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(I). Prólogo: Todos guardam segredos

"Nunca é possível conhecer alguém de verdade. Ou confiar em alguém. Nunca é possível conhecer a si mesmo de verdade. As vezes, guardamos segredos até de nós mesmos." — Darcey Bell.

Lisa Manoban (Julho de 1985)

◦◦◦






Taegon é uma cidade no meio de muita terra batida e rodovias federais.

A maioria das pessoas se surpreende ao visitá-la pela primeira vez, e modéstia à parte, o que os moradores que residem lá dizem é quase verdade, tudo é intenso em Taegon, as flores florescem mais em Taegon, a comida é mais gostosa em Taegon, a neve é mais branca em Taegon e até as pessoas são mais agradáveis em Taegon. É uma cidade rodeada de serras — verdes no verão e salpicadas de branco no inverno — cheia de alojamentos universitários e margeada por estradas feitas de pedra.

É uma cidade progressista no auge dos anos 80 e tudo isso se deve a Universidade do Condado, uma das mais completas e disputadas do continente. Vários alunos se mudaram para lá na virada dos anos 70, e Taegon se tornou um recanto universitário.

Mas não se engane, não tem nada de surpreendente em uma cidade pequena no interior do país, no entanto, há algo de sedutor nela. Boa parte dessa fama se deve a "nova juventude", aos que cresceram assistindo Footloose jurando que não seriam uma versão dos pais caretas, prontos para revoluções, sexo e felicidades momentâneas.

Você vai encontrar um bar a cada esquina, adolescentes com suas canecas de cerveja para o alto, promíscuos e felizes, beijando, transando, cantando a plenos pulmões — ou o que resta dos pulmões afetados pelo cigarro —, garotas de minissaias, meias arrastão, cabelos armados e óculos coloridos na ponta do nariz. Garotos autoconfiantes, com calças cintura alta, enquanto passam a mão no topete muito bem arrumado para parecer desarrumado. Taegon está cheia deles, transbordam nas repúblicas e nos becos escuros, no rosto cheio de glitter e Bon Jovi no último volume na rádio.

Foi natural que um dos festivais musicais mais famosos do país fosse sediado lá: o Festival Divine.

Não era um paraíso? As únicas chamadas que os policiais recebiam eram para recolher algum universitário bêbado, brigas por trabalhos de conclusão de curso, música alta depois das dez, e vez ou outra um maluco que fugia do hospício local.

Até Jennie Kim matar cinco caras no verão de 1984.

A cidade nunca mais foi a mesma depois desse ocorrido, segundo o jornal que leio rapidamente enquanto espero o sinal abrir. Agora, o que eu vejo, é o fantasma de uma cidade que um dia foi próspera. O festival acabou, caso queiram saber, e nada nunca mais floresceu em canto algum, até o sol não parece tão disposto aquela manhã. E é claro, alguns caras parecem reclusos, mesmo um ano depois das mortes, com medo de existir uma nova versão de Jennie Kim cortando paus e enfiando estacas na testa de garotos desavisados, porque, sim, segundo consta o terceiro parágrafo do texto, foi exatamente isso que ela fez, e depois os pendurou como porcos no frigorífico.

É uma cidade de facetas, realmente. De pessoas na rua e canecas de cerveja, de manicômios judiciais e assassinatos cruéis.

Isso explica porque Taegon está cheia, hoje faz um ano e cinco meses desde o que ficou conhecido como o "Massacre de Divine" aconteceu. Um ano que Jennie Kim encontrou seu fim, em um manicômio judicial, há dez minutos do centro da cidade.

Assim que cruzo a interestadual vejo a placa na beira da estrada coberta por grama alta: "Taegon. 12.000 mil habitantes, seja bem vindo!", que algum espertinho pixou com os dizeres: "escondam seus paus", o que me faz balançar a cabeça em descrença. Encontro uma vaga para estacionar na via principal, em frente a alguns bares e perto de uma praça movimentada. Rosé atende a minha ligação no primeiro toque, e posso imaginá-la com uma mão na cintura e um pé apoiado na coxa, numa pose característica que sinto falta há quilômetros de distância.

Até que enfim você ligou! Pensei que tivesse se perdido, você sabe que não pode me deixar sem notícias por muito tempo. Estou hiperventilando até agora pela sua saída, sentimos falta de você, Luca, Louis e Lily estão chateados demais, não querem comer! Leo está ronronando o dia todo. Está feliz por deixá-los na mão? Que tipo de mãe você é?

— Rosé, os gatos vão ficar bem — suspiro. — Desculpe a demora, foi difícil  encontrar uma ficha de ligação para interurbano.

Meus jeans estão sujos de poeira como tudo ao meu redor, vermelho e sufocante. Alguns comércios aqui e ali parecerem bons. Em Taegon, onde quer que você vá há um bar disposto a lhe vender um copo de cerveja pela metade do preço. Meu opala azul está quase vermelho também, minhas botas batem no pneu traseiro numa forma de dissipar o estresse. Seguro a borda do orelhão, apertando a ficha que comprei para dez minutos de ligação que me custaram o olho da cara. Inconscientemente, espero que caia e interrompa a ligação.

E como é aí? — Sinto um misto de tensão e expectativa na voz dela.

— Normal. Uma cidade pequena e... normal. Um comerciante me disse que o Colônia fica a dez minutos de onde estou agora, chego lá antes do almoço.

Colônia... — Ela bufa, incrédula. — Até o nome desse hospício é bizarro, e você está indo trabalhar nesse fim de mundo cheio de gente doida presa e gente doida que acha que tá vivendo no filme "Curtindo a vida adoidado", e o pior: por escolha própria.

— Hospital psiquiátrico, Rosé.

Que se dane. Volte para casa, seremos só você e eu, melhores amigas enfrentando os males de Seul, recém formadas e dividindo o apartamento que papai comprou para mim, você, Luca, Louis, Lily e Leo.

Respiro fundo, puxando o máximo de ar que posso, até soltar tudo de uma vez e dizer:

— E viveríamos de quê? Só uma de nós duas tem dinheiro e não precisa se preocupar com contas como aluguel, água e luz. Tive sorte em conseguir um emprego aqui, você pode trabalhar na clínica do seu pai e ganhar um apartamento de presente, eu preciso conquistar as minhas coisas sozinha.

Num manicômio — ela rebate.

— Hospital psiquiátrico, seja mais respeitosa.

Que seja. Me mantenha informada.

Rosé desliga sem dar tchau, é meio que o nosso lance, quem desliga primeiro paga um lanche. Fico alguns segundos encarando o telefone antes de rumar para o carro novamente.

O centro está lotado de camelôs lutando com seus casacos de frio para vender bugigangas, pênis de borracha, punhais e mini homens esfaqueados. Os restaurantes colocam mesas até do lado de fora e alguns já estão com placas de "Almoço Esgotado". Dirijo devagar, saindo das ruas movimentadas e partindo para o meu mais novo lar e emprego, o Hospital Psiquiátrico do Condado ou, como todos chamam, o Colônia.

Ele parece um presídio, e realmente é um, criminosas famosas foram parar lá. A mulher que esquartejou o marido e deu de comer para os cachorros, a garota que roubou a arma do pai, levou para a escola e tirou a vida de 20 colegas de sala, e Jennie Kim, e sua façanha de matar cinco homens no porão da sua casa durante o Festival Divine.

O que me surpreende, assim que acho uma vaga para estacionar, é a comitiva de imprensa nos portões. Repórteres tentam tirar uma foto do lado de dentro, vans de emissoras de televisão tomam conta da entrada principal, jornalistas são maquiados às pressas, segurando grandes microfones e trajando ternos de ombreiras, em visível afobamento. Todos querem uma matéria especial sobre o massacre.

Desço do carro, abismada, e tento não chamar atenção enquanto ando no meio deles, pedindo licença baixinho como um mantra até conseguir um passe livre para conversar com o guarda.

— Sou a nova psicóloga contratada, Lisa Manoban.

O homem levanta uma sobrancelha, descrente. 

— Conta outra, gracinha. Só hoje ouvi essa umas vinte vezes.

— Mas é verdade! Deve ter alguma lista de entrada, olhe aí, por favor. Lisa Manoban — repito.

Ele pega a prancheta.

— Identidade? — Entrego em prontidão, com um sorriso no rosto para imitar a foto 3x4 no documento. O homem folhea os papéis com tanto tédio que acaba bocejando, alguns repórteres viram minha aproximação e começam a chegar mais perto. O bip soa na rádio do segurança e uma voz feminina surge:

— Pode deixá-la entrar.

Os portões se abrem para mim. Quase me sinto como Moisés.





[...]





A voz é da doutora Kim Jisoo, psiquiatra chefe do Colônia, mesmo que pareça uma garotinha vestindo o jaleco da mãe, uma franja não muito espessa e saltos altos. Ela sorri tão largo para mim e me abraça quando a encontro, que quase penso que já a conheci antes, que somos amigas que não se veem há muito tempo.

— Estávamos te esperando! Como foi a viagem, Lalisa?

— Lisa — corrijo —, cansativa, eu diria.

Ela me chama com um aceno e entramos nas instalações do prédio principal, dos três que circundam a propriedade. As árvores estão por todo o pátio, deve ser bonito na primavera, mas agora, no inverno, estão secas. Traz um ar de abandono, com seus galhos parecendo garras que balançam pela brisa, combinando com o prédio baixo de tijolos vermelhos.

— Quer guardar suas coisas no alojamento antes ou...? — ela pergunta.

— Posso guardar depois, estarão seguros no carro.

— Ótimo! Temos muito o que falar, prometo explicar o funcionamento e tirar todas as suas dúvidas! Não recebemos novatas há bastante tempo, mas precisávamos repor o quadro de psicólogas depois que a outra... bem... vamos, vamos! — Jisoo me apressa.

— O que aconteceu com a outra psicóloga? — Estou atrás da doutora, vendo seus cabelos brilhantes balançarem de lá para cá enquanto ela anda. Jisoo pára por alguns segundos e me olha por cima do ombro.

— Podemos conversar sobre isso depois! Agora, retire os brincos, colar, pulseira e prenda os cabelos.... — E tira um elástico do bolso, estendo-o um para mim. — As internas costumam puxar!

Amarro o cabelo e guardo o único cordão que tenho no bolso da calça. Caminhamos por mais alguns minutos, minhas mãos nervosas e a boca seca. O corredor é extenso, amarelo e estranhamente vazio.

— Por que há tantos repórteres lá fora?

— Estão fazendo um especial na televisão sobre o Massacre de Divine, a cidade transformou isso num ganha pão. — Ela suspira em reprovação. — Mas essa é uma conversa longa, vamos, vamos, entre! — Jisoo gesticula apressadamente para que um dos guardas abra a porta. Ela parece uma daquelas pessoas que vivem ligadas na tomada.

Entramos em uma sala ampla, e vários rostos olham para mim com uma curiosidade tão profunda que engulo em seco. O burburinho que permeia o ambiente cessa, tenho certeza que todos podem ouvir meu coração bater e ver o suor escorrer pela minha testa. As funcionárias são distintas pelos seus jalecos e as pacientes pelo macacão branco.

— Pessoal! Essa é a nova psicóloga! — Jisoo bate palmas e sua voz ecoa pela sala. Ela se vira para mim e sussurra com a mão na frente da boca. — Reunião mensal, depois explico. — E, então, continua. —  Deem boas vindas!

As funcionárias batem palmas, as internas continuam sentadas, cabelos sem pentear e olhares vagos. Estou atrás de Jisoo como uma menina se escondendo atrás da mãe, então me forço a falar algumas palavras:

— Obrigada... pela recepção — pigarreio. — Queria agradecer a oportunidade de trabalhar nesse hospital, é um sonho realizado... já que acabei de me formar. Espero que... — Meus olhos se fixam nela, na garota sentada na primeira fileira.

O macacão é grande e o corpo dela é pequeno demais, tão magro que as clavículas marcam a pele opaca e amarelada. Os cabelos castanhos estão desgrenhados, como se ninguém os penteasse há anos, e assim que ela ouve minha voz seus olhos vão até mim. Vejo total reconhecimento pelas íris quando ela sorri.

— Espero que... — murmuro de novo, presa a ela.

A menina baba, provavelmente um efeito colateral do coquetel de medicamentos, e o meu nome sai lento dos lábios dela, como uma pergunta: "Lalisa?", ela murmura e sorri, incrédula.

— E-eu...

Sinto as mãos de Jisoo nas minhas costas.

— Está tudo bem, você deve está tão cansada! — Ela ri, mas ninguém acompanha. — Dispensada por hoje, amanhã você começa, que tal? — E me dá um sorriso gentil.

O que me assusta é que, assim que o meu nome saiu dos lábios dela, o dela também passou a tomar a minha mente. Agora, eu tenho certeza que aquela garota é Jennie Kim, a assassina do Massacre do Divine, como eu tenho certeza do meu próprio rosto na frente do espelho.

Mas há um único problema, eu não conheço Jennie Kim.

Ou achava que não conhecia.



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E aí?! 👀 Estou um pouco nervosa, esse plot estava guardando desde os tempos que escrevia "Não conte nada a ninguém" e essa também será um thiller/suspense nos mesmos moldes.

A história será atualizada todas as segundas e quintas, e quero agradecer especialmente a Orniyoon  pela betagem maravilhosa. Ela corrigiu toda a história e ainda surtou muito comigo pelo whatsapp, visitem o perfil dessa garota fantástica. :)

E a  @jongineffects, por me ajudar com a escrita em muitos aspectos (é um cristal lapidado essa garota). É isso! Adentrem nos mistérios de Taegon e nos vemos daqui há alguns dias.

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