Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

d o i s

estou um pouco tristinha, decidi postar o capítulo pra receber carinho de vcs 🥺 por favor relevem os erros, estou viajando escrevendo pelo celular
boa leitura!

------------

Nenhum deles soube dizer quando brincar de caça ao tesouro deixou de ser tão legal. Os dias passavam e eles desistiram de contá-los. Semanas. Meses. Anos. Não fazia mais diferença. Taehyung e Jeongguk cortavam os cabelos e as unhas da melhor forma que podiam com a tesoura da babá. As roupas de criança foram deixando de caber, e eles tiveram que considerar aproveitar as roupas das mães, rasgando blusas, lenços e calças para fazer tangas e blusões. Eram coisas que eles aprenderam que deviam conservar como tesouros, porque não sabiam mais viver sem - a tesoura, o kit de costura, a lança e a fivela de cinto que, de tanto Taehyung afiar nas pedras, acabou realmente se tornando um minúsculo canivete.

Cumprindo o que prometera para Taehyung, Jeongguk tornou-se um bom construtor. Ele era bom em dar nós fortes porque seus punhos tinham força, seus dedos tinham juntas largas e seus braços desenvolviam músculos depressa. Ele era bom em formar ângulos e encontrar as melhores soluções e então eles tinham realmente uma cabana, uma boa cabana funcional que resistia às tempestades. Taehyung tinha criatividade o bastante para inventar as melhores histórias de piratas e ele até mesmo pintou um quadro com pigmentos naturais que coletou pela ilha, usando frutas e seiva das árvores e tecidos. Ele adornava coroas de flores para Jeongguk, entremeava folhas de capim e fazia pulseira e tornozeleiras e foi ele também que descobriu que não precisavam de pasta de dente se comessem apenas alimentos crus e sem tempero ou açúcar e mascassem folhas de hortelã. Então, ele vivia mascando hortelã e oferecendo hortelã para Jeongguk.

Estava quente, Taehyung podia dizer que ia chover. O vento estava parado e as nuvens mal corriam no céu. Uma tempestade se aproximava. Normalmente, ele teria se apressado para amarrar as cortinas e as janelas da cabana e verificar se as folhas de bananeira estavam prontas para coletar água, mas dessa vez ele só ficou ali, estatelado na sombra olhando Jeongguk em pé na beira da água, a lança erguida no ar pronta para cravar.

Ele fazia isso com tanta facilidade. Taehyung achava bonito. O movimento brutal em que o braço de Jeongguk descia, a força de suas pernas compridas e nuas flexionando quando ele se agachava para pegar o peixe e trazê-lo, o modo como o sol dourava a pele de suas costas largas. A pele deles acostumara com o sol e já tinha um tom naturalmente bronzeado, a de Jeongguk um tom de pêssego claro, a de Taehyung um caramelo vibrante.

Jeongguk tinha uma estrutura corporal bonita, Taehyung achava. Aqueles anos todos na ilha, subindo e descendo encosta, trabalhando e comendo apenas o essencial tornara-o magro, os músculos definidos esticando a pele lisa. Ele quase não tinha pelos, diferente de Taehyung, cuja penugem nas canelas, assim como os cabelos, eram dourados de sol. Taehyung sorriu - ele mesmo fazia tudo que Jeongguk fazia, mas não tinha aqueles músculos. Taehyung era apenas carne túrgida e flexível sem uma grama de gordura.

Taehyung mastigou o hortelã, observando Jeongguk inclinar-se sobre o espelho de água, fincar a lança e erguê-la com o peixe sacudindo na ponta. Ele retirou o peixe e o atirou na areia, e então caminhou em outra direção, procurando outra parte rasa para caçar. Usava apenas uma tanga justa cobrindo o sexo, os músculos das nádegas contraindo conforme ele caminhava para longe, ombros largos e cintura estreita.

Taehyung não sabia ao certo o que estava acontecendo. Fazia algum tempo que tudo parecia diferente, mesmo que a rotina deles fosse igual: acordar, caçar, comer, dormir, caçar, dormir, tomar banho, andar, comer, dormir... De alguma forma, ele estava mais consciente de Jeongguk. Os barulhos que ele fazia dormindo, o cheiro dele, detalhes que ele nunca tinha dado a menor importância, como por exemplo, o timbre da voz dele. A melodia de sua risada. A forma como seu nariz enrugava em cima quando ele ria, e os dentes da frente, maiores e fofos como dentes de coelho. Às vezes, Taehyung acordava de noite e se pegava olhando para o rosto de Jeongguk, como foi que o maxilar dele tornou-se tão afiado? E porque agora ele ficava tão fascinado com cada ângulo do garoto, a orelha perfeita, o nariz grande e bonito na ponta, as pintas, a boca... Ele desenhava a boca de Jeongguk na areia, arcos macios e cheios.

Taehyung se perguntava como era possível que, sem que ele percebesse, Jeongguk tornou-se a ilha inteira. Não mais tesouros e piratas e estrelas; o que ocupava sua mente era Jeongguk.

Taehyung cochilou na sombra. Quando acordou, Jeongguk estava saindo da cabana, sem a lança, mãos sujas de sangue.

"Tae", ele disse, "venha, vamos nadar."

Taehyung levantou e eles caminharam juntos pelo mato até a lagoa. Sem dizer nada, tiraram as tangas e pularam na água; Jeongguk como sempre fazendo disso um show com piruetas e saltos mortais do alto da pedra. Ele riram e nadaram, pendurando-se nas costas um do outro. Competiram para ver quem atravessava o lago todo mais rápido. Taehyung sempre ganhava, tinha os ombros e o peitoral mais largos, mas não podia dizer que era uma vitória fácil. Cada dia que passava Jeongguk ficava mais forte e era mais difícil manter a vantagem.

"Eu vou ganhar de você um dia", Jeongguk disse, a autoestima nem um pouco abalada. "E aí você vai ter que me dar algo seu, é o sacrifício do guerreiro."

"Você está inventando isso agora", Taehyung protestou, mas estava rindo.

"E daí? Quem vai dizer que não?"

Taehyung o encarou, incrédulo e divertido. Jeongguk tornara-se um garoto descarado e Taehyung gostava disso, era surpreendente e eles nunca tinham dias monótonos.

"Tudo bem, o que você quer meu?"

"Hmm", Jeongguk fingiu fazer força para pensar, o indicador cutucando o queixo. "O colar de pérolas que você fez."

"O que? Nem pensar! Deu trabalho fazer aquele colar, e catar as pérolas no mar, ele é minha maior obra de arte! Não vou dar a você, seu ladrãozinho de araque!", ele jogou água na cara de Jeongguk, que revidou, e então estavam os dois numa briga falsa, embora agora já não fosse tão falsa quanto quando eram crianças. Agora, as brincadeiras envolviam músculos e força bruta. Eles jamais se machucavam de propósito, no entanto, mas era quase sempre certo que não dosassem a força, como agora.

Taehyung chiou quando Jeongguk o apertou no braço com força, a risada morrendo e dando lugar a uma careta de dor. Ele empurrou Jeongguk com um bico contrariado.

"Ai, Jeongguk-ah! Que droga, você não sabe mais brincar sem me machucar! Vai me deixar roxo de novo!", ele se afastou, deixando para trás um Jeongguk surpreso e confuso.

"Tae, me desculpa", ele nadou perseguindo Taehyung até puxá-lo para si pela cintura. Taehyung esperneou, mas era assustadoramente difícil lutar contra Jeongguk. Ele não sabia dizer o que isso o causava, a sensação da força do garoto o sobrepujando, ele queria ficar irritado, mas junto à irritação vinha uma sensação esquisita de vulnerabilidade e satisfação. Como se Jeongguk não o apertasse forte o bastante ou em lugares o suficiente, não tinha sentido e o confundia. "Tae, ei, me desculpa, eu achei que era uma brincadeira."

Jeongguk tentou fazer cócegas nas costelas de Taehyung, como faziam quando brigavam e queriam fazer as pazes, mas a pele inteira de Taehyung estava sensível com a proximidade alarmante do corpo de Jeongguk e ele ofegou em vez de rir, o que era só outra coisa esquisita. Eles dormiam juntos, tinham contato físico sempre, então porque agora Taehyung se sentia todo eletrizado quando Jeongguk o tocava assim? Quando Jeongguk falava com ele assim, tão perto, tão manhoso.

"E era!", Taehyung rosnou. Jeongguk o soltou e se afastou porque, tanto quanto a força bruta de Jeongguk assustava, a voz raivosa e grossa de Taehyung intimidava Jeongguk como um rugido felino. "Era, até você estragar tudo, porque você está ficando chato, Jeongguk, chato e irritante como um adulto. Você está ficando adulto, é isso!"

Jeongguk piscou, olhos marejados pela ofensa. Taehyung saiu da água e vestiu a tanga depressa, sentando na pedra em seguida. Sua expressão fechada era terrível para Jeongguk, que não estava acostumado com o humor azedo de Taehyung. Eles brincavam e riam juntos, mas quando brigavam Jeongguk nunca sabia como se redimir.

"Por que está me machucando assim?", murmurou, ofendido. Taehyung jamais dissera tal coisa, que ele era um adulto. Ele não era. Eles tinham prometido que jamais seriam.

"Porque é verdade", Taehyung riscou a pedra com outra pedra, desenhando um J. "Você está até falando diferente, com uma voz grossa. E você agora ronca. Só adultos roncam."

"A sua voz também está grossa", Jeongguk acusou suavemente, corando, "E eu não ronco."

Taehyung deu de ombros.

"Eu sei lá.Você está estranho."

"Você também."

Taehyung o encarou. Jeongguk realmente parecia magoado e perdido no meio do lago, ombros largos e expressão infantil no olhar choroso. Taehyung levantou e atirou a pedrinha longe depois de riscar o J até fazê-lo sumir num embolo de rabiscos.

"Que conversa mais idiota."

"Taehyungie!", Jeongguk berrou, chocado com o fato de que o garoto estava mesmo aborrecido consigo. Nadou para a beira do lago e saiu, vestindo a tanga aos tropeços na pressa de alcançar Taehyung. A tanga engatou em seu calcanhar e ele caiu de lado na terra, aborrecido. Houve um tempo em que Jeongguk questionou a razão pela qual insistiam em usar essas roupas precárias tapando o sexo, eram só eles dois na ilha e tinham a mesma coisa entre as pernas. No entanto, na vez em que tentaram passar uma noite completamente nus, acordaram com os sacos cheios de picadas de mosquito e alergias insuportáveis nas virilhas. "Não acredito que vai ficar aborrecido comigo sem motivo nenhum! Eu não fiz nada!"

"Você fez!", Taehyung berrou grosso. "E pare de ficar me tocando, toda vez agora é isso, um hematoma e essas... reações estúpidas..."

"Que reações? Taehyung...", Jeongguk quase escorregou numa pedra na correria para chegar até a praia, por onde Taehyung já andava em direção à cabana. Ele não entendia o que estava acontecendo, sempre fora fácil estar com Taehyung, divertido, engraçado, e agora parecia a Jeongguk que ele era um desajeitado que estava sempre machucando Taehyung e colocando as mãos nos lugares errados, o que era tão, tão idiota! Taehyung era Taehyung, era certo tocá-lo, cada dia mais certo.

"Pare de me seguir", Taehyung virou-se de repente e empurrou o peitoral de Jeongguk. Ele cambaleou, estarrecido. Taehyung o empurrou. Seu Taehyung. E, como se não bastasse, Taehyung parecia à beira das lágrimas, os olhos raivosos e punhos fechados com força, bochechas coradas pela fúria. "Eu não sei o que você fez, jeongguk, mas tem algo errado com você, muito errado e eu não estou gostando disso! Pare de fazer essas coisas comigo e saia da minha cabeça!"

"Do que você está falando?"

"Eu sei que tem bruxas na ilha", Taehyung confessou. "Eu vi você indo até aquele altar horrível uma vez, você achou que eu não ia descobrir?"

Os olhos de Jeongguk arregalaram. Ele tinha mesmo descoberto uma coisa horrível na ilha, uns dias atrás, uma espécie de altar com uma pedra de oferenda, do tipo que ele via nos livros de história quando criança, que os Maias, Astecas e Incas usavam para sacrificar pessoas e animais. Jeongguk ficou tão horrorizado que decidiu nunca mais voltar naquele lugar e muito menos contar sobre ele a Taehyung.

"Eu segui você naquele dia, porque eu queria te dar um susto", Taehyung disse. A brisa do mar agitava os cabelos avelã dele, espalhando-os sobre os olhos chorosos e tudo que o coração de Jeongguk pedia era para abraçá-lo, uma necessidade nova e impulsiva que ele conteve. "E eu acho que foi lá que você mudou, você está enfeitiçado e tudo está errado! Então vá embora e só volte quando conseguir se livrar desse feitiço!"

Taehyung entrou na cabana e fechou a portinha feita de bambu. Jeongguk piscou, atônito, tentando achar sentido nas palavras de Taehyung e, de fato, havia. Realmente, ele tinha que admitir que as coisas estavam estranhas entre eles. Como no dia em que estavam nadando juntos no lago, Taehyung agarrado em suas costas num abraço de coala e de repente o atrito entre as peles naus e quentes e molhadas fez Jeongguk sentir uma energia diferente acumulando no pé da barriga. As pernas de Taehyung estavam em volta de sua cintura, apertando-o, e todo o peitoral dele estava apoiado em suas costas. Taehyung dizia alguma coisa sobre Jeongguk levá-lo até a gruta, as palavras roçando a orelha de Jeongguk e um calor percorreu sua espinha dorsal. Mas isso nem foi o mais louco.

O insano, o que fez Jeongguk ter certeza de que estava doente, foi o que aconteceu em seguida. A latência quente em seu sexo, a sensação de algo acumulando e acumulando e pesando entre suas pernas, e ele mal conseguia respirar ou pensar. Ele afastou Taehyung meio bruscamente, agarrando os joelhos do garoto e o empurrando para trás.

"Jeongguk, o que foi?",

"Não sei, acho que não estou bem."

"Foram as bananas, eu aposto. Você comeu elas verdes, seu esfomeado!", Taehyung riu e jogou água na cara de Jeongguk, que riu sem graça. Taehyung saiu da água e acenou para Jeongguk vir também, mas ele não podia, não enquanto a coisa pulsante entre suas pernas doesse, pedindo algo que Jeongguk não sabia o que era. Ele nadou e se escondeu na gruta, murmurando algo aleatório e, por sorte, Taehyung não insistiu em esperá-lo.

Nesse dia, Jeongguk ficou quase uma hora na gruta, assustado, atormentado, sem entender o que havia de errado com seu corpo. Ele devia estar doente, muito doente, talvez fosse morrer.

Isso aconteceu muito antes de ter encontrado o altar, mas como ia explicar a taehyung que ele já tinha sido contaminado e não tinha nada a ver com o altar? Talvez fosse melhor deixá-lo acreditando nisso, não havia um modo de explicar o quão estranho era o que aconteceu com Jeongguk por causa de Taehyung.

"Está bem", ele disse para porta fechada em sua cara, apanhando a lança apoiada na parte externa da cabana. "E-eu vou tentar consertar isso, Taetae."

Acontece que Jeongguk não sabia o que fazer. Ele voltou ao altar, quebrando a promessa que fizera para si mesmo de que não retornaria àquele lugar macabro, mas talvez, se um dia algum Deus foi adorado ali, quem sabe o ouvisse? Ele chorou, e fez uma oração. Pediu para que se curasse e que as coisas voltassem a ser como eram antes com Taehyung. Eles só tinham um ao outro.

"Além disso, Deus", Jeongguk murmurou, ajoelhado diante do altar coberto de mato e hera, "Se eu morrer, o Tae fica sozinho. Ele não pode ficar sozinho, eu sou o Wilson dele. Quem vai cuidar dele se eu morrer, Deus?"

Um monte de coisas passava pela cabeça de Jeongguk, a pior delas sendo um cenário em que Taehyung ficava tão sozinho que enlouquecia. Isso só fez Jeongguk sentir uma dor tão grande no peito que chorou de soluçar, como uma criança. Ele orou e orou e tomou um susto ao ouvir o trovão caindo no norte da ilha, sacudindo a terra. Jeongguk correu para a praia e viu a tempestade já formada bem em cima da ilha. Correu para a cabana, a chuva o mordendo nos calcanhares. Parou diante da porta e bateu.

"Tae! Me deixe entrar, vai chover!"

"Jeongguk, você está curado?", a voz de Taehyung estava alarmada.

"Eu não sei, eu..."

De repente, a porta foi aberta. Eles se encararam. Jeongguk engoliu em seco, sem saber o que dizer, mas Taehyung o devorou com o olhar intenso, respiração ofegante. Jeongguk sentiu-se arder debaixo daquele olhar que percorria seu rosto, boca, ombros, peito, abdômen... até se fecharem antes de irem longe demais. Taehyung suspirou.

"Você ainda está doente, Jeongguk. Eu ainda sinto que tem algo errado em você. Não posso deixá-lo entrar."

Jeongguk assentiu, sabendo que Taehyung tinha razão. Para Tae, era um feitiço, para Jeongguk, uma doença, mas não fazia diferença no fim das contas. Ele não queria colocar Taehyung em risco.

Taehyung fechou a porta e Jeongguk sentou do lado de fora da cabana. A chuva caiu com força.

🐚

Eles se evitaram no dia seguinte. Mas, no final do dia, quando Taehyung voltou da floresta com frutas frescas, olhou na direção da praia a estranhou não ver Jeongguk acendendo uma fogueira. Ele era sempre tão agitado, procurando mil coisas para fazer. Então, quando entrou na cabana, viu Jeongguk na cama, enrolado nas cobertas, respiração superficial.

"O que você tem?"

Jeongguk não respondeu. Taehyung deixou as frutas na mesa e subiu na cama. Jeongguk estava enrodilhado, rosto abafado no casaco de peles da mãe de Taehyung, que eles usavam como travesseiro. Suas costas subiam e desciam devagar, como se ele estivesse dormindo profundamente. Taehyung saiu da cama e ajoelhou do outro lado, afastou as mechas de cabelo negro de Jeongguk e viu as bochechas coradas do garoto, sentiu a pele quente emanando um calor excessivo.

"Gukie?", Taehyung o sacudiu, mas Jeongguk não acordou. "Gukie, pare de brincadeira, isso nem tem graça."

Jeongguk suspirou profundamente e choramingou algo inaudível.

"Por que você está tão quente assim?", Taehyung tentou arrancar as cobertas de cima do corpo de Jeongguk, mas estavam enroladas por baixo dele. "Vamos, levante, não é hora de dormir ainda. Vamos acender a fogueira, hm?

Jeongguk mal se moveu. Taehyung olhou ao redor, desesperado. E se o feitiço tivesse piorado? E se, quando mandou Jeongguk voltar no altar para ser curado, o feitiço só ficou ainda mais forte e agora ele estava morrendo? Ele não tinha ideia do que fazer, ele não podia perder Jeongguk, só a ideia disso era pior que perder um braço ou uma perna.

Taehyung agiu por instinto, como sua mãe o tratava quando ele adoecia, dizendo que precisava fortalecer o corpo para lutar contra a doença. Parecia ter sido em outra vida. Virou Jeongguk na cama com dificuldade, então cortou frutas e, com cuidado e paciência, apoio a cabeça de Jeongguk em seu colo e o instigou a mastigar pedacinho por pedacinho. Jeongguk engoliu com dificuldade, o calor que emanava de seu corpo era tão forte que Taehyung se perguntou se o garoto podia entrar em combustão. As bochechas de Jeongguk estavam vermelhas e os lábios ressecados, então Taehyung passou horas e horas molhando-os com água, chorando e se desculpando por ter sido tão idiota.

"Eu sinto tanto, Gukie. Eu não fui bom para você, eu deixei você voltar naquele lugar ruim e agora estamos sendo castigados. Eu não me importo se você me passar a maldição, está tudo bem, apenas resista e fique comigo, por favor."

Ele não disse, mas naquela noite, chorando e velando o sono inquieto de Jeongguk, Taehyung teve certeza de que preferia morrer com Jeongguk a viver sem ele.

🐚

Foram dois dias inteiros. Dois dias em que Taehyung fazia de tudo para reanimar Jeongguk, dava água, comida e até mesmo limpava o suor que brotava em profusão da testa do garoto. Ele implorava carinhosamente para que Jeongguk ficasse bom e prometia que nunca mais ia brigar com ele, nunca mais. Ele roçava o nariz pelo pescoço de Jeongguk, murmurando palavras doces e tocando-o com cuidado e afeto.

No terceiro dia, Jeongguk acordou sentindo-se revigorado. Estava sozinho na cama, a claridade da manhã entrava pela janela, o entrelaçado de bambus que a cobria recolhido e deixando passar o cheiro do mar e o som das ondas na praia. Ele esticou as pernas e, quando moveu a mão para afastar a franja comprida dos olhos, encontrou o lindo colar de pérolas que Taehyung fizera embolado na palma de sua mão. Jeongguk o olhou, sorrindo. A luz refletiu nas pequenas contas peroladas, formando reflexos multicoloridos.

Ele levantou da cama e saiu da cabana. Taehyung estava na praia, distante, a lança de Jeongguk na mão. Ele não era tão bom quanto Jeongguk em caçar peixes, não tinha a mesma paciência, mas eles nunca passavam fome.

"Obrigado, Taetae."

Taehyung virou-se e viu Jeongguk de pé na areia, expressão dócil; seu coração saltou. Jeongguk levou a mão ao peito e segurou o colar de pérolas, uma sobrancelha arteira sumindo debaixo da franja.

"Vou entender isso como o sacrifício do guerreiro."

"Eu fui ao altar e jurei que faria mais dez colares de pérolas para o Deus deles se você curasse", Taehyung confessou, sem fôlego.

Jeongguk piscou, abismado.

"Funcionou!

Taehyung sorriu, a boca esticando num retângulo perfeito.

"Ficou bonito em você."

Eles se olharam, corando, sem saber como seria agora. A única coisa que ambos sabiam é que não queriam mais falar sobre o altar, a maldição ou a briga. Então, eles se olharam e olharam, conectados por tudo que não sabiam como falar, e foi quando um peixe passou entre os pés de Taehyung, sobressaltando-o.

"Ah, droga, perdi um!"

"Você é horrível nisso", Jeongguk revirou os olhos.

"Devolva meu colar", Taehyung abandonou a caça, jogou a lança na praia e caminhou para cima de Jeongguk.

"Não, Tae, é o sacrifício do guerreiro! Você jurou para o Deus da tribo dos Invisíveis!"

"Devolva agora, seu cabeça de sardinha!"

Jeongguk correu e Taehyung o perseguiu, ambos gritando e rindo até rolarem gargalhando na areia quente.

🐚

Taehyung cumpriu a promessa e passou os dias seguintes mergulhando no mar atrás de conchas recheadas de pérolas. A pele já dourada tornou-se cor de ouro, as mechas de cabelo avelã clareando em fios que faiscavam ao sol. Para Jeongguk, a beleza de Taehyung era assustadora. Ele se perguntava se, na verdade, tudo aquilo não era um sonho, ou eles tinham mesmo morrido no naufrágio, todos eles, e ele vivia numa realidade presa no tempo. Às vezes Jeongguk imaginava Taehyung sendo o Deus da ilha, imortal e sublime, e Jeongguk era o sacrifício.

Os dias nasciam e morriam e havia apenas Taehyung e Jeongguk.

Uma noite, Jeongguk acordou e estranhou a cama vazia. Ele rastejou para fora das cobertas e saiu da cabana, os olhos varrendo o horizonte e o mar até encontrar o contorno da sombra de Taehyung. Aproximou-se e parou ao lado do garoto, ambos olhando para o mar.

Luzes neon de plâncton dançavam na superfície rasa num balé imenso e silencioso.

"Jeongguk", Taehyung disse de repente,"e se o tesouro estiver no mar?"

"No mar?"

"Eu tive um sonho em que você estava no mar, nadando com os golfinhos, e tudo era dourado como ouro e, quando eu entrava na água para ir até você, meus pés escorregavam em moedas, centenas e centenas de moedas de ouro cobrindo o chão do mar."

"Tae, eu não sei se um dia encontraremos o tesouro. Talvez seja diferente do que pensamos esse tempo todo, e os piratas chegaram muito antes de nós e já levaram tudo."

Taehyung ficou em silêncio, o perfil bonito e prateado sob o luar. Jeongguk sentiu os dedos sendo entrelaçados e olhou para baixo; havia uma sensação nova em tocar e ser tocado por Taehyung, talvez por isso eles estivessem se evitando, mas algo naquela noite era diferente, mais intensa como um sonho, e Jeongguk se viu encostando a testa no ombro quente de Taehyung e suspirando. Ele queria algo, a necessidade comia suas entranhas, mas ele não sabia o que era a não ser que só Taehyung podia saciá-lo.

"Venha", Taehyung sussurrou nos cabelos de Jeongguk, lábios roçando a orelha macia, "nade comigo."

Os pés de ambos chapinharam no raso da água, rendas de sal dançando ao redor dos tornozelos. Taehyung correu e Jeongguk ergueu o olhar, fascinado com o tom prateado da pele de suas costas nuas sob a lua. Taehyung mergulhou e nadou graciosamente até o fundo, então lançou um olhar na direção de Jeongguk, um convite.

Eles nadaram entre os peixes e o plâncton fluorescente, pernas se enroscado quando Taehyung abraçava Jeongguk pelas costas e eles mergulhavam até tocarem os corais coloridos. A noite era tão clara que a areia branca no fundo do mar refletia como a superfície de uma bandeja de prata.

Em algum momento, Taehyung desfez o nó da tanga e ficou inteiramente nu. Ele fitou Jeongguk acima da superfície, respiração ofegante pelos mergulhos, olhar afiado guardando um desafio. Jeongguk corou, dedos descendo até o nó da própria tanga e o desfazendo. Eles não sentiam vergonha em estarem nus, mas nunca antes o corpo um do outro teve tanta beleza e significado. Eles ficaram em silêncio, somente o estalo doce das ondas ecoando nos ouvidos. Então, Taehyung nadou para perto de Jeongguk até que somente a distância de um palmo os separasse.

"O feitiço que contraímos é tão confuso" , disse ele, polegar arrastando por um ombro de Jeongguk com curiosidade e adoração, "que eu me sinto quente e doente e, mesmo assim, é bom. Eu não consigo parar de olhar pra você e desejar alguma coisa que eu não sei o que é."

"É um feitiço poderoso", Jeongguk concordou, "você de repente é a coisa mais linda que existe pra mim, mais bonito que o sol se pondo, mais bonito que um filhote de mico ou uma manga madura", ele achava Taehyung mais bonito que qualquer coisa que ele julgasse precioso naquela ilha.

Taehyung sorriu triste.

"Você acha que estamos hipnotizados?"

O olhar de Jeongguk desceu pelo rosto de Taehyung, cada traço e curva perfeita, era tão bonito que fazia o estômago de Jeongguk apertar.

"Sim, com certeza. Estamos encantados, Taehyung."

"Eu não sei se quero me curar", Taehyung murmurou. Ele espalmou ambas as mãos no peitoral de Jeongguk e o tocou, a pele quente e lisa e firme de Jeongguk, fluida e molhada. Jeongguk sentiu que queimava, seu rosto, sua barriga. Era nova a sensação intensa de querer ser tocado por Taehyung mais e mais e mais.

Eles deitaram na areia morna, ombros lado a lado, rostos virados um para o outro. Taehyung não parou de tocar em Jeongguk um momento sequer, mesmo quando eles estavam tão cansados de nadar que as pálpebras desciam lentamente; os dedos de Taehyung exploravam preguiçosamente o antebraço de Jeongguk, a musculatura rígida da barriga, o contorno do queixo.

Quando eles acordaram no dia seguinte, na cama, tornozelos sujos de areia e cabelos ondulados de sal, Jeongguk fitou a tez dourada e nua de Taehyung, demorando o quanto queria em cada detalhe. Taehyung dormia de bruços, costas e nádegas e coxas expostas, e ele era aveludado onde o sal grudara na penugem loira da nuca. Jeongguk sentou na cama e desenhou as curvas e os ângulos de Taehyung com a ponta dos dedos, maravilhado com a sensação e a forma como seu coração acelerava, bochechas vermelhas. O tempo suspenso. Taehyung o olhava quieto, como se temesse sequer respirar e assustar a inspeção de Jeongguk.

O interior de Jeongguk coçava. Ele queria algo que não sabia o que era e esse desejo o devorava por dentro. Enquanto tocava Taehyung, o animalzinho que o consumia ronronava e tremia. Então, num impulso, Jeongguk debruçou sobre as costas de Taehyung e roçou o nariz na nuca quente do garoto.

Taehyung ficou tenso no primeiro segundo, mas no instante seguinte suspiro fundo, um som sensual que Jeongguk jamais ouvira ecoando por sua garganta e Taehyung virou a cabeça para o outro lado num gesto de permissão e entrega. A nuca inteiramente exposta de Taehyung cheirava a sal, maresia e um suor amanteigado, Jeongguk respirou o cheiro dele fechando os olhos com o quão bom era. Salivou, como quando se preparava para comer uma nectarina suculenta. Seus sentidos embaralharam e ele já não sabia se provava Taehyung com o olfato ou com a língua ou com os dentes.

Suspirando cada vez mais alto, Taehyung se mexeu embaixo de Jeongguk; a carne das nádegas pressionou a coxa de Jeongguk e o sexo e Jeongguk olhou para baixo e viu os quadris de Taehyung se erguendo e a musculatura das nádegas contraindo, como se ele estivesse agoniado, como se estivesse tentando aliviar uma comichão e...

"Jeongguk", Taehyung ofegou, testa esfregando na gola felpuda do travesseiro, "O que está acontecendo? Por quê... por quê dói?"

Jeongguk afagou a pele febril do quadril de Taehyung e afastou os dentes de sua nuca, passando o nariz pelo pescoço de Taehyung num pedido de desculpa.

"Perdi a noção da força, não era pra machucar, eu só..."

"Não você", Taehyung ondulou os quadris outra vez, um som frágil e necessitado reverberando pela garganta. "Aqui."

Taehyung virou na cama, coxas se abrindo e revelando algo que Jeongguk jamais vira - não em Taehyung. O sexo dele estava inchado e duas vezes maior, teso e curvado sobre o ventre, parecendo pesado e vivo e pulsante como um órgão.

Jeongguk ficou em estado de choque. Era assustador e, de algum modo, lindo. Terrivelmente atraente, mas Taehyung o olhava como se esperasse que Jeongguk respondesse o que era aquilo, tão apavorado e confuso quanto Jeongguk da primeira vez em que sentiu o sexo pulsando e doendo.

"É porque estamos doentes, enfeitiçados", Jeongguk explicou, envergonhado e arfando, sentindo o próprio pênis contrair ao olhar para Taehyung na cama, pele nua e dourada e carne e músculos, "vai passar, é só... o lago! Você só tem que ficar no lago até passar! Foi assim comigo!"

Jeongguk começou a levantar da cama. Sentia fome e precisava encontrar algo para distrair Taehyung daquele incômodo, então foi até a fruteira e pegou bananas e nectarinas, tensionando oferecê-las a Taehyung, mas quando virou de volta para a cama, surpreendeu-se.

Taehyung estava sentado de pernas cruzadas, olhando para o sexo latente e tocando-o experimentalmente. Jeongguk não soube o que dizer ou fazer, não conseguia piscar, absorto pelos movimentos da mão de Taehyung, o sexo bonito entre os dedos e os sons vulneráveis que ele fazia.

"Jeongguk", ele chamou manhosamente, e Jeongguk não precisou de mais uma palavra. Sentou diante de Taehyung, joelhos se tocando. Com uma mão na nuca de Taehyung, trouxe a cabeça do garoto para si e o acariciou, escutando os sons sôfregos que Taehyung fazia em seu pescoço, ora gemidos partidos, ora sussurros perdidos.

Jeongguk não sabia o que estava acontecendo. As vezes, ele achava que Taehyung estava gostando, outras, que ele estava sofrendo e então gostando outra vez. Era confuso e incrível.

A respiração de Taehyung embolou e ele arquejou e tremeu, a testa descansando no ombro de Jeongguk. Eles ficaram quietos, cientes de que algo desconhecido acabara de acontecer. Taehyung afastou-se, e o peito de Jeongguk palpitou com o brilho nos olhos dele, lábios molhados de saliva e inchados com as marcas de dentes.

"Está tudo bem?", Jeongguk perguntou.

"Jeongguk eu acho que...", ele olhou para baixo e Jeongguk seguiu o olhar. Os dedos de Taehyung estavam cobertos com algo viscoso, da cor da seiva. "Acho que não tem a ver com o feitiço. É bom. É... como morrer, só que eu não morri. Eu me sinto tão vivo e leve."

Jeongguk piscou, rosto em chamas. Ele puxou a cabeça de Taehyung para si novamente e o abraçou, tão assustado e aliviado porque tudo ficaria bem.

Tudo ficaria bem.

🐚

Depois desse dia, tudo mudou muito depressa. Eles não ficavam mais assustados quando nadavam juntos, nus, e o sexo de um ou de outro despertava. Jeongguk ainda hesitava em fazer qualquer coisa, principalmente na frente de Taehyung, mas Taehyung não. Não havia nenhum tipo de vergonha ou deliberação quando ele nadava até as pedras do lago e, tocando-se num ritmo cada vez mais hipnótico para Jeongguk, ofegava e arfava até estar estatelado no sol, olhos brilhando, sorrindo preguiçosamente para Jeongguk.

Ele ficava ainda mais lindo morrendo lentamente, como Taehyung mesmo descrevera. Olhos fechados, lábios partidos molhados de saliva, pomo-de-adão subindo e descendo no pescoço. Jeongguk tinha vontades estranhas de perguntar a Taehyung se ele podia tocá-lo enquanto ele se aliviava da dor, se podia deslizar os dedos pelo sexo dele mais e mais até que Taehyung gritasse e desfizesse em seiva.

Eles contavam os dias riscando nas pedras do lago. Quando a contagem chegava a doze meses, eles colocavam um caracol no cesto que Taehyung fizera com folhas de bananeira. Dessa forma eles sabiam que já estavam na ilha por volta de oito anos. Dessa forma também eles sabiam quando era o Natal, a única data que comemoravam além dos próprios aniversários.

Para o Natal daquele ano, Taehyung inventou que deveriam comer algo diferente na ceia além de peixe e bananas.

"Eu vou caçar caranguejos", anunciou naquela tarde, amarrando na testa uma faixa de tecido rasgado para afastar as mechas revoltas dos cabelos. "E lagostas. Acenda o fogo, Jeongguk, vamos assar lagostas pro jantar."

Taehyung mergulhou no mar e voltou no pôr-do-sol com os pés cortados e mãos vazias. Jeongguk, que atiçava o fogo com um galho comprido, olhou para os pés ensanguentados de Taehyung e piscou.

"O que aconteceu?"

"Me machuquei nos corais tentando pegar um caranguejo", ele sentou na areia ao lado de Jeongguk e bufou, parecendo abatido demais para alguém que perdera uma briga para um caranguejo.

"Tae? O que você tem?"

Taehyung encarou o fogo, olhar entristecido.

"Não é nada", os cabelos dele estavam uma bagunça, cheios de sal e maresia, enrolando na nuca e sobre os olhos escuros. Jeongguk notou que havia um corte no lábio inferior, a pele irritada sangrava e inchava.

"Esse caranguejo era forte", tentou tocar no lábio de Taehyung para verificar melhor, mas ganhou um tapa na mão. Taehyung fechou a cara e Jeongguk riu; ele não gostava de perder, fosse o que fosse, e agora eles não teriam nem peixe para o jantar.

"Eu escorreguei nos corais, já disse."

"Que bagunça", Jeongguk pegou as mãos de Taehyung e viu as palmas cortadas também. "Tem que limpar. Fique aqui, já volto."

Ele encontrou tiras de tecido nas malas antigas, pegou água do mar em cocos vazios e ajoelhou na frente de Taehyung, que continuava mau humorado. Jeongguk limpou primeiro as mãos, jogando água salgada. Taehyung chiou. Depois, Jeongguk enfaixou os ferimentos para não entrar areia e sujeira, então fez o mesmo com os pés. Ele acariciou os pés de Taehyung conforme os lavava, os tornozelos e os dedos e a pele fina sobre tendões e veias. Quando terminou, sorriu timidamente para Taehyung, cujo olhar suavizara.

"Eu estava pensando que essa ilha inteira é cercada de corais", Taehyung disse enfim, voz mansa, "toda ela, Jeongguk."

"Como você sabe disso?"

"Eu tenho reparado. Todos esses anos, enquanto procurei o tesouro, eu nadei longe o bastante para chegar até a barreira de corais. Estamos presos aqui, ela é como um muro embaixo d'água."

Jeongguk remexeu-se desconfortável. A gota de sangue no ferimento na boca de Taehyung era como uma jóia reluzente atraindo o olhar de Jeongguk, e ele levou a mão ao rosto dele outra vez. Taehyung não o repeliu, em vez disso, entreabriu os lábios e ergueu o queixo para Jeongguk inspecionar, olhos atentos.

"Não devíamos falar sobre isso", Jeongguk murmurou, passando o polegar com cuidado ao redor do corte.

O olhar de Taehyung ficou mais afiado. As chamas refletindo dentro dos olhos dele eram metálicas..

"Você nunca pensou nisso, Gukie? Em sair daqui?"

"É claro que sim. Mas como? Qualquer coisa que possamos construir que nos leve embora não vai ser forte o suficiente. Você lembra como o mar partiu nosso barco em pedaços? Um barco grande e profissional."

"Eu sei, mas..."

"E pra quê? O que há lá? Nem sabemos onde estamos, podemos morrer no mar de fome e sede. Aqui, temos comida. É burrice, Taehyung."

Taehyung engoliu em seco, as palavras realistas de Jeongguk atingindo-o. Jeongguk deslizou o polegar por sua bochecha para confortá-lo.

"Quem está sendo o adulto agora?", ele brincou, vendo os lábios de Taehyung afrouxarem num sorriso doce. "Vou buscar nossa ceia."

Jeongguk voltou com uma penca de bananas maduras jogada nas costas como um saco de presentes. Taehyung riu, bochechas corando. Eles assaram as bananas no calor da fogueira, vendo as chispas flutuarem no ar como fadas correndo para o céu.

🐚

"Jeongguk, veja isso", Taehyung gritou antes de correr pela pedra e girar no ar. Ele caiu na água azul esverdeada do lago como uma flecha, o corpo esguio mergulhando e emergindo novamente diante de um Jeongguk sorridente.

"Não se machuque, Taetae", Jeongguk falou suavemente, então deu batidinhas nos ombros, sinalizando para que Taehyung o montasse, "Vamos nadar, venha."

Taehyung o abraçou por trás, coxas firmes rodeando a cintura de Jeongguk. Eles nadaram pelo lago, a respiração ofegante de Taehyung acariciando a orelha de Jeongguk.

"Eu gosto disso."

"Do que? Nadar nas minhas costas?"

"Não. O jeito que você está falando. Seu tom de voz."

"Então não gosta de nadar nas minhas costas?"

Taehyung o mordeu de leve no ombro.

"Lembra quando achamos aquele filhote de águia machucado e cuidamos dele? Você ficou com pena, falando todo derretido com o filhote. Está falando assim comigo, é engraçado."

Jeongguk corou e não respondeu. Nadou com Taehyung até a gruta e flutuaram em silêncio na água cristalina. Conforme adentravam mais e mais, o chiado da cachoeira ficava distante, como se vagassem para outra linha de tempo. A cortina de água os encerrava na quietude da gruta. Jeongguk escutava a respiração agora suave de Taehyung em seu pescoço e Taehyung sentia os pulmões de Jeongguk expandindo contra o próprio peito. Eles estavam colados, peles quentes e molhadas confortavelmente aderidas. Taehyung encostou a testa na nuca de Jeongguk e fechou os olhos, o ventre e o peito borbulhando.

"Eu me sinto zonzo", mumurou, "mas é tão bom, Gukie. É tão bom tocar em você."

Jeongguk ergueu a cabeça e olhou para as estalactites no teto da gruta, pingentes de calcário prateado. Taehyung esfregou o nariz pela pele de sua nuca e pescoço e Jeongguk sentiu outra vez a queimação no baixo ventre nascer lentamente. Toda a sua pele pulsava com os tímidos movimentos que Taehyung fazia, lábios se movendo cuidadosamente pela nuca de Jeongguk.

Nenhum dos dois sabia o que estava acontecendo, e nenhum dos dois tinha motivos para se importar. Eram apenas eles na ilha, nenhum julgamento, nenhuma consequência. Jeongguk ronronou ruídos de satisfação conforme Taehyung roçava a boca pela pele sensível de seu pescoço, sentiu as coxas do outro se afastarem e então os braços de Taehyung estavam ao seu redor. Não era um abraço de medo, do tipo que trocavam quando troveja na ilha, nem um abraço de comemoração, como quando Jeongguk pegava um peixe realmente grande.

Era como uma confissão muda. Tão grandiosa.

O coração de Taehyung martelava contra o de Jeongguk, ambos se apertando de olhos muito abertos.

"Tae..."

"Eu gosto tanto de você, Jeongguk", Taehyung arfou.

"Eu também gosto de você, Tae", Jeongguk afundou os dedos na carne macia das costas de Taehyung, barrigas coladas e pernas entrelaçadas. "Eu... Tae eu quero... Eu não sei..."

Eles ficaram abraçados girando na água. Taehyung se afastou e eles se olharam; o sol perpassava a cortina de água e refletia arco-íris na areia cristalina do fundo, tudo era como vidro e luz, e Taehyung nunca foi tão lindo e dourado, nem Jeongguk tão belo e vulnerável.

"Eu quero", Jeongguk falou enfim, terror e alívio criando um nó quente no peito.

Taehyung assentiu, resoluto. Ele era tão esperto, sempre entendendo tudo antes de Jeongguk.

Os lábios de Taehyung tocaram a bochecha de Jeongguk, um selar suave e úmido. Eles suspiraram, testas unidas, mãos se tocando sob a água. Jeongguk amava tocar em Taehyung. Ele achava que ia morrer de tão bom que era, principalmente agora que Taehyung o tocava de volta. Peito, braços, barriga, sexo, a carne dura das nádegas. Eles se tocavam, bocas molhadas sorvendo as pequenas gotas de água presas no pescoço um do outro.

Jeongguk gemeu quando se deu conta de que estava sentindo aquela dor latejante, o pênis inchando e endurecendo nos dedos de Taehyung, que também gemia. Eles se olharam de perto, assustados e fascinados. Jeongguk imitou Taehyung, tocando-o no sexo e achando sagrado cada som que Taehyung fazia.

"Tae?", Jeongguk murmurou, alarmado. Ele nunca tinha sentido nada tão incrível.

"É assim mesmo, a dor vai ficar boa", Taehyung mudou o ritmo e esfregou a extensão do sexo rígido de Jeongguk, da base à ponta, da ponta à base e de novo. Hipnotizado por cada mudança de expressão do mais novo. Jeongguk corou, incapaz de manipular o membro de Taehyung quando estava tremendo de prazer. Não conseguia raciocinar. Largou Taehyung e o agarrou pela cintura, precisando de um ponto fixo.

Taehyung encostou os lábios em sua bochecha, pequenos beijos doces.

"Tão bonito."

Jeongguk gemeu, o prazer intenso cegando-o e ele sentiu os testículos contraindo deliciosamente no impulso de transbordar. Ele gemeu e gemeu enquanto o prazer vinha, deixando-o em suspenso nos braços de Taehyung.

Então, Taehyung mordeu o lábio inferior, um braço em volta de Jeongguk, a outra mão encontrando a velocidade e a pressão certa no próprio sexo envergado para cima. Ele foi rápido, arquejos roucos na curva do pescoço de Jeongguk e então o ápice o fez contorcer e sorrir em êxtase.

Ele claramente gostava daquilo. E Jeongguk não podia dizer nada diferente. Era gostoso. Tão gostoso que eles facilmente voltaram a se tocar até começarem tudo outra vez. Compartilharam beijos confusos na bochecha e no pescoço, sons lascivos ecoando pela gruta.

Já era noite quando finalmente a ânsia em suas entranhas se acalmou. Eles voltaram para a cabana, cansados e saciados, tão secos como uvas passas. Deitaram na cama e, sem se importar em comer, adormeceram.

--------

vcs estão gostando?
🥰

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro