivalidade. 

— É, mas que bom, de verdade, que pudemos ter essa conversa. Eu nunca tive nada contra você, espero que saiba disso. Todos os julgamentos que fiz a seu respeito foram forçados pelo jogo — informou Zarina.

— Eu digo o mesmo. Paz.

Ambas se abraçaram e seguiram em direções opostas.

Quarto Verde - 23:12.

— Antes de qualquer coisa, eu gostaria de deixar claro que não tenho ódio de você — disse Nathaniel.

— Imagina se tivesse.

— Sol, por favor, eu estou tentando me desculpar.

— Agora é meio tarde. Você ficou com raiva de mim e fez minha caveira para os seus amigos só porque eu não quis votar na minha melhor amiga aqui dentro. Percebe como isso é doentio?

— Eu posso ter exagerado, mas eu estava tentando me salvar, eu corria risco de ir para o despejo e fui. Sei que posso ter forçado a barra, mas eu estava desesperado.

— Desespero nenhum justifica o que você fez — rebateu Solene. — Você veio para cima de mim no momento em que a Helena estava gritando comigo. Me colocou em uma situação péssima, me fazendo chegar ao meu limite.

— Eu já pedi desculpa! Inclusive, preferi conversar com você pós formação do despejo para você não achar que eu estava tentando mudar seu voto ou algo do tipo.

— Nathaniel, de verdade, nada vai mudar como eu me senti nos últimos dias, se não fosse a Zarina eu teria pedido para desistir. Não sei se estou a fim de conversar, então eu te desculpo e fim de papo, ok? Essa conversa não está me fazendo bem.

— Ok, como preferir.

Solene deu meia-volta e deixou o quarto.

Quarto Roxo - 23:12.

— Então, Helena, eu queria conversar com você sobre a nossa relação ao longo do jogo antes de você ser eliminada — disse Leonardo, sentando-se em uma das camas.

— Oi?

— Nossas conversas, sabe, sinto que nós nun...

— Não, não, isso eu entendi — rebateu a gastrônoma. — Eu quero saber o que te faz ter tanta certeza que eu vou sair.

— Ah... Bem, é que o Ezequiel foi o último eliminado, então eu acredito que você vai sair. Esse seu jeito meu bruto também não colabora.

— Como é que é?

— Mas é verdade. Outro dia você deu uma patada na Olívia só porque ela queimou o arroz sem querer. Não acho que o público curta muito o seu jogo, mas enfim, não é disso que eu quero falar.

— Sai do quarto roxo, eu não quero falar com você!

— Como assim?

— Você entra aqui cheio de arrogância, dizendo na minha cara que eu vou ser despejada, e quer conversar comigo numa boa?

— Não era minha intenção.

— Dane-se. Também não é minha intenção conversar com você. Estou mal, perdi meu amigo, que era a única pessoa que me deixava à vontade aqui, então, se eu sair, é até bom. Um livramento para mim, não aguento mais conviver com pessoas como você.

— Helena, me desculpe, eu só queria recapitular nossa jornada até aqui.

— Ah, é? Então lá vai: acho você um banana, um chato sem enredo que se escora na Olívia para ter visibilidade. Pronto, satisfeito? Agora me deixa em paz.

— Agora você começou a me ofender.

— Você me ofendeu primeiro.

Como Leonardo não dava indícios de que sairia do quarto, Helena saiu ela mesma e se trancou no banheiro, onde chorou por vários minutos.