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"Tae!", Jeongguk disse de repente, a realização o atingindo quando deixou cair o nono caracol na cesta. Taehyung, que estava esculpindo um tubarão numa casca de coco na porta da cabana, meteu a cara para dentro e fitou Jeongguk.
"O que?"
"Tae, o ano virou", Jeongguk constatou tristemente, "o seu aniversário passou. Não comemoramos."
Como tinham esquecido disso? Como puderam esquecer o aniversário de Taehyung. Jeongguk sentiu vontade de chorar, não só porque tinham deixado passar uma data importante que eles sempre ficavam felizes em festejar, mas porque ele se perguntou, pela primeira vez, quantos caracóis mais ele colocaria naquela cesta.
Sentou ao lado de Taehyung, que estava pouco se importando com o fato de terem esquecido o próprio aniversário.
"Não fizemos bolo de areia nem cumprimos um desafio", Jeongguk lamentou. Era o ritual, em cada aniversário eles faziam um bolo de areia imenso e se desafiavam. No último aniversário de Jeongguk, Taehyung o desafiou a apostar corrida ao redor da ilha inteira. Jeongguk ganhou e Taehyung teve que se cobrir de lama e eles passaram o resto do dia correndo e pulando na praia, imundos, suados e exaustos.
"Está tudo bem, Gukie", ele terminou de polir a barbatana do tubarão e o entregou a Jeongguk com um sorriso orgulhoso. "E agora, o que você quer que eu faça? Que tal um... um peixe espada?"
Jeongguk olhou com carinho para a peça delicada. Ele a apertou na palma da mão, olhando para os dedos compridos e bonitos de Taehyung. Dedos calejados que teciam e amarravam e acariciavam. Dedos que protegiam, entrelaçados nos seus. Ele olhou para o rosto familiar de Taehyung, o sorriso gentil e seu peito doeu de afeto.
"Você tem dezenove anos agora", Jeongguk disse e Taehyung piscou, sem entender.
"Tenho. E daí?"
"Nada", Jeongguk fugiu o olhar para o horizonte mesclado de rosa e laranjado. As vezes ele sentia e falava coisas que não tinham cabimento, como becos sem saída. No fundo, ele sabia onde queria chegar, só não sabia como. "Quer dizer, quando chegamos aqui, você tinha realmente dez anos e eu nove?"
Taehyung o encarou, expressão ilegível.
"Eu não lembro, Gukie."
"Nem eu", Jeongguk admitiu, "Talvez tenhamos contado algum dia errado, ou esquecido de marcar um deles, e todos esses anos estamos comemorando as datas em dias errados e talvez você não tenha ainda dezenove e talvez ainda nem tenha passado o Natal."
"Não importa", Taehyung deu de ombros, mas Jeongguk o conhecia melhor que a ilha em si e notou o tremor em sua voz. "É a nossa ilha, o nosso tempo. Nós fazemos as regras"
Taehyung parecia tão forte e inatingível. Uma rocha, Jeongguk pensou. E ele mesmo era como aquele caracol que depositara na cesta, grudado à rocha dia e noite, esperando um futuro que jamais chegaria.
"Você disse que sentia medo, lá na gruta", Jeongguk sentiu o rosto arder, dedos nervosos rolando o pequeno tubarão para lá e para cá. Eles não tinham falado sobre o que acontecera na gruta e Jeongguk sondava o assunto com cuidado, "Mas você sente mesmo, Tae? Sente medo de alguma coisa?"
Taehyung olhou Jeongguk nos olhos, um olhar tão intenso e ardente que Jeongguk pensou que poderia entrar em chamas.
"Eu tenho medo do que eu sinto por você, porque parece maior que o céu e o mar inteiro e eu sou só um garoto, Jeongguk. Tenho medo de que um dia eu acorde e você tenha desaparecido. Tenho medo que essa ilha de algum modo te machuque. Tenho medo de pensar num dia depois de amanhã que não seja exatamente como o de hoje e o de ontem. De todo o resto eu não tenho medo, eu não me importo."
"Eu não vou desaparecer, Tae. Não tenho para onde ir", Jeongguk riu, mas Taehyung não. Os olhos dele ficaram úmidos fitando os de Jeongguk.
"Eu sei", Taehyung esfregou os olhos rudemente e pegou outro pedaço de coco seco. Começou a raspar a casca com a ponta da pedra afiada. "Vamos, diga o que você quer."
"Um pássaro."
🐚
Alguns dias depois, Jeongguk estava preguiçosamente sentado no tronco de um coqueiro debruçado na água. A maré estava cheia e os pés de Jeongguk tocavam a superfície transparente da água. Taehyung surgiu com nectarinas frescas, escalou o tronco e eles comeram em silêncio, rindo um para o outro de vez em quando. O sumo da fruta escorria pelo queixo de Jeongguk e pelos dedos de Taehyung. Eles se olhavam, bochechas ardendo na sombra das franjas compridas.
Taehyung ajeitou-se no tronco, coxas firmes sobre as de Jeongguk, panturrilhas enrodilhando as do garoto. Jeongguk deixou que ele se aproximasse, ainda que soubesse que havia intenção no gesto, no olhar de Taehyung saboreando a curva do lábio inferior de Jeongguk. O pé de Jeongguk se moveu na água num reflexo quando a boca de Taehyung tocou seu queixo. A respiração de ambos era mais baixa que o estalo das marolas na areia.
Jeongguk entreabriu a boca, coração disparando. Taehyung sorveu o sumo doce da nectarina no canto da boca de Jeongguk, e num deslizar delicado como o sol acomodando-se no mar atrás deles, os lábios se encontraram. Taehyung chupou o suco da fruta e lambeu a pele de Jeongguk, que suspirou, sobrecarregado de sensações.
O polegar de Taehyung pressionou a almofada do lábio de Jeongguk, experimentando a maciez com o tato, os rostos tão próximos que Jeongguk via a penugem aveludada no maxilar de Taehyung, onde a barba fina surgia. O polegar dele tinha um sabor salgado e ocre, Jeongguk o lambeu com a língua; ele exalou alto quando, no mesmo instante, a língua de Taehyung girou por seu lábio inferior e as pontas encostaram.
Jeongguk avançou, buscando a sensação eletrizante mais uma vez, Taehyung manteve a língua frouxamente presa entre os dentes e deixou Jeongguk chupá-la. Tinha gosto de nectarina e sal. Eles testaram os encaixes, percebendo como os lábios se moldavam e o contato das línguas causava calor em seus estômagos. Eles gemiam baixo, tornozelos roçando um no outro em busca de mais atrito, mais contato.
Era molhado e doce. As línguas fluíam na calidez das bocas e era muito excitante e maravilhoso. Taehyung beijava tocando Jeongguk com as mãos, acariciando, Jeongguk beijava com suspiros e murmúrios de satisfação. Logo, ambos descobriram que as sensações eram mais intensas se fechassem os olhos - podiam sentir melhor, era como uma magia que fazia o tempo parar e seus corpos abrirem como flores.
Eles se afastaram quando a maré estava alta o bastante para que uma onda contra o tronco do coqueiro respingasse em seus rostos.
Entorpecidos, eles migraram para a cabana, mas nessa noite nenhum deles saiu para acender a fogueira.
🐚
Jeongguk se perguntava se era possível que ele ainda estivesse delirando desde a febre alta. Ele acordava sendo tocado por Taehyung e eles roçavam as bocas e deixavam que a vontade de seus corpos os levassem até o ápice.
Um delírio febril.
Ele gostava de entrelaçar a língua na de Taehyung, era o gosto mais incrível que ele já provara, tão quente e escorregadio, mas não só isso. Ele descobriu que podia beijar e chupar Taehyung em outros lugares e era magnífico. A carne de Taehyung pintada de vermelho vivo, brilhando com saliva e as marcas dos dentes de Jeongguk; quando olhava para as nádegas redondas e firmes estampadas com as rosas carmesim de seus beijos, ele não sabia que existia esse tipo de beleza tão devastadora.
Com a boca, Jeongguk e Taehyung refizeram as descobertas que suas mãos haviam feito antes. Mapeando o corpo um do outro com os lábios. A sensação era diferente, mais intensa, especialmente em algumas regiões sensíveis. A pele deles tinha sabor de mar e sal. Taehyung gostava do cheiro de Jeongguk nas virilhas, gostava como o garoto arfava e ficava vermelho quando era chupado ali, e não existia limite.
Havia apenas uma ilha deserta fora de tempo e do espaço e dois corações inocentes sem culpa.
Por alguns dias, eles saíram da cabana só para coletar água e caçar peixes. Os lençóis sequer esfriavam. Se dependesse de Taehyung, eles nem mesmo comiam; era Jeongguk quem o convencia a irem nadar na água doce do lago, mas não demorou nada para que percebessem que fazer na água o que faziam na cama era ainda melhor. A água os deixava mais à vontade e eles descobriram que se beijar enquanto se aliviavam era o paraíso perfeito. Ambos se olhavam em adoração depois do êxtase, duas vezes mais intenso.
Jeongguk e Taehyung esqueceram de riscar os dias no calendário deles. Eles não sabiam quantos dias tinham se passado desde que Taehyung chupara o suco de nectarina no queixo de Jeongguk. Certa tarde, Jeongguk teve que sair correndo da cabana para amarrar as folhas de bananeira nos coqueiros e coletar água porque, enquanto a tempestade avançava sobre a ilha, ele estava gemendo na boca de Taehyung, o peso dele o comprimindo deliciosamente em fricções.
O delírio confundia Jeongguk e Taehyung. As horas e os dias eram medidos em borrões, não a manhã, a tarde ou a noite; a boca de Taehyung, o calor da pele dele, o sabor do prazer de Jeongguk, os sons que ele fazia. Jeongguk pintou o corpo de Taehyung com o suco vermelho das frutas proibidas. Desenhou luas e estrelas pelas coxas dele e navios piratas em seu peitoral. Jeongguk recriou toda a ilha e o universo na pele de Taehyung.
Numa noite em que eles uniram os membros e derramaram as seivas um na mão do outro na areia quente da praia, Taehyung encostou a testa na de Jeongguk, respiração irregular, pele suada, e murmurou à beira do sono:
"Seja a minha ilha, Jeonggukie."
"Como assim?", Jeongguk piscou preguiçosamente para o céu negro estrelado.
Taehyung arfou, lábios abertos roçando os de Jeongguk.
"Eu quero entrar em você e ser você até que você seja apenas eu, como fizemos com essa ilha. Nós a tomamos e tiramos tudo dela até a transformamos no que somos. Eu quero fazer isso com você", os dedos de Taehyung deslizaram pela coxa de Jeongguk e pelos quadris até encontrarem a rugosidade macia entre as nádegas.
Eles se encararam em choque. O coração de Jeongguk disparou, mal recuperado do prazer. Os olhos de Taehyung brilhavam tanto, ele nunca vira nada tão quente e doce. O maxilar dele era uma linha dura, espressão resoluta. Jeongguk separou as coxas e enlaçou as de Taehyung por trás, ambos os membros pulsando novamente conforme giravam as pélvis em círculos apertados uma na outra.
Os beijos ficaram mais molhados e confusos, e eles tiveram que parar e puxar o ar para dentro dos pulmões. Jeongguk fechou os olhos, o rugido do mar tremendo em seus ouvidos. Ardia como água do mar corroendo um machucado, mas as palmas quentes de Taehyung em suas bochechas o mantinham firme. Taehyung se movia como as ondas na tempestade, batendo com força contra Jeongguk e ele entendia agora o que Taehyung quis dizer. Aquela ilha não era coisa alguma antes deles. E eles não eram nada até agora.
Mas estavam se tornando.
🐚
Na manhã seguinte, Jeongguk acordou na cama e não se mexeu. Ele não lembrava de um dia na vida ter feito algo tão brusco que o deixasse inerte por tanto tempo. Mas assim como escalar coqueiros e as pedras da encosta, ele se acostumaria; era feito de músculos e carne flexível, acima de tudo, ele descobriu na noite anterior que ele e Taehyung eram feitos para encaixar. Então, era apenas certo.
De olhos semicerrados e sonolentos, Jeongguk ficou deitado a maior parte do dia. Taehyung lhe trouxe bananas, água de coco e peixe fresco recém assado. Depois, desceu uma trilha de beijos pela coluna de Jeongguk e o lambeu ternamente entre as nádegas, como faziam quando se machucavam e lambiam as feridas para que a saliva as curasse. Taehyung deixou o pequeno pássaro esculpido na casca de coco ao lado da mão de Jeongguk e roçou o nariz por sua nuca. Jeongguk pegou no sono olhando para as asas farpadas do pássaro.
🐚
"Macaquinho", Jeongguk disse de repente. Estavam nadando no lago outra vez, após terem entupido a barriga de frutas e peixe e raspado os cocos como animais famintos.
Taehyung em suas costas, braços compridos e dourados o envolvendo nos ombros.
"Hã?"
"Macaquinho, Taetae. Seus braços são compridos como os de um macaquinho me abraçando."
Taehyung riu em seu pescoço. Eles se desgrudaram para saltar das pedras, rodopiando no ar e espalhando água para todos os lados. Gargalharam e se machucaram na brincadeira, como sempre, a diferença é que, dessa vez, nenhum dos dois se importou.
Quando voltaram a se abraçar, foi de frente, os olhares ficando sérios e quentes e os dois sabiam o que queriam. Jeongguk nadou com Taehyung para a gruta e deslizou as pernas ao redor dos quadris dele. Ele arfou, Taehyung chiou ao deslizar suavemente para dentro, segurando-o pelas nádegas e indo mais fundo que da primeira vez.
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Depois da chuva o ar ficava eletrizado. Taehyung gostava do cheiro da areia úmida e das folhas molhadas. O mar ficava agitado e turvo, mas o azul que surgia no céu quando as nuvens se afastavam era profundo, claro e brilhante. Uma vez Taehyung tentou dar nomes para os tons de azul do céu e do mar - eles eram diferentes de acordo com a hora do dia e da variação do tempo. Azul algodão doce, azul lágrima, azul gelo, azul chumbo, azul noite, azul água viva. Era azul lágrima hoje, por causa do fundo acinzentado do mar.
Essa manhã Taehyung acordara e escalara a encosta até o ponto mais alto da ilha. Fazia algum tempo que ele não ia até ali e olhava para o horizonte, quando era criança, passava o dia todo sentado na beira do penhasco, esperando que algo surgisse na linha entre o céu e o mar. Nunca surgia e, aos poucos, ele deixou de ir até ali.
Foi no dia em que Jeongguk disse que ele já tinha dezenove anos. Dezenove. Quantas centenas de dias eles estavam ali? Não tinham achado nenhum tesouro, nenhum pirata veio para lutar com eles. Taehyung voltou a escalar o penhasco, seus pés o levando pela antiga trilha pisada na grama, e desde então ele subia todos os dias, olhando para o horizonte sem entender o que era a sensação de agonia que sentia, como se precisasse fazer algo, alguma coisa que mudasse tudo. Algo tinha que acontecer, porque ele e Jeongguk não eram mais os mesmos, a ilha não era mais a mesma, ela se tornara, de algum modo, pequena, sufocante.
Em pé no alto do penhasco, ele viu Jeongguk andando pela praia, catando conchas. Um calor doce preencheu o estômago de Taehyung enquanto o olhava. Tinha vezes em que realmente achava que estavam doentes, que iam morrer, mas não era um sentimento ruim. Era bom, tão bom que o fazia querer desintegrar. Quando se unia a Jeongguk, taehyung pensava que certamente estava morrendo, como se todas as estrelas do céu migrassem para o seu peito e explodissem num único sol em chamas, mas então ele jamais fora tão completo.
Observou Jeongguk catando conchas até que a quentura do dia ficasse forte demais, então ele parou e olhou para o mar sem ondas, ombros cedendo. Ficou imóvel por um instante, então começou a atirar com raiva as conchas no mar. Ele berrou para o horizonte deserto, um rugido dolorido e partido.
Taehyung suspirou, sabendo como Jeongguk se sentia. Algo deveria ser feito, e era Taehyung quem tinha que fazer.
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"Eu tenho medo", Jeongguk disse, chorando no ombro de Taehyung enquanto eles sentavam na beira da fogueira, a noite um breu ao redor deles. "Tenho medo de não conseguirmos, Taehyung."
"Eu também tenho", Taehyung murmurou, beijando os cabelos bagunçados de Jeongguk, "Mas vamos enlouquecer se ficarmos, Jeonggukie."
"O que mudou?", Jeonguk ergueu a cabeça e olhou taehyung, olhos cheios de lágrimas inocentes, a ponta do nariz vermelha e inchada. Taehyung o beijou e limpou as lágrimas do garoto, "Eu não entendo porque estamos com tanta raiva da ilha, ela sempre foi a nossa casa."
"Porque a nossa casa agora somos nós dois", Taehyung sussurrou, lábios estalando de leve nos de Jeongguk, "E nós dois somos muito maiores que a ilha. Não cabemos mais nela, temos que ir embora agora."
Jeongguk assentiu, magoado.
Eles foram dormir chorando, abraçados como quando eram crianças e tinham medo do dia seguinte, porque o dia seguinte podia significar que estariam mortos.
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Taehyung e Jeongguk tentaram construir uma jangada amarrando bambus e cipó, os nós tão apertados que custaram a ambos uma coleção de calos, bolhas e arranhões nos pulsos. Foi exaustivo e decepcionante; Jeongguk testou a segurança da jangada, saindo com ela para pescar com sua lança, mas era difícil passar pela força das ondas quando elas se precipitavam acima do banco de areia e ele acabou sendo empurrado para o fundo do mar. Os bambus foram atirados em pedaços soltos na praia, como se o mar fosse um leão feroz cuspindo uma refeição ruim aos pés deles.
"Precisamos de uma vela", Jeongguk pensou, mastigando hortelã e reparando num Taehyung abatido esvicerando peixes, "Vai ser difícil passar pelas ondas sem uma força contrária.
"As roupas", ele disse e Jeongguk concordou.
"Era no que eu estava pensando", ele levantou e entrou na cabana. Em seguida, saiu com os casacos e pedaços de pano de roupas que eles usaram durante anos como cobertor e colchão por cima das folhas de bananeira. Entreolharam-se, compartilhando a dor de desmembrar o que fora o lar deles por tanto tempo.
Sem mais uma palavra, Jeongguk sentiu na areia ao lado de Taehyung e começou a dar nós nas extremidades dos panos.
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Sentaram no coqueiro envergado, Taehyung apoiado no peito de Jeongguk, as cabeças olhando para a construção torta que eles ousaram chamar de barco. Não passava de um arremedo do que deveria ser de fato um pequeno barco, bambus e cipó e a vela que Jeongguk amarrara da melhor forma que pode na haste flexível. Eles olhavam para as ondas precipitando no horizonte, imensas e espumosas, e toda a coragem ia embora.
"Nunca vamos conseguir sair daqui nisso", Jeongguk disse.
"Pense pelo lado positivo", Taehyung sorriu, "Se formos jogados no mar, a correnteza nos traz de volta para cá. Não pode ficar pior do que está."
"Podemos ser comidos por um tubarão."
Ficaram em silêncio.
"Vamos nadar", Taehyung propôs, o que agora era um código meio que de comum acordo para se beijarem e se darem prazer. Jeongguk aceitou na mesma hora.
🐚
Levou algum tempo para se acostumarem com a ideia de partir; Taehyung aceitou mais rápido, talvez porque sempre tivesse visto o mar aberto como a possibilidade de uma aventura infinita. Ele não mentira para Jeongguk, não tinha medo do desconhecido, nem mesmo de morrer, seu único medo era o desconhecido sem Jeongguk, a solidão de um universo sem ele o desesperava.
Na noite anterior ao dia da partida, deitados na cama agora sem o conforto dos panos, taehyung disse:
"Você quer levar alguma coisa?"
Jeongguk pensou.
"Será melhor não levarmos nada. O peso pode atrapalhar."
"Se deixarmos aqui, estará perdido de qualquer forma. Você pode levar alguma coisa, se quiser, algo que valha à pena."
Nessa noite eles fizeram amor tantas vezes quanto aguentavam, Taehyung investindo em Jeongguk quase com violência e o beijando de forma sedenta, e quando eles já estavam cansados demais, Jeongguk montou em Taehyung e o olhou de cima, lágrimas de prazer nos olhos arregalados. Queria dizer coisas para Taehyung, tantas coisas, mas sua garganta estava fechada e sua língua, pastosa. Então ele montou e montou em Taehyung chamando-o alto, movendo-se em círculos no sexo duro enterrado em si até encontrar o lugar certo em que tudo se desfazia e virava tremor. A sensação de que Taehyung o enchia tanto e tanto que ele não pudesse suportar era delirante. No alto do clímax, Jeongguk olhou para baixo, gemendo um único som suplicante, e viu Taehyung de boca aberta, testa franzida, expressão perdida. Jeongguk sentiu o calor da seiva de Taehyung se espalhando em seu interior, a onda quente atingindo-o na base da coluna e ele ronronou, o próprio sêmen melando o peito dourado de Taehyung.
Era quase dia no momento em que ambos fecharam os olhos, cansados e satisfeitos. Jeongguk cochilou, mas acordou com o pensamento alarmante de que não podia deixar para trás uma coisa, uma única coisa.
Ele saiu da cama e foi até a pequena caixa de jóias da mãe de Taehyung, onde Jeongguk guardava a coleção de colares e pulseiras de pérolas que Taehyung fizera e todas as miniaturas que ele esculpira em casca de coco. Jeongguk olhou para os colares, inclusive para o mais lindo de todos, cujas pérolas eram tão redondas e perfeitas como gotas de orvalho. Fora este o colar que Taehyung lhe dera quando adoeceu, realmente uma obra prima. Havia também um todo de pérolas negras e outro com pérolas e conchas coloridas laranjadas. Jeongguk os olhou com pena, porque foram os dedos de seu Taehyung que os tecera com tanto cuidado. Gostaria de poder levar todos, mas pegou apenas o que Taehyung lhe dera de presente como o sacrifício do guerreiro, então afastou o embolo de colares e pulseiras, os dedos envolvendo com cuidado o pequeno pássaro esfarrapado no fundo da caixa. Amarrou o pássaro num fio de cipó e o colocou em torno do pescoço, junto com o colar. Voltou para a cama.
Era tudo que levaria da ilha.
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espero que tenham gostado :)
o próximo capítulo será o último
usem a #paradisebluetk para comentar a fic
até ❤️
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