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Dia 10: Análises e Reflexões

Quarto Roxo - 00:10.

— Você acha que ela vai te indicar? — perguntou Solene enquanto penteava o cabelo.

— Ela vai ser muito burra se não me indicar — retrucou Zarina, pensativa.

— Ah, mas sei lá, às vezes ela quer mostrar que é diferente de você e indica outra pessoa.

— Duvido.

— É, eu também duvido que ela indique outra pessoa — intrometeu-se Ezequiel. —  Quer dizer, pelo menos agora, nesse exato momento, eu acredito que você é o alvo principal dela.

— Eu não acho que vai mudar, ninguém é insano ao ponto de comprar briga com a síndica antes da votação — comentou Zarina. — Só resta aceitar que eu já estou nessa votação.

— Eu acho que nós podemos fazer melhor — sugeriu Helena, entrando com uma xícara de café. — Nós podemos nos organizar para mandar alguém de lá para a berlinda.

— Mentira que você fez café, eu quero — pediu Solene.

— Eu pego para você, também me deu vontade de beber um cafezinho — ofereceu-se Viviana, levantando-se rapidamente.

Assim que ela saiu, Zarina fez cara feia.

— Tá vendo? Ela odeia falar de jogo com a gente. Eu gosto dela pra caramba, mas até que ponto dá pra contar com ela no jogo? É só começar a falar de voto que ela arruma um jeito de sair de fininho.

— É foda, mas tenho a mesma percepção — confirmou Helena.

— Tá bom, gente. Conversamos com a Vivi depois, agora focando na combinação de votos, em quem vamos votar do grupo de lá? — indagou Ezequiel.

— Eu penso no Leonardo, vejo muito ele com a Olívia... — disse Helena. — Não sei, tenho a sensação que ambos podem ser fortes.

— Aí você quer me colocar numa votação ao lado de uma pessoa que você acha forte? — indignou-se Zarina. — Você está comigo ou contra mim?

Todos os presentes no cômodo riram.

— Foi mal, não pensei direito. Quem, então?

— Que tal o Alan? — propôs Solene. — Acho ele tão sem sal. Meio chatinho.

— Ai, ele e o Nathaniel são apagadíssimos, na minha opinião — comentou Ezequiel acidamente. — Só servem pra fazer peso ao quarto verde.

— Então ficamos entre Nathaniel e Alan? — recapitulou Zarina. — Acho que prefiro ir com o Alan.

— A gente pode observar ao longo do dia de hoje também, quem sabe não acontece alguma coisa que nos faça mudar de opinião — pensou Helena, bebericando seu café. — Ai, droga, esse ar-condicionado esfriou meu café.

— É que você estava falando mais do que bebendo — retrucou Ezequiel, rindo.

— Fica quieto senão eu taco esse café na sua cara.

— O que é isso? Uma ameaça? — rebateu ele. — Vou pedir ajuda à produção já, já.

— Tomara que eles metam uma xícara de café na sua cara também — rebateu Helena, saindo do quarto, rindo.

Suíte do Síndico - 01:00.

Olívia abriu a porta, sendo seguida pelos seus aliados do quarto verde.

— Nem acredito nas coincidências do destino, fui da votação ao cargo de maior poder dessa casa — reparou ela, rodopiando e caindo graciosamente sobre a cama.

— Você merece, o universo é justo — disse Leonardo, olhando as fotos da mulher que estavam postas em um canto do quarto.

Fotos de família, amigos, animais de estimação.

— Ownn, esse aqui é o meu gato, Tom — apontou ela, mostrando um porta-retratos azul com um gato branco felpudo nele.

— Nossa, essa é a sua mãe? — indagou Alan. — Que gata. Ela é a sua cara.

— Ei, mais respeito com a minha mãe.

— Galera, odeio ser estraga-prazeres, mas temos que pensar em jogo — comentou Nathaniel, atraindo a atenção para si. — Estamos com a vantagem essa semana, mas não sabemos como eles vão votar.

— Provavelmente vão combinar votos como fizeram da outra vez — lembrou Leonardo. — E que nós também fizemos, enfim.

— Eu vou na Zarina — assumiu Olívia. — Eu seria muita burra se não aproveitasse essa chance magnífica do universo de me vingar.

— Está certa, mas em quem nós vamos? Na Sol? — supôs Nathaniel.

— Eu acho ela menos pior que a Zarina — admitiu Alan. — Pelo menos ela sorri pra mim pela manhã.

— Pode ser o Ezequiel também, acho que ele levou muitas informações nossas daquelas primeiras horas de jogo para o grupinho dele do quarto roxo — comentou Nathaniel.

— Como assim? — perguntou Alan.

— Ele ficou algumas horas com a gente no quarto verde naquele primeiro dia, com certeza deve ter lido nossas personalidades, saber quem é mais quieto, mais afobado, coisas assim. Pode parecer bobeira, mas faz diferença.

— Mas o furo nesse plano é que é só uma suposição nossa... — disse Leonardo. — Pode ser que não passe disso, um achismo.

— Eu acho que vocês deveriam ir em alguém que, lá na frente, possa dar dor de cabeça — sugeriu Olívia. — Alguém como a Helena. Ela me parece alguém de bastante personalidade...

— Ela me encara sempre com uma cara de nojo pela manhã — disse Alan. — Parece que vai vomitar em mim.

— Misericórdia — respondeu a síndica. — Eita, não posso julgá-la. Também tenho esse probleminha de controlar a minha cara.

— Ah, mas eu digo energeticamente também — insistiu Alan. — Quando ela está no ambiente, eu sinto que o clima fica pesado. Não é uma pessoa que eu quero ver comigo na final.

— Ok, então vamos concentrar nossos votos na Helena com a justificativa de que, no futuro, ela pode nos dar dor de cabeça? — concluiu Nathaniel.

— Por mim, de boa — falou Leonardo.

— Bom, vocês que sabem, não sendo a Viviana, qualquer um deles pode ir — comunicou Olívia. — Ela tem sido uma querida comigo e foi uma das poucas do grupo roxo que me deu a chance de falar, então...

— Então temos no despejo Zarina, pela Olívia, Helena pelo quarto verde e... Em quem será que o lado de lá vai votar? — externou Leonardo.

— É, vamos ter que esperar até amanhã pra saber — concluiu Olívia, virando-se para abrir a caixa de chocolates sobre a cômoda.

Pela manhã, Olívia e Zarina dividiam a cozinha em completo silêncio. O olhar de ambas nem sequer se cruzava. Era como se elas estivessem sozinhas ali.

Cozinha - 09:06.

— Bom dia, meninas — saudou Solene alegremente.

— Bom dia — responderam Olívia e Zarina com a mesma entonação.

— Z, você fez café a mais?

— Não se preocupe, Sol, eu também fiz o seu.

— Ai, obrigadinha.

Zarina riu, aliviada de dividir a cozinha com mais alguém além do seu desafeto.

— Você pode assar os ovos enquanto eu corto o queijo?

— Claro! — assentiu Solene.

— Espera, me veio uma dúvida agora — falou Zarina, encarando a garota ao seu lado. — Seus pais te deram o nome de "Sol-ene" por que você é loira? É que fez muito sentido na minha cabeça agora, sabe, já que o sol é meio amarelo.

Solene riu.

— E como é que eu vou saber, criatura? — respondeu. — Peraí, crianças loiras nascem com cabelo?

— Eu acho que toda criança nasce com cabelo.

— Meu irmãozinho nasceu careca.

— Passada.

Enquanto elas conversavam, Olívia deixou a cozinha com seu copo de vitamina.

— Será que ela nos xinga mentalmente? — questionou Zarina.

— Eu, não. Você, talvez.

— Credo, que sinceridade brutal é essa?

— Ué, foi você que votou nela.

Zarina riu.

— E votaria de novo se tivesse a chance. Eu, hein. Garota antipática. Azeda.

— Para com isso, se a Vivi te pega falando assim da nova melhor amiga dela, ela vai ficar com raiva de você — alertou Solene.

— Ai, nem me fala. Não tô gostando nada dessa aproximação delas.

— Conversa com ela depois. É melhor falar o que você sente em vez de guardar e deixar se transformar em ranço.

— Vou ver o que faço.

Área Externa da Casa - 09:12.

— Posso sentar aqui com vocês? Não gosto de comer sozinha, e os meninos ainda não acordaram — perguntou Olívia.

— Claro, senta aí — respondeu Helena.

— Como foi a primeira noite na suíte do síndico, Oli? — perguntou Viviana, beliscando seu enorme prato de banana amassada com leite em pó.

— Ah, foi perfeito. Aquela cama imensa e confortável e cheirosa.

Viviana e Helena riram.

— Também notei que eles lavam os cobertores da cama da suíte do síndico com um amaciante mega cheiroso — percebeu Viviana. — Os lençóis dos quartos menores não têm cheiro de nada.

— Tem cheiro de pano normal — disse Helena. — Tecido.

— Parece que é menos confortável dormir com um cobertor sem cheiro, né — disse Olívia. — Eu particularmente adoro dormir cheirosa. Passar perfume, hidratante... Menos desodorante, evito ao máximo dormir com desodorante. Não gosto da sensação.

— É, eu também não — concordou Viviana.

Helena discordou.

— Já eu sou o oposto, odeio dormir sem desodorante. Acordo com as axilas fedendo.

— Que assunto agradável pra se conversar enquanto comemos — pontuou Olívia, fazendo as duas gargalharem.

Cozinha - 09:15.

— Você está ouvindo essas risadas? — perguntou Zarina. — Até a Helena passou para o lado verde da força?

— Ih, parece que o seu exército está se desfazendo, Z — brincou Solene. — Vem, vamos comer lá no quarto. Pelo menos o café da manhã nós temos que ter em paz.

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