Capítulo 3
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Jungkook já não estava mais fardado, vestia calças jeans desgastadas, uma camiseta preta e uma jaqueta de couro da mesma cor, que sempre usava para se proteger do frio que sentia ao andar de moto.
A noite já avançava quando estacionou a Kawasaki ao lado de um bar, nas proximidades do porto. O estabelecimento, de paredes de madeira que nitidamente precisavam de uma reforma, atraía os trabalhadores locais após suas longas e cansativas jornadas de trabalho.
A porta rangia ao abrir, e o cheio de peixe grelhado impregnava o ambiente abafado e escuro. Havia poucas pessoas no salão, todos homens, que se espalhavam pelas mesas de madeira desgastadas e poltronas de couro desbotado.
À esquerda, uma mesa em particular era a mais barulhenta. Três marinheiros, cheirando a suor, riam e falavam alto, claramente alterados pela bebida. No fundo, do lado direito, havia um homem gordo e barbudo, que dormia sobre um dos braços.
Jungkook sentou-se em um dos bancos altos que ficavam no balcão sujo e grudento de cerveja. Ouvia uma música, que talvez estivesse tocando em algum rádio velho da cozinha. Olhou ao redor, procurando alguém que pudesse atendê-lo, mas parecia que o bar havia sido abandonado com os clientes dentro.
Já quase desistindo, percebeu que a conversa alta da mesa havia se transformado em briga. Dois dos homens se encaravam furiosos, derrubando as cadeiras onde estavam sentados anteriormente. O terceiro, sem muito sucesso, tentava segurar o maior deles pelos braços.
O homem que estava sendo segurado, soltou um dos braços, alcançando um pequeno canivete que estava em seu bolso esquerdo. Ele apontava a pequena lâmina para o outro à sua frente, os olhos vermelhos esbugalhados de ódio.
Jungkook, observando a cena, discretamente, deslisou a mão por dentro da jaqueta de couro, sentindo o volume da arma guardada no coldre. Mas antes que tivesse qualquer reação, um grito cortou o salão do bar.
– Mas que porra é essa? – Um rapaz de cabelos castanhos havia surgido de trás do balcão. – Essa merda de novo? Será que eu vou ter que dar um jeito em vocês?
Os três homens congelaram no lugar, aparentemente reconhecendo o dono da voz firme e sem medo.
– Perdão, senhor. – Um dos homens fez uma reverência. – Vamos, vocês dois. – Se virou par aos amigos. – Chega por hoje.
Os três caminharam para fora, olhando por cima dos ombros, incomodados por estarem sendo postos para fora.
O rapaz caminhou até o fundo do bar, chacoalhando o homem gordo adormecido na mesa.
– Você também. – Ordenou assim que ele abriu os olhos sonolentos. – Saia, o bar já vai fechar.
Apesar da simplicidade do bar, o garçom se vestia elegantemente. Calças alinhadas, camisa branca de botões com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos e um avental preto liso amarrado à cintura.
Enquanto o último cliente saia, aproveitou para recolher copos e garradas vazias das mesas. Voltou para atrás do balcão, próximo à Jungkook, assim que a porta do bar bateu.
– Você sabe que não precisa mais trabalhar aqui, não é mesmo, Hoseok? – Observou o rapaz enxugando alguns copos que estavam sobre a pia. – Já cumprimos essa missão.
– Meu caro, e você acha que eu vou perder a oportunidade de ouvir todas as fofocas que rolam pelo porto de Busan? Aqui é a melhor fonte de informação que a gente pode ter. É só esperar algumas doses de soju descerem pela goela desses caras que eles soltam tudo o que rola por aí. – Hoseok serviu uma garrada de cerveja ao seu colega.
– Não posso negar. As melhores informações saíram daqui. – Deu um gole na bebida gelada.
– E tem mais. – Apoiou as mãos sobre o balcão. – Isso aqui é melhor do que aplicativo de relacionamento. Dou match com muito mais rapidez. – Abriu um sorriso largo.
Jungkook riu incrédulo. Mas isso era a cara do Hoseok, um policial dedicado e competente, mas que não abria mão da diversão.
– Fala, bando de filha da puta!
A porta do bar abriu de supetão, dando um baita susto nos dois que estavam lá dentro.
– Caralho, Yoongi. – Jungook disse colocando a mão sobre o coração. – Já falei que odeio essas suas entradas inesperadas.
– Pois vá se acostumando, meu caro. – O platinado caminhou até os dois policiais. – Se não for para ter uma entrada triunfal, eu nem venho. – Fingiu jogar cabelos longos imaginários para trás, arrancando risadas de Hoseok e Jungkook.
Yoongi esbanjava aquele ar jovial, meio rebelde, de adolescentes que começavam a ganhar liberdade. Os cabelos tingidos de um loiro muito claro, bagunçados pelo vento, contrastavam com a jaqueta escura e surrada. Calças jeans puídas e tênis gastos completavam o visual para além do despojado.
Assim que ele se sentou próximo ao balcão, Hoseok colocou um prato com um sanduíche à sua frente.
– Ah! – Ele logo deu uma mordida no lanche. – É por isso que eu te amo, Hobi! Vem cá me dar um beijinho... – Aproximou-se do outro com a bochecha na sua direção.
– Sai pra lá! – Deu um pequeno empurrão em Yoongi.
– Tá vendo, Jungkook. Olha só como eu sofro! – Fingiu uma carinha triste.
– E o que que eu tenho que fazer para ganhar um sanduíche desses sem ao menos pedir?
– Simples. – Yoongi enfiou a mão no bolso do casaco e tirou um celular, jogando-o sobre o balcão. – Formate pela quinta vez o celular ferrado do seu amigo garçom.
– Ah, obrigado, Yoongi! Você é demais! – Hoseok pegou o aparelho, verificando que estava funcionando novamente.
– Compre um celular novo, Hobi. Esse aí tá um lixo!
– Preciso de um aumento primeiro... – Hoseok se virou para Jungkook. – E aí, capitão? Vai rolar um aumentinho aqui para esse policial tão dedicado?
– Veremos. – Jeon respondeu dando o último gole de sua cerveja.
– Namjoon nos chamou agora a pouco. – Yoongi disse ainda mastigando a comida.
– Sim, vamos começar uma nova missão em breve. Quero vocês dois junto comigo.
– E quem mais vem nessa? – Hoseok perguntou.
– Jin também foi convocado. E essa seria a equipe que eu tinha em mente, mas, pelo jeito, Namjoon tem outros planos. – Bufou mau humorado.
– Como assim? – Os dois indagaram.
– Namjoon quer que mais uma pessoa faça parte da equipe. Eu disse que nesse início não era necessário, que chamaria mais para frente quando fossemos colocar o plano tático me ação, mas ele insistiu, impôs, na verdade, a inclusão de um atirador de elite.
– Atirador de elite? – Hoseok coçou a cabeça. – Nessa fase inicial?
– Pois é, eu também não entendi. Mas ele deu a ordem e, como meu superior, vou ter que engolir.
– Já tô vendo que a vida desse rapaz não vai ser fácil. – Yoongi debochou.
– Eu posso até aceitá-lo na equipe, mas se não corresponder com as minhas expectativas, está fora. E nada que Namjoon disser vai mudar a mina decisão.
– Bom... estou curioso para ver que é. – Hoseok disse animado. – Nos vemos no centro de operações, então?
– Sim, sem atrasos.
– Falou e disse, capitão. – Os dois bateram continência, fazendo Jungkook revirar os olhos.
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