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Olá, Elvis

DIZEM POR AÍ por aí que você não morreu. Quer saber o que eu acredito? Acredito que você ainda vive no coração daqueles que ainda te amam. É, meu caro Rei do Rock, o que poucos sabem, mas eu vou te confidenciar, é que podemos nos tornar imortais, se permanecermos vivos nas lembranças daqueles que se importam conosco e jamais nos esquecem.

Esta carta, Sr. Presley, não é sobre os Estados Unidos da América, já falaram demais da América, mas saiba que o sonho americano ainda existe na mente de homens e mulheres iludidas, que anseiam em atravessar as fronteiras estadunidenses, achando que tudo será melhor. Às vezes tudo fica melhor, às vezes não. Tanto faz. Não é sobre isso que vou falar, não hoje. Nessa carta vou discorrer sobre um outro país, situado na América do Sul: o Brasil. É Elvis, somos americanos também, quem diria?

Descobri, Elvis, que você nunca veio ao Brasil. Mas eu não te julgo, considerando a época em questão e tudo mais, também não queria vir às terras tupiniquins no auge da ditadura militar. Tendo em vista tal apontamento, antes de prosseguir com essa carta em forma de desabafo, é necessário, meu caro, desmistificar algumas noções genéricas sobre o Brasil: 1) Nosso país não é somente Rio de Janeiro e seu Cristo Redentor, tampouco é só a grande São Paulo e o seu alto índice de poluição. Também não é só Amazônia, que é NOSSA, embora seus comparsas americanos cresçam os olhos em cima da nossa maior riqueza. O Brasil é grande demais para ser resumido em apenas três territórios. 2) Nosso país não é só carnaval. Nosso calendário também tem outros meses além de fevereiro. Temos outras celebrações, como as festas juninas e suas fogueiras que percorrem todo o grandioso território nacional. Nós gostamos de festas, somos um povo muito animado. 3) Além do samba e da Bossa Nova, existe o nosso bom e velho sertanejo raiz e agora há também os tais estilos universitários que fazem muito sucesso entre a população. Também gostamos de Rock, se houver um céu para cantores de rocks, seria bom você bater um papo com o Chorão, ele deve estar por aí. Infelizmente, o vocalista da banda Charlie Brown Jr. nos deixou há pouco tempo, era um cara legal, tinha boas músicas, gostava de Rock, vocês podem se dar bem. 4) Não somos vagabundos, trabalhamos muito por aqui e pagamos impostos altíssimos que nunca voltam em benefícios para a nação. Trouxas? sim. Vagabundos? jamais. 5) Apesar de sermos muito hospitaleiros, não confunda nossa amistosidade com submissão. Nunca fale mal do Brasil, nunca mesmo! Só os brasileiros podem fazer isso. É igual a relação com os irmãos, a gente pode xingar o quanto quiser, mas se outros ofenderem a família, a casa caí, meu irmão. Isso significa que, embora muitos discordem, nós somos patriotas, sim. Com o nosso jeitinho brasileiro, defendemos nosso país. 6) Por fim, devo acrescentar que também temos um Rei, ele se chama Roberto Carlos, e ao contrário de você, ainda está vivo, mas é igual o Papai Noel, só aparece uma vez por ano, no Especial de Natal.

Agora que nos conhecemos um pouco melhor, podemos prosseguir. Você morreu no final da década de 70, teve os seus sonhos silenciados, mais especificamente, no dia 16 de agosto de 1977. Sabe como o Brasil estava nessa época? Estávamos passando por um dos momentos mais tristes e cruéis da nossa história. Estávamos vivendo uma merda de Ditadura Militar. Alguns alienados por aí, insistem em dizer que a Ditadura sequer existiu, que tudo não passou da aclamação do povo pela intervenção militar, pois a nação brasileira temia uma ascensão do comunismo. Pobre comunismo, sempre sai como vilão da história. Em primeiro lugar, a elite agrônoma, empresários e toda a gente rica e branca pertencentes às altas camadas das classes sociais, não representam e nunca representarão a totalidade da população brasileira. Existe muito mais negros, mestiços e pobres nesse Brasilzão, do que a branquitude e todos seus valores tradicionais cristãos, que às vezes são bem hipócritas. E o povo, o verdadeiro povão, antes do golpe, acreditavam que o então presidente, João Goulart, poderia fazer uma reforma agrária. Pela primeira vez, acreditava-se que as vastas terras brasileiras, seriam melhor dividida pela nação. Ledo engano quem achou que os fazendeiros aceitariam tal reforma de bom grado. Não aceitaram, e culminado com militares que pretendiam atender os seus interesses agrícolas, desencadearam um terrível golpe militar que assolou a nação. Droga!

Você sabia, Sr. Presley, que nos dias atuais, 1% dos fazendeiros deste país, detém quase metade das propriedades rurais que existem nesse nosso grande Brasilzão? Pois é, injusto, não é? Mas essa injustiça já ocorre há um bom tempo, mais de 500 anos para falar a verdade, desde a colonização. Às terras sempre pertenceram a elite e talvez continuará assim por muito tempo, até que haja uma revolução. Se eu vou fazer parte dela? Espero que sim.

Enfim, meu caro Elvis, voltando a porra da Ditadura. Como você se sente, ao saber que o seu país, os Estados Unidos da América, contribuiu para que tal Regime fascista militar se perdurasse por mais de duas décadas? Sabe quantos sonhos foram silenciados com o apoio norte americano? Muitos! Talvez milhares deles. Centenas de sonhos silenciados, pelos fuzis de militares de alta patente, que sorriam enquanto torturavam, estupravam e assassinavam a sangue frio, brasileiros e brasileiras que tiveram a vida roubada, que nunca mais voltaram para casa, que estão enterrados em uma vala qualquer. Seus sonhos foram silenciados, porém não foram esquecidos. De acordo com o livro Direito à memória e à verdade, publicado nos anos 2000, estima-se que cerca de 475 pessoas morreram ou desapareceram por motivos políticos durante a década de 1970. 475 famílias que não puderam enterrar seus filhos, filhas, pais, esposos e esposas. 475 sonhos silenciados. Triste, tão triste que me causa revolta.

Dizem por aí que a ditadura teve o seu fim em 1985, para todos os efeitos, sim. Todavia, dentro das favelas, periferias e subúrbios, militares ainda invadem casas e assassinam negros e negras, como se a pele escura já estivesse marcada com a cor do crime. O Estado, munido de fuzis e fardas, ainda ceifa milhares de vidas inocentes, como a do João Pedro, jovem de 14 anos que teve seus sonhos silenciados, dentro da sua casa, na frente de seus amigos. Na calada da noite, arrancaram-lhe a vida. João poderia ter se tornado tantas coisas, mas tornou-se apenas um número na estatística. Nos jornais saiu a notícia de que João foi morto. Não! João Pedro não foi morto. João foi ASSASSINADO, seu corpo fora levado de sua família, e encontrado horas depois, há quilômetros da sua residência, sem vida em um IML. No fim, meu caro Elvis, vivemos em uma ditadura velada, e o Brasil do povo negro, também é o Brasil que mais mata os negros.

Bem, Elvis, em uma das suas canções você expressou "Se eu posso sonhar com uma terra melhor, onde todos os meus irmãos caminham de mãos dadas. Diga-me, por que o meu sonho não pode se realizar?" Você morreu no final da década de 1970, quase 50 anos depois, a humanidade continua desunida, ainda há preconceito de todas as formas, em todos os cantos, em todas as nações. Ainda estamos presos em um mundo que está perturbado com a dor.

Mas existe pessoas como eu, Elvis, que ainda tem esperança de construir um mundo melhor. A esperança não morrerá enquanto pudermos pensar, enquanto pudermos andar. Ainda existirá esperança enquanto pudermos suportar, enquanto pudermos falar. Haverá esperança enquanto pudermos sonhar. Milhares de sonhos foram silenciados, mas muitos de nós, os oprimidos, ainda permanecemos vivos para sonhar. Ainda estamos aqui. Ainda resistimos. Nós somos a resistência. Somos o sonho que não morre, assim como você, Elvis. Somos a força que ainda não morreu e nem morrerá, pois todos os sonhos brutalmente silenciados, vivem, agora, gritando, dentro de mim. Sabe o que eles dizem? Eles berram em alto e bom som: Nós estamos aqui!

Respeitosamente,

𝙰𝚙𝚎𝚗𝚊𝚜 𝚖𝚊𝚒𝚜 𝚞𝚖𝚊 𝚎𝚍𝚞𝚌𝚊𝚍𝚘𝚛𝚊 𝚝𝚎𝚗𝚝𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚝𝚛𝚊𝚗𝚜𝚏𝚘𝚛𝚖𝚊𝚛 𝚘 𝚖𝚞𝚗𝚍𝚘.

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