Dia 20: Choque
Área Externa - 23:25.
Alguns participantes já tinham conseguido processar parcialmente a saída de Viviana, como Olívia, que correu para abraçar Leonardo, e Solene, que correu para abraçar Zarina.
Os demais ainda estavam tentando compreender as cenas que seus olhos tinham assistido.
— Olha, sendo bem sincera — confessou Olívia —, eu imaginei muitos cenários para esse despejo. Quase nenhum deles com a Vivi saindo...
— Também estou surpreso... — falou Nathaniel. — Vou conversar com a Sol.
— É bom mesmo, ela deve estar perdidinha.
O síndico cruzou o jardim até chegar perto dos membros do grupo roxo, que pareciam um bando de formigas tontas.
— Parabéns por ter voltado, Zarina — disse Nathaniel, abraçando a companheira de casa. — Sol, podemos conversar em particular?
— Claro.
Ambos deixaram o gramado e caminharam juntos até a suíte do rapaz, sendo seguidos pelos olhos acusatórios de Ezequiel e Helena.
— Z, você está sabendo de algo que nós não estamos sabendo? — perguntou o rapaz.
— Eu? Não. Estou sabendo tanto quanto vocês...
— Sei...
Suíte do Síndico - 23:40.
— O que você entendeu da eliminação dela? — quis saber Nathaniel.
— Não faço ideia... Não sei o que pensar.
— Eu acho que entendi a mensagem que o público quis passar.
— Qual?
— Que nós devemos ficar juntos, sabe, sem impedimentos.
Solene ficou espantada.
— A Vivi acabou de sair e é isso que você deduz?
— Ué? Em que mais eu deveria pensar? Você mesma disse que gostaria de ter um jeito de nós ficarmos juntos sem magoá-la.
— E você acha que a solução encontrada pelas pessoas que nos assistem foi eliminá-la?
— Talvez não a melhor solução, mas a única que eles tinham em mãos — argumentou Nathaniel. — Não percebe, Sol? Agora podemos ficar juntos sem que ela nos veja todo dia e fique mal. E lá fora, quando ela ver as cenas, vai perceber que nos gostamos de verdade.
— Ai, não sei, Nath. Toda essa história tem me consumido. Preciso pensar, fumar. É isso! Preciso descer e ir fumar. Amanhã conversamos melhor, pode ser?
Ele assentiu.
Área Externa - 23:56.
— Será que a Solene e o Nathaniel estão ficando? — perguntou Ezequiel enquanto, deitado sobre a espreguiçadeira, olhava para o céu.
— Não sei, Zack — respondeu Helena. — Ela e a Zarina andam muito estranhas. Cheias de segredinhos. Cochicho daqui, cochicho dali... Tenho medo de elas estarem nos jogando para escanteio.
— Além dessa preocupação, também tenho outra ideia em mente — revelou o contador.
— Que a Sol e o Nathaniel tenham ficado enquanto a Vivi ainda estava na casa?
— Como você sabe?
— Porque eu estava de olho também. Muito estranho aquela movimentação dela de ir dormir lá na suíte com ele — explicou Helena. — Tudo bem que a Olívia e o Leonardo queriam dormir juntos, mas por que a primeira pessoa na lista de opções dele seria a Sol se até pouco tempo eles mal interagiam?
— É... Fica difícil negar com tantas evidências... Deveríamos confrontar a Solene?
— Com certeza, mas no momento certo. Não vale a pena se sujar na hora errada por uma possível confusão que nem é nossa.
Ambos viram o momento em que Solene apareceu no gramando com um cigarro entre os lábios.
— Olha ali a Sol fumando — apontou Ezequiel. — Ela só faz isso quando está muito nervosa.
— Bom, parece que nossa Solzinha não é tão inocente quanto parece — comentou Helena, encarando bem a aliada.
Quarto Roxo - 00:13.
— Ai, meu Deus, que loucura tudo isso — comentou Zarina baixinho. — Obrigada por ter me deixado vencer mais esse despejo.
A porta abriu. Era Solene.
— Ai, amiga, me perdoa — disse ela. — Com toda essa história na minha cabeça eu nem consegui te parabenizar direito.
Solene abraçou Zarina, derrubando-a sobre a cama de casal que ambas compartilhavam todas as noites.
— Ainda bem que você ficou, porque eu não saberia o que fazer ou para onde ir sem você aqui — disse a loira.
— E a Helena e o Ezequiel? Não contam?
— Não como você — rebateu. — Eles são legais e tals. Mas estamos todos juntos aqui pelo jogo. Amizade é diferente. Vejo uma amiga em você.
Zarina riu.
— Você está dizendo isso só porque eu te dei cobertura.
— E foi justamente por ter me dado cobertura que você provou ser minha amiga — disse. — Não acho que a Helena, por exemplo, teria tido esse tipo de atitude.
— É... Também acho que não.
Um aviso na televisão informou que eles não teriam festa. Em vez disso, receberiam alguns quitutes e bebidas mais tarde para usufruírem da companhia um do outro.
A grande maioria não gostou da ideia, o que era perfeito.
Os diretores do programa precisavam compensar o marasmo com uma nova briga agora que o arco Nathaniel x Solene x Viviana tinha morrido com a saída da professora.
Trancá-los numa sala com bebidas com certeza daria conta do recado.
No dia seguinte, todos amanheceram normalmente.
Cozinha - 11:23.
Helena, como sempre, tinha assumido o controle da cozinha e estava preparando o almoço.
Enquanto cozinhava, porém, precisou ir ao banheiro. Pensou em gritar por ajuda, mas achou meio dramático, por isso decidiu pedir ajuda à primeira pessoa que passasse.
Olívia.
— Olívia, vigia aqui, por favor, enquanto eu vou ao banheiro.
— Claro.
No entanto, quando ela voltou, passou a se arrepender de ter deixando o fogão nas mãos da publicitária.
— Olívia, olha esse cheiro que de queimado, garota — disse Helena, abrindo a panela às pressas. — Você não sentiu isso, não?
— Foi mal, meu nariz está meio entupido... E pensei que o cheiro forte era normal.
— Não, garota, pirou? Nossa, se arrependimento matasse!
— Então na próxima fica se mijando aí — retrucou Olívia, indo embora.
— Ai como é infantil, nossa!
Sala - 19:00.
Hora da festa!
A produção disponibilizou vários tipos de bebida e também alguns salgados como coxinhas, salgadinhos de queijo, mini pastéis etc.
Para apimentar a noite, Ezequiel deu a ideia de eles brincarem de verdade ou desafio. Por mais receosos que alguns tenham ficado, no fim todos toparam.
— Eu começo — avisou Ezequiel, levemente alcoolizado. — Então, Nathaniel, verdade ou desafio?
— Verdade.
— É verdade que você e a Solene estão se conhecendo mais fisicamente?
Todos arregalaram os olhos.
— ... e que se beijaram enquanto a Viviana estava aqui mesmo sabendo que ela gostava de você?
É TRETAAAA!
— Qual é a sua, meu irmão? Aproveita que você está com a palavra e morde a língua pra ver se morre com o próprio veneno.
— Se você se exaltou é porque tem culpa — rebateu Ezequiel, rindo.
— Zack, por favor, para com isso — pediu Solene.
— Parar por quê? — berrou ele. — Você, por acaso, parou quando traiu a amizade da Viviana?
— Cala a boca, seu idiota — esbravejou Nathaniel, indo para cima de Ezequiel. — Cala essa boca.
Quem estava ao redor correu para se colocar entre os dois, segurando-os para que o pior não acontecesse.
— Ué, não estou entendendo o porquê desse show todo — ironizou Ezequiel. — Todo mundo é foda até ser exposto, né.
— Tá bom, Zack, para com isso — falou Helena firmemente enquanto tentava segurar o amigo. — Já expôs, agora chega!
— Não se mete numa história que não é sua, seu babaca — continuou Nathaniel, sendo segurado por Leonardo e Solene. — Seu jogo está tão movimentado que você precisa cuidar do meu!
— Eu posso cuidar do meu, do seu, de quem eu quiser.
— Ah, vai pra casa do...
— NÃO! — disse Olívia. — Sem baixar o nível do programa, por favor.
Embora se esforçassem, muitos prendiam a risada, tentando lidar com a situação com a seriedade que ela precisava.
— Gente, para! — berrou Zarina entre os dois, prendendo a risada. — Socorro, produção, o que vocês colocaram nessas bebidas?
Olívia gargalhou.
Não demorou muito mais até que ambos fossem afastados e o embate, finalizado.
Olívia, Leonardo e Solene levaram Nathaniel de volta para o quarto do síndico, e Zarina e Helena conduziram Ezequiel para o quarto roxo.
A produção adorou. Finalmente continuariam a ter conteúdo para passar na edição.
Suíte do Síndico - 19:13.
Em algum ponto do corredor, Nathaniel se desvencilhou de quem o segurava e marchou irritado até o seu aposento.
— Raiva, é isso que eu sinto — esbravejou ele, chutando a cama.
— Ei, para com isso! — repreendeu-o Olívia, agarrando o braço do amigo. — Para de descontar sua raiva na casa ou você vai acabar sendo penalizado.
— É, vai tomar um banho, esfriar a cabeça — aconselhou Leonardo.
— Não, eu não quero banho, não quero nada. — Nathaniel estava sentado na cama, fumegando de irritação.
Solene não sabia como reagir a tudo aquilo, por isso saiu do quarto e foi falar com o amigo, com quem ela pretendia tirar várias satisfações.
Quarto Roxo - 19:12.
Ezequiel se acabava de rir, deitando na cama com o auxílio de Helena e Zarina.
— Aquele bocó — resmungava ele. — Nunca gostei da cara daquele enjoado.
Estava bêbado.
— Quanto de álcool ele ingeriu? — indagou Zarina.
— Só Deus sabe — respondeu Helena. — Vem, ele vai acabar dormindo. Vamos deixar ele descansar.
Quando estavam saindo do quarto, deram de cara com Solene.
— Cadê o Zack? Preciso falar com ele.
— Agora não — disse Helena rispidamente. — Ele não está em condições de conversar agora.
Solene analisou bem o rosto de Zarina em busca de respostas. Pelo olhar da amiga, percebeu que era verdade.
— Droga! — resmungou. — Como ele descobriu?
— Nós deduzimos ontem — respondeu Helena. — Só ligamos os pontos. Foi bem fácil, vocês não esconderam muito bem.
— E por que ele não veio falar comigo? Tirar satisfações comigo?
— Tomamos as dores da Vivi, que, acredito eu, tenha sido eliminada sem saber que foi traída pela amiga Solzinha.
— Sem ironias, Helena, por favor — pediu Zarina.
A cozinheira bufou e saiu.
— Temos que conversar com a Olívia — lembrou Solene. — Lembra? Prometemos à Viviana.
— Eu não prometi nada — rebateu Zarina. — Foi você que prometeu. Boa sorte.
— Zarina! — exclamou Solene, pegando no braço da amiga. — Nós prometemos e vamos cumprir. Amanhã de manhã nós conversamos, antes da prova para evitar qualquer ideia de que estamos nos aproximando dela por interesse.
Zarina revirou os olhos e concordou.
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